Gente brava? Conta Seu Onofre, gaúcho velho passado
dos noventa, já rengo pelo andar dos anos, que gente brava tinha lá Barra da
Foice na década de 1940. Não era lugar para frouxo. Em velório era proibido choro; toda mulher
carregava e manuseava navalha sem problema; o padre Antônio quando aparecia rezava
missa de revólver debaixo da batina e até o professou Anacleto que dava aula
até a quarta série não tirava o facão da cinta. Até hoje não se sabe se a turma
era comportada por respeito ao professor Anacleto ou por respeito ao facão. Diz
ele que acabaram com a mata em volta do lugar só fazendo caixão de defunto. Acha
mesmo que com tanto resíduo de gente enterrada que no o subsolo da Barra deve
ter petróleo.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
DONA MEIGA
Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.
A MULA SIBA E DOLORES EMA
Pastava
Siba Mula numa campo aberto, degustando o capim delicioso, absorta em seus
pensamentos quando se achegou a ela Dolores Ema.
-Boa
tarde!
-Boa
tarde!
-O
capim está bom?
-Muito
bom.
-Eu
sou Dolores Ema, e você?
-Siba
Mula.
-Mula?
-Sim,
Mula.
-Mas o
que é vem a ser uma mula?
-Ora,
filha de uma égua com um jumento.
-Pois
veja só, eu não sabia disse. Sem conhecer pensei que você era um burro, digo,
uma burra.
-Eu
também não nunca tinha visto uma como você.
-Sou
Dolores Ema.
-Ema?
-Sim,
estamos por aí na América do Sul. Alimentamo-nos
de frutas, sementes, folhas de grandes árvores, lagartos, moscas perto de carne
em decomposição, cobras, moluscos, peixes entre outros.
-Puxa!
Que cardápio!
-Pois
sim.
-Conte-me
Dolores, você tem família?
-Não
amiga, estou só no mundo.
-Tenho
uma ideia. Que tal nós visitarmos a Fada da Gruta Dourada e pedirmos para ela
nos transformar em humanos? Poderíamos conhecer o mundo todo!
-Pode
isso?
-Pode
sim, eu mesmo conheci vários animais que se tornaram humanos.
-Vamos
logo cara Siba, vamos logo!
Após dias de viagem e cansaço foram ao encontro da
Fada da Gruta Dourada para fazer o pedido. Foram bem recebidas e aceitas a
transformação das duas em moçoilas de muita beleza. Porém antes de tudo feito a Fada disse que a
transformação teria uma contrapartida, pois de graça nem mesmo injeção na
testa: como humanas elas seriam venezuelanas e amantes de Nicolás Maduro. Elas
se entreolharam, agradeceram e decidiram voltar aos campos.
VILA TRISTEZA
Na terra de gente triste tristeza é o material que
não falta. Pelas ruas de Vila Tristeza não se ouve sorrisos de crianças e o
cantar dos passarinhos. Música é algo que não se escuta. Não se ouve também a
bola quicar nos campinhos de terra e o alegre tagarelar das comadres no final
de uma tarde de verão. Andorinhas não voam perto dela, temendo perder seu
trinar. Na Vila Tristeza como o nome já diz, uma tristeza chorosa tomou conta
de todos; até as flores são aborrecidas e sem cores. Um viajante que por ali
passe não receberá por certo um comprimento de bom dia ou um sorriso amável;
apenas o frio distanciamento de seres que vivem num mundo estranho e sem nenhum
calor humano. Quando a noite chega todas as janelas e portas se fecham, o mundo
coletivo que pouco existe durante o calor do sol deixa de existir por completo,
é cada um por si. Na pequena vila impera o orgulho e todos são donos da
verdade.
PAPO NA LOJA DE BEBIDAS
Um
uísque Passport puxa conversa com uma Caninha 51.
-E aí
irmã, quente não?
-Não
sou sua irmã!
-Como
não?
-Você
é uísque, eu sou cachaça.
-Então
não somos irmãos?
-Não.
-Melhor
assim.
-Melhor
por quê?
-Não
sendo irmãos podemos namorar.
-Sai
fora,! Não gosto de estrangeiros. Ainda
mais se vier com gelo.
-Preconceituosa
então, só me faltava essa.
-Sou
mesmo assim.
-Nem
uma bitoquinha?
-Sem
chance.
-Magoei.
Tomara que você caia dessa prateleira e se quebre toda!
-É
praga é? Então tomara que gelem você com gelo de xixi.
E
daquele dia em diante não mais se falaram. Ela não caiu da prateleira e foi
vendida para um churrasqueiro. Ele foi gelado com cubos de água de coco e
desapareceu feliz.
PACIÊNCIA ESGOTADA
Dentro do
supermercado um menino de aproximadamente cinco anos esperneava, gritava e
chorava em altos brados sob o olhar complacente da mãe. Já havia ingerido
algumas guloseimas e estragados outras, mas não estava satisfeito. A mãe dizia
algumas palavras mornas e o pestinha só fazia espernear ainda mais. Alguns
clientes já estavam ficando incomodados outros agoniados com a falta de atitude
de quem deveria zelar pelo pequeno. Os minutos transcorriam em balbúrdia e
irritação. Nisso veio pelo corredor um senhor bem idoso, vestido de maneira
simples, tirou o cinto e deu três pegadas firmes nas pernas do moleque que aí
sim berrou com vontade. Foi para cima da mãe do garoto e mandou o cinto no
lombo dela por mais de oito vezes. O idoso era bem forte, ela ficou
imobilizada. Ninguém interveio. Vendo a mãe apanhar o menino parou de chorar e
começou a rir. O idoso pensou consigo: “deve ser coisa da educação moderna.”
Saiu do estabelecimento aplaudido.
ALFREDO E OFÉLIA
Alfredo bom de bico, manco e dependendo da previdência
social arranjou uma amante na mesma rua em que morava. Ofélia era o seu
nome. O marido saía para o trabalho,
cama ainda quente lá pousava o manco Alfredo. A mulher nada via, pois também
saía para trabalhar na maior santa inocência. Idas e vindas o marido foi
apresentado ao chifrado como primo mui querido de longa data não visto. Não
demorou o pobre corno comprou um automóvel mesmo não tendo habilitação, então
foi o Alfredo que era habilitado colocado como motorista da patroa para compras
e passeios. Nos finais de semana pescava com o marido, além de levar o casal
para festas e outras atividades sociais. Apresentou Ofélia para sua esposa como
prima de tal; amigas ficaram para visitas semanais, anedotas, rezas e
salgadinhos. Grande família. O marido
não desconfiava de nada, tinha o falso primo da esposa no maior conceito e os
amantes gozavam de uma felicidade radiosa.
Mas como nada é para sempre um dia Ofélia engravidou e a casa caiu. O marido era estéril. Foi o fim do reinado
naquela casa de Alfredo, o manco. A mulher o abandonou quando soube e como o
marido traído queria fazer um pandeiro do seu couro liso, fugiu para outra
cidade. De Ofélia se soube que perdeu a criança e que hoje trabalha numa
esquina de má fama.
MATILDE
Mesa de bar. A fumaça dos cigarros
deixa o ambiente sombrio. Baralho, tagarelas em ação, a língua se solta. Envolvido
pela embriaguez o verme abre sua caixa de segredos para companheiros de
aguardente. Conta à história da esposa Matilde que há anos foi embora, mas que na
verdade não foi, tranco na cabeça, jaz enterrada num lugar ermo. Todos riem,
acham brincadeira, mas um deles leva a sério. No dia seguinte ele conta o
segredo para um amigo, que também tem um amigo policial e antes da seis da
tarde o crápula já estava encarcerado contando tudo. Oito anos se passaram do
fato, os timbós verdejantes balançam ao vento, máquinas em ação, cavouca aqui e
ali, então quase desaparece o timbozal, tantos buracos na paisagem. Uma
multidão acompanha e aguarda. No segundo dia surgem ossos, um vestido vermelho
e uma sandália de couro cru. Matilde ali posta, Matilde morta, Matilde agora
ossos e pó finalmente terá sua justiça.
O VENDEDOR
A verdade é esta: ninguém é mais
vendedor que Hermógenes, nem Sílvio Santos.
Já vendeu máquina para ensacar fumaça, calcinha furada da Cristina
Kirchner, automóvel voador, jacaré ventríloquo, mulher com um furinho na cabeça
para guardar moedas, passarinho que toca violão, cachorro que come usando garfo
e faca e até dentadura para recém-nascido. Sua última proeza foi vender
milhares de ingressos para entrar no céu sem precisar verificar os pecados,
esquema dele com o porteiro. Vendeu tanto que até o dono da gráfica ficou rico.
Para se que se tenha uma ideia de quanto
o homem é bom, até Satanás comprou doze ingressos e deixou seis de reservados.
Preciso dizer mais?
REUNIÃO DE LENDAS
Casa de aroeira dentro da mata, fogo
de chão, coral de insetos, corujas guardiãs, reunião das ditas lendas
brasileiras. Comandando estava o Saci-Pererê, ladeado pela Mula-Sem-Cabeça. Presentes
o Bicho-Papão; Curupira; Boitatá; Lobisomem e a bela sereia Iara. Conversa vai,
conversa vem, comes e bebes. De repente ouviram alguém batendo:
-Toc! Toc! Quero entrar!
-Quem é?-perguntou o Saci-Pererê.
-É o Sapo Barbudo Honesto. Desejo
participar da reunião. Vim de longe, eu também sou uma lenda, tenho direito.
Saci fez sinal com os olhos para os
companheiros que assentiram. O Sapo Barbudo Honesto entrou na casa para fazer
parte com todos os méritos das lendas brasileiras.
ALEXANDRE GARCIA- Portões se fecham
Começou o exame nacional do ensino médio, conhecido como ENEM, que abre portas para a universidade. De 6 milhões 731 mil inscritos, uma multidão de 2 milhões não compareceu. Vergonha nacional: precisa da polícia e vigilância eletrônica para evitar fraudes. Domingo foi a prova de redação, antecedida por discussão na Justiça, sobre se havia ou não censura prévia sobre a opinião dos alunos. E, como sempre, o lugar-comum das reportagens na televisão, foram as cenas de fechamento dos portões com gente chegando atrasada, jogando-se pelas frestas entreabertas ou voltando em choro desesperado. Na lição da pontualidade, de planejamento, de compromisso, os atrasados receberam reprovação. Alguns foram vítimas de imprevistos, porque esqueceram de calcular o tempo que o acaso pode tomar.
A liminar da Presidente do Supremo foi fiel ao que está mais de uma vez na Constituição: “é livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato”(art. 5º, IV). Aproveito para perguntar: E o anonimato nas redes sociais? No mesmo artigo, logo adiante: “é inviolável da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e suas liturgias”(5º,VI). Aproveito para perguntar: E quem desenha, em exposição pública, a cabeça da ratinha Minnie em lugar do rosto da principal devoção católica? Também no art. 5º “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”(IX). Aí, pergunto: como poderia o ENEM ameaçar com anulação da prova o eventual autor do que for interpretado como agressão aos direitos humanos? Qual era a intenção? Impor a ditadura do politicamente correto?
E o que são, afinal, direitos humanos? O idoso doente teria o direito de ser atendido logo em vez de ficar na fila durante a madrugada em hospital público? Os brasileiros que são mortos à razão de 171 por dia teriam direito à vida? Os amontoados na condução diária teriam direito a transporte humanizado? As pessoas teriam o direito de não ter medo de sair de casa? O suor que os contribuintes vertem lhes daria o direito de não ver seus impostos saírem pelo ralo da corrupção? Como se percebe, o respeito aos direitos humanos que agentes do estado querem impor aos jovens do ENEM, na verdade revela uma tremenda hipocrisia. O tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Eu não saberia escrever sobre isso. Em 77 anos de vida, confesso que não reúno informações suficientes para desenvolver o tema. Aplaudo os estudantes que dispunham de conteúdo para a tarefa. Eu ficaria na superfície da questão, sem conseguir mergulhar.
Enfim, sabemos todos que a escolha de uma profissão não é questão de cor da pele, ou de currículo, mas de vocação. Será que o ENEM consegue sugerir a vocação com esses exames de múltipla escolha? Que poder tem o ENEM sobre milhões de brasileiros que querem galgar o curso superior! Apagam-se as idiossincrasias regionais, inserem-se as ideologias da moda - e depois ficamos nos últimos lugares nas classificações mundiais de ensino. Atrasados, os portões vão se fechando.
A liminar da Presidente do Supremo foi fiel ao que está mais de uma vez na Constituição: “é livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato”(art. 5º, IV). Aproveito para perguntar: E o anonimato nas redes sociais? No mesmo artigo, logo adiante: “é inviolável da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e suas liturgias”(5º,VI). Aproveito para perguntar: E quem desenha, em exposição pública, a cabeça da ratinha Minnie em lugar do rosto da principal devoção católica? Também no art. 5º “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”(IX). Aí, pergunto: como poderia o ENEM ameaçar com anulação da prova o eventual autor do que for interpretado como agressão aos direitos humanos? Qual era a intenção? Impor a ditadura do politicamente correto?
E o que são, afinal, direitos humanos? O idoso doente teria o direito de ser atendido logo em vez de ficar na fila durante a madrugada em hospital público? Os brasileiros que são mortos à razão de 171 por dia teriam direito à vida? Os amontoados na condução diária teriam direito a transporte humanizado? As pessoas teriam o direito de não ter medo de sair de casa? O suor que os contribuintes vertem lhes daria o direito de não ver seus impostos saírem pelo ralo da corrupção? Como se percebe, o respeito aos direitos humanos que agentes do estado querem impor aos jovens do ENEM, na verdade revela uma tremenda hipocrisia. O tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Eu não saberia escrever sobre isso. Em 77 anos de vida, confesso que não reúno informações suficientes para desenvolver o tema. Aplaudo os estudantes que dispunham de conteúdo para a tarefa. Eu ficaria na superfície da questão, sem conseguir mergulhar.
Enfim, sabemos todos que a escolha de uma profissão não é questão de cor da pele, ou de currículo, mas de vocação. Será que o ENEM consegue sugerir a vocação com esses exames de múltipla escolha? Que poder tem o ENEM sobre milhões de brasileiros que querem galgar o curso superior! Apagam-se as idiossincrasias regionais, inserem-se as ideologias da moda - e depois ficamos nos últimos lugares nas classificações mundiais de ensino. Atrasados, os portões vão se fechando.
DINHEIRO EM BANCO FALIDO PODE SER DE PETISTAS
Autoridades portuguesas investigam se pertencem a políticos brasileiros ao menos parte dos 40 milhões de euros (R$153 milhões) abandonados no Banco Espírito Santo (BES), que faliu. Os titulares dos investimentos não apareceram. A Comissão de Liquidação os procura desde agosto de 2016. O BES mantinha relações promíscuas com próceres da era Lula, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
MENSALÃO PARA DIRCEU
Presidente do BES por 20 anos, Ricardo Salgado contou ao Ministério Público português que pagava propina mensal de R$100 mil a Dirceu.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
A “mesada” ao ex-braço direito de Lula era para ajudar a Portugal Telecom na compra da brasileira Oi, durante o governo do PT.
DINHEIRO SUJO ESCONDIDO
A suspeita é que o dinheiro “abandonado” tem origem suja. Está em outros bancos, em “contas jumbo”, cujos titulares não são identificados.
OPERAÇÃO MARQUÊS
O Ministério Público de Portugal investiga as relações de executivos do país com políticos petistas, especialmente Lula, na Operação Marquês.
Claudio Humberto
UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS
-Pai! Cadê a foto da Dilma que estava na sala?
-Vamos receber visitas de gente honesta filha. Achei
melhor não provocar.
UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS
-Mãe, pra toda essa maquiagem? E esse vestido curto?
-Meu filho, a época das boquinhas do nosso PT no governo
acabaram; seu pai não arruma emprego nem de vigilante. Só me resta abrir as
pernas!
UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS
-E aí pai, vai visitar o amigo Zé Dirceu agora solto?
-Sei não. Existe o perigo dele ser preso novamente e eu ir
junto.
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