terça-feira, 23 de janeiro de 2018

MESTRE YOKI, O BREVE


“Mestre, qual seu prato preferido?”
 “Preferencialmente o prato limpo.”

MESTRE YOKI, O BREVE


“Mestre, qual é o melhor remédio para combater a corrupção?”
 “Cadafalso e cordas.”

Algumas palavras sobre o panteísmo - Arthur Schopenhauer



A controvérsia contemporânea entre teísmo e panteísmo travada pelos professores de filosofia pode ser apresentada alegórica e dramaticamente mediante um diálogo ocorrido na plateia de um teatro em Milão, durante a representação. Um dos interlocutores, convencido de se encontrar no grande e famoso teatro de marionetes de Girolamo, admira a arte com que o diretor fez os marionetes e dirige o espetáculo. O outro contradiz: De modo algum! Estamos no teatro della scalla, o próprio diretor e seus ajudantes participam do espetáculo, e realmente constituem as pessoas que enxergamos; até mesmo o poeta participa.

É divertido ver, porém, como os professores de filosofia namoram o panteísmo, qual fruto proibido, sem coragem de prosseguir em sua ação. Este seu comportamento já o relatei em meu ensaio sobre filosofia universitária, e recordava o tecelão Botton no sonho da noite de São João. — Ah, é um pão amargo, o pão da docência de filosofia! Primeiro há que dançar conforme o apito dos ministros, e, feito isto com suficiente graça, ainda se corre o risco do ataque dos selvagens antropófagos, os verdadeiros filósofos: estes são capazes de prender e arrastar alguém para, qual polichinelo de bolso, mostrá-lo para diversão em suas apresentações.

Contra o panteísmo, sustento principalmente que ele não diz nada. Chamar Deus ao Mundo não significa explicá-lo, mas apenas enriquecer a língua com um sinônimo supérfluo da palavra Mundo. Se dizeis “o Mundo é Deus” ou “o Mundo é o Mundo”, dá no mesmo. Quando partimos de Deus como se ele fosse o dado e o a-ser-explicado, e dizemos portanto: “Deus é o Mundo”; então numa certa medida existe uma explicação, ao se reconduzir ignotum a notius: mas trata-se somente de uma explicação de vocabulário. Porém, quando se parte do efetivamente dado, portanto o mundo, e se afirma “o Mundo é Deus”, então se torna claro que com isto não se diz nada, ou ao menos que se explica ignotum per ignotius [O desconhecido pelo mais desconhecido].

Justamente por isto o panteísmo pressupõe o teísmo como precedente: pois apenas enquanto partirmos de um deus, e portanto já o temos e com ele estamos familiarizados, podemos por fim chegar a identificá-lo com o mundo, para eliminá-lo de uma maneira decente. Porque não partimos imparcialmente do mundo como o a-ser-explicado, mas de deus como o dado; como contudo em pouco tempo não mais sabíamos o que fazer com este, seu papel deveria ser assumido pelo mundo. Eis a origem do panteísmo. A ninguém ocorrerá de imediato e despojadamente considerar este mundo um deus. Pois deveria se tratar de um Deus muito mal esclarecido, incapaz de algo melhor do que se transformar num mundo como este, tão faminto, e para aqui suportar, na figura de inumeráveis milhões de seres vivos, porém aterrorizados e maltratados, que em sua totalidade conseguem existir momentaneamente apenas um devorando ao outro, a miséria, a necessidade e a morte, sem medida nem objetivo, por exemplo, na figura de seis milhões de escravos negros a receber diariamente em média sessenta milhões de chicotadas sobre o corpo nu, e para vegetar debilmente na figura de três milhões de tecelões europeus, com fome e desgosto, em catres obscuros ou sinistras salas de fábricas etc. Que passatempo para um deus! Como tal, deveria estar acostumado com coisas inteiramente diferentes.*

Em consequência, o pretenso progresso do teísmo ao panteísmo, encarnado com seriedade e não apenas como negação mascarada, como acima, é uma transição do improvado e pensado com dificuldade ao propriamente absurdo. Pois por mais indeciso, oscilante e difuso que seja o conceito associado à palavra de deus, dois predicados lhe são inseparáveis: o mais alto poder e a mais alta sabedoria. Que um ser assim ditado se tenha transferido à situação acima descrita, constitui um pensamento absurdo, pois nossa situação no mundo é tal que nenhum ser inteligente, e muito menos um ser onisciente, a adotará. Panteísmo é necessariamente otimismo, e por isto falso. O teísmo, por seu lado, simplesmente carece de provas, e se há uma certa dificuldade em pensar que o mundo infinito é obra de um ser pessoal e individual, como conhecemos somente na natureza animal, também isto não é propriamente absurdo. Que um ser onipotente e onisciente crie um mundo sofrido, ainda pode ser pensado, mesmo que não conheçamos o porquê para tanto; por isto, ainda que lhe atribuamos também a propriedade da maior bondade, a imperscrutabilidade de sua decisão se torna a saída pela qual uma tal doutrina escapa à acusação de absurdidade. Mas com a aceitação do panteísmo, o próprio deus criador é o infinitamente atormentado, e somente neste pequeno mundo, o que morre uma vez em cada segundo, e isto por atos livres, o que constitui um absurdo. Muito mais correto seria identificar o mundo com o demônio, o que aliás fez o autor da Teologia Alemã, ao afirmar na p. 93 da sua obra imortal (conforme o texto reconstruído, Stuttgart, 1851): “Por isto o espírito do mal e a natureza são unos, e onde a natureza não foi subjugada, também o atroz inimigo não o foi”.

Estes panteístas aparentemente conferem ao Sansara o nome Deus. Por outro lado, os místicos dão o mesmo nome ao Nirvana. Deste, porém, contam mais do que podem saber: o que não fazem os budistas; motivo porque o seu nirvana é precisamente um relativo nada. Em seu sentido correto e apropriado, a palavra Deus é utilizada pela sinagoga, pela igreja e pelo islão. Se há entre os deístas os que entendem pelo nome deus o Nirvana, então o nome não seja motivo para discussão. São os místicos que assim parecem entendê-lo. Re intellecta, in verbis simus faciles [Uma vez compreendida a coisa, sejamos simples nas palavras].

A expressão “o mundo é um fim em si mesmo”, atualmente de uso frequente, conduz a uma indecisão quanto à sua explicação; se através do panteísmo ou do simples fatalismo, mas de qualquer modo permite apenas um significado físico, e não moral, da mesma, na medida em que, sob esta última hipótese, o mundo sempre se apresentaria como meio para um fim mais elevado. Porém justamente o pensamento de que o mundo possui apenas uma significação física e não moral constitui o mais grave engano, originado pela pior perversidade do espírito.



* Nem o panteísmo nem a mitologia judaica são suficientes, se pretendeis explicar o mundo; antes há que encará-lo de frente.


fonte: Coleção Os Pensadores. Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo (SP). 1997.
original: Parerga e Paralipomena

SPONHOLZ

AONDE O VIVENTE PENSA QUE VAI?!

“Concordo que fui um pouco mimado pelos meus pais. Sou filho único.” (Bilu Cão)


“Meus donos fizeram algazarra nesta madrugada. Acho que tinha gente no cio.” (Bilu Cão)


“Estive pensando: já imaginou se minha mãe fosse uma traça? (Bilu Cão)


“Nós cães não votamos, mas acredito que faríamos melhor.” (Bilu Cão)


MADRAVIDA

A vida não é uma doce mãe
Que nos ampara
E que de pronto nos acode
Esta jornada mais se parece com uma dura madrasta
Que nos atura
E que de quando em quando
Na sua torpeza nos puxa e nos sacode.

MADRUGADA

Gosto da madrugada
A madrugada nos subúrbios
Quase silenciosa
Não fosse pelos cães
Gatos
Galos
E alguns bêbados voltando para casa
A madrugada é o sono profundo da noite
E paradoxalmente é a companheira dos insones.

NA NOITE DE LUA CHEIA

Noite de lua cheia
Luz de prata abraçando o todo
Pirilampos brincam
Violeiros tocam na varanda
Sonhadoras suspiram
Sapos coaxam
Meteoritos caem
Corujas caçam
Morcegos acordam
E lobisomens namoram.

DESPACHADO


Um dia tudo passa
A dor
O amor
O choro
O riso
A tristeza
A alegria
No final de tudo
Só resta um corpo inerte
Deitado sobre e cercado de madeira
Pranteado por seus amados
E como praxe da vida que segue
Encaminhado para o esquecimento.

DIFERENÇA

DIFERENÇA

P: Existe uma diferença entre "democracia" e "democracia popular"?
R: Sim, é a mesma diferença entre um casaco e uma camisa de força.
www.escapistmagazine.com

PROBLEMAS NATURAIS


Tempo virá em que uma pesquisa diligente e contínua esclarecerá aspectos que agora permanecem escondidos. O espaço de tempo de uma vida, mesmo se inteiramente devotada ao estudo do céu, não seria suficiente para investigar um objetivo tão vasto... Este conhecimento será conseguido somente através de gerações sucessivas. Tempo virá em que os nossos descendentes ficarão admirados de que não soubéssemos particularidades tão óbvias a eles... Muitas descobertas estão reservadas para os que virão, quando a lembrança de nós estará apagada. O nosso universo será um assunto sem importância, a menos que haja alguma coisa nele para ser investigada a cada geração... A natureza não revela seus mistérios de uma só vez.


Sêneca, Problemas Naturais Livro 7, século I

ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE

ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE
Na antiguidade, nos costumes e nas conversas do dia-a-dia, os acontecimentos mais mundanos eram relacionados com os principais eventos cósmicos. Um exemplo interessante é o encantamento contra o verme que os assírios de 1.000 a.C. imaginavam que provocava a dor de dente. Ele começa com a origem do universo e termina com a cura para a dor de dente:

Após Anu ter criado os céus, 
E os céus terem criado a terra, 
E a terra ter criado os rios, 
E os rios terem criado os canais, 
E os canais terem criado o pântano,
E o pântano ter criado o verme, 
O verme procurou Shamash chorando, 
Suas lágrimas se derramando diante de Ea: "O que me darás como comida, O que me darás para beber?" 
"Eu te darei o figo seco E o damasco." 
"O que representam eles para mim? O figo seco E o damasco! Eleve-me, e entre os dentes 
E as gengivas deixe-me morar!...
"Por teres dito isto, ó verme, Possa Ea destruir-te com a força da Sua mão!

(Encantamento contra dor de dente).

O tratamento: Cerveja de segunda classe... e óleo que tu deverás misturar; O encantamento, tu deverás recitá-lo três vezes seguidas e então colocar a poção sobre o dente.

Nossos ancestrais ansiavam compreender o mundo, mas não conseguiram encontrar um método. Imaginaram um universo pequeno, fantástico e arrumado, no qual as forças dominantes eram deuses como Anu, Ea e Shamash. Neste universo os seres humanos desempenharam um papel importante, senão central. Estamos intimamente entrosados com o resto da natureza. O tratamento da dor de dente com cerveja de segunda classe estava associado aos mais profundos mistérios cosmológicos. 

Fragmento do livro COSMOS, de Carl Sagan



MADURO, CORNO MANSO RESSENTIDO


“Todos sabem que Maburro é um corno manso ressentido. E não fica constrangido em descarregar nos outros seus ressentimentos guampistas socialistas.” (Seu Eleutério)

“Sou tão feio que só ando de costas.” (Assombração)


EMOTIVO


“Sou muito emotivo. Quando uma mulher bonita me joga um beijo eu desmaio.” (Assombração)

BAH!


“Estou uma mulher mais feia do que eu. Ao acordarmos não sei quem se assusta mais.” (Assombração)

“Lá em casa não temos o bom, o mau e o feio. Só o feio.” (Assombração)


SPONHOLZ

O CARNAVAL NO SOL DE GUARUJÁ

STF


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de 30 dias, a partir da volta do recesso do Judiciário, para o colega Dias Toffoli devolver ao plenário o processo sobre a prerrogativa de foro especial. Depois disso, avisou que vai começar a enviar à primeira instância inquéritos de parlamentares que não devem permanecer na Corte. “Se o pedido de vista virar ‘perdido de vista’, vou implementar o meu entendimento”, disse.

O Antagonista

DISTRAÍDO


Belo domingo de sol, os amigos Paulo e Anselmo foram passear de balão. Paulo sempre ligado e Anselmo mui distraído. Quando o instrutor mandou aliviar o peso Anselmo prontamente se jogou do balão. Paulo sofreu um infarto e o instrutor um AVC. Anselmo caiu sobre um monte de feno, saiu ileso, e no dia seguinte foi ao enterro dos dois de paletó e gravata, só de cueca, meia vermelha e sapato de bico fino.

O TEMPO DA VERDADE CHEGARÁ

Podemos fugir por um tempo
Dar desculpas esfarrapadas
Mas do confronto interno
Não há como escapar
Chegará o dia
De ouvir o nosso eu
Encarar as nossas falhas
E saber que justificativas talvez possam consolar
Mas não resolverão os nossos problemas.

VERDADE


“Política nestas plagas é a arte de mamar no estado, roubar e ainda ser condecorado.” (Eriatlov)

“Uma vela para um santo, outra para o diabo. Assim é a Rede Globo, navegando sempre no mar dos seus interesses.” (Eriatlov)


“O estado deveria ser um ladrão comedido, mas não é.” (Eriatlov)


“Em alguns países há vida inteligente entre eleitores.” (Eriatlov)