sexta-feira, 4 de julho de 2014

‘Vejo, mas não creio’


Oliver comenta a queda do viaduto incluído no PAC da Copa: ‘Vejo, mas não creio’

VLADY OLIVER
Sou engenheiro civil. Não atuo na profissão, embora ela ainda atue em mim em diversas ocasiões. O episódio da queda do viaduto em Minas, nesta quinta-feira, é um episódio tão acabado de pusilanimidade que fica difícil olhar e não ver que tipo de agentes públicos concorrem para nos matar. Começa pelo fato de que um canal jornalístico da tevê paga exibiu por quase duas horas imagens de helicóptero da região e do resgate. Aliás, que resgate? Vieram informações de que bombeiros teriam falado com o motorista do automóvel soterrado por alguns minutos, mas ele teria parado de falar.
Ao tentar achar mais informações sobre o caso, me deparei com o show de vigarice dos “técnicos” e “autoridades”, que teriam descartado, há dias, a queda do viaduto que se confirmou hoje. É impressionante. Pergunte se há macacos hidráulicos na obra, se alguma equipe foi escalada para fazer uma incursão na “caixa” estrutural do viaduto e furá-lo para conseguir acesso às vítimas. Nada. Duas desesperadoras horas de um helicóptero dando voltas no acidente, mostrando claramente que não havia nenhum procedimento de resgate em curso naquele momento. Danem-se os mortos. Foram só dois até agora mesmo. Melhor não tivessem escolhido passar numa obra tão picareta bem na hora do seu desabamento, não é mesmo?
A situação de paralisia em que se encontram certos serviços públicos realmente é aterradora. O espetáculo da vigarice, da inépcia, da descaso com a vida, da empulhação e da irresponsabilidade chega a enojar. Lembrei imediatamente do incêndio da Boate Kiss: os bombeiros cuidavam de fechar o trânsito enquanto os próprios estudantes se matavam para tentar salvar os colegas. Como afirmei na época, os extintores que faltaram na tragédia deveriam estar na piscina da casa do prefeito. Hoje esta amarga sensação me toma de novo, me enchendo de indignação.
Eu deveria ter um grande futuro numa rede de televisão carioca. Um dia, no entanto, um episódio como este mudou minha percepção de Rio de Janeiro. Um homem foi atropelado bem diante do lugar onde eu costumava jantar, justamente porque ali havia um posto da polícia, em Ipanema. O cara ficou agonizando na chuva, na nossa frente. Um rapaz chegou ao local e tentou fazer os primeiros socorros, mas foi impedido pelos policiais, que se limitaram a desviar o trânsito para que o atropelado não fosse atropelado de novo. “Sou enfermeiro e ele está morrendo”, gritava o indignado transeunte. Não adiantou nada.
Mais de meia hora depois, quando chegaram os paramédicos, já não havia nada a ser feito. Aquilo foi tão gritante que resolvi que dinheiro, fama e talento não valiam nada diante da possibilidade de morrer como um indigente estirado numa rua qualquer da cidade não tão maravilhosa assim e sem socorro. Voltei para São Paulo e recomecei minha vida. Hoje, a idade me faz ter uma ou outra crise de apneia, de quando em vez. E me vejo esmagado por um automóvel, ou soterrado vivo, sem poder respirar ou tomando um caldo numa onda gigante.
Por sorte, os momentos de pânico duram pouco e têm tratamento. Já morrer lentamente pela inépcia generalizada, debaixo de toneladas de concreto e nenhum socorro deve ser uma agonia miserável. Tão miserável quanto as autoridades que liberaram o elefante para cair na cabeça dos passantes. Aposto que o concreto que faltou para o sustento da trapizomba pode ser encontrado nos jantares elegantes, nas festas e cerimônias bancadas pelos orçamentos dessas obras feitas para inglês ver caindo. Este país definitivamente anda um lixo. Quando anda.

As elites vermelhas

Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho ‘nós contra eles’, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a ‘Carta aos brasileiros’ para ganhar a eleição


Lula inventou uma bizarra luta de classes, em que não são os pobres que odeiam os ricos por sua opressão, exploração e privilégios, são os ricos que não suportam que os pobres comam, tenham um teto e, suprema afronta, viajem de avião pagando em dez vezes. E não se contentam em explorá-los e desprezá-los, amam odiá-los, logo eles, que vão consumir os bens e serviços que os ricos produzem para ficarem ainda mais ricos. Isso não é coisa de rico, é de burro, e Lula, rico, de burro não tem nada.

Com o país vivendo uma era de prosperidade desde o Plano Real, os três governos petistas não só tiraram milhões da miséria e alçaram milhões da pobreza à classe média, como criaram uma nova classe de ricos, ocupando milhares de cargos no governo, nas estatais, nos estados e nas prefeituras. É o pleno emprego, partidário.

Apenas com os altos salários e vantagens, sem falar nas infinitas possibilidades de intermediações, roubos e achaques, são legiões de novos ricos que formam uma “elite vermelha” — que ama os pobres, mas adora o luxo porque ninguém é de ferro, e não xinga presidentes, a não ser Sarney, Collor e FH. Nos anos 60, havia a “esquerda festiva”, mas hoje a esquerda é profissional. É o povo no poder… rsrs.

Pior do que ser pobre, que pode ficar rico, é ser burro, que não vira inteligente, ou fanático, para acreditar nisso. Mesmo rico e inteligente, Lula não está percebendo que velhos truques não estão mais funcionando — e está difícil criar novos bordões e bravatas. Essa de odiar os pobres não colou, porque os ricos agora “é nóis”. Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho “nós contra eles”, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a “Carta aos brasileiros” para ganhar a eleição.

Doze anos de governos de um partido, até de bons governos, de qualquer partido, produzem profundo e inevitável desgaste e provocam desejos de mudança no eleitorado que progrediu nesse tempo, que está mais informado e exigente, e quer mais e melhor. Mas quando um governo é mal avaliado, com crescimento baixo e inflação alta, vítima de seus próprios erros...

É o eles contra eles.

“Quando a bajulação é exagerada, cuide dos bolsos.” (Filosofeno)

“Algumas mentiras são tão explícitas que nem mesmo a mãe do sujeito acredita. E o mentiroso fica sério igual freira na Sexta-Feira Santa.” (Mim)

“Sou um cão, não uma criança. Por favor, nada de casaquinhos de lã.” (Bilu Cão)

"O vírus da vadiagem contemporânea está disseminado. O negócio agora é deitar, esperar o tempo passar enquanto se aguarda o dia de passar no banco para receber. O feijão? Não pensei nisso. Boa pergunta: Quem irá plantar e colher o feijão?"

“Certo dia meu pai quis saber o que fazia um Contra-regra de necrotério. Disse para ele que minha função era fazer barulho para deixar os mortos bem acordados antes do sepultamento.” (Chico Melancia)

Um dia o meu pai disse: “Filho meu não entra mais em casa sem ter a Carteira Profissional assinada.”-Pois assinei e carimbei com salário de dois mil por mês. Função: Contra-regra de necrotério. O pai gostou. (Chico Melancia)

“O tempo é o melhor remédio para tudo, inclusive para o remédio.” (Mim)

...E como diz seu Anísio, lombo intacto, mas aposentado do serviço público federal aos 35 anos de idade por excesso de gases matinais, que hoje mora na praia do Sonho e curte o mar à sombra das palmeiras: “O trabalho é que danifica o homem.”

“Dilma é a mulher que eu jamais iria querer na minha vida. Infelizmente não deu, entrou pelo voto.” (Pócrates)

"O símbolo do governo Dilma deveria ser o Zé do Caixão." (Mim)

MÃE? NÃO!- Dilma é a madrasta do PAC.

“Amigos que se chateiam ao ouvir um não, talvez não sejam amigos, apenas aproveitadores.” (Filosofeno)

“Filhos não devem ser bajulados. Que recebam amor e disciplina na medida certa. Bajulados pelos pais eles inflam como enormes balões que depois ao bater-se contra os espinhos da vida explodem, murcham e só então conhecem a própria realidade.” (Filosofeno)

“Alguns pais são loucos. Querem que o filho que não consegue nem subir numa cadeira seja alpinista.” (Mim)

“Quem lê apenas livros religiosos dificilmente verá o mundo com ele realmente é. É preciso diversificar a leitura para confrontar ideias, aprender e consequentemente evoluir.” (Filosofeno)

ELES NO PODER- Em 2003 eles entraram com uma mãozinha. Foi crescendo, crescendo e hoje é uma carregadeira de construtora de hidrelétrica.

IZÂNIO- Na encruzinhada


GAZETA DA SEPARAÇÃO- Twitter é pivô de brigas de casais, diz estudo americano

Pesquisas anteriores já mostravam impacto negativo do Facebook no casamento e nos relacionamentos afetivos.
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/twitter-e-pivo-de-brigas-de-casais-diz-estudo-americano

Correio do Fogo Amigo- Governo do Rio de Janeiro critica 'intervencionismo' na Petrobras

Secretário de Desenvolvimento do Rio, Julio Bueno critica gestão 'eleitoreira' e afirma que sobrecarga pode 'asfixiar' a empresa com congelamento de preços.

PT, a infelicidade ao alcance de todos.

Exposição de dirigentes petistas: Parque dos Dinossauros

Espero por um novo governo para que possamos novamente olhar para o futuro com esperança. Com esta gente só vislumbro escuridão.Arre!

Yoani Sánchez- O gesto de Carlitos

O gesto de Carlitos

by H. Sisley
El gesto de la desidia es caracterísitico entre los jóvenes. (14ymedio)
YOANI SÁNCHEZ, La Habana | 01/07/2014
Lembro-me dele assim, recostado sobre a mesa com a cabeça inclinada e o olhar ausente. Carlitos tinha apenas vinte anos e toda a sua gesticulação tinha a falta de vontade de quem tinha vivido muito. Aquele jovem acabou emigrando – como tantos outros – e suponho que em sua nova vida haja pouco tempo para deixar as horas passarem reclinado e aborrecido. Contudo, continuo vendo por todos os lados essa imagem física da apatia e da falta de projetos pessoais. É como se o corpo falasse e, com sua postura, dissesse o que tantas bocas calam.
Quando algum dia se fizer o glossário da linguagem corporal cubana, haver-se-á que incluir esta pose de “queda nos abismos do nada”. Esta aparência de derrotados de antemão que muitos jovens como Carlitos e não tão jovens deste país transmitem. É o fastidio ao mover as mãos, a lentidão das pálpebras, a permanente sonolência e certo relaxamento nos lábios que apenas articulam palavras com negligência, quando não são expressas apenas como monossílabos. O relógio que avança e não importa. A vida que passa e tampouco importa muito, o país que nos escorre por entre os dedos e importa a menos gente ainda.
Enquanto os próceres se alçam altivos em seus pedestais de mármore, a realidade nos encontra arqueados, cansados e escorados no primeiro móvel que encontramos pela frente. O grito surdo do desinteresse? Não sei, porém por todos os lados existem estas poses que transparecem falta de sonhos pessoais e nacionais.
Tradução por Humberto Sisley

A desabamento do viaduto de Belo Horizonte e a engenharia política

Caros leitores,
Eu não gosto dessa história de “evento simbólico” porque o simbolismo nunca está nos fatos, mas na cabeça de quem os vê. E quase sempre se trata de uma distorção. Assim é com o desabamento do viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, que matou duas pessoas nesta quinta-feira. Se o Brasil já tivesse sido eliminado da Copa, ele seria considerado, então, um símbolo do desastre futebolístico; caso a Seleção Brasileira seja derrotada nesta sexta (toc, toc, toc), será tomado como um prenúncio; caso derrote a da Colômbia — bem, aí será apenas um viaduto que caiu em razão, certamente, de um erro de engenharia, com ou sem dolo. Que erro há, isso é evidente. Seguidas as leis da física e da matemática e respeitadas as características do terreno e dos materiais, obras não caem.
Há, sim, uma evidente ironia macabra no episódio — e não é por acaso que a presidente Dilma Rousseff correu para emitir uma nota de solidariedade às vítimas, lamentando o ocorrido: o viaduto integrava o pacote de obras de mobilidade para a Copa do Mundo, financiadas pelo PAC. A avenida em que se encontra a obra, a Pedro I, é uma das ligações entre o aeroporto de Confins, na região metropolitana, e o centro de Belo Horizonte. Não ficou, como se sabe, pronta a tempo — o que ocorreu com boa parte das intervenções do gênero. Outra parte nem saiu do papel.
Os chamados “ganhos permanentes” com a realização da disputa no Brasil são muito pequenos em razão da incompetência do poder público, muito especialmente do governo federal. Se o evento teve algum efeito na economia brasileira, foi, como revelam os números, negativo. Na próxima terça-feira, o Mineirão abriga um dos jogos da semifinal da Copa. Se a Seleção Brasileira vencer a da Colômbia nesta sexta, realiza no estádio o seu sexto jogo no esforço de conquistar o hexa. Num outro momento, a tragédia poderia ter assumido proporções verdadeiramente dramáticas.
Um símbolo concentra as características de uma realidade mais ampla e, quando visto ou evocado, a ela remete. É evidente que o viaduto que desabou não será tomado como a imagem do Mundial de 2014, disputado no Brasil. Esse desabamento é, isto sim, um sintoma de como se fizeram as coisas, especialmente no que diz respeito às ditas obras de mobilidade, os únicos benefícios reais com os quais os brasileiros poderiam ter sido contemplados e que, com raras exceções, foram abandonadas, ficaram no meio do caminho ou foram mal e porcamente planejadas.
Também a Fifa, a exemplo de Dilma, ficou preocupada com o acidente e correu para colher informações a respeito, temendo a eventual repercussão negativa mundo afora. Em momentos assim, muita gente se mobiliza para tentar salvar ao menos as aparências. Sim, acidentes acontecem, como é sabido. Não é o primeiro numa obra ligada à Copa do Mundo. Mas não é corriqueiro que ela toda venha abaixo em plena realização do torneio. A engenharia brasileira é competente e sabe construir viadutos que parem de pé. O nosso problema segue sendo de engenharia política.
Esse erro mata muito mais.
Por Reinaldo Azevedo