
segunda-feira, 29 de abril de 2019
A VACA
BARROSA
O alemão Franz Bertoldo vivia no Vale das Flores,
lugar lindo que só, verdadeiro paraíso na terra. Acordava todas as manhãs, fazia fogo e então
corria para ordenhar a vaca Barrosa. Recolhia e bebia a mesa o leite espumante
e fresco todas os dias, inclusive aos domingos. Naquela manhã distinta de
dezembro não saiu o esperado leite das tetas da vaca, mas sim um outro líquido
claro de boa aparência e também espumante. Que será? –Pensou. Bertoldo bebeu um
gole, gostou, se deitou debaixo da Barrosa e bebeu direto na fonte. Saiu dali
tonto e feliz, com um sorriso radiante. No outro dia juntou economias e foi comprar
uma nova vaca leiteira. A boa Barrosa ficou na produção de cerveja para alegria
geral da família.
O ANTRO
Tardinha de sexta-feira. Sala no subsolo. Ambiente
enfumaçado, conversas em voz baixa, sujeitos mal-encarados e outros nem tanto,
todos bafejando álcool em grande estilo. Políticos, assaltantes, traficantes,
proxenetas, jogadores e algumas prostitutas. Só cidadãos de primeira linha. Ali
se reunia a catrefa para planejar novos golpes e maldades embalados por todos
os tipos de drogas. Assim do nada tlac tlac tlac tlac...tlac tlac tlac...tlac
tlac..tlac. Um pequeno cubo mágico rolou pela escada. Então, TRANSFORMERS
JUSTICEIRO!!
Não sobrou nem mesmo o barman.
O HOMEM FOGO
Não havia ninguém lá além dele. O branco da neve
cobria tudo, da ponta dos pés ao horizonte longínquo. Carlos Kiefer, o homem
fogo estava cansado depois de décadas de palco, labaredas e público. Ovacionado
quase sempre e às vezes vaiado quando o fogo era pouco. Tinha setenta anos e
estava só, a velha companheira havia partido há dois anos. Carlos gostava de
extremos, fogo e gelo. O fim estava próximo, a saúde debilitada e o bolso
vazio. Ergueu pela última vez os olhos
para o céu cinzento e jogou-se num buraco na neve, levando dois litros de
vodca, dez limões e um quilo de açúcar.
O VELHO INÁCIO E O DIABO
Noite escura e temporal daqueles, luzes piscando e
o vento zunindo. O velho Inácio está sozinho em casa. Batem. Ele atende, na
porta está um sujeito vermelho, com chifres e rabo.
-Inácio Brandão?
-Sim.
-Sou o diabo, vim para levá-lo.
-Você disse quiabo? Que nome estranho!
-Não é quiabo, é diabo!
-Pois é o que estou dizendo, quiabo! Mas que tipo
de quiabo?
-Você não vê que sou vermelho, tenho chifres e rabo
pontudo?
-É fantasia? Muito bem feita.
-Velho tonto, eu venho do inferno, o reino do fogo
eterno.
-Entendo que o senhor vem do inverno, e inverno é
fogo mesmo. São Joaquim?
-Duro de entender, não é?
-O quê?
-Que sou satã.
-Maçã? São Joaquim terra da maça? É isso? Mas o que
é que o senhor quer aqui em São Paulo? Está vendendo maçã?
-Deixa para lá. Vai para o céu seu velho filho da
puta!
E o diabo se mandou enquanto grossa chuva caía.
Assinar:
Postagens (Atom)
-
“Eu também só uso os famosos produtos de beleza da Helena Frankenstein. ” (Assombração)
-
“Vó, a senhora já ouviu falar em algoritmo?” “Aldo Ritmo? Tive um vizinho que se chamado Aldo, mas o sobrenome era outro.”
-
BABY LAMPADA Coisa própria da juventude; o afobamento, o medo do futuro, não ter o apoio da família; tudo isso faz do ser inexperiente ...