terça-feira, 5 de fevereiro de 2019


VAI BERNARDO

Vai Bernardo

Pois a tua megera não para de vociferar

Tal qual um dragão alucinado

Vai Bernardo

Pois se é como o povo diz

Tens uns belos chifres que necessitam de verniz.



MITOS

Poucos são os mitos sólidos
Que imperam por séculos e séculos
A grande maioria deles se desvanece
Quando sopra o escondido vento da verdade




QUANDO GOSTO

Quando gosto
Gosto que me enrosco
Menos é claro
Quando o enrosco se chama arrame farpado.



JARDIM DE LEMBRANÇAS
Cemitério
Jardim de lembranças
E muito de ossos esquecidos
Pois o tempo
Esse ingrato
Não perdoa.




MELHOR PROVEITO

Você está na estrada
E no fim da estrada já sabe o lhe espera
Então caminhe por ela valorizando mais o céu azul
O riso e a doçura
As flores dos vales e encostas
E menos as plantas venenosas que se escondem nas beiradas.


COMO O VENTO

Somos como o vento
Que balança árvores
Revolve folhas
Levanta poeira
Derruba chapéus
Que você sente e não vê
E como todos nós
Passa e não retorna nunca mais.


CORAÇÃO

Tem um coração perdido de amor
Zanzando por aí sem rumo
Caso alguém encontre
Aviso que é o meu.


ZUMBIS

Alguns mortos estão nas ruas,
Eles gritam: Lula livre!
Apenas zumbis que andam, comem mortadela e defecam,
Portadores da doença da caixa craniana oca.




ALIMENTO

É do rancor que falo
Dessa gente das bandeirolas vermelhas que gritam por aí
Nutrem-se de ódio essa gente
E de aleivosias diariamente.



PRECOCIDADE
Precocidade é isso. João Carlos de dez anos chegou da escola, jogou a mochila no sofá e disse aos pais: Tenho um segredo para contar! Os pais olhando assustados um para o outro: Conte-nos! Então disse: sou casado faz um bom tempo. Os pais não deram importância, riram e tudo ficou por isso. No dia seguinte ele chegou da escola trazendo a mulher e dois filhos.


O PORCO DO MATO

O porco do mato conseguiu fugir dos caçadores não sem antes levar um tiro. Em disparada fuga foi perdendo sangue até cair enfraquecido numa clareira. Os urubus começaram o reconhecimento de preparação para o almoço. O porquinho olhava para o céu e na mente antecipava seu final melancólico. Mas prometera para seu pai que lutaria até o fim em qualquer circunstância e foi o que fez.  Na porta do último suspiro engoliu uma boa dose de estricnina e partiu da vida, não sem antes dar um pequeno sorriso carregado de sarcasmo.

RELEMBRANDO JANER CRISTALDO- domingo, agosto 31, 2014 NO REINO UNIDO, “JOVENS” VIRAM "ASIÁTICOS”

Há mais de década tenho comentado que a imprensa européia, quando se trata de noticiar crimes ou vandalismo, em nome do politicamente correto evita chamar africanos de africanos, árabes de árabes ou muçulmanos de muçulmanos.

Paris, desde 2005, tem encontro marcado com o vandalismo a cada réveillon. São centenas de carros queimados, sob o olhar impotente da polícia. Em 2011, o alvo dos vândalos foi Londres. Ano passado, foi a hora e vez de Estocolmo. Por uma semana, bairros periféricos da cidade arderam em chamas, quando grupos de “jovens”, como dizem os jornais, saíram às ruas para botar fogo em containers, carros, quebrar vitrines e enfrentar a polícia a pedradas. A Europa não é mais o que foi. Em breve será a vez de Viena, Madri, Roma, Bruxelas. Nos próximos anos, a epidemia fará parte da normalidade do continente. Quem viver, verá.

O que espanta em tudo isso é que a imprensa evita nominar os “jovens”. Os responsáveis pela violência são invariavelmente árabes e africanos de segunda, terceira e quarta gerações e, o que é mais significativo, árabes e africanos muçulmanos. Em nome do politicamente correto e do multiculturalismo, os jornais se proíbem de dar nome aos bois.

Na ocasião dos distúrbios em Estocolmo, comentei a contenção dos jornais e das autoridades suecas, que só falavam em “jovens da periferia”. No mesmo ano, a Espanha também rendeu-se. Se os espanhóis, há cinco séculos, não hesitaram um segundo em expulsar “los moros” da península, hoje autoridades e jornalistas não ousam sequer nominá-los. Comentando os episódios de Estocolmo, El Paísescrevia:

Husby, donde empezó todo, es una zona de unos 12.000 habitantes en la que el 85% es inmigrante de primera o segunda generación. La chispa que encendió el fuego saltó allí, a 17 kilómetros al noroeste de Estocolmo, el pasado lunes 14. Un vecino de 69 años murió en su apartamento, abatido a tiros por la policía después de haber amenazado a los agentes con un machete. La tensión fue subiendo a lo largo de la semana hasta que el domingo pasado, entre 50 y 60 jóvenes comenzaron a quemar coches y cuando llegó la policía, se enfrentaron con los agentes lanzándoles piedras.

Imigrantes de primeira e segunda gerações. 50 ou 60 jovens. Que imigrantes? Que jovens? A Suécia, desde os anos 60, foi invadida por imigrantes de todos azimutes. Latinos, eslavos, chineses, hindus e, mais tarde, árabes e africanos. Alguém imagina um brasileiro, chileno, chinês ou indiano incendiando carros em Estocolmo? Não dá para imaginar. A violência é obra de negros e árabes muçulmanos. Desarraigados de sua cultura e sem conseguir integrar-se na cultura que os recebe, reagem com a única linguagem que dominam, a da violência.

Até não muito tempo, a Espanha era um baluarte contra o politicamente correto. Árabes sequer eram chamados de árabes, mas de moros. De repente, não mais que de repente, viraram “jovenes”. A Espanha, acompanhando os demais países europeus, acabou por render-se à invasão dos bárbaros. 

Até mesmo nossa imprensa, distante de tais conflitos, entregou os pontos. Sobre o assunto, mancheteou a Folha de São PauloJovens da periferia queimam carros na capital da Suécia Centenas de jovens da periferia de Estocolmo, capital da Suécia, incendiaram carros, destruíram vitrines de lojas e incendiaram uma escola, uma enfermaria e um centro cultural no quarto e mais violento dia de protestos contra a ação da polícia. 

Desde há muito venho denunciando – e suspeito que sou o único a denunciar – a mania politicamente correta de boa parte da imprensa européia de omitir nome, origem e etnia de criminosos quando estes são árabes ou negros. Na França, por exemplo, para identificar os árabes e negros que queimam milhares de carros nos réveillons, os jornais usam um eufemismo divino, les jeunes. Os jovens. Se for cidadão nacional, de longa estirpe e boa cepa, o nome vai para a primeira página dos jornais. Imigrante, jamais. Leio usualmente jornais da Suécia, França, Espanha e Itália. Nunca li alguma determinação escrita sobre este silêncio. A censura é tácita, sem diploma legal algum que a determine. Está no bestunto dos jornalistas.

Na Suécia, a imprensa está proibida de noticiar a cor da pele ou etnia dos agressores. Em 2010, uma sueca de dezoito anos foi violada e torturada por quatro negros muçulmanos, que foram identificados como “dois suecos, um finlandês e um somali”. Ora, eram todos imigrantes originários da Somália.

Alguém ainda lembra dos distúrbios de 2011 no Reino Unido? Certamente não. A memória das gentes já não mais alcança nem sequer um ano. Pois em agosto de 2011, o Time Magazine dizia que nunca tantos incêndios haviam devastado Londres tão intensamente ao mesmo tempo desde a Segunda Guerra Mundial. 

Na ocasião, li vários jornais da imprensa nossa e internacional, tentando informar-me sobre a bagunça. Em todos, a única informação que encontrei sobre os responsáveis é que eram jovens. Ora, isto é muito vago. Que tipo de jovens? A que países ou etnias pertencem? Não acredito que britânicos de souche saiam a incendiar suas cidades.

Semana passada, comentei a hipocrisia de chamar de europeus os milhares de terroristas, em geral filhos ou netos de árabes com passaporte europeu, que estão lutando no sedizente Estado Islâmico ou em outros conflitos árabes. A imprensa, que pretende buscar a verdade, não toma vergonha.

Ironicamente, foi no Reino Unido, o território da Europa mais conivente com o Islã, onde a violência tomou tais proporções, que já não há lugar para eufemismos. Leio nos jornais que cerca de 1400 crianças foram exploradas sexualmente durante 16 anos em Rotherham, em South Yorkshire, entre 1997 e 2013. Segundo um relatório divulgado terça-feira passada na mídia local, mais de um terço das crianças deveriam estar sendo vigiadas pelas agências de proteção de menores, mas as autoridades - políticas, civis e policiais - não agiram para protegê-las. 

O relatório revela que antes deste estudo foram feitos outros três, que não foram divulgados. Os relatórios anteriores, do conhecimento da sautoridades políticas e policiais, foram redigidos entre 2002 e 2006. Um foi arquivado porque os mais altos responsáveis da cidade não acreditaram nas informações ou por as considerarem exageradas. Os outros foram simplesmente ignorados.

O documento cita funcionários de Rotherham afirmando que recearam falar no assunto por medo de serem acusados de racismo, uma vez que a maior parte dos abusadores eram homens asiáticos. "Vários funcionários descreveram ter ficado nervosos quanto à identificação dos abusadores por receio de serem considerados racistas, outros relataram ter recebido ordens diretas dos seus superiores para não o fazerem", diz o documento.

Homens asiáticos? Em verdade, a polícia evitou investigar os suspeitos, a maioria paquistaneses muçulmanos, para não ser acusada de racista e preconceituosa. Segundo Alexis Jay, que redigiu o documento, a polícia "olhava com desprezo para as crianças vítimas de abusos".

Alexis Jay disse ter encontrado exemplos de "crianças que tinham sido mergulhadas em gasolina e ameaçadas de serem incendiadas, ameaçadas com armas, obrigadas a assistir a violações brutais e ameaçadas de serem as próximas caso contassem a alguém". Jay diz que os menores foram violados por várias pessoas, traficados para outras cidades no Norte da Inglaterra, sequestrados, espancados e intimidados. "Uma menina de 11 anos foi violada por vários homens".

O Reino Unido, que nunca foi reticente em relação às denúncias de pedofilia praticada pelo alto clero católico, mantém um silêncio obsequioso quando se trata de muçulmanos. Os “jovens” são agora os “asiáticos”. 

O Islã avança impunemente. Os europeus tapam o sol com uma peneira.

Aposentadoria será aos 65 anos para homens e mulheres

O governo vazou, hoje, a informação de que a reforma da previdência exigirá idade mínima de 65 anos para aposentadorias de homens e mulheres.

O governo sente-se fortalecido politicamente com as eleições na Câmara e no Senado.

PB

Com dívidas de R$ 1,2 bi, irmãs pedem interdição de presidente da Band

As irmãs Márcia de Barros Saad e Maria Leonor Saad pediram a interdição de Johnny Saad, do cargo de presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação. No entanto, o processo movido pelas herdeiras foi negado pela 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem do Tribunal de Justiça de São Paulo na noite dessa segunda-feira (4).

Esta foi a quinta tentativa das irmãs de conseguirem uma liminar, segundo destaca o NaTelinha. A Justiça paulista negou todas.

Pela primeira vez a liderança de Johnny está sendo questionada pela família, preocupada com a capacidade da Band de resistir a uma dívida bancária cada vez mais impagável e ao cenário desafiador para a mídia tradicional. O grupo deve cerca de R$ 1,2 bilhão — mais de oito vezes a geração de caixa — incluindo uma dívida crescente com as afiliadas, algumas das quais já ameaçam trocar de emissora.

PB

Mourão defende investigação sobre ministro Marcelo Álvaro Antônio

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu ontem a investigação da denúncia de que o ministro do Turismo e deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) tenha patrocinado um esquema de candidaturas femininas de fachada durante a campanha eleitoral para direcionar verbas públicas a empresas ligadas a seu gabinete parlamentar.

Além de coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) em Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio, que foi o deputado federal eleito mais votado no estado, é presidente do PSL mineiro.
PB

Deputados do PSL protocolam pedido de três CPIsa


Os deputados do PSL, Partido de Bolsonaro, fizeram fila ontem para protocolar pedidos de CPIs sobre os seguintes temas:

1) O uso da verba publicitária entre 2000 e 2015, 2) O funcionamento e as decisões da Comissão Nacional da Verdade e 3) A tragédia de Brumadinho.

Pelo regimento da Câmara, apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente.

Ontem, também, o deputado Giovani Cherini, PR, apresentou proposta para extinguir o regime semi-aberto.

Políbio Braga

Lasier conta para seus eleitores como ajudou a derrotar Renan e Kátia Abreu



Ainda repercute a mensagem que o senador gaúcho Lasier Martins mandou aos seus eleitores, tudo para comemorar a vitória sobre Renan Calheiros.

Leia:

Custosa vitória, mas valeu. Deu muito trabalho. Em junho eu já previa que, se alguma providência não fosse adotada, Renan voltaria a comandar o senado. E tratei de propor medidas, que seu aliado, não reeleito, Eunício, foi rechaçando. Até que fui ao mandado de segurança no STF, que despertou meio mundo, que abraçou a causa. O adversário era e é um mafioso e poderoso, mas sai derrotado e com muita antipatia. Não se deu conta de que o senado se renovou com 46 novos parlamentares, dos quais, já se percebe, tem cerca de 15 brilhantes e muito éticos. E aquele gesto do plenário misturar aplausos estrepitosos e vaias quando Renan subiu à tribuna para desistir da candidatura ( porque já tinha sentido a derrota) foi um gesto simbólico, sinal das adversidades que tinha e vai ter daqui pra frente. Ele estava acostumado a mandar no Senado passado. Quase a mesma surpresa se deu para Katia Abreu, protagonista do roubo da pasta, que não percebera as mudanças. Já a velha  raposa, Jader Barbalho, muito cedo foi embora, reconhecendo a derrota. Enfim, prezados amigos, novas perspectivas se abrem para a regeneração  ética da política a partir do Senado. O Davi ( que venceu o Golias) não era bem o que se desejava. A Simone Tebet poderia ser a melhor escolha, mas burramente foi derrotada na reunião do partido. E Davi acabou se revelando corajoso e bem articulado nos últimos dias. Sendo ajudado, poderá fazer ótimo trabalho.

Blog do Políbio Braga

ALCOLUMBRE TERÁ ‘ATITUDE’ CONTRA FRAUDE DE SÁBADO

O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), confirmou a esta coluna e a senadores que vai tomar uma atitude em relação à fraude verificada na primeira votação para a Presidência do Senado, sábado (2), quando apareceram dois votos a mais. Esses dois votos foram rasgados rapidamente pelo presidente da sessão, José Maranhão (MDB-PB). O caso chocou a população e os meios políticos.

OBJETIVO ERA ‘MELAR’

A investigação deve identificar o autor da inclusão ilegal de votos na urna, com objetivo de “melar” a eleição, talvez para “ganhar tempo”.

É COMPROMISSO

Alcolumbre é do tipo que prefere a concórdia a retaliações, mas ele assumiu ainda no sábado, na TV, o compromisso de apurar a fraude.

Diário do Poder-Coluna Cláudio Humberto

PARA RELEMBRAR JANER CRISTALDO

quarta-feira, outubro 22, 2003
 
MUITA ÁGUA SOB A QUILHA


Kafka tem um belo apólogo. Fala de um homem que busca a Lei. Diante da Lei está um porteiro. Um homem do campo acerca-se dele e pede-lhe que o deixe entrar na Lei. Mas o porteiro diz-lhe que agora não pode deixá-lo entrar. O homem reflete e pergunta se poderá, então, entrar mais tarde. «É possível», diz o porteiro, «mas agora não». Como o portão da Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta para o lado, o homem inclina-se e olha para dentro através do portão. Assim que o porteiro repara nisso, ri-se e diz-lhe: «Se te atrai assim tanto, experimenta então entrar, apesar da minha proibição. Mas repara: eu sou forte. E sou apenas o porteiro mais ínfimo. De sala para sala há, porém, outros porteiros, cada um deles mais forte do que o outro. Até eu próprio já não consigo suportar o aspecto do terceiro porteiro».

Resumindo: o camponês espera a vida toda. O porteiro reconhece que ele já está próximo do seu fim. Para alcançar o seu ouvido moribundo, berra-lhe: "Aqui mais ninguém poderia ser admitido, pois esta entrada era apenas destinada a ti. Agora vou-me embora e fecho-a."

Este apólogo marcou-me fundo e sempre tive medo de estar diante de minha porta, de minha única porta, e de não ter a coragem de forçá-la. Camponês e filho de camponeses, terá sido este medo que me impeliu deste cedo a viajar. Via uma porta aberta? Entrava logo, bem que podia ser a minha. Assim, sem ser rico, tive a ventura de conhecer o melhor do Ocidente e viver em suas cidades mais esplendorosas. Quem faz esta opção acaba perdendo empregos, cargos, carreira e patrimônio. Paciência. Ganhei o mundo e sua memória.

Ano passado, recebi mail de uma amiga, viajada e cosmopolita, que há horas mora nos Estados Unidos. Para minha surpresa, confessou-me não conhecer Paris nem Roma. Em um primeiro momento, manifestei minha perplexidade. Paris e Roma, hoje, já não são distantes. Já no segundo momento, pensando melhor no assunto, uma pontinha de inveja começou a corroer-me por dentro. Lembrei-me de quando não conhecia a Europa e da excitação com que vi o continente cada vez mais perto de meus pés. Explico. Minha primeira viagem foi de navio. Ao final de dez dias de navegação, no horizonte foi-se delineando a silhueta do litoral português. Mais algumas horas e já se via a ponte sobre o Tejo. A ponte foi-se se tornando cada vez mais nítida e mais próxima e eu, Colombo às avessas, mesmo vendo a velha e boa terra, não conseguia acreditar que dentro de mais outras horas estaria pisando solo europeu. Devo confessar que só acreditei mesmo depois de fincar os pés no porto. Esta sensação, só temos uma vez na vida. Colombo que o diga.

Outras há que também não se repetem. Entrar lentamente de trem em Paris, vendo cruzar na janela aqueles telhados e chaminés que sempre repousaram nalgum escaninho de nossa memória. Ouvir o chiado dos próprios pés numa viela noturna e silente em Veneza. Quebrar pela primeira vez a crosta de um mar congelado rumo ao Norte. Perfurar pela primeira vez um deserto branco, pleno de neve e silêncio, para cair finalmente, também pela primeira vez, numa densa noite ao meio-dia. Penetrar em um fiorde em uma meia-noite clara como dia. Atravessar as pontes sobre o Neva nas noites brancas de São Petersburgo. Ouvir o silêncio da noite gelada, no pico de uma montanha enluarada no Sahara. É um silêncio estridente, que fere os ouvidos acostumados aos ruídos urbanos, só entrecortado pelas escassas palavras dos tuaregues contando lendas ao redor de uma fogueira. Se os deuses houveram por bem conceder-me a ventura dessas paragens, hoje tudo isto adquiriu um ar de déjà vu. Certo dia, atravessando o Pont Saint Michel, minha mulher me alertou: notaste que aquilo ali à direita é a Notre Dame? Eu sequer a havia visto. Residira quatro anos em Paris e já não mais a via. Se hoje deploro a condição de quem ainda não passou por estes momentos mágicos, ao mesmo tempo a invejo. Este deslumbramento, eu o perdi para sempre.

Ante as urbes prodigiosas, os viajores do século XIX sofriam uma reação física semelhante a dos peregrinos perplexos ao nelas entrarem. Os visitantes caíam de joelhos em Florença, Roma e Atenas. No caso dos peregrinos, recorria-se à histeria e à doença de San Vito para explicar as convulsões. O mesmo não se diria de hordas mais sensíveis. Em 1817, quando ia entrar na igreja de Santa Croce, em Florença, Stendhal foi tomado por uma espécie de pasmo, teve o pulso acelerado e lhe tremeram as pernas... isso só de antever o que veria lá dentro. A esta experiência, que o escritor francês narra em sua correspondência, convencionou-se chamar de síndrome de Stendhal, a perturbadora agitação do viajante ante a contemplação da beleza.

Esta crise acometeu-me em Cuenca, quando a beleza das cidades da Espanha já começava a saturar-me. Subindo a encosta do penhasco, ao olhar para o alto vi os prédios inclinados que pendiam sobre minha cabeça. Aos poucos, fui perdendo o sentido da verticalidade. Para não cair, olhava só para baixo. Ao chegar, de pernas bambas, à frágil ponte que varava o abismo, não consegui mais manter-me em pé. Sentei no chão e enrolei-me em posição fetal. Crianças saltitavam sobre o vazio, sem medo algum ou espanto. Haviam nascido ali. Para minha satisfação, vi outros estrangeiros apoiando-se nas paredes de rocha para não cair. Isto também só se vive uma vez. Dia seguinte, após tomar um bom vinho na sacada de uma das casas colgadas, enveredei pela ponte e saltitei como as crianças. Vencera Cuenca.

A moça que não conhece Paris não deixa de ser pessoa afortunada: tem ainda síndromes pela frente. A ela, repasso esta saudação de marujos: muita água sob a quilha. Que vasto é o mundo e breve nossa passagem. Santé, Milla! 

Casinha de sapê nos confins.
-Toc!Toc!
-Quem bate?
- Jornalismo da Globo.
- Enfia o microfone no cu! Sujos!
- Que grosseria!
- Pega sultão!



HUG HUG

Hug Hug era um homem das cavernas. Entrou no Minha Casa, Minha Vida. A casa apresentava goteiras e as paredes racharam no primeiro mês; as janelas emperravam, os vizinhos faziam muita fumaça, eram barulhentos e mal-educados. Irado, pegou seu porrete e acabou com Dilma e Lula na paulada. Foi aclamado nas ruas e eleito senador. Tomou posse e ficou por lá somente um dia. Preferiu voltar às cavernas e carregar sua mulher pelos cabelos a ter que conviver com tantas bagaceiras.



 O EREMITA

Numa grota perdida no sertão de Tocantins viveu recluso por trinta anos Anselmo Berg. Viveu todo o tempo de frutas, raízes e pequenos animais, sem contatar humanos. Ontem apareceu na capital Palmas, deu umas voltas, leu jornais e voltou correndo para sua grota olhando para o céu e gritando: “Deus, se foi de barro, o barro estava podre. Estava podre! ”


NA PORTA DA GELADEIRA

Orivaldo chegou em casa e ouviu gemidos no quarto. Do lado de fora perguntou:
-Quem está aí?
-É a tua mulher com o amante- respondeu ela.
Ele coçou a cabeça.
-É o Amâncio da padaria?
-É o Amâncio!
-Está bem, irei dar uma volta por aí. Diga para ele que as contas de luz e água estão na porta da geladeira.
-Está bem, ele ouviu, até depois!



“Um relacionamento que se expressa entre tapas e beijos tem tudo para terminar em tragédia. ” (Filosofeno)

“Conhecendo alguns humanos como Lula e Maduro pergunto por que os porcos não são mais considerados. ” (Filosofeno)