terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A CABEÇA

Há gente esquisita transitando por todos os lados. Estava no lotação quando entrou um sujeito bem apessoado, cabelo aparado e barba feita. Sentou-se ao meu lado, ajeitou o nó da gravata, pigarreou e tirou a própria cabeça colocando-a de lado. Não é normal algo assim, porém somente alguns passageiros prestaram apenas atenção momentânea ao fato e depois trataram de cuidar das suas vidas. Antes do meu ponto ele desceu, porém deixando a cabeça no ônibus. Gritei para ele:

- Ei amigo, sua cabeça!

Desceu sem dar à mínima, vai ver que sem cabeça ficava surdo, algo lógico. A cabeça, ouvindo o barulho, abriu seus olhos sonolentos.

-Não ligue, é sempre assim, disse-me ela. Depois ele fica se perguntando onde estava com a cabeça. Toda segunda-feira me procura nos Perdidos e Achados. Já estou acostumada.

Bom, sendo assim, fiquei tranqüilo.




MERDA DE EMPREGO

“Fui de muito rezar. Parei quando fui promovido a chefe do inferno. Merda de emprego! Quente demais até para cão. Dói saber que eu poderia estar com os pés n’água numa corredeira no paraíso.” (Satanás)

“Os tempos são outros. Hoje os homens têm mais medo da impotência do que de mim.” (Satanás)

“Só dá 'ele' nos templos e igrejas. Um mundaréu de gente reza para o ‘outro’. E eu só tomando pancada. Como não ficar deprimido?” (Satanás)

“Estou mesmo ficando velho. Não suporto mais o calor que faz aqui.” (Satanás)

Reynaldo-BH- Dias de silêncio

São 26 dias de um silêncio sepulcral.
“Quando você perceber que, para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; que as leis não nos protegem deles mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”(Ayn Rand).
Dilma está condenada.
Ayn Rand, como filósofa que influenciou uma geração de poetas e até mesmo economistas parece definir a esfinge do Planalto Central do Brasil. Que nos devora.
O PT acabou. Apodrecido pelos próprios vermes que transformou um ajuntamento de ladrões (são palavras do irmão do atual ministro da educação) em um zumbi.
E Dilma irá exigir na reunião de 39 partícipes (ou é festa ou velório) as medidas que, como Pirandello, que tinha Trinta e nove personagens à procura de uma autora. Assim é se lhe parece…
Ou seriam os rinocerontes de Ionesco?
Qual absurdo é mais intenso?
Dilma é o absurdo personificado. Nós somos a plateia de uma comédia que troca o humorismo pelo drama assustador.
O que dirá Dilma à gangue escolhida nas quadrilhas que lhes dão a dita governabilidade?
Na Granja da Torta (mantendo o gênero exigido pela presidanta) Dilma irá falar. Para quem? Para que? Quem lhe dará crédito?
Será um discurso do nada focando o vazio. A mentira que de farsa só tem a piada – nervosa e envergonhada – que não faz rir.
A farsa renovada. Certamente, novas acusações. O mundo é culpado da desgraça deixada como herança a si mesma.
A equilibrista que atende aos apelos do salto no escuro e à obediência aos da plateia. Que não entendem a peça, mesmo pagando ingresso.
O importante é pagar – na boca do caixa – o ingresso vendido mesmo que claramente falsificado.
Lula ignora Dilma. Zé Dirceu quer derrubá-la. Marta bate mais do que apanhou enquanto prefeita ou ministra. Os ministros da Casa são Pepe “Legal” Vargas e suas (deles) ferraduras, Aloísio Mercadante e o poder que nunca basta mesmo sendo muito além do que faz por merecer e um Berzoini que gostaria de ter uma bazuca contra um Charlie Hebdo. Na falta desta, serve o controle social da mídia.
Pirandello estava (sempre esteve) certo. Mesmo sem conhecer Dilma, a prova definitiva do que sempre disse: “É próprio da natureza humana, lamentavelmente, sentir necessidade de culpar os outros dos nossos desastres e das nossas desventuras.”
Com uma diferença sutil. Dilma não sente – jamais sentirá – a culpa e seus desastres e desventuras.
Ela É O DESASTRE. E é também a nossa DESVENTURA!
E, infelizmente, sequer se dá conta do quão infeliz é! E do quanto fez da farsa e mentira o seu modo de viver.

Oliver: Futebol na pirambeira

VLADY OLIVER
O que temos diante de nossos narizes, caros cidadãos eleitores e contribuintes, é um jogo de futebol num campo inclinado, com trezentos jogadores num dos times, juízes, bandeirinhas e gandulas todos comprados e ainda assim com dificuldades para fazer gols no arco adversário. É um espanto. Como sou um daqueles agraciados pelas tabuadas que sabem somar dois mais dois, fico me perguntando: de quanto tempo precisará a tal de “oposição” para aprender a se opor a alguma coisa por aqui? Me parece que, no jargão advocatício, vai se formando um “perfil do litigante”, onde todos já sabem quem é o mocinho, quem é o bandido, quais os crimes cometidos e a que punições estariam sujeitos, casos fossem julgados e condenados. Só que nada acontece.
Parece que a horda política está diante de um grande abismo, semelhante àquele causado pela falta dágua nos reservatórios do Sudeste, e simplesmente não sabe como agir quando a vigarice transcende a democracia. Pois eu continuarei afirmando que a canalhada pode até acreditar numa solução negociada para a crise, sem se dar conta que o jogo roubado na mão grande tem público pagante, plateia e torcida, que não serão feitos de besta com essa facilidade pelo bando todo. Vai doer no bolso antes. Neste momento, o que me parece estar acontecendo é aquele hiato assutador em que você olha para o mar calmo que começa a retroceder diante dos olhos parvos, antes do tsunami.
Há um risco em fazer de trouxas os pobres coitados que vieram assistir à peleja tungada de véspera; quando as instituições não mais me representam, quem me representa é o meu porrete. Se não houver justiça para dar o exemplo do que é cidadania, acabaremos condenando o país a uma barbárie sem precedentes; onde falta pirão, primeiro o meu. Não sei se os senhores togados terão estofo suficiente para aguentar o país que emergirá desses escândalos. Até agora se equilibraram num fiozonho de água do volume morto. Quando tiverem que se equilibrar na ponta da faca do estado islâmico engendrado por aqui mesmo, numa tal de Pátria Grande, vai faltar civilidade para acolher os pescoços fora do corpo que surgirão do fim de nossa cidadania. Vai indo, timinho de várzea. Cuidado para não escorregar na pirambeira do campo. Cretinos.

LÁ COMO CÁ BANDIDO SOCIALISTA NÃO FALTA- Ex-chefe de segurança de Chávez liga nº 2 da Venezuela ao tráfico

Um capitão de corveta que foi chefe de segurança do caudilho Hugo Chávez tornou-se peça-chave de uma investigação das autoridades americanas sobre ligações entre o chavismo e o narcotráfico. Leamsy Salazar chegou ontem aos Estados Unidos como testemunha protegida da investigação, informou o jornal Miami Herald.
Segundo a publicação, Salazar afirma que a organização conhecida como Cartel de los Soles é dirigida pelo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello. “Esse é o golpe mais duro já dado no chavismo. Este é o homem que revelou todos os segredos. Foi chefe de Segurança de Cabello e chefe de Segurança de Chávez”, disse uma fonte ligada à investigação, que não foi identificada. “Ele foi a pessoa de maior confiança de Chávez”, acrescentou a fonte, que acompanhou Salazar no voo até Washington.
Miami Herald afirma que o capitão chegou aos EUA acompanhado por agentes da Divisão de Operações Especiais da Agência Antidroga (DEA) que há meses estão em contato com Salazar. O ex-chefe de Segurança também vincula Cuba à proteção e ajuda em algumas rotas de narcotráfico que partem da Venezuela em direção aos EUA, segundo o jornal ABC.
O diário espanhol afirma que o cartel, composto basicamente por militares (e cujo nome deriva de um emblema dos uniformes dos generais venezuelanos), tem o monopólio do tráfico de drogas na Venezuela. Os entorpecentes são produzidos pelas Farc e chegam ao destino final, nos EUA e na Europa, por meio de cartéis mexicanos.
Membro da Casa Militar, encarregada da segurança presidencial, Salazar foi assistente pessoal de Chávez durante quase dez anos, relata o ABC. Depois da morte do coronel, o presidente da Assembleia requisitou seus serviços. Como pessoa próxima, Salazar viu Cabello dando ordens diretas para a partida de lanchas carregadas com toneladas de cocaína, segundo fontes próximas à investigação.
Em uma situação específica citada pelo ABC, um caminhão carregado com cerca de dez milhões de dólares em dinheiro foi detido no terminal marítimo de Puerto Cabello, o mais importante da Venezuela. O veículo procedia dos Estados Unidos e especula-se que poderia ser um pagamento por droga recebida. Dias depois, em seu programa semanal de televisão, Cabello acusou a oposição como destinatária do dinheiro, sem apresentar nenhuma prova.
A investigação envolvendo Diosdado Cabello está ligada à acusação formal anunciada no ano passado pelas promotorias federais de Nova York e Miami contra o general venezuelano Hugo Carvajal, que foi chefe da Direção de Inteligência Militar. Conhecido como ‘el Pollo’, Carvajal foi detido em julho na ilha holandesa de Aruba, vizinha da Venezuela, a pedido dos EUA, que reclamaram sua extradição. No entanto, ele acabou sendo liberado.
Carvajal vinha sendo considerado o grande operador do cartel de los Soles, mas a informação de Salazar o coloca sob as ordens de Cabello.
Em seu perfil no Twitter, o presidente do Parlamento reagiu às acusações dizendo que “cada ataque contra minha pessoa fortalece meu espírito e meu compromisso”.


O deputado oficialista Pedro Carreño colocou a CIA na história, dizendo que a agência de inteligência americana “comprou a consciência do ex-guarda-costas de Cabello para ligá-lo ao narcotráfico”. “Estamos com você diante desta infâmia, camarada!”

“Para muitos o sonho só acaba quando termina a farinha.” (Climério)

AS CORES DA DOR

Fumaça e álcool sempre transitavam pelo corpo de Marcos. Como um torpedo negro veio ele com seu automóvel pela via escura, e sem dizer ai grudou-se na carroceria de um caminhão carregado. A cola foi seu próprio sangue vermelho, misturado com a carne esfacelada. Pais marrons de dor choram agora em desespero. Estão verdes de constrangimento os amigos que sempre incentivaram as suas loucuras. O corpo jaz branco no caixão envernizado. E agora? O que resta senão lamentar e chorar?

A Rússia patrimonial: uma análise histórica por Richard Pipes

“A história da Rússia oferece um excelente exemplo do papel que a propriedade desempenha no desenvolvimento dos direitos civis e políticos, demonstrando como a sua ausência torna possível a manutenção de um governo arbitrário e despótico.” (Richard Pipes)
Na Rússia, a noção de direitos individuais era totalmente submersa pela noção de obrigações para com o monarca. Somente em 1785 a coroa garantiu a posse de propriedades. Comparar a história da Rússia com a da Inglaterra, como fez Richard Pipes em seu livro Propriedade e Liberdade, é bastante elucidativo para comprovar a teoria do autor de que o direito de propriedade privada é uma condição totalmente necessária para que exista liberdade, ainda que não seja condição suficiente.
Quando a terra é escassa, a população acaba tendo que encontrar maneiras de resolver pacificamente os conflitos a respeito dela. O excesso de terras na Rússia acabou gerando um efeito perverso nesse sentido, pois a oferta parecia inesgotável. Os primeiros vikings na Rússia eram formados por uma casta militar-comercial, e não desenvolveram a agricultura nem adquiriram propriedades fundiárias – em contraste com a Inglaterra, onde os conquistadores normandos reivindicaram a posse de todo o solo. A propriedade privada era um produto da benevolência do Estado. A monarquia era tão hostil para com a propriedade privada que recusava-se a reconhecer como propriedade inviolável mesmo pertences pessoais, reconhecidos como tal pelas sociedades mais primitivas.
O desenvolvimento do poder parlamentar na Inglaterra esteve estritamente ligado à necessidade da coroa de assegurar a aprovação parlamentar dos impostos e das taxas alfandegárias por não ser independente financeiramente. Na Rússia, em contraste, os czares não precisavam da autorização de ninguém para criar impostos, regalias e tarifas. Não tinham necessidade de parlamentos. Eles podiam apropriar-se de terras e confiscar qualquer mercadoria comerciável, podendo taxar a população conforme a sua vontade. A aristocracia rural e os burgueses eram servidores do Estado na Rússia, não desfrutando de nenhuma segurança econômica. O que importava eram os favores da coroa.
Pedro, o Grande, apesar de visto como o monarca que mais tentou ocidentalizar a Rússia, acabou na prática marcando o apogeu do patrimonialismo czarista. O poder da coroa tornou-se ainda mais arbitrário. A carga tributária foi imensamente aumentada. O governo e a Igreja detiveram o direito exclusivo de imprimir livros até 1783, e depois disso exerceram o poder através da censura. O Estado controlava as empresas comerciais também, prática bem diferente do que ocorria na Inglaterra, onde desde o século XIII já havia empresas licenciadas, trabalhando para particulares. Os servos tornaram-se sujeitos ao serviço militar compulsório no exercício permanente.
Durante o governo de Catarina, a Grande, alguns direitos de propriedade foram reconhecidos, mas estavam algo como 600 anos atrasados em relação à Inglaterra. Os pequenos e tardios avanços deveram-se à necessidade de Catarina aliar-se à pequena fidalguia fundiária para fortalecer seu poder. Ela foi bastante influenciada pelos fisiocratas, que viam a propriedade privada como a mais fundamental das leis da natureza e a agricultura como principal fonte de riqueza. Entretanto, a maior liberdade favorecia apenas uma pequena minoria, enquanto que para a maioria a servidão acabou intensificada. Desde o seu começo, já bastante tardio, o direito de propriedade na Rússia ficou associado à consolidação do poder da nobreza sobre os camponeses.
Na primeira metade do século XIX, medidas adotadas por Alexandre I e Nicolau I deram passos maiores rumo à liberdade dos servos e nobres. Em 1802, Alexandre proibiu os senhores de exilarem servos para a Sibéria, e em 1807 de condená-los a trabalhos forçados. Nicolau I ampliou os direitos econômicos dos servos, permitindo-lhes em 1848 adquirir propriedades rurais e urbanas despovoadas. Em 1861 foi assinado o decreto de emancipação dos servos.
A democracia política, ainda bastante limitada, chegou à Rússia somente em 1905 como resultado das pressões sobre o regime czarista trazidas pela derrota na guerra contra o Japão. A hostilidade intensificou-se durante a Primeira Guerra Mundial. O palco para a revolução bolchevique, inspirada nos philosophes franceses, estava armado. Com a tomada do poder pelos comunistas, todas as liberdades e direitos, junto com a propriedade, desapareceram por completo. Tinham raízes muito pouco profundas, e foram reduzidas a pó. O terror e a escravidão que vieram com a revolução fizeram os anos dos czares parecerem suaves.
Richard Pipes conclui que “a experiência da Rússia indica que a liberdade não pode ser legislada; ela precisa crescer gradualmente, em forte associação com a propriedade e a lei”. Infelizmente para os russos, a propriedade privada nunca fincou suas raízes no solo da Rússia, cujo poder sempre esteve arbitrariamente concentrado no Estado. Enquanto a mentalidade inglesa, calcada na propriedade privada, pariu em 1776 a nação até então mais livre da história, a mentalidade patrimonialista russa gerou o regime mais genocida do mundo. Há um abismo intransponível entre ambos.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

Dilma é candidata a qual cargo mesmo? Ou: Que coloquem logo João Santana no comando do show!

A presidente Dilma abriu a boca após semanas de constrangedor silêncio, no discurso da primeira reunião ministerial do novo mandato – e que mais parece uma convenção, pela enorme quantidade de ministros, quase 40.
Além da costumeira dificuldade em formar frases inteiras com sentido ou acertar o plural, Dilma tentou justificar o injustificável: que não desviou um só milímetro daquilo que foi sua plataforma vitoriosa nas urnas.
Ou seja, todas as mudanças que estamos vendo, como o aumento da taxa de juros, das tarifas públicas, o corte de gastos e o aumento de impostos, sob a batuta do ministro Joaquim Levy, foram exatamente as bandeiras que garantiram sua reeleição. É mole?
Eis o desafio de Dilma: transformar tanta mudança, que caracteriza um claro estelionato eleitoral, em “continuísmo”, em uma evidente sequência lógica daquilo que vinha fazendo e que teria justificado sua vitória nas urnas eletrônicas.
Não estamos vendo uma inflexão, portanto, e sim um “reequilíbrio” nas contas públicas, pois o modelo de estímulo teria cumprido seu papel (que este foi o de produzir apenas estagflação, ela não disse).
O PT, o partido envolvido até o pescoço em infindáveis escândalos de corrupção, teria sido mantido no poder por seu compromisso ético e sua árdua luta pelo social. E por isso Dilma aumentou impostos, tarifas e juros: para ajudar o povo!
Sobre a corrupção, em meio ao “petrolão”, a presidente repetiu que não irá tolerar “malfeitos”. Isso levando em conta que sua camarada de confiança, Graça Foster, continua presidindo a estatal mesmo depois de todos esses bilhões escorridos pelo ralo diante de seu comando. Imagine se Dilma fosse negligente com os abusos na empresa…
Além disso, voltou a atacar aqueles que criticam a gestão da estatal e pedem mais investigações, como se houvesse um interesse macabro e conspiratório por trás, para eventualmente enfraquecer a empresa e vendê-la. A mesma ladainha da época da campanha eleitoral.
Com os reservatórios se esvaziando rapidamente e o país na iminência de um racionamento, a presidente preferiu culpar a estiagem, ou seja, São Pedro. Exortou seus inúmeros ministros a defenderem o governo e seus acertos, o que marca bem a personalidade da presidente e sua incapacidade de reconhecer abertamente erros. Dilma quer ver os vários ministros como garotos-propaganda do governo. É tudo pelo marketing.
O que nos leva ao “mais do mesmo” não só da presidente Dilma, como do PT: estão eternamente no palanque, em campanha. O peso que depositam no discurso e na retórica é infinitamente maior do que a disposição para encarar a realidade. Não ligam para fatos, apenas para versões, ainda que claramente falsas.
Se é para fazer assim, inclusive interrompendo a fala para ler o material após gaguejar e se enrolar, então não seria melhor colocar logo o marqueteiro João Santana no comando do show?
Rodrigo Constantino

INSATISFEITOS E SATISFEITOS

Dois ex-colegas de escola se encontram na rua.
"Onde você trabalha?"
"Eu sou um professor da escola. E quanto a você?"
"Eu trabalho para a KGB."
"Oh, e que você está fazendo no KGB?"
"Nós enterramos aqueles que estão insatisfeitos."
"Você quer dizer, há também alguns que estão satisfeitos?"
"Aqueles que estão satisfeitos são tratados pela Divisão de Luta Contra os descaminhos da propriedade socialista".

QUEM PRECISA?

O comitê do partido conduz uma entrevista com Ivanov.
"Camarada Ivanov, você fuma?"
"Sim, eu faço um pouco."
"Você sabe que o camarada Lênin não fumava e aconselhou outros comunistas não fumar?"
"Se o camarada Lênin disse assim, vou parar de fumar."
"Você bebe?"
"Sim, um pouco."
"Camarada Lênin condenou veementemente embriaguez."
"Então eu deixará de beber."
"Camarada Ivanov, pega muitas mulheres  mulheres?"
"Um pouco ...."
"Você sabe que o camarada Lênin condenou veementemente o comportamento amoral?"
"Se o camarada Lênin condenou, serei o homem mais fiel do mundo."
"Camarada Ivanov, você estará pronto a sacrificar a sua vida para o partido?"
"Claro. Quem precisa de tal vida?"

O MELHOR SONÍFERO

-Qual o melhor sonífero de todos os tempos?

- O discurso de Fidel Castro.

Instituto Liberal- Petróleo, mercado e novo “período especial” de Cuba

Bernardo Santoro
Cuba, como é de conhecimento geral, é um país socialista do Caribe, distante pouco mais de 150 kms de Miami, que antagonizou com os Estados Unidos em âmbito regional como satélite da União Soviética ao longo da Guerra Fria. Tal situação só foi possível graças ao grande aporte financeiro, militar e estrutural soviético na ilha dos irmãos Castro. Com o fim do regime comunista na Rússia e demais países que compunham o bloco, Cuba passou a ter sérios problemas econômicos, pois sem o apoio europeu e com uma economia planificada, centralizada, burocratizada e sem diversidade, simplesmente não havia como se produzir riqueza. Empreendedorismo era algo inexistente na ilha.
Em 1989, Fidel Castro abordou essas questões em um discurso famoso, onde ele denominou o período de escassez e recessão econômica cubana de “período especial em tempos de paz“. Enquanto que, para países normais, guerras são ruins e antieconômicas, para Cuba a Guerra Fria era essencial para manutenção da economia. Nesse período especial de paz, nunca o país foi tão pobre. A década do 90 foi uma das piores da história cubana.
Esse “período especial” foi sendo paulatinamente superado (embora nunca totalmente) por dois motivos. O primeiro foi alguma abertura de mercado no país, principalmente no setor de turismo, criando duas Cubas: a Cuba livre e empreendedora do turismo, e a Cuba atrasada, esfomeada e reprimida do comunismo castrista. Para esta segunda Cuba, o segundo motivo de superação, que foi a entrada de um novo player no cenário político mundial. Graças aos aportes financeiros da Venezuela de Chavez, dentro dos tratados da ALBA (Aliança Bolivariana para os povos da América) a partir de 2004, foi possível para o governo cubano dar suporte social e econômico para seus cidadãos oprimidos por ele mesmo, governo.
Só que os aportes da ALBA eram possíveis apenas em virtude do petróleo venezuelano. Há alguns dias atrás fizemos uma análise sobre a conjuntura do preço do petróleo, mostrando que o livre-mercado e o avanço tecnológico fizeram com que houvesse um aumento da produção no setor, bem como a redução da sua demanda, pressionando os preços do petróleo para baixo. Nessa nova realidade do setor, economias totalmente atreladas ao “ouro negro”, como a Venezuela, entraram em franca decadência, para não dizer colapso, como mostra reportagem de hoje do Estado de São Paulo. Segundo o jornal paulista, há escassez de todo o tipo de produto, incluindo os básicos, e filas para compra que lembra muito a situação da antiga União Soviética. Se não há recursos sequer para o povo venezuelano, certamente não há para os cubanos.
No momento em que se vê um progressivo, embora tímido, avanço na liberação econômica de Cuba, inclusive com uma inédita reaproximação com o Governo dos Estados Unidos, fica claro que os Castro estão tomando tais atitudes por total desespero, já que se encontram em um beco-sem-saída. Na tentativa de evitar um novo “período especial de tempos de paz”, já que a ALBA não terá mais poder sócio-econômico abastecido por petróleo para fazer “Guerra Fria Americana” com os EUA, Cuba faz o que fez na década de 90: cede alguma liberdade para não ruir.
Resta a esperança de que o povo cubano, vendo os benefícios da liberdade econômica, avance na agenda para descobrir outra liberdade fundamental: a liberdade política.

Instituto Liberal-A Mamata do Seguro Desemprego e os Guardiões do Atraso

João Luiz Mauad
Saber o que é certo e não fazê-lo é a pior das covardias.  Confúcio
O Brasil parece um país fadado ao imobilismo.  Nenhuma das necessárias reformas (tributária, fiscal, trabalhista) de que o país tanto precisa jamais conseguiu sair do papel.  Mesmo as pequenas mudanças, visando a modernizar certas instituições arcaicas, raramente conseguem seguir adiante, quase sempre enterradas por grupos sindicais estridentes e por forças políticas retrógradas, cujo único compromisso é com os próprios interesses.
Não foi diferente agora, com a ex-futura reforma do famigerado seguro desemprego.  Qualquer um que tenha algum contato com o mundo empresarial e trabalhista sabe que o SD é hoje um sorvedouro de dinheiro público, uma instituição onde a fraude e os incentivos errados predominam.  É óbvio, até para a presidente Dilma, que alguma mudança deveria ser feita para evitar mais desperdício de dinheiro público.  Infelizmente, porém, as forças do atraso estão sempre alertas e dispostas a fazer barulho para que as coisas permaneçam exatamente como estão.
Da forma como foi projetado, o seguro desemprego incentiva o trabalhador, especialmente o trabalhador de baixa renda, a permanecer o mínimo tempo possível em cada emprego.  Com os índices de desemprego em baixa, o risco para o trabalhador é pequeno, já que, findo o prazo do ócio remunerado, provavelmente ele não terá dificuldade de arranjar outro emprego.  Na construção civil, este processo é bastante acentuado.  Quem trabalha em obra sabe que, passados seis meses com a carteira assinada, muitos indivíduos começam a fazer corpo mole, “pedindo” para ser demitidos, sabendo que, nos próximos quatro meses, poderão viver sem trabalhar, ou mesmo ganhar dobrado, trabalhando informalmente.
O professor José Pastore, especialista no assunto, fez uma simulação, há alguns anos, para um empregado que ganha R$ 1 mil por mês e completa um ano na empresa.  Vejam a que ponto chega o descalabro:
“Se ele for dispensado sem justa causa, terá acumulado R$ 1.040 na sua conta do FGTS (inclusive a parcela do 13.º salário). No caso de ser desligado da empresa sem justa causa, sacará esse montante e receberá R$ 400 a título de indenização de dispensa, perfazendo R$ 1.440. Além do salário do mês, como parte das verbas rescisórias, ele terá direito a R$ 1 mil de 13.º salário e R$ 1.333 a título de férias e abono, o que no agregado soma R$ 3.773. Uma vez despedido, ele receberá quatro parcelas no valor de R$ 763,29 a título de seguro-desemprego, ou seja, R$ 3.053,16. Em resumo: para viver nestes quatro meses, o empregado em tela disporá de R$ 6.826, o que dá uma média mensal de R$ 1.706, ou seja, 70% a mais do que ganhava quando estava trabalhando.
Até aqui foi tudo legal. Mas, com a atual falta de mão de obra, o referido trabalhador pode se reempregar com facilidade. Para não perder o benefício do seguro-desemprego, muitos procuram um emprego informal. Digamos que o protagonista do exemplo consiga ganhar R$ 1 mil nessa atividade, ou seja, R$ 4 mil durante os quatro meses. O ganho total no período subirá para R$ 10.826, que dá uma média de R$ 2.706 mensais! Além disso, há o abono salarial.”
O aumento ininterrupto do número de concessões do seguro desemprego, quando cotejado com os índices de desemprego no país nos últimos anos, não deixam margem para dúvidas.  Existe um forte incentivo, não apenas para a alta rotatividade no emprego, mas também para a fraude contra o seguro.  No entanto, basta alguém levantar a hipótese de mexer na lei para que uma verdadeira avalanche de críticas, quase sempre vindas dos indefectíveis guardiões do atraso, não raro encastelados dentro do próprio PT, tome conta da mídia do Congresso, imobilizando qualquer tentativa de reforma.

Bernardo Santoro- O que significa a vitória da extrema esquerda grega?

O partido Syriza, de extrema-esquerda, venceu as eleições legislativas na Grécia ontem com bandeira anti-austeridade, anti-União Europeia e extremamente interventora na economia. Como é um país parlamentarista, o partido indicou o Primeiro-Ministro, novo chefe de governo do país. Por que isso aconteceu e quais as conseqüências dessa eleição?
Não podemos descolar essa análise da realidade político-econômica da Grécia pré-crise. Ao entrar na União Europeia, recebeu maciços investimentos em infra-estrutura através do Estado, contabilizando esses recursos como dívida pública. Além disso, um maciço Estado de bem-estar social gerou outra grande dívida pública. Isto ocorre porque promessas políticas são de graça na hora de falar, mas custam dinheiro na hora de fazer. Foi uma opção política da Grécia recorrer a empréstimos para bancar seu assistencialismo, já que sua economia não gerava recursos suficientes para este fim. Só que todo empréstimo, um dia, precisa ser pago.
Quando a Grécia atingiu níveis absurdos de endividamento, a fonte secou e os investidores não tiveram mais interesse em refinanciar essa dívida, sendo necessária uma intervenção do FMI, exigindo que os direitos sociais fossem reduzidos e políticas de austeridade implementadas, para que crédito fosse disponibilizado novamente para os helênicos.
O problema das políticas de austeridade é que ninguém quer pagar a conta depois da farra de gasto público promovido. Isso ocorre na Grécia, no Brasil e em todo o mundo. Aqui mesmo, após os anos de gasto desenfreado dos governos PT, algumas poucas medidas de austeridade, e mesmo assim enviesados com muito aumento de impostos e pouco corte de gastos, já tem sido base de uma grita de toda a sociedade.
Dentro desse cenário, a vitória do Syriza não é de se espantar. É evidente que foram políticas de esquerda que levaram a Grécia para o estado lastimável em que se encontra, mas o marketing dos partidos de esquerda culpando o capitalismo pelos problemas é muito eficiente, e as populações acabam optando por políticas interventoras para tentar consertar problemas de políticas interventoras. Certamente é uma fórmula que não dará certo.
Especialmente dentro da realidade de propostas do Syriza. A se confirmar uma moratória e a estatização da maior parte da economia grega, imediatamente o peso das dívidas nas contas públicas é jogado fora, o que dará fôlego ao Governo grego, mas aquilo que criou a dívida em primeiro lugar é reforçado e aprofundado. Como o Syriza irá pagar por rede assistencialista, SUS grego, transporte público gratuito e outras “benesses”? Somente três alternativas serão possíveis: (i) aumento exponencial dos impostos gregos, o que vai oprimir a criação de riqueza do país; (ii) expansão da base monetária, pagando gastos públicos com hiperinflação; ou (iii) com empréstimos. Essa última parte, que foi a solução de outrora, não poderá ser aplicada, pois ninguém irá emprestar dinheiro para um país caloteiro, restando apenas inflação e impostos para bancar os devaneios esquerdistas de pessoas que não entendem a lição mais básica da economia: vivemos em um mundo de escassez.
No longo prazo, esse modelo claramente não se sustentará. Mas para que se preocupar com isso, afinal, no longo prazo, todos estaremos mortos, certo?

ENTRE JUROS E JURAS FALSAS- Juro do cheque especial supera 200% ao ano, o maior em quase 16 anos

BESTAS EM AÇÃO- Dilma reúne ministros para discutir a crise

No primeiro encontro com os 39 ministros no novo mandado, petista vai expor preocupação com as contas do país e enfatizará recado para subordinados gastarem menos e fazerem mais.

FAXINA

Paixão
Charge do Paixão

MÚMIA ASSASSINA SAI DO SARCÓFAGO- Fidel Castro rompe silêncio sobre acordo: 'Não confio nos EUA'

JORNAL DA LÍNGUA- Marta volta a criticar Dilma: 'Ela faz a vaca até engasgar de tanto tossir'

Senadora diz que presidente age sem transparência e que o PT está atarantado com as 'sérias denúncias de corrupção'.

“O tesoureiro do PT João Vaccari Netto tem mais processos no lombo que minha avó de 106 anos rugas na cara.” (Mim)

TRIBUNA DA INTERNET- VACCARI É O HOMEM-BOMBA QUE PODE DETONAR LULA, DILMA E O PT

Carlos Newton
A prisão do ex-diretor Nestor Cerveró aumentou a preocupação no PT, no Planalto e no Instituto Lula, devido à extrema gravidade da situação em que se encontra o partido e o governo, em função das ligações diretas entre o ex-diretor Renato Duque e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, no esquema de corrupção da Petrobras, abrindo o caminho da ramificação que fatalmente conduzirá ao envolvimento da cúpula do PT.
Já divulgamos aqui na Tribuna da Internet que as relações entre Duque e Vaccari se tornaram tão fortes e íntimas que o tesoureiro do PT chegou a viajar de Brasília para o Rio de Janeiro, como convidado especial do casamento de uma das filhas do ex-diretor da Petrobras.
O fato é que a situação no Planalto, no PT e no Instituto Lula é de muita apreensão, porque a própria Petrobras acaba de confirmar o envolvimento de Duque como um dos principais integrantes da quadrilha que se formou na estatal. Compreensivelmente, Vaccari está sumido e somente alguns dirigentes do PT sabem onde ele se esconde desde que passou a ser a peça-chave do próximo desdobramento da Operação Lava Jato, porque é sabido que o tesoureiro do PT inevitavelmente terá prisão preventiva decretada na próxima etapa da operação Lava Jato, quando a Polícia Federal for recolher os últimos envolvidos.
TUDO DEPENDE DE VACCARI
Nos jornais, nas rádios e nas televisões, ninguém destaca o fato de que hoje o futuro do PT, do ex-presidente Lula e de sua sucessora Dilma Rousseff, tudo depende diretamente de Vaccari, e as informações são de ele que está cada vez mais deprimido. Em sua última aparição pública, num congresso do PT, estava arrasado, se limitava a dizer que não havia feito nada errado, embora sua biografia esteja toda emporcalhada desde quando presidiu a Cooperativa dos Bancários de São Paulo, deixou de construir imóveis para os sindicalizados e ergueu o prédio de luxo no Guarujá para abrigar a família Lula num triplex de apenas R$ 47 mil e outros dirigentes do PT e da CUT em apartamentos mais modestos, digamos assim.
Vaccari já responde a processo por essas irregularidades na Cooperativa, que ele presidiu entre 2004 e 2010. Segundo a denúncia do Ministério Público, em vez de aplicar o dinheiro para erguer apartamentos, Vaccari desviava recursos para contas bancárias de seus diretores e para abastecer o caixa 2 de campanhas do PT, incluindo a que levou Lula ao segundo mandato. No processo, Vaccari é réu por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Com esse currículo, foi escolhido para cuidar das finanças do PT. O homem certo no lugar certo, como se dizia antigamente.
HOMEM-BOMBA
Embora tenha ficado de fora do processo do mensalão, Vaccari era suspeito de participar do esquema cobrando propinas, no período em que exerceu a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, além de bancos e corretoras.
Caso preze a liberdade e aceite fazer delação premiada, Vaccari se transformará num homem-bomba que pode detonar todo o conluio de perpetuação do partido no poder, além de acelerar o consequente impeachment da presidente Dilma. Com toda certeza, outros importantes petistas  serão atingidos, como José Dirceu, que também chefiava a quadrilha da Petrobras, José Genoino, que à época era presidente do partido, e Delúbio Soares, que era tesoureiro antes de Vaccari.
Da mesma forma, outros mensaleiros da base aliada que participaram dos dois esquemas também serão novamente processados e condenados, porque desta vez não se pode esperar complacência e subordinação do Supremo Tribunal Federal ao Planalto. Tudo tem limites. Se o governo e o PT vão explodir, os ministros do STF logo irão tirar o corpo fora, porque na Justiça não existe submissão a perdedores.

“Dilma só pensa em nós, literalmente.” (Mim)

Ordem Livre- Maravilhas incontáveis


Em um passeio recente por um bairro rico de San Francisco que ostenta casas absolutamente espetaculares, fiz o que qualquer pessoa normal faria nessa circunstância: pensei comigo, “o que eu poderia fazer para ganhar dinheiro suficiente para comprar uma casa dessas?” Meus pensamentos continuaram: “para ser tão rico assim, eu preciso produzir alguma coisa pela qual muitas pessoas pagariam um valor mais alto que meu custo para produzi-lo. OK! Ótimo! Eu identifiquei a fórmula geral. Agora, tudo que preciso fazer é pensar em um produto, algo que as pessoas pagassem um preço mais alto que meu custo de produção”.

“O que eu posso produzir?... O que eu posso produzir?... Que idéia posso ter que seja criativa o suficiente para me trazer uma fortuna?... O que eu posso produzir?... Pense Don: pense, pense, PENSE!”

Afundei em melancolia, pois o que veio à minha cabeça foi apenas o vazio – o mesmo vazio desconcertante de todas as outras milhares de ocasiões, nas quais tentei pensar em um novo produto ou serviço que os consumidores valorizariam.

A verdade é que não possuo nenhuma criatividade empreendedora. Nada. Zero.

E, ainda assim, apesar da inatividade da minha mente nesse assunto, como eu tenho sorte! É incrível o quanto eu sou estupidamente sortudo!

Minha sorte é que vivo em uma sociedade na qual eu me beneficio imensa e diretamente das idéias criativas de outras pessoas, idéias essas que eu nunca teria tido, mesmo que eu vivesse cem vezes. A característica distintiva de uma economia de mercado, livre e despolitizada, é que ela não apenas inspira pessoas criativas a criar, mas ela também inspira essas mesmas pessoas criativas a criarem coisas e processos que beneficiem mesmo àqueles irremediavelmente não criativos.

O que eu quero dizer é o seguinte. Eu estou escrevendo essas palavras de algum lugar no estado de Utah enquanto viajo para a cidade de Nova York a 600 quilômetros por hora. A menos de 30 centímetros do braço do meu assento a temperatura é de 45°C abaixo de zero. E, ainda assim, estou confortável e a salvo, bebendo um café que me foi fornecido como cortesia. Há duas horas, eu estava na Califórnia; em três horas, estarei em Nova York. Meus pensamentos estão sendo gravados (com a ajuda dos meus dedos) em um computador portátil, que possui mais poder computacional do que a Apollo 11. Eu posso checar meus e-mails, simplesmente ligando meu laptop a um telefone, acoplado ao assento à minha frente.

Cada uma dessas maravilhas – e elas são maravilhas! – só foram possíveis graças às incontáveis idéias criativas de pessoas as quais eu não conheço e que também não me conhecem. Eu não sou o responsável por nenhuma dessas idéias que me possibilitam escrever em um computador enquanto eu vôo, em segurança, através de um continente. Mas aqui estou eu, o feliz beneficiário de todas essas assombrosas criações.

Além do mais, sou um Americano comum. Eu não sou rico, segundo os modernos padrões americanos. Mas, e daí? Eu sou espetacularmente rico. Eu (como quase todos os outros americanos) posso adquirir todos esses itens supérfluos em troca de apenas uma pequena fração do meu trabalho.

Vamos calcular quanto me custam, hoje (1999), os bens supérfluos que descrevi acima. A tarifa da minha viagem, ida e volta, na classe econômica, é de US$ 338. Meu laptop novo, completo, com modem e todos os programas que preciso para escrever e mandar e-mails custa US$ 2.000. Imaginando que provavelmente irei usar esse computador por dois anos, o custo diário dele é de nada mais que US$ 2,74 (que é 2.000 dividido pelos 730 dias dos dois anos). Checar meu e-mail me custará, aproximadamente, US$ 35 com as despesas de telefone – supondo que eu usaria o air-phone por dez minutos (um tempo de conexão bem maior do que eu provavelmente precisaria).

Então, o que temos? No total, me custa apenas US$375,74 ir e voltar, de Nova York à Califórnia, escrever essa coluna enquanto viajo e checar os meus e-mails. US$ 375,74 – e só! Apenas US$ 375,74 foi tudo que eu paguei para fazer algo que, há vinte anos, ninguém poderia ter feito, e que há apenas quatro ou cinco anos, somente os mais ricos entre os ricos poderiam fazer.

Hoje, utilizar um laptop em um avião é tão comum nos países desenvolvidos que não nos chama a atenção. Os outros passageiros não estão mais surpresos por me verem digitando em meu laptop, do que estariam ao ver um pombo no Central Park.

O relatório anual do Federal Reserve Bank de Dallas, de 1997, se chama Time Well Spent: The Declining Real Cost of Living in America [O Tempo Bem Gasto: A Queda do Custo de Vida Real na América]. Eu gostaria de incentivar vocês a lerem esse incrível documento. (Nota: o Fed de Dallas é uma espécie de traidora entre as agências governamentais. Sua liderança e quadro de economistas é composto por alguns dos acadêmicos que mais defendem o livre mercado na América) Os autores do relatório – W. Michael Cox e Rochard Alm – mostram como o custo de vida real nos Estados Unidos tem caído substancialmente durante o último século e como continua a cair. Cox e Alm medem o custo de vida baseados no tempo de trabalho – a quantidade de tempo que um trabalhador americano típico deve trabalhar para adquirir determinados produtos e serviços.

Quase qualquer produto ou serviço que você possa pensar custa menos tempo de trabalho hoje do que há alguns anos. Por exemplo, em 1984, um típico trabalhador Americano tinha que trabalhar 435 horas para comprar um computador. Hoje, um computador com muito mais recursos pode ser comprado com apenas 76 horas de trabalho desse trabalhador. Um telefone celular, em 1984, custava 456 horas de um trabalhador americano. Hoje, um telefone celular muito melhor custa apenas nove horas.

É claro que muitos bens e serviços que vemos hoje com naturalidade não poderiam ser comprados, por nenhum preço, há dez anos – como checar meus e-mails em um avião comercial.

As maravilhas as quais cada um de nós têm acesso diário são produtos de milhões de mentes criativas, pensando como satisfazer melhor seus consumidores – produzindo produtos novos ou melhorados e reduzindo os custos de produção de produtos já existentes. Muitas dessas pessoas ganham (merecidamente) milhões de dólares; algumas ganham (merecidamente) bilhões de dólares; e a maioria delas ganha boas somas, mas não tão grandes. Entretanto, todos, na sociedade industrial, lucram bastante a partir da criatividade de qualquer empreendedor do mercado.

E não preciso lamentar que eu, pessoalmente, não tenha criatividade, nem idéias produtivas. Eu tenho a grande sorte de viver em uma sociedade que encoraja as pessoas verdadeiramente criativas a dividir os frutos de sua criatividade comigo. Minhas bênçãos são, literalmente, grandes demais para serem contadas.



* Publicado originalmente em 25/02/2008.

GRECO-BOLIVARIANO

“Os gregos refestelaram-se com dinheiro emprestado. Fizeram até Jogos Olímpicos. Agora quebrados procuram culpados e não querem arrocho. Elegeram o Nicolas Maduro grego no domingo. Nós sabemos onde isso vai dar. É bom o povo fazer estoque de capim, pois vai faltar papel.” (Eriatlov)

Portal Libertarianismo- Onde está o verdadeiro Scrooge?

Todos nós sabemos da história de Ebenezer Scrooge, certo?
A obra Um Conto de Natal de Charles Dickens gerou uma variedade espantosa de interpretações, e como a maioria dos contos, as interpretações frequentemente nos dizem muito sobre o intérprete como a história original.
A lenda de Robin Hood é um bom exemplo. O fora-da-lei da floresta de Sherwood roubava dos ricos e dava aos pobres? Nessa interpretação, os ricos são maus e indignos e os pobres são bons e dignos, então os esforços redistributivos compulsórios de Robin Hood o transformam em um tipo de socialista cristão. Ou Robin Hood estava, na verdade, recuperando o dinheiro que tinha sido confiscado por um governo opressor de aristocratas e seus camaradas – devolvendo-o para aqueles que tinham gerado tal riqueza em primeiro momento? Isso o torna um defensor protocapitalista dos direitos de propriedade, governo limitado e impostos justos. Nós não conhecemos o verdadeiro Robin Hood, pois as origens da lenda estão perdidas nas brumas dos tempos medievais.
Nós temos acesso a um texto que trata do Sr. Scrooge de Dickens. Mas isso não impediu uma enxurrada de interpretações alternativasdesse complicado personagem.
Nós temos Scrooge vilão de acordo com o socialismo: pense no pobre Bob Cratchit. Scrooge poderia muito bem sacrificar parte dos seus lucros, pagando um salário melhor ao funcionário Cratchit, mas o sistema cruel de oferta e demanda concede o poder ao chefe e reduz os salários, o que deixa os funcionários explorados sem opção a não ser aceitar aquela renda magra. Bob Cratchit é assim o garoto-propaganda dos funcionários explorados em todo o mundo.
Ou temos o Scrooge anticristãoPor simples caridade, Scrooge deveria se sentir motivado a ajudar os menos afortunados que ele – os muitos mendigos na rua, Cratchit e sua grande família, com muitas bocas a alimentar, e especialmente Tiny Tim, cuja deficiência física toca nossos corações. Caridade e perdão deveriam ser seu negócio, clamou o fantasma de Jacob Marley a Ebenezer Scrooge.
E temos o Scrooge, o homo economicus e astuto investidorEbenezer é um amigo da economia por ser um administrador eficiente que reduz custos. Ele não permite quaisquer gastos desnecessários tanto no escritório, como em casa – e todo o centavo que poupa é reinvestido em novos negócios. Scrooge é muito habilidoso na escolha de investimentos que serão lucrativos, alocando recursos de forma eficiente, gerando empregos, fazendo a economia crescer.
Temos também o Scrooge herói ambientalista. Scrooge dificilmente usa velas ou carvão, seja para cozinhar ou para aquecer sua casa ou seu escritório – ele mantinha “uma pequena fogueira”, Dickens comenta – e usa suas roupas até estarem totalmente gastas. Assim, Scrooge sacrifica os confortos pessoais e, ao fazê-lo, preserva os recursos da Terra. Normalmente, consideramos egoístas aqueles que se locupletam à custa dos outros. Ao contrário, Scrooge nega a si mesmo, deixando aqueles recursos para o uso dos outros. Que altruísta! Deveríamos agradecê-lo por fazer sua parte no combate ao aquecimento global e na preservação do meio ambiente.
Intimamente relacionados estão Scrooge malthusiano combatendo o flagelo da superpopulação. Scrooge nos diz que já está presta apoio aos asilos e à lei dos Pobres, que atende os menos favorecidos. Além disso, entretanto, ele traça uma linha, apontando que a população da nação já está além de sua capacidade e a boa política publica deveria “reduzir a população excedente”.
E temos também Ebenezer Scrooge, herói da turma anticomercialização do Natal. Tente reduzir o número de presentes comprados para crianças e outros – e você verá quanta revolta e chantagens você sofrerá. Mas Billy está ganhando um novo Gamebox! E Roberto está comprando um carro para sua esposa! Os anunciantes e os vizinhos esperam que você mantenha o nível. De forma admirável, Scrooge tem estômago para superar tais pressões. Todos nós precisamos de mais quem se importa! nas nossas almas para resistir à tentação do comercialismo.
Todas as interpretações têm algo de verdade, embora todas tenham o defeito de tratar de uma característica de Scrooge e, isolando-a do resto, levam-na ao extremo.
Permitam-me escolher entre as características supracitadas, adicionando algumas outras para que eu lhes apresente uma nova transformação de Ebenezer: eu apresento o Scrooge aristotélico.
Antes de sua mudança, Scrooge não é um homem feliz. Avarento emiserável tem muitas semelhanças. Sem dúvida, ele sente prazer quando toma boas decisões de negócios e vê o resultado positivo da contabilidade. Mas, mais do que isso, nos outros aspectos de sua vida ele é pobre, física e psicologicamente. Ele não disfruta da companhia de Bob Cratchit, a pessoa com quem ele convive mais tempo. Ele está afastado de sua família e não tem amigos. Ele não desfruta de viagens e das artes. Ele não desfruta de comidas ou bebidas saborosas, e no inverno, ele passa frio.
Ou seja: Scrooge se absteve da grande maioria das coisas que fazem valer a pena a vida humana. Ele permitiu que um valor genuíno – fazer dinheiro – se tornasse uma obsessão. Seu erro não é somente se dedicar àquela, em detrimento de outras buscas humana; é que ele não se permite desfrutar das recompensas que a riqueza adquirida pode oferecer.
E é isso que ele passa a perceber quando os fantasmas permitem-lhe ver os verdadeiros custos de oportunidade das escolhas que fez, está fazendo ou mesmo fará.
Depois da abordagem do ultimo fantasma, Scrooge acorda e se torna um filósofo. Ele percebe que está vivo e que vale a pena viver na sua plenitude.
Ele deveria se orgulhar de suas conquistas nos negócios e as recompensas que trazem. Ele deveria disfrutar da amizade daqueles com quem convive no trabalho, e perceber que o sucesso de ambos é profundamente inter-relacionado. Ele deveria saber que os laços familiares podem nos enriquecer, recompensando-nos com um amor sincero. Ele deveria saber que a vida é uma questão de investimento e reinvestimento em todas as áreas – negócios, amizades, família, alimentação, bebida e cultura – e que as maiores satisfações vêm para aqueles que mais investem em si mesmos. Ele deveria saber que pelo fato de que milhões de outros seres humanos estão nesse mesmo projeto de vida, e que é magnífico ter um dia especial para celebrar tal fato.
Falar como o orgulho, a amizade, a generosidade, e sabedoria global contribuem para uma vida verdadeiramente completa. Tudo isso faz com que o Scrooge de Dickens pareça uma releitura da era vitoriana da Ética a Nicômaco de Aristóteles. O status de clássico disfrutado pela obra Um Conto de Natal pode ser atribuído à combinação da brilhante narrativa de Charles Dickens com as verdades eternas expressadas pelo mais sábio de todos os gregos.
Podemos ir mais longe. Ao final de Um Conto de Natal, Scrooge percebe que sua mudança de vida foi profunda – e que muitas pessoas o ridicularizaram por isso. Mas Scrooge coloca o escárnio dos outros em seu próprio contexto: nunca é tarde para mudar para melhor. É sempre tempo de se buscar o que é verdadeiramente o melhor da vida. E ter a coragem para fazê-lo – isso é o que torna possível a mais forte autossatisfação:
 “Seu próprio coração riu: e isso foi o suficiente para ele”.
// Traduzido por Matheus Pacini. Revisado por Russ da Silva | Artigo original.

Sobre o autor

Hicks-Stephen-2013
Stephen Hicks é professor de Filosofia na Rockford University em Illinois. Ele é o autor de "Explaining Postmodernism: Skepticism and Socialism from Rousseau to Foucault" (Scholargy Publishing, 2004). Ele pode ser contactado pelo seu website.

Leandro Narloch- A falta que nos faz a Alca

Lembra da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas?
Passei toda minha faculdade de jornalismo, no comecinho dos anos 2000, ouvindo discursos histéricos contra a Alca. Meus professores diziam que iríamos empobrecer ainda mais, que não haveria mais empregos no Brasil, que participar da Alca resultaria na submissão final do Brasil aos americanos. “A Alca não é uma proposta de integração, é uma política de anexação”, disse Lula em 2002.
Pois bem, não entramos na Alca. Mas o México entrou – assinou e manteve um acordo de livre comércio com os EUA e o Canadá, o Nafta. E agora que a economia dos Estados Unidos se recupera os mexicanos se dão muito bem. O aumento do consumo dos americanos aquece fábricas, motiva investimentos e cria de empregos no México. Em 2015, o PIB mexicano deve crescer 3,7%.
Um empurrão dos Estados Unidos era tudo o que o Brasil precisava neste momento, quando a criação de vagas é a menor desde 2002, a economia da Europa custa a engrenar e a da China perde velocidade.
Quem for demitido ou não encontrar emprego nas próximas semanas não deve reclamar dos patrões, como fizeram operários do ABC há algumas semanas. Devem pedir explicações ao Lula – e a gente como os meus professores, que tanto reproduziram o mito da Alca como instrumento de dominação do império.