quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TROUXA

TROUXA

Fosse feito bom uso dos impostos que pago
Pouca reclamação faria
Mas sinto que me roubam todos os dias
No banco e na mercearia
E não se ouve um murmúrio
De que irão acabar com esta farra
Entra um sai dois
Na aldeia e na federal
E digo que é preciso muita cara-de-pau
Para dizer-se feliz sendo governado por este bando de miaus.


“Não que seja impossível. Mas é muito difícil ser feliz comendo pão seco.” (Pócrates)

“Já fui desprezado por dragão. E olha que ela cheirava a enxofre.” (Climério)

“O Papa anda falando muita besteira. Bem que me avisaram que argentino tem miolo mole.” (Deus)

“Não sou botox, mas também aliso mulheres enrugadas.” (Climério)

“Acendo uma vela para Deus, e para garantir, um maço para o diabo.” (Climério)

A GAZETA DO AVESSO- “O Brasil é um poucos países do mundo onde não há compra de votos.”

“Nada melhor que um divórcio litigioso para alegrar advogados.” (Climério)

“Meu avô não trabalhou muito, mas fez vinte e quatro filhos.” (Climério)

“Se Deus é por nós imagine então o diabo.” (Climério)

Amar é... Comer a lasanha horrível que ela fez e não fazer cara de quem está com cólica renal.

“Para rezar nunca fui de andar muito. Mas para namorar já gastei dúzias de ferraduras.” (Climério)

“Drogas, o prazer sem paz.” (Mim)

IMB-Quando a moeda morre, a moral e a decência morrem juntas

Segundo o The New York Times, a atual crise de escassez e racionamento enfrentada pela Venezuela é causada pela queda no preço do petróleo.  A verdade, no entanto, é que a furiosa hiperinflação que assola o país desde 2013 já havia esvaziado as prateleiras dos supermercados de Caracas bem antes de o preço do petróleo ter caído à metade.
Atualmente, com uma moeda inconversível e que ninguém quer portar, com uma inflação de preços estimada em 194% ao ano, e com rígidos controles de preços, toda a distribuição de alimentos na Venezuela foi colocada sob supervisão militar.
Segundo a matéria de capa do Times, a venezuelana Mary Noriega, assistente de laboratório, tem de ficar na fila junto a 1.500 outros venezuelanos para conseguir comprar comida "enquanto soldados armados pedem as carteiras de identidade para se certificarem de que ninguém está comprando itens básicos mais de uma vez na mesma semana".  A senhora Noriega está tendo de fazer escambo com seus vizinhos para conseguir colocar comida na mesa.
Quando a moeda morre
Em um épico miniconto de Thomas Mann intitulado "Disorder and Early Sorrow" (Desordem e Dor Precoce), no qual ele descreve como era a vida na República de Weimar, na Alemanha, então sob uma das maiores hiperinflações da história, a dona de casa, Frau Cornelius, fazia algo similar ao que os venezuelanos fazem hoje para colocar comida na mesa:
O chão está continuamente vacilando sob seus pés, e tudo parece estar de cabeça para baixo.  Ela só pensa na sua tarefa mais crucial do dia: os ovos, eles têm de ser comprados hoje, e agora.  Cada ovo está custando seis mil marcos, e há uma quantia racionada que só pode ser adquirida neste dia da semana na mercearia que fica a quinze minutos de sua casa.
Fazendo uma análise econômica dessa história de Mann, este artigo mostra como uma intervenção governamental na economia imediatamente leva a outras intervenções.  Tendo gerado escassez no mercado com suas políticas inflacionárias, as autoridades alemãs criaram novas regulações para tentar corrigir a irracionalidade que eles próprios haviam criado. O roteiro é sempre o mesmo, em todos os países: o governo cria intervenções que geram consequências inesperadas, e decide então recorrer a intervenções ainda mais violentas para "sanar" as consequências não previstas das intervenções anteriores.
Não é difícil de entender por que os alemães de hoje são tão avessos a qualquer tipo de política monetária que tenha semelhanças com uma política hiperinflacionária.  A revista britânica The Economist disse jocosamente que os alemães sofrem de "fobia" em relação à hiperinflação. 
É claro.  Quando um alemão se lembra de como a taxa de câmbio do marco pulou de 4,2 marcos por dólar em 1914 para 4,2 trilhões de marcos por dólar em novembro de 1923; quando ele se lembra que, em meados de 1922, um pão custava 428 milhões de marcos; e que, em novembro de 1923, um ovo custava 500 bilhões de marcos, as memórias obviamente não podem ser boas. 
[Nota do IMB: a hiperinflação vivenciada pelo Brasil no período 1980-1994 foi atenuada pelo fato de que, além do mecanismo da correção monetária (uma invenção brasileira), a classe média e a classe alta tinham acesso ao sistema bancário e utilizavam suas aplicações (como as aplicações no overnight) para se proteger da hiperinflação.  Essas duas coisas não existiam na Alemanha da década de 1920.  Houve muita escassez e racionamento no Brasil, mas não houve uma completa chacina da classe média, como houve na Alemanha].
No conto de Mann, com toda essa destruição monetária como pano de fundo, as pessoas tiveram de aprender na marra a como lidar com isso.
Nenhuma família podia comprar mais de cinco ovos por semana.  Sendo assim, as pessoas de uma mesma família entravam nas mercearias sozinhas, uma após a outra, utilizando nomes falsos.  Desse modo, elas conseguiam vinte ovos para a família Cornelius.
Em um assustador caso de vida imitando a arte que imitou a vida, o povo venezuelano está hoje enfrentando os mesmos obstáculos para comprar detergente, óleo vegetal e farinha (todos estes itens sujeitos a um rígido racionamento do governo).  Segundo a reportagem do Times:
Todas as compras feitas pelos venezuelanos são computadas em um sistema de dados para garantir que cada consumidor não tente comprar os mesmos produtos racionados em um período menor do que sete dias.
Soldados patrulham as filas fora dos supermercados, policiais da guarda bolivariana ficam dentro dos supermercados, e funcionários públicos conferem as carteiras de identidade à procura de falsificações que poderiam ser utilizadas para driblar o sistema de racionamento.  Procuram também por imigrantes com visto expirado.  Um funcionário público da imigração grita alertando que transgressores serão presos. 
Em Caracas, o governo não será facilmente enganado.  Embora racionamento, escassez e longas filas já fossem uma rotina na Venezuela, a queda no preço do petróleo intensificou o processo.  Segundo o Times:
O governo enviou tropas para patrulhar as enormes filas que se estendem por várias quadras.  Alguns estados proibiram as pessoas de esperaram fora dos supermercados ao longo das madrugadas, e funcionários do governo estão de prontidão perto das portas de entrada e saída, prontos para prender qualquer um que tenta driblar o sistema de racionamento.
O sistema de saúde sofreu um profundo baque.  O suprimento de remédios está simplesmente acabando.  Salas de cirurgia estão fechadas há meses, não obstante centenas de pacientes estejam na fila de espera para cirurgias.  Em uma clínica privada, um cirurgião conseguiu manter a sala de cirurgias funcionando porque conseguiu contrabandear dos EUA, sem que o governo venezuelano soubesse, remédios essenciais.
Thomas Mann relatou quão rapidamente o dinheiro perdia valor na República de Weimar:
Antes de os filhos chegarem, Frau Cornelius tem de pegar sua cesta de compras, sua bicicleta e ir correndo à cidade para tentar trocar seu dinheiro por qualquer quantidade de bens possível.  Caso não faça isso, o dinheiro que está em sua mão irá simplesmente perder todo o seu poder de compra ao longo do dia, e não lhe permitirá adquirir nada no dia seguinte.
O The New York Times tem um fotógrafo em Caracas, e essa foto vale por mil palavras:
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"As coisas irão piorar bastante porque é o petróleo o que mantém a Venezuela funcionando", disse Luis Castro, enfermeiro de 42 anos de idade, enquanto esperava na fila de um supermercado com centenas de outros venezuelanos.  "Já estamos nos acostumando a enfrentar filas diariamente", disse ele, "e quando você se acostuma com algo, se contenta com qualquer migalha que lhe é oferecida".
Ao passo que a maioria das pessoas são arruinadas pela hiperinflação, há algumas que fazem fortunas.  Em seus slides, o Times mostra um especulador com a mão lotada de dinheiro em Caracas vendendo, no mercado negro, sabonete, manteiga e óleo de cozinha.
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Em seu livro The Downfall of Money:Germany's Hyperinflation and the Destruction of the Middle ClassFrederick Taylor escreve que "pessoas com renda média e sem nenhum acesso a produtos agrícolas ou a moeda estrangeira foram forçadas a aprender a caçar e a ficar em filas por comida — tanto porque sua renda frequentemente não era o suficiente para comprar o que queriam em um determinado dia, como também porque havia, à medida que a hiperinflação se intensificava, uma genuína escassez de comida."
Já os agricultores simplesmente não queriam trocar seus alimentos por inúteis pedaços de papel que não tinham nenhum valor. "Naquilo que rapidamente estava regredindo para voltar a ser uma economia baseada no escambo, os mais espertos, para não dizer desonestos, chegavam rapidamente ao topo da cadeia darwiniana", escreveu Taylor.  "Nas áreas rurais, os médicos exigiam dos fazendeiros que os procurassem pagamento em comida".
Os trabalhadores começaram a ser pagos diariamente, e os homens, tão logo recebessem seus salários, iam correndo com suas mulheres comprar qualquer coisa que conseguissem.  Após comprar os itens essenciais, eles corriam até um banco para comprar qualquer moeda forte que ainda restasse.  O número de bancos aumentou substantivamente para lidar com esse novo negócio.  Em 1921, 67 novos bancos foram abertos. Em 1922, mais 92. E mais 401 surgiram em 1923-24.  O número de funcionários de banco quadruplicou nesse período. O Deutsche Bank tinha 15 filiais em 1923. De anos depois, já eram 242.
Não foi a pujança da atividade econômica que criou a necessidade desses novos bancos. "Os bancos estavam sobrecarregados de ordens para comprar e vender ações e moedas estrangeiras.  E os cidadãos comuns, em número cada vez maior, se tornavam especuladores da bolsa".
"O colapso da moeda e o colapso da moralidade se tornaram idênticos", escreve Taylor.  Não eram apenas as prostitutas que vendiam seus corpos.  "As recém-desprovidas filhas da classe média educada (em alguns casos, filhos também), que agora estavam no mercado do sexo pago, estavam inteiramente disponíveis a qualquer preço — preferivelmente em troca de cigarros, metais preciosos ou moeda forte em vez de marcos de papel."
Com a inflação tendo destruído toda a poupança da classe média, as moças jovens simplesmente não tinham nenhum dote a ser oferecido a pretensos futuros maridos.  "Quando a moeda perde totalmente seu valor", escreveu uma mulher, "ela destrói todo o sistema burguês baseado no matrimônio, de modo que destrói também toda a ideia de se manter casta até o casamento".
Taylor cita uma história relatada pelo escritor russo Ilya Ehrenburg sobre uma noite que ele passou com alguns amigos em Berlim.  Segundo Ilya, eles terminaram a noite visitando uma família alemã em um "apartamento burguês perfeitamente respeitável".  Foi-lhes oferecido limonada com um pouco de álcool e
Então as duas filhas que estavam na casa entraram na sala, totalmente nuas, e começaram a dançar.  A mãe olhava esperançosa para as visitas estrangeiras: talvez suas filhas fossem do agrado das visitas, e talvez as visitas pagassem bem — em dólares, obviamente.  "E é isso o que chamamos de vida", suspirou a mãe.  "Na verdade, é pura e simplesmente o fim do mundo".
Tendo conhecimento de algumas dessas histórias, e olhando a corrupção moral a que foi submetida a Alemanha, não é de todo incompreensível entender fenômenos como a ascensão de Hitler.  E também não é incompreensível por que os alemães de hoje não são muito tolerantes com seus vizinhos europeus que defendem políticas inflacionárias.
Países como a Venezuela e, em menor grau, Rússia e Argentina, estão em caminhos perigosos no que tange às suas moedas.  Eles deveriam ler um pouco da história da Alemanha.
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Leia também:

Douglas French é o diretor do Ludwig von Mises Institute do Canadá. Já foi o presidente do Mises Institute americano, editor sênior do Laissez Faire Club, e autor do livro Early Speculative Bubbles & Increases in the Money Supply.  Doutorou-se em economia na Universidade de Las Vegas sob a orientação de Murray Rothbard e tendo Hans-Hermann Hoppe em sua banca de avaliação.

Junto com Graça, sairá toda a diretoria da Petrobras. O problema é que, até agora, ninguém com um mínimo de seriedade quer o cargo

Dilma esteve com Graça Foster, a ainda presidente da Petrobras, nesta terça-feira e tomou uma decisão que deveria ser apenas óbvia. Ocorre que ela é, antes de mais nada, tardia: vai demitir Graça e toda a diretoria da estatal. Ora vejam! Então a soberana se mexe. É uma pena que o faça depois do derretimento das ações na Bolsa de Valores. A simples notícia de que a presidente da empresa vai sair fez com os papéis da Petrobras tivessem uma alta de 15%, o correspondente, em valor de mercado, a R$ 16,59 bilhões. Em um único dia!
Graça fica no cargo até que Dilma consiga encontrar um novo presidente. Na verdade, haverá dificuldade para recompor toda a diretoria. Também não está fácil encontrar nomes para o Conselho de Administração. Todos temem o monstro que se esconde na caixa-preta. A qualquer momento, podem se ver engolfados por um processo judicial.
Lula quer que Dilma nomeie Henrique Meirelles. Os petistas são mesmo engraçados em sua falta de graça. Em 2003, precisavam de alguém que não fosse nem se parecesse com um petista para o Banco Central. Chegaram ao próprio Meirelles, que volta a ser cogitado para nova missão. Em 2015, mais uma vez, era preciso escalar um perfil que fosse o avesso do petismo para inspirar um mínimo de credibilidade. E lá foram eles atrás de Joaquim Levy.
Meirelles é um bom nome? Depende do que se quer dizer com isso. Está ligado àquela maquinaria infernal que dominou a estatal, que soma sindicalismo, petismo e gangsterismo? Não! Mas é evidente que não entende nada na área, um caminho certo para ser tragado pelos meandros da burocracia da gigante.
De imediato, é fato, haveria, vamos dizer, um surto de otimismo, e certamente uma nova valorização expressiva das ações. Ocorre que Meirelles não está entre os prediletos de Dilma. Lula já tentou emplacá-lo como ministro da Fazenda, mas não conseguiu.
As dificuldades que se anunciam para a empresa são imensas. Nesta terça, foi a vez de a agência de classificação de risco Fitch rebaixar a nota da Petrobras, de “BBB” para “BBB-“. No dia 30, a Moody’s fez a mesma coisa: de “Baa2” para “Baa3”, seguindo os passos da Standard & Poor’s, que considera a empresa “BBB-“ desde 24 de março do ano passado.
Atenção: nas três agências, a Petrobras está no último degrau do chamado “Grau de Investimento”. Acima dessa posição, para vocês terem uma ideia, há nove outras. Se cair mais uma, então a estatal brasileira passa para o “grau especulativo”, em que estão as empresas com dificuldades para pagar as suas contas. Aí se tem o pior dos mundos.
Graça vai sair com toda a diretoria. Isso é bom! O problema é que, até agora, ninguém com um mínimo de seriedade aceita o cargo.
Por Reinaldo Azevedo

O JABUTI PERDE PIOLHOS- Graça renuncia à presidência da Petrobras

Executiva e mais cinco diretores deixam a estatal. Novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração na sexta-feira.

GOELA ABAIXO

...Enquanto, por exemplo, as alíquotas de imposto sobre valor adicionado (correspondentes aos nossos IPI, ICMS, PIS, COFINS, CIPE e outros), embutidas nos preços dos produtos e serviços, variam de 4,2% a 19,4% na Europa, de 3,9% a 7,3% na Ásia e de 10,7% a 20,6% na A.L., aqui no Brasil elas variam entre inacreditáveis 18,5% e 135,1% .

João Luiz Mauad

“Após um ano morando sozinho descobri que minha ex-mulher tinha mesmo diversas razões para ir embora.” (Limão)

WOODY PEDRA

“Eu e Woody Allen temos coisas em comum.”
“Inteligência e humor fino?”
“Nada disso. Óculos e calvície.”

“Nunca fui de bater nos outros. Minha especialidade sempre foi apanhar.” (Mim)

“Creio que a única serpente que falou com Eva no paraíso foi a serpente do Adão.” (Limão)

“Altos impostos e a morte. Sem retorno.” (Eriatlov)

IMB- Neutralidade de rede: a regulação da Internet sendo instalada

Algumas semanas são especialmente pródigas em notícias ruins.  Foi o que aconteceu semana passada sobre o assunto neutralidade de rede.
Nos últimos anos, diversos governos vêm impondo o conceito de rede neutra de cima para baixo, por meio de leis e medidas regulatórias.  Grosso modo, neutralidade de rede significa que serviços, aplicações e o tráfego em geral devem ter tratamento igualitário dentro de uma determinada rede de dados.
Tal comando não se restringe aos aspectos técnicos da gestão da rede; abrange especialmente as relações comerciais dos diferentes agentes da cadeia de negócios: dos detentores de infra-estrutura de rede aos consumidores finais, passando por geradores de conteúdo, aplicativos etc.
Para uma exposição mais abrangente do problema, recomendo a leitura do artigo aqui linkado.
Sem surpresas, os comandos legais já começam a mostrar seus resultados e a bloquear o processo de mercado, cujas bases são o sistema de preços, a propriedade privada e a livre concorrência.  O foco do ataque tem sido o chamado zero rating, a prática que se caracteriza pelo oferecimento gratuito de certas aplicações por parte das operadoras de rede, comumente as empresas de telefonia móvel.
Começando a semana lúgubre, o órgão regulador da Eslovênia ameaçou multar duas das principais empresas de telecomunicações do país por quebra da neutralidade de rede. Uma por oferecer gratuitamente aplicativo de música; a outra por não cobrar por serviços de back-up de dados de seus usuários.
Na Holanda, nação outrora admirada por ter sido um dos berços do capitalismo e das liberdades individuais, KPN e Vodafone foram multadas por violar as leis de neutralidade.  A primeira por restringir o acesso a determinados serviços em seus hotspots; a segunda por ousar oferecer a seus clientes, sem custos, acesso ao aplicativo de vídeos da HBO.
O governo canadense também abriu sua caixa de ferramentas.  Duas operadoras de telefonia celular foram obrigadas a interromper o serviço gratuito de mobile TV a seus clientes.  O ente regulador local decidiu que ozero rating é ilegal por constituir uma prática anti-competitiva, uma vez que isso "prejudica" outros produtores de conteúdo na Internet.
O Brasil, sempre antenado às grandes tendências internacionais, não poderia ficar de fora dessa lista.  Para relembrar, em abril de 2014 foi aprovado o Marco Civil da Internet sob aplausos de todo Congresso Nacional. Dias depois, a Presidente da República sancionou a lei durante a NetMundial, evento que contou com a presença de representantes de diversas nações, inclusive China e Rússia, cujos governos são notórios defensores do controle estatal da Internet.
De acordo com o artigo 9º do Marco Civil, "o responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação."  Para completar, as empresas devem "oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e abster-se de praticar condutas anticoncorrenciais."
Nesse contexto, quando, na semana passada, o Ministério Público da Bahia instaurou inquérito para investigar a operadora TIM por oferecer uso sem custos do aplicativo WhatsApp, tal órgão não fez nada além de aplicar a letra da lei.  E, como se vê nos parágrafos acima, não foi nenhuma novidade em termos de prática internacional.
Não poderia deixar de mencionar que o zero rating é proibido no Chile desde maio de 2014, que o Congresso argentino aprovou nova lei de telecomunicações que incorpora o conceito de neutralidade de rede, e que Obama tem esse tema como uma de suas principais bandeiras políticas.  Depois de uma série de reveses nos tribunais, o foco do governo americano, neste exato momento, é menor sobre a neutralidade de rede em sentido estrito. O objetivo agora é fazer com que a Federal Communications Commission (agência governamental americana que regula as comunicações interestaduais via rádio, televisão, satélite, e cabo) proceda à reclassificação legal dos serviços de acesso à Internet, tornando-os uma espécie de "utilidades públicas".
Isso traria respaldo legal para diversas intervenções, incluindo aí a rede neutra e o direito de acesso universal aos serviços. Trocando em miúdos, o acesso à rede teria tratamento similar à água e à energia elétrica.
Esse rol de notícias permite concluir que a era da Internet regulada começou.  De partida, esses acontecimentos devem servir de grande interesse para os familiarizados com a teoria austríaca do intervencionismo.  Dado que essa atividade econômica desfrutava ampla liberdade, espera-se que as primeiras intervenções provoquem desajustes no curto prazo.  
O sistema de preços, que transmitia informações de qualidade para os agentes, sofrerá perturbações.  Tais distorções serão percebidas pela opinião pública — e justificadas pelos economistas da corte — como sendo uma consequência das "condutas danosas" das empresas, ou como problemas inerentes ao capitalismo.  Em suma, como "falhas de mercado".
Essas distorções servirão de argumento para novas intervenções, cujos efeitos nocivos se juntarão aos primeiros.
Seguindo o raciocínio, um tipo de espiral intervencionista tomará corpo, danificando todo o processo de mercado que antes existia.  Por exemplo, nos EUA as próprias relações contratuais entre as empresas geradoras de conteúdo/tráfego e as detentoras de rede estão na mira do governo.  Parece claro que a mera ameaça de regulação dos contratos já é o suficiente para afetar as perspectivas de novos investimentos, de modelos de negócio e de preços.
No final, é o consumidor que sai prejudicado. Estaríamos nós presenciando o fim da Era de Ouro da Internet, caracterizada pela inovação, redução dos preços e constante melhoria dos serviços?  O tempo dirá.
Mas é necessário, também, vasculhar algumas das causas desse tipo de intervenção.  Do ponto de vista da ciência econômica, medidas como a neutralidade rede encontram fundamento na abordagem equivocada que os adeptos da escola neoclássica — há muitos anos a mais influente na academia e nos gabinetes de repartições públicas — têm sobre concorrência.  
De forma sucinta, sob o prisma neoclássico, determinado mercado apresenta maior nível competição quanto mais intensos forem os fatores que caracterizam a chamada "concorrência perfeita".  
Caso o mercado analisado demonstre elevado número de empresas e consumidores, homogeneidade dos produtos, plena informação aos agentes, inclusive nas condições contratuais, e baixos custos de transação, então é possível afirmar que este setor tem elevado grau de competição.  Pouca atenção se dá ao sistema de preços, à função (criatividade) empresarial e à importância da propriedade privada.  Quaisquer desvios dos pré-requisitos listados aumentam as "imperfeições" do mercado, o que acaba por fornecer os argumentos necessários para a regulação e a consequente correção das "falhas".
Para a elucubração acadêmica e para uma adequação a modelos matemáticos, tais pressupostos podem até fazer algum sentido.  No entanto, a observação da realidade dos mercados mostra algo completamente diferente.  
Percebe-se que a concorrência não depende de variáveis objetivas, como o número de agentes atuando, mas sim do grau de liberdade institucional, ou seja, ausência de restrições extra-mercado.  Em um ambiente livre de empecilhos governamentais, as empresas sobrevivem convencendo os consumidores a adquirir seus produtos. Com o objetivo de fidelizar seus clientes, elas recorrem a inovações e diferenciações de produtos.  Os contratos com fornecedores e consumidores geralmente não estão abertos ao público, pois eles mesmos são fatores de diferenciação.  As fusões e aquisições, nesse cenário, não refletem um complô de empresários contra os consumidores, mas são reflexo da própria pressão competitiva.
Pode-se dizer que essas são formas perfeitamente legítimas e benéficas do "poder de mercado", que não passa de uma forma um tanto jocosa de dizer que tal mercado é guiado primordialmente pelos consumidores.Aqui o professor Jesús Huerta de Soto esclarece de forma mais detalhada os graves problemas contidos na definição neoclássica de concorrência.
Ora, somando-se aos argumentos da economia convencional a vontade inata da classe política de controlar o fluxo de informações presente na Internet, temos o ambiente perfeito para o surgimento do conceito de neutralidade de rede.  Sob essa ótica supostamente científica, a prática, por exemplo, do zero rating deve ser combatida com todos os instrumentos, uma vez que ele reflete o "poder de mercado" das empresas.  É uma ação claramente "anticoncorrencial", irão dizer.
Para finalizar, é necessário ressaltar que até hoje a Internet se desenvolveu sem a imposição de medidas estatais para "beneficiar os consumidores" ou para "proteger a concorrência".  Outra falácia amplamente trombeteada é que a Internet é "terra de ninguém".  Mentira.  Uma constelação de organizações não-governamentais propõe protocolos e procedimentos, que são acatados livremente ou com reduzido nível de coerção.  Sem falar dos vultosos montantes que são investidos por empresas privadas, orientadas sim pelo lucro, mas também responsáveis por inovações e melhorias jamais imaginadas.
Mas agora temos a neutralidade de rede, a primeira grande medida dos governos sobre a Internet. Prometem-nos uma rede livre, aberta e democrática.  Prometem também que estaremos protegidos dos interesses das grandes corporações.  Argumentos que exalam cheiro de mofo.
Pois bem, a primeira consequência concreta de tão excelsa e científica regulação é a proibição da gratuidade de determinados serviços. Esperemos pelas próximas.
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Leia também:
Daniel Marchi  é economista graduado pela FEA USP Ribeirão Preto e membro do Instituto Carl Menger, em Brasília.

QUADRINHA TRIBUTÁRIA

Todos os dias brotam novos tributos
Das cacholas dos chupins
Tributos que esfolam
Tanto a você quanto a mim.

MAIS UM CARINHO PARA QUEM ACREDITOU NA ANTA- Aumento extra na conta de luz pode chegar a 26%

“Arqueólogos trabalham sem parar, mas não conseguem achar a oposição que está enterrada no Brasil.” (Limão)

MARRAVILHA!!- Novo líder do governo tem escândalo dos 'dólares na cueca' no currículo

Em busca de uma reaproximação com sua base no Congresso Nacional, o Planalto decidiu trocar o comando da liderança do governo na Câmara: sai Henrique Fontana (PT-RS), que se envolveu em um embate com o novo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e assume o ex-líder do PT José Guimarães. O petista tem como uma de suas principais marcas um mal explicado episódio em que seu assessor foi encontrado com dinheiro escondido na cueca.

“Até para demitir este governo do PT é lento. Que tremendo jabuti!” (Mim)

O JABUTI APAVORADO- Cunha empareda governo e agiliza reforma política que o PT não quer

Na primeira sessão no comando da Câmara, deputado fez avançar tramitação de proposta de emenda constitucional combatida pelo partido.