sábado, 17 de junho de 2017
QUEM PROCURA ACHA
Erni
procurava lugar para bebericar de graça, mas já estava muito bêbado. Entrou
então numa capela onde se realizava um velório e aprontou o maior rebuliço.
Mesmo sem ouvir música alguma achou que era uma festa e foi tirando a viúva
para dançar. Não contente foi para cima do defunto derrubando velas e
castiçais. Levou uns petelecos e foi
atirado num canto pelos parentes do morto. Quando apareceram os homens da
Brigada Militar não se conteve e gritou: Viva! Finalmente o conjunto chegou!
Levou mais dois sopapos e acordou detrás das grades já curado do porre. Foi
então liberado e já na primeira esquina tomou uns goles e aprontou novamente,
ofendendo os presentes e querendo briga com o dono do boteco. A boca em que se metera
era brava, levou dois tiros e virou finado.
RENOVAÇÃO
Manuel,
setenta e cinco anos. Morava ele numa chácara em lugar ermo. Viúvo e com um só filho
que estava na prisão , não tinha telefone, TV e nem vizinhos. Gostava de viver
assim, amigo da solidão. Nunca ficou doente, não ia ao médico. Naquela noite
repousava ao entardecer na cama quente. Fora das cobertas o frio era intenso.
Na madrugada o corpo quente foi ficando frio e finalmente gelou. O defunto
ficou abandonado na cama por alguns dias e ninguém notou sua falta. Ou melhor,
o gato Bidu sentiu, mas também morreu logo, não de frio, mas de fome. Sem
receber visitas, quem achou o cadáver do velho e levou um grande susto foi o
funcionário do banco que lá foi, triste ironia, para renovar seu seguro de
vida.
A SOGRA, O GENRO E O CACHORRO
O cachorro
Beni pastor alemão do Arnaldo mordeu a sogra no calcanhar e ela acabou
morrendo. O cachorro foi fechado no
canil para futura avaliação. No velório mais de mil pessoas estavam presentes.
Um conhecido comentou com Arnaldo como ela era amada pelo povo da cidade. A resposta
do genro: “ Pois eu conto que dessas mil pessoas aqui presentes, cem vieram
pela minha sogra, oitocentas e noventa e oito estão aqui com propostas para
comprar o cachorro; os outros dois são do Butantã e estão querendo levar o
corpo da velha.”
ABUTRES
Dois
abutres armados rondam por horas as casas no Belvedere. Estacionam o automóvel
e observam como agem os proprietários de belas residências. Quem entra e quem
sai, descuidado, não descuidado. Então naquela tarde uma mulher deixa o portão
aberto. Os abutres entram de armas nas mãos. Observam todos as salas, não
encontram vivalma. Acham estranho, mas vão em frente. Procuram pelo cofre,
vasculham até encontrá-lo. Um dos gatunos é especialista, em poucos minutos
consegue abri-lo. No cofre não encontram joias e nem dinheiro, tampouco
documentos importantes. Dentro do cofre há apenas uma foto da progenitora dos
meliantes dando de mamar para dois marmanjos no corredor de um bordel.
CONTANDO
Desde cedo da
manhã o velho seu Zacarias sentado na porta da igreja contava um, dois, um,
dois, um, dois. Passou Antenor e pediu: Por que um, dois? Seu Zacarias olhou
para ele; um, dois, três... um dois, três...um, dois, três...
SEM SEGREDO
Na tarde de
ontem Reginaldo seguiu sua mulher e então descobriu que era corno. Como nunca
gostou de segredinhos foi até a uma serigrafia e mandou estampar em seis
camisetas ‘EU SOU UM CORNO’. Á noite convidou os amigos para uma festinha e
anunciar a entrada no clube. Na manhã de hoje comprou um capacete viking e
plantou uma placa no jardim da casa ‘AQUI MORA UM CHIFRUDO APAIXONADO’. Como ela é uma safada bem bonitinha já tem
vizinho perguntando quando a moça pretende plantar mais um galho na testa do
feliz.
O DEFUNTO INDIGNADO
Morreu Inácio
Gomes. Velório grande na comunidade. Coroas de flores de lotar estádio de
futebol. Mas acontece que os Gomes não
gostam dos Fagundes nem perto, nem longe. Pois até os Fagundes vieram prestar
condolências. Pois não é que o defunto pulou do caixão e de dedo em riste
disse: “Se é para ser velado até pelos Fagundes, eu não morro mais!”- E dito
isso saiu porta afora esbravejando contra tudo e todos.
TRANCAFIADO
A chave que
não prende o mau
Prende o bom
em sua casa
Impossibilitado
diante da maldade crua
De sair em
paz à rua
Fica o manso
ausente de livre admirar o céu
Aborrecido
por não poder cortejar a lua.
SEM BUTIRÁCEO
Mesa
posta no meio da tarde
Serve
pão seco e café preto doce
Nenhum
butiráceo cobrindo o pão seco
O
certo é que quando a fome é grande
Pouco
importa o engasgo.
SUSPEITO
O jornal diz
Que o suspeito matou a vítima com seis
tiros
Diante de vinte e cinco testemunhas
Gravação em vídeo
Pego ainda com a arma na mão
Mas o jornal repete que o elemento é
apenas suspeito
Diante de tanto absurdo
Digo que suspeito mesmo é o jornal.
ARRE
Deveríamos proibir em todo o
território nacional
A conjugação do verbo roubar
Pois a sua prática contumaz nos altos
círculos
Repulsa e nos faz vomitar.
FILTRO
“Há tantos modismos
por aí, coisas fúteis sem pé nem cabeça que nada acrescentam para nossas vidas.
É necessário filtrar informações, escolher bem o que vamos ver e ouvir, senão a
vida passa e acabamos não aprendendo nada.” (Filosofeno)
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