domingo, 29 de janeiro de 2017

DONO DO TEMPO

 Ano 3.050. João saiu para o quintal e observou nuvens carregadas, céu escuro, prenúncio de fortes chuvas. Foi até a máquina na sala e contrariado viu que estava programada para ambiente de chuvas torrenciais. Trocou para o canal tempo bom e um límpido céu azul surgiu sobre a residência. Gritou- ”Crianças, podem brincar no quintal, não irá chover! Troquei de canal!"

DE CORAÇÃO GRANDE

Mauro, menino bom, pena que morreu jovem. Quando os médicos abriram o seu coração tinha lá 250 gentes, 82 bichos e mais uma dúzia de donzelas.

CASAMENTO

Estando fora
Deseja estar dentro
Dentro
Quer estar fora  a todo o momento
É assim para muitos
Que funciona o casamento.

CRUZES AVESTRUZES!

Cansadas da vida monótona as irmãs minhocas Anita e Alice decidiram empreender viagem até o Japão. Malas prontas partiram para a terra do sol do oriente no clarear do dia. No início da jornada a terra era quente e úmida. Não sabiam elas dos oceanos, acreditavam que ir até o Japão era como visitar o bairro Liberdade em São Paulo. No terceiro dia de viagem o GPS deixou de funcionar e elas se perderam. Quando saíram da terra para saber onde estavam tomaram um grande susto, pois mostraram suas cabeças num cercado com avestruzes dentro de um zoológico. Tiveram sorte que nenhum dos pernas compridas as observou. Voltaram rapidamente para dentro da terra e depois de refeitas do grande cagaço resolveram voltar para casa. Foram recebidas pelos parentes e amigos, não parando um segundo de contar da grande aventura. O certo que a vida das de Anita e Alice ganhou um novo sentido e a vida monótona no minhocal se tornou um grande prazer. Cruzes avestruzes!

CLIDE, O VERME

Clide era um vermezinho bem estúpido, sem papas na língua, porém não tinha essa visão de si. Formado e de canudo na mão, cheio da empáfia, deixou de morar no cemitério e colocou-se numa funerária, abandonando os próprios pais. Não pesquisou o suficiente para saber que nela funcionava também um forno crematório. Pois embarcou no primeiro corpo que apareceu e no melhor da degustação foi ao fogo. Labaredas! Labaredas! Teve vida curta, Clide, o vermezinho estúpido.

A CABEÇA

Perdi a minha cabeça
Infelizmente não para uma louca paixão
Nem por insanidade
Ainda fosse numa discussão na taverna
Porém nada disso aconteceu
Perdi a minha cabeça
No fio de uma guilhotina fria
Numa tarde de sombras
E agora parto
Dentro de um cesto
Solitária sem meu corpo.

SENHOR AMADEU

Um senhor chamado Amadeu chegou até a secretária do diretor da fábrica número doze dos Biscoitos Amadeus e solicitou uma entrevista. Depois de quatro horas ainda estava lá. No outro dia antes da sete da manhã o tal senhor Amadeu estava na fábrica apresentado o novo diretor à antiga secretária.

PRAIA

“Para um imbecil pisar na areia limpa não é legal. Precisa encher ela de lixo para sentir-se em casa.” (Mim)

SONHOS

Heraldo foi dormir cheio de sonhos. Acordou com a cama infestada de formigas.

OS MÁGICOS

Dois mágicos caminhavam por uma estrada quando se armou um temporal daqueles. O primeiro deles fez surgir do nada um guarda-chuva. Rio com sua façanha. O outro riscou o céu com sua caneta de fada e escreveu “céu azul”. O primeiro teve que fechar seu guarda-chuva e seguir a pé. O segundo seguiu viagem nas asas de Pégaso.

“No fel da vida real às vezes é preciso jogar um pouco de mel senão ninguém irá nos suportar.” (Filosofeno)

“Quem me viu quem me vê, agora bem maior.” (Fofucho)

NO POÇO

No interior de Garanhuns, num lugar perdido e desabitado há um poço que do seu interior saem gemidos e lamentações. A notícia chegou à capital depois de um bom tempo.. A imprensa toda soube e mandou verificar. Foi lá que jornalistas pernambucanos encontraram escondida dentro do poço a vergonha na cara do Lula.

VILA TRISTEZA

Na terra de gente triste tristeza é o material que não falta. Pelas ruas de Vila Tristeza não se ouve sorrisos de crianças e o cantar dos passarinhos. Música é algo que não se escuta. Não se ouve também a bola quicar nos campinhos de terra e o alegre tagarelar das comadres no final de uma tarde de verão. Andorinhas não voam perto dela, temendo perder seu trinar. Na Vila Tristeza como o nome já diz, uma tristeza chorosa tomou conta de todos; até as flores são aborrecidas e sem cores. Um viajante que por ali passe não receberá por certo um comprimento de bom dia ou um sorriso amável; apenas o frio distanciamento de seres que vivem num mundo estranho e sem nenhum calor humano. Quando a noite chega todas as janelas e portas se fecham, o mundo coletivo que pouco existe durante o calor do sol deixa de existir por completo, é cada um por si. Na pequena vila impera o orgulho e todos são donos da verdade.

ENCHICLETADO

Naquele tempo os clientes de banco ficavam em pé nas filas. Parado na fila do banco e vestindo um casaco amarelo surrado, um homem ruivo aguardava com impaciência para ser atendido pelo caixa. Apertava suas mãos e fazia ritmo com o pé direito. O primeiro na frente voltou-se silenciosamente e olhou para ele severamente como que pedindo "tenha paciência". Mas ruivo mastigava um palito de fósforo e bufava como um touro bravo. Será que iria perder o trem? Assim como o vento que sopra de repente, sem mais nem menos tirou do bolso um cotonete usado e o cravou nas costas da primeira pessoa que estava na sua frente. O homem atacado gritou desesperado e caiu desmaiado. O guarda do banco presenciou o ataque e reagiu prontamente. Tirou da boca um chiclete que mascava e o arremessou contra o bandido com força arrancando parte do crânio. O assassino tombou, disse algumas palavras sem nexo e morreu assim, cercado de pessoas silenciosas e devidamente enchicletado.

UMA NOVA VIDA

Naquele dia Arnaldo estava um traste. O céu era marrom, a saliva tinha fel. Queria um abismo só para chamar de seu. Chegou em casa e foi direto para o canil. Mandou o Duque para dentro da residência e se deitou na casinha do cão. Espreguiçou-se, lambeu os beiços e passou a roer um osso. Antes da meia-noite já estava latindo para os passantes.

“Um semblante sério pode não dizer nada. Por detrás dele talvez se esconda um falsário ou coisa pior.” (Filosofeno)

“Tive uma infância bem miserável. Enquanto os amiguinhos chupavam picolé eu chupava o palito.” (Climério)

TÍMIDO

No primeiro encontro
Ao tímido
Sobram dedos
Faltam narizes e orelhas para coçar
Além de bolsos onde enfiá-los.

ZULEIKA

Atrás da porta
Lá estava ela
Marrom Zuleika
A lagartixa de parede
Degustando uma baratinha
Olhou para mim com atenção
Como querendo dizer
Veja só amigo
Como sou boa e limpo a sua casa.

“Só Jesus salva. Salva os urubus de pegar no pesado.” (Mim)

“Ainda não sei se todo velho é chato ou se todo chato é velho.” (Nono Ambrósio)

“Na vida nada me surpreende. Conheço até cornos felizes.” (Mim)

“Um milhão de amigos? Vai sonhar assim no inferno!” (Mim)

“Eu e Claudia tivemos bons anos de amor e ternura. Quando ela me conheceu bem pediu o divórcio.” (Climério)

“A gula é pecado? Se for pecado, é dos bons.” (Fofucho)

FOFUCHO

“Os gordos como eu são péssimos amantes. Não pulamos janelas e nem conseguimos nos esconder em guarda-roupas.” (Fofucho)

Não desejo mentiras na minha lápide. Escrevam apenas: “Nem para um completo canalha se prestou.” (Climério)

“Ser pai muitas vezes é pensar na obra e se arrepender.” (Mim)

“Ser filho é não querer beijo da mãe após completar 10 anos. Mas da filha da vizinha já quer de língua.” (Mim)

NONO AMBRÓSIO

“Apareceu uma vizinha se fresqueando e o Nono tomou Viagra para comparecer. Porco can! O documento continuou mole , mas o rosto ficou num vermelhidão que parecia pimenta malagueta.” (Nono Ambrósio)

“Cada povo com seus calos. Os nossos são do tamanho do Everest.” (Mim)

EXPLORADORES

“Antigamente os exploradores de mentes ingênuas eram poucos. A Católica e mais uma meia dúzia. Hoje são centenas de entidades. O dízimo é perseguido por bocas grandes.” (Toninho extrema-unção)

“São muitos os caminhos do senhor e todos levam até o nosso bolso.” (Climério)

“Quando a mulher pede um tempo para você é porque o seu tempo com ela já acabou.” (Climério)

“Quando ela diz ”te ligo amanhã”, porém nem pediu o seu telefone, espere deitado.” (Climério)

ORAÇÃO 2

“Ave Maria cheia da graça passe no caixa e roube todo o dinheiro da católica para mim.”

ORAÇÃO

“Pai nosso que estais no céu levai todos os cristão até aí e deixai para esse pobre ateu todo o dinheiro do Vaticano. Amém.”