sábado, 30 de agosto de 2014

O VENTO E O AVARENTO


Tem o vento
Tem o avarento
O vento carrega tudo
O avarento guarda tudo
O vento sopra
Fraco
Médio
Forte
Já o avarento assopra
Sempre forte
Quando é para economizar vela.

O RELÓGIO

 Jarbas e Jardel brincando no bosque encontraram um relógio, o relógio do tempo. Cheios de curiosidade foram mexendo nele, descobrindo seus mecanismos. Fizeram-no então parar e descobriram em poucos dias que o tempo não mais existia para eles. Jogaram então o relógio do tempo num abismo e foram viver eternamente suas vidas como crianças.

“Embarquei minha saudade nas asas de um passarinho. Lá vai ela visitar você.” (Mim)

“E Fidel não morre. Temos aí uma prova de que os inúteis também são longevos.” (Cubaninho)

Aviso aos navegantes: Segunda-feira aumenta o gás de cozinha.

“Sou um homem de muitas posses... Posses de banha.” (Fofucho)

Flagrante de fisiologismo: como um ministro do TCU se pôs a serviço de Dilma para emplacar a mulher em um cargo

No organograma dos poderes, o Tribunal de Contas da União (TCU) exerce o papel de guardião dos cofres públicos. Do superintendente de uma repartição federal na Amazônia ao presidente da República, ninguém está livre de prestar contas ao órgão. É do TCU a missão de identificar e punir quem rouba e desperdiça dinheiro público, seja um servidor de terceiro escalão, um ministro de Estado ou uma dezena de diretores da Petrobras. Enfrentar interesses poderosos é da natureza do trabalho do tribunal. Por isso, seus ministros gozam de prerrogativas constitucionais, como a vitaliciedade no cargo, destinadas a lhes garantir autonomia no exercício da função. No mundo ideal, o TCU é plenamente independente. Na prática, troca favores com o governo, sujeita-se às ordens do Palácio do Planalto e, assim, contribui para alimentar a roda do fisiologismo, mal que a corte, em teoria, deveria combater. VEJA teve acesso a um conjunto de mensagens que mostram que há ministros dispostos a servir aos poderosos de turno a fim de receber generosas contrapartidas, como a nomeação de parentes para cargos de ponta.
Trocadas durante o segundo mandato do presidente Lula, as mensagens revelam o ministro Walton Alencar, inclusive quando comandava o TCU, no pleno gozo de uma vida dupla. Nos julgamentos em plenário e nas manifestações públicas, Walton era o magistrado discreto, de perfil técnico, que atuava com rigor e independência. Em privado, era o informante, os olhos e os ouvidos no TCU de Dilma Rousseff, à época chefe da Casa Civil, e de Erenice Guerra, então braço-direito da ministra. Walton pôs o cargo e a presidência do tribunal a serviço da dupla. E o fez não por mera simpatia ou simples voluntarismo. Em troca, ele recebeu ajuda para emplacar a própria mulher, Isabel Gallotti, no cargo de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A trama toda ficou registrada em dezenas de mensagens entre Walton e Erenice, apreendidas em uma investigação da Polícia Federal. Com a colaboração das mulheres mais poderosas do Palácio do Planalto no segundo mandato de Lula, Walton conseguiu mobilizar um espantoso generalato de autoridades para defender a indicação da esposa.
Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA 

“O PT faz um mau governo. E saber que quando oposição é demagogo e incomoda mais que merda em chinelo havainas.” (Mim)

Uma entrevista hipotética com Guido Mantega

Nota do autor: a entrevista abaixo foi realizada após a administração do “gás da verdade” no ministro.
RC: Ministro Guido Mantega, obrigado por “aceitar” essa entrevista hipotética. Sei o quanto deve ser duro para o senhor ter de enfrentar alguém que lhe faça perguntas incômodas, sem levantar bola para suas fugas habituais. Sem mais delongas, vamos em frente que tempo é dinheiro. O que aconteceu com esse PIB? Estamos em recessão! Mas a Copa não seria boa para o país?
GM: Olha, meu jovem, a Copa seria ótima para a economia. Ao menos era isso que dizíamos antes. Mas sabe como é, o resultado foi ruim, muito aquém do que gostaríamos, os turistas que vieram em grande parte eram molambos (posso usar essa palavra?), tivemos muitos dias enforcados…
RC: Pois é. Aproveitando a deixa, isso não é prova do fracasso da gestão e de nossa infraestrutura, que teve sete longos anos para ser resolvida?
GM: Talvez, talvez. Mas isso não importa mais. O fato é que a Copa, que achávamos que ajudaria, atrapalhou.
RC: Mas isso não explica nem de perto a situação econômica em estado grave. O declínio vem de longa data, a indústria está em frangalhos. O que se passa?
GM: Veja, há a questão da crise externa…
RC: Aquela que o ex-presidente Lula chamou de “marolinha”?
GM: Sim, essa mesmo! A “marolinha” virou um tsunami e varreu tudo!
RC: Mas ministro, sem querer ser chato, os países asiáticos crescem bem mais do que a gente e com bem menos inflação. Mesmo na América Latina os países da Aliança do Pacífico crescem muito mais, também com menos inflação. E até a economia americana está crescendo bem agora. Que crise é essa?
GM: Ora, basta olhar o PIB dos países europeus…
RC: Então o senhor quer dizer que o Brasil deve ser comparado com os países mais doentes da doente Europa, no epicentro de um furacão econômico?
GM: Eu escolho sempre os piores para pintar um quadro relativo melhor para o Brasil, sabe? Estamos em ano eleitoral. Aliás, convenhamos: para o PT todo ano é de eleição, pois vivemos num eterno palanque… (risos)
RC: E a questão do setor elétrico, ministro? Estamos vendo a fatura bilionária do intervencionismo do governo, um “tarifaço” que vai punir o consunidor, e o risco de racionamento ou apagão que não vai embora.
GM: Culpa de São Pedro. Se ao menos chovesse mais…
RC: E o caso de nosso setor automotivo massacrado, tendo de demitir milhares de pessoas?
GM: Culpa da Argentina…
RC: Ministro, assim fica difícil. Quer dizer que todos esses inúmeros problemas particulares do Brasil são culpa das estrelas, dos astros, sempre de algo fora de sua responsabilidade, longe da alçada do governo Dilma?
GM: Ora bolas! A culpa é MINHA, e eu a coloco em quem eu bem entender!
RC: Obrigado pela sinceridade, ministro. O senhor não acha que a turma da Unicamp já causou estrago demais ao Brasil?
GM: Sempre há mais o que fazer…
RC: Já tem planos para 2015, quando perder o emprego?
GM: Conhece alguém que precise de um estagiário em economia? Posso lhe mandar um currículo?
RC: Farei o que for possível para ajudá-lo. Talvez alguma vaga de contínuo eu consiga arrumar. Até nunca mais, ministro.
Rodrigo Constantino

Giannetti critica o “imbróglio fiscal” do governo Dilma. Ou: Belluzzo e Mantega, uma dupla e tanto!



Giannetti da Fonseca
Como já disse algumas vezes aqui, tenho o maior respeito e admiração por Eduardo Giannetti da Fonseca. Li quase todos os seus livros (falta apenas um), todos muito bons. Aprecio sua bagagem cultural, inclusive fora da área econômica, o que lhe permite uma visão abrangente da coisa. Portanto, fico muito honrado quando a turma da Unicamp o compara a mim para tentar difamá-lo.
Um texto assinado por Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outros, acusa a “intolerância de um liberal”, referindo-se a Giannetti e “rebatendo” uma acusação que fez de que “a Unicamp é um produto típico do regime militar”. Para os autores, os mesmos que vêm ajudando a destruir nossa economia há décadas – quando não o Palmeiras – Giannetti “esteve mais próximo de gente bem menos refinada, como o blogueiro Rodrigo Constantino”.
Fico agradecido pela parte que me toca, e só posso rir do uso do termo “blogueiro” com claro viés pejorativo, sendo eu formado em economia pela PUC do Rio de Janeiro, aquela do Plano Real, que o pessoal da Unicamp foi contra. Quando faltam argumentos e quando o histórico de acertos para mostrar é inexistente, resta atacar o mensageiro mesmo.
Mas toda essa longa introdução foi apenas para chegar à coluna de hoje de Giannetti, e dizer que me sinto confortável de ser colocado no mesmo saco dele por gente como o Belluzzo. Se a economia da Unicamp nos ataca, isso é bom sinal. E Giannetti, no texto, mostra com fatos e argumentos, aquilo que essa turma não aprecia, como o governo Dilma levou para o buraco nossas contas públicas. Diz o economista:
Impossível ler a recente declaração do ministro Guido Mantega ao “Valor” (22/8) –”as nossas contas públicas estão absolutamente organizadas”– e não lembrar do que os ingleses definem como a primeira lei do jornalismo: “não acredite em nada até que tenha sido oficialmente negado”.
Belluzzo, que não satisfeito em fazer besteira na economia, resolveu quebrar o Palmeiras
O que já era ruim está se tornando ainda pior. Além dos problemas de execução da política fiscal, com resultados cada vez mais distantes das metas definidas pelo próprio governo, há fortes indícios de que o repertório de truques e malabarismos contábeis vem se ampliando perigosamente nos últimos meses.
[...]
O aspecto mais preocupante, entretanto, são os indícios de que ao invés de abandonar o recurso à “contabilidade criativa”, como chegou a anunciar, o governo vem de fato se enredando ainda mais em práticas de disfarce e manipulação dos números.
[...]
O expediente foi revelado por fiscais do Banco Central e consiste na prática de servir-se da Caixa e do Banco do Brasil a fim de efetuar pagamentos a descoberto de obrigações do Tesouro junto a beneficiários de programas sociais e produtores rurais, entre outros. Nos balanços do primeiro semestre, o saldo negativo do “cheque especial” do governo era de R$ 3,9 bilhões na Caixa e R$ 9,8 bilhões no BB.
Além de violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe esse tipo de operação, o expediente causa enorme prejuízo aos bancos estatais e nos aproxima mais alguns passos de perder a condição de “grau de investimento”.
Mantega. O que dizer? É o Mantega, aquele que nega que 2 + 2 = 4...
Mantega. O que dizer? É o Mantega, aquele que nega que 2 + 2 = 4…
Como um alcoólatra que jura largar o vício, mas sucumbe a cada nova tentação que se oferece, o governo Dilma repete a sina da oração do jovem Santo Agostinho: “Dai-me, Senhor, a temperança e a virtude, mas não já”. 
Direto ao ponto. Contra fatos não há argumentos. E os fatos divulgados hojepioram ainda mais a situação do governo:
As contas do setor público (União, Estados e municípios) registraram deficit de R$ 4,7 bilhões no mês passado, primeiro resultado negativo para meses de julho das estatísticas do Banco Central, informou a instituição nesta sexta-feira (29).
O número corresponde ao resultado primário, que é a diferente entre receitas e despesas não financeiras, ou seja, sem considerar o pagamento de juros da dívida.
Pela primeira vez nas estatísticas oficiais, que começam em dezembro de 2001, o setor público registrou três meses seguidos de resultados negativos, ou seja, com despesas acima do valor das receitas.
Eu, apenas um "blogueiro" espantado com tanta estupidez...
Eu, apenas um “blogueiro” espantado com tanta estupidez…
O que resta a Belluzzo, Mantega e companhia além de atacar o “blogueiro” da Veja? Esse pessoal criou esse caos econômico, e agora não sabe o que fazer. Mantega ainda vive em negação da realidade, criando bode expiatório de tudo que é jeito para se livrar da responsabilidade pela crise e pela recessão, que ele finge não existir.
Quando certo tipo de gente nos ataca, isso é a maior prova de que estamos no caminho certo.
PS: Se eu tivesse a certeza de que Marina Silva é Giannetti da Fonseca quando o assunto é economia, confesso que dormiria mais tranquilo diante das últimas pesquisas eleitorais. O problema é que ninguém pode ter tal certeza, nem mesmo o próprio…
Rodrigo Constantino

Datafolha: é ruim para Aécio? É! Mas quem está no poder é o PT. Nesse caso, é pior. E o partido está fazendo tudo errado

Pois é… Segundo o Datafolha, e acredito que os números possam estar, quando menos, próximos da realidade, Dilma Rousseff, do PT, e Marina Silva, da Rede (mas aboletada no PSB), tem 34% das intenções de voto no primeiro turno. Aécio Neves, do PSDB, aparece em terceiro lugar, com 15%. Nas simulações de segundo turno, a ex-senadora e ex-petista vence a presidente por 50% a 40%. A diferença entre Dilma e Aécio segue de oito pontos apenas: 47% a 39% em favor de Dilma há duas semanas; 48% a 40% agora.
Vejam que coisa: nem nos melhores sonhos do PSDB, imaginava-se que Aécio pudesse ter, a esta altura, no segundo turno, apenas 8 pontos de diferença em relação a Dilma. Chamo a atenção para esse aspecto por dois motivos:
- oito pontos de diferença, numa disputa binária, entre A e B, podem ser apenas quatro;
- oito pontos de diferença, apesar da máquina oficial e da demonização permanente dos tucanos, seriam uma verdadeira bênção.
Ocorre que existe um primeiro turno no caminho, tanto quanto existia uma pedra à frente do mineiro Carlos Drummond de Andrade. E é evidente que a situação é muito difícil.
Marina se tornou a caudatária dos votos que já tinha — no último Datafolha em que seu nome apareceu, antes da definição do nome de Eduardo Campos, tinha 27% —, da comoção gerada pela morte de Eduardo Campos e da crescente repulsa ao governo Dilma, que, parece-me, é superior ao que captam as pesquisas.
Há um enfaro óbvio com “tudo isso o que está aí”. Em primeiro lugar, rejeita-se é o petismo mesmo, com todas as suas fraudes contra os fatos e contra o óbvio. Em segundo lugar, mas não menos importante, temos a rejeição à política.
Há, acrescente-se, a estupidez petista e o desastre da ideia fixa. O petismo está preparado para enfrentar os tucanos; para satanizá-los; para desqualificá-los; para transformá-los na morada de todo o mal. Mas não tem repertório para enfrentar Marina Silva. A cada vez que Dilma Rousseff ataca o PSDB e FHC, o que faz é reforçar a discurso de Marina Silva. É de tal sorte estúpido que, nos dias atuais, o PT se dedique a atacar Aécio e o PSDB que me pergunto se essa gente continua com seus meridianos ajustados.
Os idiotas da objetividade do PT podem achar que enfrentar uma Marina no segundo turno pode ser melhor do que enfrentar um Aécio porque, afinal, ela terá menos estrutura e menos aliados. É só manifestação de ignorância. Deveriam se lembrar da fala de Walker, do filme “Queimada”, de Gillo Pontecorvo: fogo não atravessa o mar, mas ideias, sim. Marina encarna uma abstração, um valor, não uma proposta objetiva de mudança. E isso quer dizer que seu poder de contaminação é muito maior.
Mas os petistas são reféns de suas ideias fixas, de suas taras. Se não mudarem o rumo da prosa, Dilma, reitero, pode começar a fazer as malas. O mais impressionante: o PT não perderá, nesse caso, a eleição para as propostas objetivas do PSDB, mas para as ideias etéreas de Marina, que atravessam mares. Ainda que não tenham a menor importância.
O Datafolha é ruim para Aécio? É. Mas quem está no poder é o PT. Nesse caso, é pior! E o partido está fazendo tudo errado! 
Por Reinaldo Azevedo