segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Rodrigo Constantino- A liberdade individual segundo John Stuart Mill


A liberdade individual segundo John Stuart Mill

John Stuart Mill
“Quem deixa que o mundo, ou uma porção deste, escolha seu plano de vida não tem necessidade senão da faculdade de imitação dos símios.” (John Stuart Mill)
O “povo” que exerce o poder nem sempre é o mesmo povo sobre quem o poder é exercido, e o “autogoverno” de que se fala não é o poder de cada um por si mesmo, mas o de cada um por todos os outros. Por conseqüência, o povo pode desejar oprimir uma parte de sua totalidade e contra isso não são necessários menores precauções do que contra qualquer outro abuso de poder. Agora nas especulações políticas geralmente se inclui a “tirania da maioria” como um dos males contra os quais a sociedade exige proteção. Não basta, portanto, a proteção contra a tirania do magistrado; é necessária também a proteção contra a tirania da opinião e do sentimento dominantes, contra a tendência da sociedade a impor, por meios outros que não os das penalidades civis, as próprias idéias e práticas, como regras de conduta aos que delas dissentem.
O efeito do costume, no sentido de prevenir qualquer receio relativamente às regras de conduta que os homens impõem uns aos outros, é tanto mais completo por se tratar de um assunto para o qual geralmente não se considera necessário fornecer razões, seja por parte de uma pessoa para outras, seja por parte de cada um, para si mesmo. As pessoas estão acostumadas a acreditar, e foram encorajadas nessa crença por alguns que aspiram a ser reputados filósofos, que seus sentimentos, em questões dessa natureza, valem mais que as razões, tornando-as desnecessárias. Ninguém, com efeito, admite a si mesmo que seu padrão de julgamento seja seu próprio gosto. Porém, uma opinião a respeito de conduta que não esteja apoiada em razões pode tão-só ter importância como preferência pessoal.
O único propósito de se exercer legitimamente o poder sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar dano aos demais. Seu próprio bem, físico ou moral, não é garantia suficiente. Não pode ser legitimamente compelido a fazer ou a deixar de fazer por ser melhor para ele, porque o fará feliz, porque, na opinião dos outros, fazê-lo seria sábio ou mesmo acertado. Essas são boas razões para o advertir, contestar, persuadir, instar, mas não para o compelir ou castigar quando procede de outra forma. A única parte da conduta de cada um, pela qual é responsável perante a sociedade, é a que diz respeito a outros. Na parte que diz respeito apenas a si mesmo, sua independência é, de direito, absoluta. Sobre si mesmo, sobre seu corpo e mente, o indivíduo é soberano. Cada um é o guardião adequado de sua própria saúde, seja física, mental ou espiritual. A humanidade ganha mais tolerando que cada um viva conforme o que lhe parece bom do que compelindo cada um a viver conforme pareça bom ao restante.
A religião, o mais poderoso dos elementos que compõem o sentimento moral, quase sempre tem sido governada ou pela ambição de uma hierarquia que busca controlar todo departamento da conduta humana, ou pelo espírito do Puritanismo. E alguns dos reformadores modernos que se opuseram fortemente às religiões do passado não ficaram de modo algum atrás das igrejas ou seitas na reivindicação do direito de dominação espiritual. A disposição dos homens, seja como governantes ou como concidadãos, a impor sobre outros suas próprias opiniões e inclinações como regra de conduta encontra tão enérgico apoio por parte de alguns dos melhores e piores sentimentos inerentes à natureza humana, que talvez só seja possível restringi-la pela falta de poder.
Se todos os homens menos um partilhassem a mesma opinião, e apenas uma única pessoa fosse de opinião contrária, a humanidade não teria mais legitimidade em silenciar esta única pessoa do que ela, se poder tivesse, em silenciar a humanidade. Se a opinião é correta, privam-nos da oportunidade de trocar o erro pela verdade; se errada, perdem, o que importa em benefício quase tão grande, a percepção mais clara da verdade, produzida por sua colisão com o erro. Todo silêncio que se impõe à discussão eqüivale à presunção de infalibilidade. Há uma enorme diferença entre presumir uma opinião como verdadeira porque, apesar de todas as oportunidades para contestá-la, ela não foi refutada, e pressupor sua verdade com o propósito de não permitir sua refutação.
O único modo pelo qual é possível a um ser humano tentar aproximar-se de um conhecimento completo acerca de um assunto é ouvindo o que podem dizer sobre isso pessoas de grande variedade de opiniões, e estudando todos os aspectos em que o podem considerar os espíritos de todas as naturezas. O hábito constante de corrigir e completar a própria opinião cotejando-a com a de outros, longe de gerar dúvidas e hesitações ao pô-la em prática, constitui o único fundamento estável para que nela se tenha justa confiança. A verdade de uma opinião faz parte de sua utilidade. Se quiséssemos saber se é ou não desejável crer numa proposição, seria possível excluir a consideração sobre ser ou não verdadeira? Na opinião, não dos maus, mas dos melhores, nenhuma crença contrária à verdade pode ser realmente útil.
A história está repleta de exemplos de verdades silenciadas pela perseguição. A perseguição sempre triunfou, salvo quando os heréticos formavam um partido demasiado forte para que os perseguissem efetivamente. É um exemplo de sentimentalidade ociosa supor que a verdade, meramente por ser verdade, possua o poder inerente, negado ao erro, de prevalecer contra o calabouço e o cadafalso. A real vantagem da verdade consiste em que, quando uma opinião é verdadeira, pode-se extingui-la uma, duas ou inúmeras vezes, mas ao longo dos anos se encontrarão pessoas que tornem a descobri-la, até que uma de suas reaparições ocorra numa época em que, graças a condições favoráveis, escapa à perseguição, avançando de modo tal que resista a todas as tentativas subseqüentes de suprimi-la.
Quem é capaz de calcular tudo o que o mundo perde na multidão de intelectos promissores combinados aos caracteres tímidos, os quais não ousam seguir nenhuma cadeia de pensamento atrevida, vigorosa e independente, sob pena de alcançarem algo que lhes permita identificar como irreligiosos e imorais? Ninguém pode ser um grande pensador se não reconhece que, como pensador, seu primeiro dever consiste em seguir seu intelecto em todas as conclusões a que o possa conduzir. Onde houver uma convenção tácita de que não se devem contestar os princípios, onde se considerar encerrada a discussão acerca das grandes questões que podem ocupar a humanidade, não podemos esperar encontrar essa escala geralmente alta de atividade mental que tornou tão notáveis certos períodos da história.
O exíguo reconhecimento que a moralidade moderna dispensa à idéia de obrigação para com o público deriva das fontes gregas e romanas, não das cristãs; do mesmo modo como, na moralidade da vida privada, tudo quanto existe de magnanimidade, generosidade, dignidade pessoal, até senso de honra, deriva da parte de nossa educação puramente humana, não da religiosa, e jamais poderia originar-se de um padrão ético no qual o único valor, confessadamente reconhecido, é o da obediência. O sistema cristão não constitui exceção à regra segundo a qual num estado imperfeito do espírito humano os interesses da verdade exigem uma diversidade de opiniões. Uma grande parte dos mais nobres e valorosos ensinamentos morais foi obra não apenas dos homens que não conheciam, mas também dos que conheciam e rejeitavam a fé cristã. O mal a temer não é o conflito violento entre partes da verdade, mas a supressão silenciosa de parte dela. Se fosse necessário escolher, haveria muito mais necessidade de reprovar ataques ofensivos à infidelidade religiosa do que à própria religião.
Os trechos acima foram copiados, ipsis litteris, do livro A Liberdade, de John Stuart Mill. Estou tão de acordo com suas idéias, e reconheço minha incapacidade de melhor expressá-las, que optei por transcrevê-las aqui, tendo o trabalho apenas de selecionar as melhores passagens, em minha opinião. Deixo a conclusão com o próprio autor também:
“As pessoas de gênio, é verdade, são e provavelmente sempre serão uma pequena minoria; no entanto, para tê-las é necessário conservar o solo em que crescem. O gênio só pode respirar livremente numa atmosfera de liberdade”.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

Do baú do Janer Cristaldo- Segunda-feira, maio 19, 2014 ATOR ALMEJA UM BRASIL DE MARIGHELLA

Comentei outro dia a extraordinária capacidade de síntese de frei Betto, que conseguiu resumir um amontoado de besteiras em uma única frase: “Não sei por que se fala do fracasso do socialismo na Europa e não se fala do fracasso do capitalismo no ocidente”. Mas não só frei Betto tem esse dom que, aliás, é característico de não poucos intelectuais.

É o caso do ator Wagner Moura, que declarou ao Estadão na quarta-feira passada: "Tenho o maior amor por esse País, mas não está dando para viver aqui”. A frase é típica de um jovem, embora Wagner já não coza na primeira fervura. Se um ator bem sucedido, com ampla divulgação na mídia e possibilidades no cinema não consegue viver aqui, quem conseguirá? O Zé da Silva que ganha salário mínimo ou pouco mais e nem sabe o que comer em um bom restaurante e tomar um bom vinho?

Frase típica de jovem, disse. E disse porque já fui jovem, condição que todos viveram vivem ou tiveram vivido. Também pensei assim, há mais de quatro décadas, quando busquei asilo cultural e espiritual na Suécia. Dá pra viver, sim senhor, e particularmente quando se é Wagner Moura. Em nenhum outro país o ator terá a fama, prestígio e facilidades das quais goza no Brasil.

Ele reclama do preconceito e do conservadorismo – diz a reportagem do jornal - e diz que Praia do Futuro (seu último filme) vai contra isso, mas reclama mais ainda da política. Na eleição passada, já se havia distanciado do PT e apoiado Marina Silva para presidente. "O PT não inventou o toma lá/dá cá, mas o institucionalizou", diz, desiludido.

Mais uma Madalena tardia. De sua declaração, deduzimos que votou no PT e nas últimas eleições apoiou uma hipotética candidata que levaria o país a um desastre que nem o PT conseguiria levar. Se o leitor acha que exagero, peço que espere algumas linhas para ver quais líderes Moura queria para o Brasil.

O PT é a última flor do Lácio marxista, ou do marxismo latino, como quisermos. Verdade que, uma vez no poder, degustou as delícias do capitalismo e das empreiteiras e desprendeu-se de suas plumas vermelhas. Se perdeu as plumas, não perdeu as garras e até hoje tenta instituir no país uma ditadura travestida de democracia – ao estilo do PRI mexicano –, seu projeto de controle social da mídia que o diga.

O Brasil é um bom país para se viver, que o digam os exilados que fugiram com o rabo entre as pernas durante o regime militar e hoje estão todos de volta, gozando as benesses do país que os militares salvaram da condição de republiqueta soviética. Mais ainda, gozando de gordas bolsas-ditadura, benefício que não tiveram as vítimas da guerrilha ou seus familiares.

Verdade que o país tem seus bolsões de miséria e uma rotina de violência. E seus preços, hoje, são exageradamente altos. Mas alguém na condição de Moura passa ao longe de tudo isso. Sua declaração é charminho de antigo petista que hoje, com o partido mais sujo que pau de galinheiro, pretende manter distância daquilo que um dia apoiou. Mas vejamos qual Brasil o ator almeja.

“Pai dedicado, Wagner adora curtir os filhos. Quer um Brasil melhor para eles. Ia fazer logo seu longa sobre Marighella, que agora está prevendo para 2016. "Tem gente que diz que era um assassino, mas ele entendeu o Brasil e sabia que a chapa ia esquentar, já antes do golpe. Marighella pertence a uma geração que se sacrificou pelo Brasil, eu quero fazer o filme sobre ele para a minha geração. Ficou difícil, hoje, entender e aceitar esse idealismo, as pessoas estão muito centradas." 

Ah bom! Moura queria um Brasil comunista, liderado por um facínora. PT e seus desmandos para ele é pouco. Preferia uma ditadura nos melhores moldes soviéticos ou cubanos. Por isso não está dando para viver aqui. Enfim, Havana não fica muito longe. 

Mas é claro que para lá o ator não vai. A não ser, é claro, como turista e hóspede privilegiado de hotéis aos quais o cubano não tem acesso. É espantoso que, 25 anos após a queda do Muro e do desmoronamento do comunismo ainda haja quem aspire viver em regimes cuja inviabilidade a história recente acaba de mostrar.


Pois é, a Petrobras...

Caio Blinder- O círculo egípcio

O círculo egípcio


Mubarak escapou de mais grades, mas o Egito está preso no círculo vicioso
Primavera Árabe e as outras estações políticas na região são assuntos obrigatórios na coluna. Portanto, com dias de atraso, vamos para o Egito. No sábado, um tribunal absolveu o ex-ditador Hosni Mubarak, 86 anos, de todas as restantes acusações criminais, a destacar responsabilidade na morte de centenas de manifestantes na rebelião de 2011 (ele ainda cumpre pena de três anos, condenado por corrupçã0). Na expressão do New York Times,  a decisão judicial é um “repúdio categórico da Primavera Árabe que removeu Mubarak do poder”.
Oficialmente, a absolvição decorreu de uma tecnicalidade. O juiz, como acontece nestas horas, insistiu que a decisão “não tem nada a ver com política”.  Tem tudo a ver. Afinal, as acusações contra Mubarak eram políticas, embora judicialmente válidas. Ele foi derrubado em fevereiro de 2011 por uma revolta popular conveniente para o aparato militar, para o qual o ditador se tornara nocivo e descartável. O processo judicial foi agilizado para conter o sentimento revolucionário no calor dos acontecimentos.
Os tempos mudaram. O Egito é controlado agora por Abdel Fatah el-Sisi. No parágrafo precioso de Max Fisher, do site Vox: “Sisi é um ditador militar e um nacionalista secular como Mubarak foi (e como o ex-ditador, abriu mão do título militar). O regime de Sisi se parece terrivelmente com o de Mubarak e inclui um tanto das mesmas pessoas. Sob Murabak, o judiciário era um órgão político de confiança do regime. A mesma coisa hoje”.
Em quatro anos, o clima político e a narrativa da mídia giraram do autoritarismo secular de Mubarak para o liberalismo da revolução de 2011, para o islamismo do governo democraticamente eleito em 2012 da Irmandade Muçulmana e para o golpe de Sisi em julho de 2013 de volta para o autoritarismo secular. O Egito andou em círculos. Há protesto e ressentimentos (mais entre setores do islamismo político do que entre liberais), mas o Egito hoje basicamente é um país politicamente exausto e com a economia exaurida, amargando um inverno bem mais longo do que a primavera.

Portal Libertarianismo- Algumas pessoas usam o Estado como seu instrumento de coerção.

Algumas pessoas usam o Estado como seu instrumento de coerção.
A maioria dos norte-americanos está de acordo no que tange aos objetivos básicos das políticas econômicas: crescimento econômico e prosperidade, pleno emprego, estabilidade de preços, ambiente estável para negócios, paz e harmonia social. Eles concordam, até mesmo, quanto à necessidade de ajuda e apoio aos pobres. Concordam com os fins econômicos, mas diferem nitidamente em alguns – mas não todos – os meios que deveriam ser usados para alcançá-los.
Alguns norte-americanos optam por uma linha “ativista”, utilizando o poder do aparato governamental para ordenar, coagir, punir,tributargastar via déficits e por meio de política monetária expansionista de forma a obter seus fins. Eles recorrem ativamente ao governo para alcançar seus fins econômicos. Outros indivíduos, embora comprometidos com os mesmos objetivos, buscam melhorar sua situação confiando menos na política. Eles preferem reduzir o envolvimento do governo na economia, remover as restrições políticas e evitar os estimulantes artificiais do governo. Além disso, colocam sua confiança na operação livre e eficiente do mercado.
A diferença entre os dois grupos advém de percepções e concepções diferentes sobre a vida social. De acordo com a filosofia social mais popular de nosso tempo, a ordem de mercado é afligida por um conflito irreconciliável entre os interesses do “capital” e do “trabalho”. A propriedade privada dos meios de produção e a iniciativa privada beneficiam somente uma pequena classe de capitalistas enquanto prejudicam a grande maioria da classe trabalhadora.
Essa filosofia conflitante que deve sua grande popularidade aos escritos de Karl Marx e seus admiradores norte-americanos é adotada não somente por marxistas de carteirinha, mas também por muitos supostos antimarxistas e autointitulados defensores do livre mercado. É a filosofia social oficial dos grandes partidos e de seus candidatos. Eles podem discordar sobre os problemas básicos doaborto e do uso de drogas ou em algumas questões pontuais como o imposto sobre os ganhos de capital ou a taxa de depreciação; contudo, sustentam a tese de que o sistema econômico capitalista gera conflitos econômicos e, portanto, deveria ser abolido ou, pelo menos, administrado cuidadosamente em nome da justiça social. Os comunistas e os socialistas procuram abolir o sistema sumariamente; seus parentes ideológicos aceitam prontamente a doutrina do conflito, mas deploram o suposto conflito, e querem aliviá-lo com as reformas que recomendam.
Nas últimas décadas, o dogma do conflito econômico ofereceu o recurso intelectual para doutrinas derivadas do conflito racional, conflito de gêneros, e conflito juvenil das décadas de 1960 e 1970. Eles, também, dividem a sociedade em classes distintas, de exploradores e explorados, formando organizações que intervêm ativamente no Congresso.  Ouvir debates econômicos no Congresso dos Estados Unidos é dar ouvidos a acusações agudas de exploração e lamentação de uma assembleia de vítimas.
Nós rejeitamos e repudiamos o dogma do conflito. Acreditamos piamente que a ordem estabelecida pela propriedade privada é harmoniosa, isenta do conflito social e econômico. Nas palavras de Adam Smith, ela é guiada pela “mão invisível” a qual transforma a busca individual de lucro em benefício público e, por meio disso, harmoniza os interesses de todos os membros da sociedade, independente da classe, raça, gênero ou idade. O que gera tal harmonia é a maior produtividade oriunda da cooperação e divisão do trabalho. Dois indivíduos trabalhando juntos são mais produtivos do que dois trabalhando isoladamente.
Duzentos milhões de norte-americanos trabalhando juntos – naespecialização de suas tarefas produtivas e na produção de larga escala – são mais produtivos per capita do que um número menor. Graças a essa cooperação, a oferta de bens e serviços tende a se multiplicar, o que aumenta o seu padrão de vida, além de suas condições laborais. Tal ação remove todos os traços de conflito social.
É interesse de todo o indivíduo preservar e estender a cooperação social e a divisão do trabalho. Com a propriedade privada e a liberdade, todo o indivíduo recebe o dinheiro equivalente a sua contribuição ao processo produtivo. Mesmo no caso de você ser empregado de um empregador capitalista, a concorrência entre empregadores, a liberdade de os trabalhadores venderem sua mão-de-obra ao maior pagador, e a opção de trabalhar por conta própria, todas essas características da ordem de mercado asseguram que todos receberam um salário justo. Não pode haver exploração em um mercado de trabalho livre.
Os “ativistas” que utilizariam o aparato político para comandar e direcionar a vida econômica rejeitam sumariamente as explicações do parágrafo anterior. Eles normalmente comparam a vida econômica à vida numa floresta, na qual uma criatura caça outra e somente o mais forte sobrevive. Dialogar com os ativistas sobre i)princípios econômicos inexoráveis que regem a vida humana e ii) a harmonia dos interesses de todos os seres humanos é uma forma real de auto ilusão, já que [os ativistas] são rápidos no questionamento dos próprios motivos de qualquer pessoa que duvida da conveniência do uso do aparato político na vida econômica.
Seus porta-vozes na mídia não hesitam em acusar os discípulos da harmonia de serem inimigos do crescimento econômico e da prosperidade, da paz e da harmonia, além de partidários da inflação, do desemprego e da poluição ambiental. Discordar dos meios a serem empregados acarreta na condenação dos fins pretendidos.
Os comentaristas do conflito que podem se autodenominar “esquerdistas” ou “moderados” podem ir mais além. Eles podem também rejeitar o livre mercado por razões éticas, considerando-o um sistema injusto e amoral. Para eles, o critério de moralidade é a vontade, o desejo e a intenção das pessoas, manifestados pela maioria dos votos. Eles atribuem grande valor à obediência individual e às restrições impostas aos indivíduos por decisões majoritárias. O estado é o seu instrumento de coerção, o juiz supremo da integridade e da moralidade.
Na verdade, a opinião e o julgamento da maioria não são a prova final do que é certo. A sabedoria e a justiça não estão sempre do lado da maioria. Na verdade, há um perigo maior aos indivíduos é a invasão de seus direitos e a restrição de suas liberdades por uma maioria arrogante e hipócrita do que as maquinações de empresários e capitalistas. O mal é mal; não é melhor por estar ligado a uma maioria.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

Hans F. Sennholz
(1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

VOTO DE CONFIANÇA? EM DILMA? por Percival Puggina. Artigo publicado em 01.12.2014

  "Não creio que seja hora de torcer contra nem de ficar cobrando pelo que foi dito em campanha". Economista Roberto Teixeira da Costa, em artigo publicado no jornal "O Globo" deste domingo,  30/11.

 O texto em questão leva um título bem alinhadinho e elegantemente palaciano: "Voto de confiança". O quê? Voto de confiança? Quer dizer que não se deve cometer a leviandade de cobrar o que foi dito em campanha? Ora, leitor, isso me parece moral com agendamento, com data de vigência, segundo calendário eleitoral. A propósito: calendário eleitoral tem foto de mulher pelada, como folhinha de borracharia? Quer dizer que a presidente pode se eleger dizendo uma coisa até o dia 26 de outubro e fazer o oposto a partir do dia 27? E quem apontar a desonestidade de tal conduta torce contra o país?
O autor do referido artigo crê que a presidente deve receber um voto de confiança. Quanta infelicidade em apenas três palavras! Tenho certeza de que ele não daria esse voto de confiança para fazer dela gerente de seus próprios negócios. Aliás, pergunto: qual grande empresário, desses que despejaram quase R$ 400 milhões na campanha da candidata Dilma Rousseff, cometeria o desatino de admiti-la como executiva, mesmo em escalões inferiores de suas empresas? Os motivos para não o fazerem são tão evidentes que dispensam análise minuciosa, seja de currículo, seja de desempenho, seja - para usar a palavra do texto em análise - de confiança. Mas para presidir a República e gerir os recursos dos pagadores de impostos, ela lhes convém.
Convém, sim, claro. E merece "voto de confiança". Mesmo que tenha chantageado os miseráveis espalhando, de inúmeras maneiras, que o Bolsa Família seria extinto se fosse eleito seu adversário. Logo o seu adversário, que propôs a transformação do referido benefício em programa de Estado e não contou, para esse fim, com o apoio dela e de seu partido, exatamente porque perderiam a capacidade de chantagear a miséria nacional. Esse fato torna evidente a grande verdade de 2014: não são os pobres que precisam do PT, mas é o PT que precisa dos pobres em estado de pobreza. Para quem não se deu conta, essa é a nova relação de causa e efeito da miséria no Brasil.
O texto que comento aqui afronta o bom senso e os mais elementares princípios morais. Não se pode dar voto de confiança a quem mentiu e mente tanto, e há tanto tempo, que não pode mais distinguir verdade de mentira. Dilma ocultou dados, dissimulou estatísticas, iludiu o mercado e o eleitorado. Criou a contabilidade criativa. Na contramão, injuriou seus adversários acusando-os de intenções tão malévolas quanto a de entregar a área financeira do governo a bons economistas do odioso "mercado". E o pior é que, de tanto mentir, de tanto conviver e comandar partidos com raízes cravadas no submundo da corrupção, acabou por corromper milhões de brasileiros que já não se importam de ser guiados por ladrões. Contanto que também levem seu quinhão.
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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 

INVEJA

“Um ser invejoso é um mau vizinho. Sua alegria é ver o outro esperneando sob seu sapato. A inveja o corrói, a vida para ele não passa de uma competição de posses.” (Filosofeno)

“Regime bom mesmo é regime para engordar. O resto é sofrimento.” (Fofucho)

“É lógico que sou adepto da comida saudável, como por exemplo, rúcula com bacon.” (Fofucho)

“Falam sempre da minha beleza interior. Bem, antes isso que nada.” (Assombração)

“Existem coisas que a lei concede, mas a moral não.”

“Os padres deveriam se casar. Isso para o saudável descanso das paroquianas assanhadas” (Mim)

“Com tantos pastores milagreiros curando e fazendo de tudo não sei por que algumas pessoas ainda insistem em estudar medicina.” (Mim)

“Tenho um pacto de não agressão com o capeta. Eu não falo mal dele e ele não conta os meus podres para o vigário.” (Climério)

“Alguns homens com o passar do tempo se transformam em ursos: só bafo e pelos.” (Josefina Prestes)