sexta-feira, 10 de julho de 2015

O TROFÉU ÓLEO DE PEROBA SUPER DA SEMANA VAI PARA O PETISTA DELCÍDIO AMARAL.

O petista está observando um ambiente nazista no congresso. Dizer não ao PT mostrar a podridão e os malefícios da corrupção agora é nazismo.

Como a Alemanha esqueceu os horrores do comunismo

Como escolhi a escola dos meus filhos

Como escolhi a escola dos meus filhos

Nos últimos dois anos, culminando no fim do ano passado, eu e minha mulher passamos pelo processo angustiante de escolher a escola em que nossos filhos estudarão. Ao longo dos anos, muitos leitores e conhecidos me perguntam onde meus filhos estudam, e, ainda que ache que a escola que escolhemos é pouco relevante para terceiros, por motivos que explicito a seguir, talvez o processo que trilhamos ajude quem está nessa encruzilhada.
O cenário é bem distinto dependendo se o aluno cursará uma escola pública ou privada. Para os pais que matricularão os filhos em escola pública, a sugestão é simples: matricule seu filho na escola com o Ideb mais alto que você conseguir. Como o currículo é teoricamente igual em todas as escolas da rede, o Ideb é o melhor indicador da qualidade da instrução que a escola oferece. Ele é medido para o 5º e o 9º anos, o que permite dar uma boa ideia da qualidade ao longo do Ensino Fundamental.
Para quem pode mandar o filho para uma escola particular, a escolha é um pouco mais complicada. O único indicador objetivo e externo de qualidade é o ENEM (escolas particulares não participam da Prova Brasil e, assim, não têm Ideb). O ENEM é um teste feito para medir o aprendizado do aluno, não a performance da escola. No Estado de São Paulo e em alguns outros em que até recentemente as universidades públicas não usavam o ENEM em seu processo seletivo, muitos alunos dos colégios top tinham pouco incentivo para ir bem no teste, o que reduzia a média da escola. Outro problema do ENEM é que ele só avalia o aluno no último ano do ensino médio. É possível, ainda que pouco provável, que uma escola manipule a entrada de alunos em seu último ano selecionando alunos excelentes, o que faz com que uma escola ruim apareça bem na foto por na verdade ter arregimentado os melhores alunos (digo que isso é pouco provável porque é difícil que os melhores alunos optem por uma escola ruim).
Tudo isso, porém, é de relevância menor, porque o fato que vem sendo demonstrado inescapavelmente pela pesquisa há décadas é que o impacto da escola sobre o aprendizado é menor do que a maioria dos pais imagina. Cerca de 80% da variação de desempenho escolar dos alunos é explicada pelas condições econômicas e, especialmente, culturais/educacionais de seus pais. À escola cabem os outros 20%. Não que isso seja pouco relevante: em um cenário muito competitivo, mesmo 5% de diferença na formação pode fazer a pessoa entrar ou não na universidade ou no emprego dos sonhos. Mas a escola tem menos poder de mudança do que os pais imaginam.
Por isso, minha recomendação principal aos afortunados que podem escolher onde o filho estudará é: prefiram a escola cuja proposta e valores mais se encaixem com aqueles da família. Não existe “a melhor” escola; existe a melhor escola para a demanda daqueles pais. O importante é saber qual o foco principal. É o lado acadêmico? A formação religiosa? É ser bilíngue? É a preparação para a cidadania? O desenvolvimento da criatividade? A segunda coisa importante é saber que nenhuma escola vai alcançar a excelência em todas essas dimensões. Porque o tempo letivo é finito; toda escola tem prioridades. Cabe aos pais saber o que procuram – e ficar de olho aberto em relação às escolas que dizem ser possível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo.
O mais importante, especialmente para quem mora em cidade grande, com ampla oferta educacional, é decidir aquilo que você não quer. Ninguém consegue visitar dezenas de escolas, então o primeiro passo é filtrar aquelas que não se encaixam no que você procura.
No nosso caso, tomamos algumas decisões. A primeira é que não seguiríamos o ditado, proferido por alguns conhecidos, de que “escola boa é a escola mais perto de casa”. A escola dos meus filhos é uma decisão importante demais para ficar sujeita à conveniência do meu deslocamento. É verdade que uma distância maior entre a casa e a escola é um fator que impacta negativamente o aprendizado (fontes em twitter.com/gioschpe), mas o jeito de resolver isso é mudando de casa, não de escola. Meu avô se mudou de cidade para que meu pai pudesse estudar em escolas melhores; no meu caso, por já morar em uma cidade com muitas ótimas escolas, só preciso mudar de bairro. Decidimos não circunscrever nossas buscas a nenhuma área específica, portanto.
Por isso, minha recomendação principal aos afortunados que podem escolher onde o filho estudará é: prefiram a escola cuja proposta e valores mais se encaixem com aqueles da família
A segunda decisão importante é que buscaríamos uma escola “normal”. Eu e minha mulher somos judeus e fizemos universidade nos EUA; a maioria dos nossos amigos imaginava que nossos filhos estudariam em uma escola judaica e/ou bilíngue. Negativo. Não escolhi escola judaica porque sou um racionalista, ateu e cosmopolita. Acho que uma escola deve defender a supremacia e a universalidade do saber. Em uma escola religiosa, por mais light que seja, sempre haverá um conflito entre o dogma religioso e a curiosidade ilimitada do pensamento. Como é possível que uma escola ensine ao mesmo tempo que descendemos de primatas e de Adão e Eva? Não pode. Um dos dois está mentindo. Também acho que uma escola deve abrir portas, não construir muros. Não quero colocar meus filhos em um ambiente em que estejam rodeados de iguais, mas sim que aprendam a conviver com a diferença.
Sobre as bilíngues: ainda que seja de fundamental importância o domínio de línguas estrangeiras, não acho que essa deveria ser a principal função da escola. Há muitas maneiras de adquirir fluência em um idioma. Tanto eu quanto minha mulher nunca estudamos em escola bilíngue e entramos em boas universidades americanas. A questão relevante aqui é se o benefício da educação bilíngue compensa os custos. Quais são eles? Há o financeiro: escolas internacionais viraram grife e, como toda grife, podem cobrar um premium por suas marcas. Mais importante: há o desenraizamento. Conheço bastante gente que estudou em escola internacional e domina pouco o português, não conhece a história do país etc. E, ao mesmo tempo, não é americano, nem suíço ou francês. Fica num limbo, não é nem uma coisa nem outra. Alguém já escreveu que árvores sem raízes não dão frutos. Concordo. Espero que meus filhos conquistem o mundo, mas sabendo muito bem de onde vieram. Finalmente, o problema de muitas escolas bilíngues e internacionais é que não têm uma medição externa de qualidade. A maioria dos alunos não faz o ENEM, nem faz vestibulares concorridos. Certamente deve haver excelentes escolas internacionais espalhadas pelo país, mas é mais difícil separar o joio do trigo.
Feitas essas exclusões, como escolher, então, a escola ideal para nós? Meu pensamento foi escolher a escola que melhor suprisse aquilo que nós, pais, não conseguimos suprir, e que não se arrogasse tarefas que são de nossa alçada. Não procuramos, portanto, uma escola que dê uma educação de valores ou que esteja preocupada em “formar o cidadão crítico e consciente”: isso é tarefa nossa, da qual não abrimos mão. Procuramos uma escola forte academicamente, que desenvolva em nossos filhos o gosto pelo saber e a capacidade de raciocínio analítico. Especialmente na área de exatas, já que, se um filho meu não gostar de ler, eu vou mandar fazer teste de DNA…
Usamos o ENEM como o, primeiro corte, procurando as melhores escolas da cidade. (Usamos o ENEM, digamos, “pra valer”: descartamos uma escola que faz parte de uma rede grande e seleciona os melhores alunos de toda a rede e os concentra em uma unidade. Aí o mérito é mais do aluno do que da escola). O segundo corte foi feito utilizando os critérios acima. Selecionamos, então, três escolas para visitar e conversar com a equipe. As três me pareceram academicamente excelentes.
A primeira é muito repressora. Não permite namoros no pátio, política estudantil etc. Nós somos muito liberais e, além disso, acho que dificilmente o pensamento pode ser livre e questionador em um ambiente tão controlado. Não era a escola para a gente, portanto. A segunda é uma escola muito tradicional, linda, liberal, de altíssima qualidade. Poderia colocar meus filhos lá. Só duas coisas incomodavam um pouco. Primeiro, a maioria dos alunos é filha de ex-alunos, o que não só gera um ambiente pouco arejado como ajuda a inflar os resultados do ENEM. Segundo, é uma escola de padres, e, ainda que não fosse estritamente religiosa, essa associação com o plano superior nos causava algum desconforto. A terceira foi a que mais nos agradou. Muito rigorosa academicamente, sem ser repressora. Ótimo resultado no ENEM, especialmente em matemática, uma área em que mesmo as boas escolas brasileiras patinam. Um ambiente estimulante – salas de aula abarrotadas de livros, materiais escolares e trabalhos de alunos. Até o pátio da pré-escola, com coelhos, peixes e tartarugas, é um ambiente de estimulação, de abertura para o mundo. Havia uma consistência muito grande entre o discurso e a prática, e via-se que havia atenção ao detalhe (até o tipo de bolo que o aluno pode trazer em seu dia de aniversário é pensado. Essa atenção ao detalhe é um bom indicador da qualidade de qualquer instituição). E a grande maioria dos alunos entra na escola por sorteio. Ainda que obviamente haja um recorte por renda, já que a mensalidade não é barata, é um bom sinal: é mais difícil ter um bom desempenho acadêmico quando a origem dos alunos não é tão controlada. Essa, então, foi a escola que escolhemos, mesmo que o sorteio não nos tenha sido generoso (levamos dois anos para conseguir entrar).
Por mais que esse processo tenha sido longo e angustiante, sei que ele marca o começo dessa caminhada, não o seu fim. Pretendo ser um pai presente, que acompanha o que se passa no dia a dia da escola e discute com os filhos, como a pesquisa recomenda. Mas de casa, a distância, sem fazer a tarefa dos meninos, deixando que eles quebrem um pouco a cabeça, frustrem-se, que se esforcem muito, que entendam o valor do trabalho, da perseverança, da paciência e do foco. Pelo menos esse é o meu plano racional. Se o coração de pai vai deixar, isso eu conto para vocês daqui a uns anos.
Fonte: Veja (Edição de 19 de fevereiro de 2014)

O rei foge e a rainha só pedala

O rei foge e a rainha só pedala

No presidencialismo, o mandato é fixo, mas o poder é transitório. Em regimes democráticos, a legitimidade de investidura nasce com a vitória nas urnas, cabendo ao eleito respeitar a Constituição e cumprir as leis republicanas, desde o início do processo eleitoral até a última hora do mandato. O problema é que nem sempre o presidente é habilidoso, inteligente e responsável, podendo vir a criar agudos atritos com o Congresso e, por consequência, colocar o xadrez político em uma situação de xeque: o rei sai em fuga e a rainha só pedala.
Naturalmente, qualquer semelhança com o Brasil de hoje é mera coincidência. Todavia, como salutar exercício de pensamento, vamos imaginar o caso de um presidente arrogante, orgulhoso e prepotente que, chegando ao Planalto, passe a subjugar a legalidade vigente, fazendo o diabo para se manter no poder. Enquanto os fundamentos econômicos iam bem, tudo parecia uma maravilha. Nem mesmo a mais grave crise financeira mundial desde o crash de 1929 foi capaz de tirar o sono dos capetas. Em vez de aproveitar as oportunidades do momento, a inteligência política cedeu espaço para o populismo eleitoreiro; entre usos e abusos, a farra das contas públicas foi acompanhada pela frenética ciranda do crédito indiscriminado.
Sem cortinas, o Brasil palaciano ignora o Brasil das ruas
No meio do novo milagre brasileiro, deu tempo de acionar as caras termelétricas para ligar um poste de pouca luz. Pela reeleição, foi um festival de maquiagem, sorrisos fúteis e mentiras fáceis. Incompreensivelmente, depois da apertadíssima corrida eleitoral, o Planalto começou a criar brigas e intrigas em sua própria base de sustentação parlamentar. O que já era frágil começou a desmoronar como um castelo de areia. Em manobra de urgência, velhos caciques foram chamados do ostracismo para tentar dar um pouco de experiência para uma aparente equipe de amadores. No início, houve certa reação; passado o efeito paliativo, a incompetência administrativa do país avança em ritmo galopante, ameaçando gravemente as estruturas de estabilidade conquistada com o Plano Real.
Se tudo já não fosse o bastante, a economia entra em acentuada curva recessiva, com inflação alta, juros na ascendente e dólar nas alturas. Na outra ponta, as famílias – endividadas por uma ilusória e irresponsável política de estimulo ao consumo – têm agora que arcar com um exorbitante aumento na conta de energia, sujeitando-se, ainda, a um transporte público vergonhoso, uma saúde em frangalhos e uma educação sucateada no reino de insegurança generalizada.
Sem cortinas, o Brasil palaciano ignora o Brasil das ruas. O povo é tratado como simples mercadoria eleitoral a ser comprada no sujo balcão dos negócios do poder. O governo perdeu a liderança, o respaldo parlamentar e a própria representatividade popular. Algo precisa ser feito. Quando o presidencialismo empaca, a democracia não pode ficar de joelhos ao desgoverno imperial.
Nesse quadro desolador, o presidente da República é o grande responsável pelo desarranjo institucional da nação. Detalhe: o presidente pode ser um homem honesto, mas um governante incompetente. A questão, portanto, não é de ordem pessoal, mas de natureza política, devendo ser resolvida de forma a resgatar uma agenda factível e positiva ao país. Liderar é assumir responsabilidades, olhando com decência e verdade nos olhos das pessoas, pois só a verdade é capaz de gerar confiança, esperança e coragem para enfrentar os sérios desafios do momento.
A desordem instalada não mais pode continuar. A imoralidade reinante é uma ofensa à dignidade do povo. Quando a política fica criminosa, a lei vira uma nada nas mãos corruptas do poder. Leia o artigo 85 da Constituição federal e tire suas próprias conclusões. Qual das hipóteses previstas lhe parece mais adequada ao caso concreto?
Fonte: O Estado de Minas, 9/7/2015

“Não tenho interesse em conhecer Deus depois da morte. Ele que se apresente agora.” (Eriatlov)

O DRAGÃO ESTÁ COMEÇANDO A FICAR SEM FOGO- COMÉRCIO BRASIL-CHINA DESPENCOU 17% NO PRIMEIRO SEMESTRE

Do Baú do Janer Cristaldo- domingo, julho 27, 2014 QUANDO FILA DÁ STATUS

Entre as coisas que evito na vida, estão as filas, e já perdi muita coisa boa por causa disso. Durante meus anos de Paris, jamais subi na torre Eiffel. Por duas razões. Primeiro, considerava ser um lugar comum, típico de turista deslumbrado. Segundo, pelas filas. Quando superei o primeiro obstáculo, restou o segundo. Em uma das últimas tentativas, ainda com a Baixinha, havia filas de quatro ou cinco horas. Em uma das patas da torre, a fila era menor, previa-se duas horas. Era aquela pata por onde se sobe a pé. 

Merci bien! Verdade que, anos depois, acabei subindo. Passava por lá, e sei lá por que estranho fenômeno, havia filas de 15 minutos. Então tá. Cá entre nós: a visão do alto do Arco do Triunfo, que é bem mais baixo, é mais esplendorosa.

Há, é claro, as filas das quais jamais escapamos. Na era pré-internet, as de banco eram uma delas. Antes do real, naqueles dias em que uma mercadoria tinha o preço aumentado três vezes por dia, a fila era um inferno inevitável. No dia seguinte à vigência da nova moeda, sumiram como que por encanto.

Sempre vi fila como estigma de país pobre e subdesenvolvido. Ou praga de país socialista. Na época do comunismo, os países soviéticos eram os campeões do triste esporte. Se um russo via um fila, nela entrava sem pensar. Porque na outra ponta certamente havia algo que faltava a todos. Mas existem também as filas do supérfluo. Uma das raras filas que vi em Paris foi na Champs Elysées. Eram centenas de turistas, na maioria japonesas, numa loja de bolsas Vuiton. Todos os dias.

Em Nomade, a escritora somali se defronta com misteriosas instituição do Ocidente, o tíquete para filas. 

“Eu estava cativada pela engenhosidade do sistema. As pessoas não tinham de fazer a fila como éramos obrigados na África; eles não tinham que se enfiar, empurrar os outros ou se comportar de maneira agressiva para defender seu lugar na fila de espera. Podia-se sentar, e durante este tempo seu tíquete de alguma maneira fazia a fila por você”.

É observação de quem vive em um mundo que depende de filas. Fila é perda de tempo, ou seja de vida. Quando tenho de enfrentar alguma da qual não posso escapar, me refugio na leitura. Em suma, fila não é coisa de se gostar. Exceto talvez em São Paulo.

Desde que cheguei aqui, há 23 anos, notei um certo apreço, quase orgulho, em curtir uma boa fila, seja em exposições, shows ou restaurantes. Sem falar no trànsito. É quase com um sentimento de heroísmo que um paulistano se gaba de ir até Santos em três ou quatro horas, distância que normalmente tomaria menos de hora. Um estrangeiro se horroriza com 100 ou mais quilômetros de engarrafamento. Para o paulistano, faz parte da vida.

Minha primeira constatação desta sensação de bem-estar em uma fila ocorreu no Famiglia Mancini, restaurante na rua Avanhandava, no centro da cidade. Nos almoços de fins de semana, espera-se no mínimo duas horas para entrar. Ninguém faz cara feia. A fila é uma oportunidade de conversar, confraternizar, fazer novos amigos. Lembro de um Dia das Mães, em que 400 delas esperavam para comer, sem pressa alguma, sob um sol de rachar. Confesso ter entrado em uma dessas filas, não exatamente por vontade própria, mas para mostrar a um amigo francês nossas instituições.

Chegamos a um ponto tal de apreço pelas filas, que as pessoas as buscam como sinal de status. Leio no Estadão de hoje, em reportagem de Mônica Reolom:

Em SP, filas já são evento cultural 

Segundo a repórter, a concorrência por atrações não só faz com que paulistanos incorporem a espera como parte do passeio, como também buscam filas para postar foto na internet.

Embora fosse o meio da tarde de uma sexta-feira fria e nublada, Alexandra Sene, química de 41 anos, e o filho Mateus, de 10, já estavam há duas horas e meia em pé na calçada, esperando para ingressar no Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. "Viemos de Cotia", disse ela, ansiosa para finalmente entrar na mostra Obsessão Infinita (conhecida por exibir milhares de bolinhas), da artista Yayoi Kusama. "Só peguei uma fila parecida com essa quando Ayrton Senna morreu", lembrou Mara Marques, dentista de 42 anos que também estava com o filho, de 10.

Alexandra, Mara e as duas crianças, no entanto, já haviam feito amizade na fila e comprado pipoca e refrigerante das barraquinhas ao redor. Além disso, viraram atração: quem passava de carro ou a pé tirava foto da aglomeração que virava o quarteirão. A nutricionista Thaís Furlani, de 24 anos, brincava: "Vim para tirar foto e postar no Instagram".

Na Barra Funda, o casal Bruno Novaes, de 24 anos, e Aline Alves, de 26, atribuía às redes sociais um dos motivos por estarem há mais de 40 minutos na fila da exposição da dupla osgemeos, na Galeria Fortes Villaça. "Os amigos postam e estimulam que a gente venha. Nós também pretendemos tirar foto lá dentro", disse ele.
 

Por coincidência - ou talvez nem tanto - a Vejinha São Paulo de hoje tem como reportagem de capa "as filas que valem a pena. A revista dedica nada menos que sete páginas às melhores filas da cidade. 

Para o paulistano, pouco importa o espetáculo ou evento. O que interessa é o “eu vi, eu estive lá”. O filme pode ser um solene abacaxi. Mas é preciso vê-lo. Principalmente se for um blockbuster. Como participar de uma conversa com pessoas que já o viram sem tê-lo visto? O que mede a procura de um espetáculo já não é a qualidade do espetáculo em si, mas o tamanho da fila dos assistentes.

Sempre vi São Paulo como uma metrópole um tanto provinciana, e este apreço pelas filas confirma minha opinião. Enquanto fila é maldição em todos os países do mundo, Brasil inclusive, em São Paulo a carneirada vibra com boas horas de espera. O evento já nem é o evento, mas a fila para o evento. 

Mais um pouco, e as filas serão anunciadas como atrativo turístico da cidade. Venha entrar nas maiores filas do mundo. Que tem na outra ponta? Não interessa. O que importa é curtir a fila em si.

“Alguns cães acreditam que temos também o nosso Deus, para o qual encaminham orações e pedidos. É o Jeová-Dog.” (Bilu Cão)

“Não confio em homens que não sabem rir.” (Pócrates)

“A igreja católica assumiu de vez a cara do atraso. Com um papa mentalmente atrasado como este o catolicismo não precisa de inimigos. O perigo está dentro.” (Mim)

“Politização” é mascarar golpes para evitar queda de Dilma Rousseff. Cúmplices: TCU, TSE, PMDB, oposição e jornais

O noticiário desta sexta-feira mostra a podridão do Brasil naquilo que conta e naquilo que omite.
TCU, TSE, PMDB, oposição e portais de notícias parecem unidos na tentativa de aliviar a barra de Dilma Rousseff para evitar a sua queda.
Os portais dos principais jornais do país ignoram a reunião clandestina de Dilma com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, em Portugal, para melar a Operação Lava Jato, o julgamento das pedaladas fiscais no TCU (o advogado administrativo de Dilma, Luís Inácio Adams, já disse que poderá recorrer ao Supremo em caso de derrota do governo) e o impeachment.
A oposição – até 3 horas da tarde – não se pronunciou a respeito, em mais uma prova de cumplicidade, seja ela movida por lassidão, indiferença, lerdeza, ideologia, medo do STF ou alívio com o golpe que a exime de assumir o país.
Seis dos nove ministros do TCU – Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, Benjamin Zymler, José Múcio, Bruno Dantas e Vital do Rêgo – se reuniram na quarta-feira para combinar a estratégia de defesa de Dilma, segundo O Globo, “preocupados com a politização do julgamento, diante da possibilidade de verem a decisão ser usada para embasar um pedido de impeachment da presidente”. Nenhum deles se pronunciou sobre a “politização” da Justiça na reunião clandestina na cidade do Porto. Nenhum vai admitir que “politização” é mascarar golpes para evitar a queda de Dilma Rousseff.
Monica Bergamo, em mais uma coluna de vitimização do PT, reproduziu as “palavras de um magistrado considerado crítico ao governo”, para quem uma decisão “tão drástica” como a cassação de Dilma no TSE, “tomada por um colegiado de apenas sete juízes”, poderia ser encarada como um “golpe paraguaio”. Sobre o “golpe paraguaio” cometido por Dilma e Lewandowski em Portugal, duvido que a coluna fale amanhã, a não ser que traga mais um magistrado anônimo (ou José Eduardo Cardozo, tanto faz) para minimizá-lo, acusando a oposição de teorias conspiratórias.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse na quinta-feira que “o PMDB, a cada dia que passa, está mais distante do PT e nós esperamos que fique a cada hora mais distante e, de preferência, não volte mais a estar junto com o PT”, mas a revista Época, embora informe que peemedebistas extraordinariamente “hesitam em assumir cargos no enfraquecido governo de Dilma”, sentencia também que o PMDB vai deixar a petista sangrando até 2018.
Em outras palavras: pelos mais variados motivos, PMDB, oposição, jornais e certos ministros do TCU e do TSE se unem, na prática, para deixar Dilma impune, enquanto o Brasil fica sangrando por mais três anos.
O país apodrece avermelhado.
16 de agosto
Nem de seus cúmplices

Encontro de Dilma com Lewandowski fora da agenda é indecente e anti-republicano

Na escala técnica que fez na cidade do Porto, em Portugal, antes de seguir para Rússia, a presidente Dilma Rousseff teve um encontro reservado com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. A reunião não foi incluída na agenda oficial. Também participou do encontro o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. 

No Brasil, políticos da base aliada foram informados de que a conversa foi ampla e que incluiu entre os temas a Operação Lava Jato. Os petistas, para não variar, relativizaram a coisa: “O assunto do encontro foi o reajuste do Judiciário. Ele levou números para a presidente Dilma”, disse Cardozo. Há preocupação no Judiciário com a tendência de a presidente Dilma Rousseff vetar o reajuste do Judiciário aprovado recentemente pelo Concresso. “Mas foi um econtro casual. Estávamos em Coimbra e, como iriámos para um almoço no Porto, marquei essa conversa”, justificou Cardozo. 
Sei… O PT é mestre na arte dos “encontros casuais”. É um tal de lobista se encontrar com empreiteiro “casualmente”, de “pixulecos” aparecerem na mochila de tesoureiro petista “casualmente” que vou te contar! Como já disse Felipe Moura Brasil, isso sim, é golpe! O PT perdeu qualquer cerimônia, não liga nem mais para as aparências. Está em desespero, e ratos desesperados fazem qualquer coisa para sobreviver. Fazem “o diabo” mesmo! Seria coincidência ser justo com o ministro mais petista depois de Dias Toffoli? 
Chega a um ponto tal que a coisa deixa de ser esquerda x direita e passa a ser todos que defendem a democracia x golpistas anti-republicanos. Mesmo tradicionais esquerdistas, como Roberto Freire, estão chocados com a forma com a qual o PT trata as instituições republicanas. Freire desabafou em seu Twitter:
Roberto Freire
Não sei se ambos um dia tiveram compostura, mas sem dúvida o escárnio chegou em nível insuportável. Os conspiradores contra a República ainda têm a cara de pau de acusar a oposição de ser golpista, ou seja, quem quer preservar nossas instituições contra o avanço petista é golpista, enquanto aqueles que abusam da máquina estatal como se fosse um diretório partidário são os “democratas”. Que piada!
Se Dilma tivesse um pingo de decência, diante de tudo que está acontecendo com o Brasil, ela simplesmente renunciava. Reinaldo Azevedo ainda tentou apelar a esse eventual resquício de dignidade na presidente, e pediu em sua coluna de hoje que Dilma fizesse tal ato nobre pelo país, após recordar suas escancaradas mentiras sobre o setor elétrico:
Conhecemos, além dos desastres na área econômica, parte dos crimes que os companheiros cometeram contra os cofres públicos e contra a contabilidade. À diferença do que sugerem até aqui as turmas de Rodrigo Janot e de Sergio Moro, não se tratou da associação entre empresários cúpidos, organizados num cartel (que nunca existiu!), meia dúzia de servidores corruptos da Petrobras e alguns parlamentares de segunda linha. Conversa para trouxas! Fomos vítimas de uma máquina azeitada para assaltar o Estado de Direito.
E são os petistas e seus servidores na imprensa que gritam “golpe” quando se fala da possibilidade de Dilma perder o mandato? Desde quando leis democraticamente pactuadas se confundem com tanques? Aquela Dilma que concedeu entrevista a esta Folha bebeu muito fermentado de mandioca.
A presidente concluiu assim o discurso de janeiro de 2013: “Somente construiremos um Brasil com a grandeza dos nossos sonhos quando colocarmos a nossa fé no país acima dos nossos interesses políticos ou pessoais”.
Certo! Que Dilma confira verdade ao menos a uma parte daquela fala e renuncie! Aí ela se tornaria, finalmente, uma Mulher sapiens sapiens. 
O problema é que Dilma jamais demonstrará tal dignidade, pois ela simplesmente não a possui. Sequer é capaz de fazer um mea culpa sobre seus anos de terrorista comunista e assaltante, preferindo se vitimizar e reescrever a história, como se fosse uma lutadora pela democracia naquela época. Se Dilma tivesse dignidade para renunciar, não seria Dilma. Com essa alternativa, portanto, os brasileiros indignados e revoltados não devem contar…
Rodrigo Constantino

Reynaldo Rocha: Se um aeroporto for a saída, eles ficarão com a terra que é nossa

REYNALDO ROCHA
Estou tentando – sim, sou um inocente – buscar um caminho que leve para longe do pântano do lulopetismo. Por respeito a eles? Não. Se eles não se dão ao respeito, por que eu daria? Faço isso por mim, pela minha filha, pelos netos que nem sei se conhecerei, pelos amigos da minha filha, pelos meus old-friends.
Não se trata de nenhuma crítica ao grande Vlady Oliver. Ao contrário. Mas espero o dia em que todos iremos propor uma saída que não seja Confins, Galeão ou Cumbica. Se fizermos isso, deixaremos para eles a terra que é nossa.
É por isso que não providencio tangas, Oliver. Talvez as usasse para assistir ao desfile de tangas deles. Turbulência? Estamos num avião em queda. A turbulência é consequência disso. Só não será passageira se continuarmos sem planos de voo alternativos,. Nesse caso, o chão nos espera. A colisão com o solo é bem pior que a turbulência.
Quixotesco? Ok, me rendo. (Se bem que estou mais para Sancho Pança). Dilma é um desastre? Ao menos 91% dos brasileiros já sabem que sim. A percepção é tardia? Certamente. Deveria ter ocorrido em 2014, o ano que insiste em não acabar. E não acabará, para desespero deles.
A generala em seu inverno jamais cairá em si, pois esse “si” não existe. Devemos somente fazer com que caia. Já é muito. Até lá, recuso a tanga.

ANÁLISE, LUÍS MILMAN - O PAPA COMUNISTA



O texto a seguir é do jornalista Luís Milman, conforme análise que ele postou no seu Facebook desta sexta-feira.-


Já havia me assustado quando o Papa Francisco recebeu aquela coisa asquerosa, o símbolo da foice e do martelo com um Cristo no meio, das mãos do quase tirano boliviano, o cocaleiro Evo Morales. Pensei em meus amigos católicos, que devem ter ficado atônitos. Afinal, o cerimonial do Vaticano poderia ter sido, no mínimo, mais vigilante e tirado rapidamente das mãos do Cardeal Bergoglo o ultraje, que colocou a figura de Cristo no meio de um símbolo de uma ideologia e de regimes que, simplesmente, dizimaram milhões de cristãos ao longo do século XX. Mas Bergoglio aceitou a oferenda e prosseguiu no cerimonial, até mesmo com um sorriso na face. Lembrei-me dos mais recentes antecessores deste Papa, em especial de João Paulo II, que lutou contra o comunismo com bravura em seu país, a Polônia, então subjugada pelo tacão da União Soviética. João Paulo II jamais esmoreceu e combateu a ideologia que ele chamou inúmeras vezes de satânica, porque opressiva, criminosa, assassina e sacrílega. Uma legião de esquerdistas saiu em louvação a Bergoglio, alegando que o símbolo entregue a ele era uma réplica de uma escultura feita por um padre jesuíta espanhol assassinado na Bolívia em 1980. E daí? Não deixa de ser um uma indecência, só porque foi criada por um jesuíta, em nome de algum revisionismo comunista da religião católica. Não bastasse isto, o Papa ainda proferiu, em Santa Cruz de La Sierra, um discurso veemente contra o capitalismo, no qual, ele próprio, faz uma leitura extravagante da Bíblia, supostamente em nome da libertação dos oprimidos. Leiam o discurso de Bergoglio e verão que, há, nele, preciosidades dignas de serem enunciadas por seguidor de Ernesto Che Guevera. É de um lineraismo e de um terceiro-mundismo constrangedor; A terra deve ser propriedade dividida entre todos que trabalham nela, diz um mandamento cristão (qual??), o capitalimo estimula a ganância (como??) e coloca o planeta em perigo ( o quê??). Bem, por aí foi ele. Begoglio tem a visão sobre o capitalismo de um militante do PC do B. Estas coisas não caem nada bem para um Papa, que demonstra ter a mentalidade de um cura de passeaeta, daqueles que militam junto ao MST. Todos os católicos (e aviso, não sou católico) informados sabem que sua teologia não autoriza estas comoções lamentáveis e no melhor dos casos, populistas.

“Meu avô dizia que não queria morrer na cama. Venderam a cama. Morreu no sofá.” (Pócrates)

“Quando faz silêncio é o momento de nos ouvirmos.” (Filosofeno)

“Distrair a morte é ocupar-se.” (Mim)

NADA ESCAPA DO ROLO NA ERA PT- Governo bloqueia Bolsa Família de 17.000 funcionários públicos

O Ministério Desenvolvimento Social bloqueou o pagamento do Bolsa Família a mais de 17.000 servidores públicos responsáveis pela gestão do programa. A suspeita é de que 16.915 funcionários e 183 gestores estejam recebendo o dinheiro de forma irregular. O governo federal determinou aos municípios que investiguem os casos. Funcionários públicos podem ser beneficiários do programa, desde que se encaixem nos requisitos: a família precisa ter renda mensal inferior a 154 reais por pessoa. Em nota, o MDS informou que os pagamentos foram bloqueados na folha de junho por "precaução", depois que os processos de controle identificaram a presença dos funcionários públicos entre os beneficiários. Atualmente, 13,7 milhões de famílias no país recebem Bolsa Família.

O CROQUETE DE UVA- Parreira também era contra Guardiola na seleção: 'Não ajudaria em nada'

Será que não? Com tantos medíocres no comando custaria tentar um grande campeão? Deve ser por isso que o Real, Barcelona e os alemães andam doidos atrás do Parreira. Grande jerico nacional!

VENEZUELA- Hoje pela manhã Maburro demitiu o seu chefe de cozinha. O homem deixou faltar alfafa para o desjejum do comandante.

Já que formar médicos de qualidade para exportação está cada vez mais difícil, o governo de Cuba vai partir agora para formação e exportação de sertanejos universitários. Vai que cola...

OMISSOS

OMISSOS

A omissão traz a perturbação
Os enganadores gostam disso
Para impor suas mentiras dissimuladas
Mas é de bom augúrio avisar aos muristas
Que quando o muro cair
Cairá também sobre eles.

E OS ADVERSÁRIOS DO CONSUMO, O QUE DIZEM? por Percival Puggina. Artigo publicado em 03.07.2015

 A indústria automobilística registrou no primeiro semestre do ano uma queda de 20% em suas vendas e avalia que em fins de dezembro esse percentual chegue a 23%. Neste momento, 325 mil veículos estão estocados nos pátios das fábricas e 35,8 mil trabalhadores, ou 25% de todos os recursos humanos das montadoras, estão em férias coletivas, licença ou suspensão dos contratos de trabalho.
Enquanto, no primeiro trimestre do ano, o consumo das famílias caiu 1,5%, os indicadores da intenção de consumo sinalizam para uma trajetória de ainda menor e, portanto, para menores vendas. Segundo pesquisa da Fecomercio/SP, a intenção de consumo das famílias caiu 26,3% em 12 meses. No varejo paulista, o mais dinâmico do país, as vendas caíram 12% no mês de abril quando comparadas com o mesmo mês de 2014.
Na outra ponta do novelo em que o governo enredou a economia nacional, o desemprego, entre maio de 2014 e maio de 2015, subiu de 4,6% para 6,7% e o IBGE informa que o número de pessoas à procura de vaga chegou a 1,6 milhão, com crescimento de 39% em relação a igual período do ano passado. Dezesseis por cento são jovens.
Quando as coisas iam bem, o governo festejava como seus os números mensais do crescimento do emprego. Era como se cada vaga fosse aberta não pela ação empreendedora dos empresários, mas por decisões do governo. Sabe-se hoje, pela evidência dos fatos, que o governo petista foi um desastre marcado pela irresponsabilidade fiscal e pela decadência moral. Agora, quem desemprega são as empresas. Ah!
Além dos que vicejam à sombra do governo e a tudo aplaudem, há um grupo de pessoas, raramente mencionadas, que devem estar especialmente exultantes com os males da economia brasileira. Quem são? Você já as ouviu falando. Criticam a sociedade de consumo. Não se desgostam com as filas de Cuba e da Venezuela. Sonham com uma sociedade de demandas mínimas. Talvez seu modelo de vida pudesse ser representado pelas comunidades menonitas, mundialmente conhecidas como amish, que rejeitam os bens produzidos pela indústria e pela tecnologia. Os amish brasileiros, porém, são fake, vão às compras como todo mundo e certamente gostam de ganhar presentes. Mas condenam a sociedade de consumo, típica do capitalismo.
Seus motivos são ideológicos. Como resulta impossível comparar os bens sociais, tecnológicos, científicos, culturais e econômicos do capitalismo com os do socialismo e do comunismo, eles rejeitam o efeito para reprovar a causa. Esquecem-se de que empregados e desempregados, empreendedores de todos os níveis, e até os servidores públicos cujo pagamento depende dos impostos incidentes sobre a riqueza gerada no país, estão torcendo para que se retomem as condições necessárias ao crescimento da produção e da demanda. Ninguém quer viver como amish! Por que será que os países comunistas estão completamente fora dos fluxos migratórios de que hoje tanto se ocupam os governos do Ocidente?
Por uma questão de justiça, em tempos de crise, assim como os eleitores do PT deveriam pagar mais impostos para cobrir os estragos do governo que elegeram e reelegeram, os adversários do consumo alheio deveriam ser priorizados na hora do desemprego, não é mesmo?

VENEZUELA- O povo lascado. Mas para Nicolás Maburro nunca falta papel para limpar o rabo. Logo para ele que deveria fazê-lo com urtiga...

SOCIAL-DEMOCRACIA FAVELADA E PAU-DE-ARARA

Desde o trabalhismo de Getúlio Vargas, a partir de 1932, a sociedade brasileira escolheu ser social-democrata. Afinal, todos os países chiques são pelos menos um pouco disso, certo? Por que, então, haveríamos de não ser?
Fizemos a opção pelo well-fare state (dito assim fica mais chique ainda) há 83 anos e jamais renunciamos a ele mesmo sabendo que nunca se viu um país pobre tornar-se rico por implantar um "Estado de bem-estar social". Isso só pode acontecer (se é que pode) naqueles que se tornaram ricos com o capitalismo, conforme constatou, por primeiro, o ex-marxista alemão Eduard Bernstein. Mas não há como recolher, desse modelo de Estado, condições para enriquecer um país pobre. Ao optar pelo Estado benevolente, ao qual todos recorrem em suas necessidades, garantidor de direitos reais e imaginários, provedor inesgotável, inclusive das mais insaciáveis demandas, o Brasil fez e faz, ao contrário, uma opção fundamental pela pobreza.
Jamais criamos ou nos ocupamos seriamente dos pré-requisitos do desenvolvimento: a) educação de qualidade para todos, habilitando a juventude brasileira à realização de suas potencialidades e inserção produtiva na vida social, política e econômica; b) estímulos ao mérito e às manifestações de talento em todas as dimensões do humano; c) saneamento básico e adequada atenção à saúde; d) geração da infraestrutura necessária às atividades produtivas; e) segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade; f) rigorosa proteção constitucional do cidadão contra o Estado; g) contenção da máquina pública dentro dos limites da capacidade contributiva da sociedade; h) economia de mercado; e i) um modelo político racional que separe Estado, governo e administração.
Tendo optado pelo Estado provedor-empreendedor, inclusive durante os governos sob orientação militar, o Brasil olha para o horizonte eleitoral de 2018 movido pelas mesmas cismas que orientaram os partidos políticos e o eleitorado em todos os últimos pleitos: nenhum candidato do quadrante liberal-conservador, nenhum de centro, todos do centro-esquerda para a esquerda. A crise em que estamos será a pior conselheira para as eleições por vir. Não faltarão candidatos para receitar ainda mais do mesmo veneno a uma nação enferma. Pretenderão resolver a crise do Estado oferecendo ao eleitor mais e mais Estado. Trarão pás e escavadeiras para aprofundar o buraco.
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

OS BRONCOS REUNIDOS UM DIA SERÃO VENCIDOS- 'Filhotes do Califado': EI recrutou 1.100 menores na Síria

Crime monstruoso contra essas crianças. E a antosa queria diálogo com os cavernosos. Pensamento tosco da imbecil.

RESPINGOS COMUNAS- Produção industrial cai em 13 das 15 regiões em maio

O Papa red...E os católicos ainda se perguntam porque a igreja perde tantos fiéis para os evangélicos...

Débi&Lóide bolivarianos

Papa Francisco recebe um presente do presidente da Bolívia Evo Morales, em La Paz

Os verdadeiros golpistas



O Brasil apodreceu completamente.

Gerson Camarotti:

"Na escala técnica que fez na cidade do Porto, em Portugal, antes de seguir para Rússia, Dilma Rousseff teve um encontro reservado com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski. A reunião não foi incluida na agenda oficial. Também participou do encontro José Eduardo Cardozo".

Qual foi o assunto?

"A conversa foi ampla e incluiu entre os temas a Operação Lava Jato".

Vocês leram direito: a presidente da República se reuniu secretamente com o presidente do STF, num país estrangeiro, para tentar melar a Lava Jato, salvando-a do impeachment e livrando os criminosos de seu partido da cadeia.

Isso é mais grave do que os 19 bilhões de reais roubados da Petrobras. Dilma Rousseff e seus comparsas são os verdadeiros golpistas do Brasil.

O Antagonista

“Agora falo fino, deixei crescer a barba e raspei a cabeça. Estou praticando o disfarce ‘engana cobrador’.” (Climério)

“Quando eu morrer não quero ir para o céu. Meu desejo é ficar hospedado eternamente num hotel pra cachorros.” (Bilu Cão)

“O poste infelizmente continua lá. Sem luz, mas lá, atrapalhando o caminho.” (Mim)

Os palpiteiros de plantão: fenômeno amplificado pelas redes sociais



“É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.” – Epíteto
Os leitores podem procurar, mas não vão encontrar neste blog artigos sobre física quântica ou nanotecnologia, por exemplo. O motivo é bastante simples: entendo patavinas desses assuntos complexos. Teoria das cordas? Fractais? Buraco negro? Prefiro passar, para evitar o constrangimento. Economia e filosofia política? Nesses assuntos eu já ouso meter meu bedelho, sempre procurando dar embasamento às minhas opiniões, que não são meras opiniões (chutes), e sim conclusões após boa dose de estudo e reflexões.
Não posso evitar o espanto, portanto, com a enorme quantidade de “economistas” que proliferam por aí, de onde menos se espera. O sujeito é ator a vida toda, não concluiu curso superior algum nem leu nada de economia, mas ele vem cheio de opiniões fortes (dogmáticas?) sobre a austeridade ou a crise grega. O outro é humorista, ganha a vida escrevendo textos sobre a comédia da vida privada, e de repente se sente à vontade para falar de taxa de juros. A outra é psicanalista, conhece no máximo os enfadonhos seminários lacanianos, mas eis que fala de tudo, sempre com uma propriedade incrível, a julgar pelo tom das colocações.
São os palpiteiros de plantão, fenômeno que certamente não é novo, mas que foi bastante amplificado pelas redes sociais. Falta, a essa gente, o mínimo de humildade para reconhecer que temas complexos demandam uma abordagem cautelosa, e que exigem um mínimo de conhecimento sobre o assunto. Nada disso: essa turma pulou essas etapas chatas e trabalhosas e chegou logo na parte divertida, que é ter opinião formada sobre tudo, de forma extremamente arrogante. E ainda apelam às autoridades, pois sempre será possível encontrar embusteiros renomados, que usam suas credenciais acadêmicas para vender sensacionalismo barato ou fazer militância ideológica.
Pensar dá trabalho. Estudar, mais ainda. Cobrar coerência dos diferentes pontos de vista, idem. Como é doce a vida dos palpiteiros! Não precisam de nada disso. Basta repetir slogans prontos na internet, criticar os “gananciosos”, atacar a “austeridade”, demandar “menor taxa de juros”, defender os adolescentes marginais “vítimas da sociedade”, e vida que segue, no conforto de quem não precisa lidar com a realidade. Em Esquerda Caviar, incluí a preguiça mental como uma das possíveis origens do fenômeno:
A preguiça também atrai muitos à esquerda festiva. Não é preciso estudar a fundo, pesquisar, refletir e pensar sobre como resolver de verdade os problemas. Basta aderir a um grupo, repetir meia dúzia de slogans bonitos e usar palavras mágicas como “justiça social”, “tolerância”, “diversidade”, “sustentabilidade” e “paz” que você automaticamente ganha o respeito de muitos bobalhões e posa como alguém cheio de opiniões sobre os mais variados assuntos.
O ex-comunista Arnaldo Jabor assumiu, sobre sua luta de juventude: “Era uma vingança contra traumas familiares, humilhações, pequenos fracassos. Era também uma mão-na-roda para justificar a nossa ignorância – não, pois não precisávamos estudar nada profundamente, por sermos a ‘favor’ do bem e da justiça”.
A esquerda caviar está repleta de filósofos de botequim, que fazem aquelas leituras rápidas de como aprender sobre um pensador profundo em trinta minutos. São também devoradores de orelhas de livros. Depois, com o típico ar professoral da turma, ligam a metralhadora giratória de verborragia, de citações vazias, mas embaladas em mantos de sabedoria, e pronto: assunto encerrado; podem bancar os superiores na roda do grupo.
O filme Para Roma com amor, de Woody Allen, satirizou esse tipo na personagem de Ellen Page, uma jovem sedutora meio maluquinha e rebelde, que adora repetir algumas frases de poetas e escritores para impressionar os outros. Profundidade que é bom, nada! Se essas frases forem citadas em francês então, é a garantia da boa imagem de intelectual culto e humanista. “Reparem como o sujeito que fala em francês e pensa em francês toma ares de gênio e de infalibilidade”, alfinetou o sempre atento Nelson Rodrigues.
O que você acha sobre o impacto dos gastos públicos na taxa de juros de longo prazo? “Sou pela justiça social, meu amigo”. E o que você faria em relação ao problema da imigração e do subemprego dos imigrantes em uma sociedade de bem-estar social com impostos cada vez maiores? “Sou pela diversidade, meu chapa”. Como você acha que a ameaça terrorista deveria ser enfrentada? “Paz e amor, brother”.
Não existe maneira mais rápida e fácil de comprar um pacote pronto e completo de “soluções” para todos os males do mundo do que ingressar na esquerda caviar. Os artistas serão seus aliados, os intelectuais vão defender bandeiras iguais, e a grande imprensa vai acompanhar seus gritos nobres por justiça e paz. Qualquer um pode repetir esses chavões, até mesmo o mais idiota dos idiotas.
Umberto Eco, em entrevista recente às páginas amarelas da Veja, falou do mesmo assunto:
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Ignorância é não saber de algo; estupidez é não admitir a própria ignorância. Qual o problema em ser ignorante em áreas que não são sua especialidade? É a coisa mais normal do mundo. Ignoro um monte de coisas sobre inúmeras disciplinas e áreas do conhecimento humano. Não vejo mal nisso, até porque não nos foi dada a capacidade da onisciência. Fico embasbacado com a nanotecnologia, por exemplo, que foge à minha compreensão. Mas não reconhecer essa limitação, isso é estupidez, imbecilidade.
Dom Lourenço de Almeida Prado, que foi reitor do prestigiado Colégio São Bento, também tinha palavras nada lisonjeiras para se referir a essa gente:
O palpiteiro é o que fala do que não sabe, intrometendo-se em assunto que desconhece. Há palpiteiro “inocente”, que nem chega a perceber que está falando com voz de quem ignora. Há o palpiteiro alegre, contente consigo mesmo e, por isso mesmo, o mais ridículo. Este é o comum entre os locutores de rádio e televisão. Esquecem-se de que o assunto deles é futebol e passam a sentenciar sobre política e religião.
Em Por Trás da Máscara, livro que disseca o fenômeno dos black blocs e das manifestações de junho de 2013, Flavio Morgenstern também versa bastante sobre os palpiteiros, usando estudiosos sobre a psicologia das massas, como Ortega y Gasset, para explicar os tipos. Diz o autor:
Todavia, Slavoj Žižek não foi o único a dar seus pitacos. Não demoraria muito para que a mídia esquerdista americana (o que é praticamente toda a grande mídia americana, à exceção da Fox News e de alguns nomes isolados, sobrando espaço para a direita apenas em sites) chamasse os seus “especialistas” para falar, da mesma forma com que os “sociólogos” são chamados a analisar tudo no Brasil, de assassinato de focas a preços de jogos da série B, pela chave da “desigualdade social” e do “preconceito”. Logo, os maiores palpiteiros do show business americano dariam as caras. Sean Penn, Michael Moore, Bill Maher, Noam Chomsky, Van Jones, Nancy Pelosi, Sherrod Brown, Harry Reid, Keith Olbermann e todo o restante do desfile debeautiful people que compõe a totalidade dos palpiteiros da esquerda caviar de sempre tomariam a voz dos manifestantes para falar por eles o que eles não conseguiam falar sozinhos.
[...]
Quando um pensador (ou falante, ou palpiteiro, ou orador diante de um auditório ou multidão) fala em nome de um coletivo, seja qual for, dá uma autoridade imortal, ou ao menos de duração indistinta, ao que profere (sem falar na duração de ações e responsabilidades). A autoridade que outorga a si mesma é plenipotente, amorfa, se estende por gerações. Claro, num engodo absurdo: por isso, acredita‑se tanto em mentiras criadas nas universidades e academias de ciência por séculos, mesmo séculos depois de serem desmentidas. A “autoridade” da coisa permanece. É a “academia” quem diz (muitas vezes, não são nem coletivos, e a própria atividade parece falar como um sujeito: “é a ciência quem diz”).
Sim, muitas vezes o palpiteiro vem com um diploma por trás também, mas não deixa de ser palpiteiro, pois se recusa a efetivamente pensar por conta própria, e apresentar suas “opiniões” sempre respaldadas por bons argumentos. Nesse aspecto, podem ter até doutorado, mas não deixam de ser como o “homem-massa” de Ortega y Gasset, aquele que se recusa a assumir o fardo do raciocínio próprio, preferindo seguir a maré como uma bóia à deriva. Diz o filósofo espanhol sobre esse tipo de pessoa:
É intelectualmente massa aquele que ante um problema qualquer se contenta com pensar o que boamente encontra em sua cabeça. É, pelo contrário, egrégio aquele que desestima o que acha sem prévio esforço em sua mente, e só aceita como digno dele aquilo que está acima dele e exige um novo estirão para alcançá‑lo. (…) Sob as espécies de sindicalismo e fascismo aparece pela primeira vez na Europa um tipo de homem que não quer dar razões nem quer ter razão, mas que, simplesmente, se mostra resolvido a impor suas opiniões. Eis aqui o novo: o direito a não ter razão, a razão da sem‑razão.
[...]
Hoje, pelo contrário, o homem médio tem as “ideias” mais taxativas sobre quanto acontece e deve acontecer no universo. Por isso perdeu o uso da audição. Para que ouvir, se já tem dentro de si o que necessita? Já não é época de ouvir, mas, pelo contrário, de julgar, de sentenciar, de decidir. Não há questão de vida pública em que não intervenha, cego e surdo como é, impondo suas “opiniões”.
Cada macaco no seu galho. O mundo seria um lugar melhor se as pessoas tivessem mais humildade para reconhecer suas limitações em áreas que não dominam bem, em que nunca se debruçaram com empenho para delas extrair verdadeiro conhecimento. Mas essa postura é, infelizmente, cada vez mais rara no mundo moderno. Qualquer um acha que pode sair dando pitaco em todo tipo de assunto, com incrível arrogância.
Sim, defendo a liberdade de expressão até mesmo dos néscios. Mas não deixa de ser um espetáculo grosseiro ver tanta imbecilidade proferida como se fosse a maior verdade do mundo, recém-descoberta por algum gênio qualquer. Um pouco mais de “simancol” não faria mal algum a essa gente…
Rodrigo Constantino

Kátia Abreu chega ao fundo do poço: comunismo ruralista?

Poucas figuras da política brasileira passaram por uma metamorfose tão intensa quanto a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Há apenas cinco anos, ela venceu uma eleição para o Senado com um discurso de confronto direto com o governo petista. Em 2011, entretanto, deixou o DEM para se filiar ao PSD. Prometeu que não mudaria de posição política. Mas rapidamente o discurso se mostrou falso. Kátia Abreu se aproximou tanto de Dilma Rousseff que ganhou o cargo de ministra da Agricultura. Agora, em viagem à Rússia, ela deu mostras de que a guinada ideológica (ou pelo menos estética) é ainda mais radical. A figura símbolo da bancada ruralista fez questão de exibir uma foto com o gorro típico dos líderes soviéticos. A imagem faz parte de um “ensaio” postado pela ministra em sua página no Twitter, e que também inclui poses com a famosa Catedral de São Basílio ao fundo. (Gabriel Castro, de Brasília)
O que dizer? Da líder da bancara ruralista contra o MST à aliada empolgada de um governo bolivariano! Só falta Kátia Abreu posar abraçada ao Stalin, digo, Stédile, do próprio MST. A foto com o símbolo comunista é uma afronta a todos que já confiaram na senadora antes. Será que ela tem noção do que fez o comunismo com os pequenos e grandes proprietários de terra? Conhece a história dos kulaks na União Soviética? Sabe o que Pol-Pot fez no Camboja?
Não há dúvidas: Kátia Abreu chegou ao fundo do poço. Só desce mais se encontrar algum alçapão por lá…
Rodrigo Constantino

Andrea Faggion- De que serve um limite violável?

De que serve um limite violável?

by andreafaggion
No meio liberal, é bem antigo o debate entre deontólogos e consequencialistas. Eu tenho para mim que consequencialistas são apenas contingentemente liberais. Na verdade, essa constatação me parece até bem trivial. Desde Hume, sabemos que relações de causa e efeito são sempre contingentes, ou seja, não possuem necessidade lógica intrínseca e só podem ser descobertas empiricamente. As dificuldades para descobrirmos regularidades causais nas questões sociais também são comumente notadas. O que causa a criminalidade? O que causa prosperidade econômica? Há teorias divergentes propondo explicações para esses fenômenos. Assim, por exemplo, o consequencialista será liberal enquanto ele acreditar que uma organização social liberal tem maior probabilidade de causar a realização dos fins que ele almeja. A liberdade, para ele, é meio, não é fim.
Já com os deontológos, a conversa é bem diferente. Nem sequer é muito produtivo dizermos que a liberdade é o próprio fim do deontólogo. É mais esclarecedor dizermos que, para o deontólogo, a liberdade é um limite que restringe a busca de qualquer fim. Vejamos.
Por exemplo, você quer que todos sejam saudáveis? Ótimo! É muito generoso de sua parte desejar a saúde alheia. As pessoas, de fato, costumam buscar a saúde. Seria muito exótico pensarmos em um indivíduo que tem por fim ficar doente. As pessoas se expõem a doenças enquanto perseguem certos fins que não essas doenças. Assim, é razoável dizermos que a saúde é um fim universal, elogiando o indivíduo que gostaria que todos alcançassem esse fim. Mas tem um probleminha aqui.
Esse indivíduo tão generoso pode acabar concluindo que, como você mesmo quer ser saudável, ele pode fazer coisas como proibir que você coma muito sal. Ele usará os resultados de alguma pesquisa científica para legislar sobre a quantidade diária de sal que você terá direito de ingerir. Aí complicou, não é? Por que o deontólogo não aceitaria uma legislação do tipo? Porque ele acredita que a vontade do outro é um limite intransponível. Isso significa que, para o deontólogo, um indivíduo não pode ser restrito na busca de fins não agressivos. Ainda em outras palavras, se um indivíduo não está usando sua vontade como obstáculo à realização de fins da vontade de outro, ele não pode ter sua própria vontade restrita na busca de seus próprios fins. É isso que significa tomar a vontade do outro como um limite absoluto para suas ações. Eu não posso submeter a vontade do outro a fins que não são eleitos por ele próprio.
Ah, mas esse outro queria a saúde, não era isso? Sim, como eu disse, aparentemente, a maioria dos indivíduos têm por fim a saúde. Qual o problema então? O problema é que cada indivíduo tem todo um sistema de fins que cabe a ele hierarquizar. Por isso, você não pode dizer ao indivíduo: "ora, você quer ser saudável, pois, então, eis o meio para a saúde que você é obrigado a aceitar". Por mais que você esteja certo sobre determinada ação ser um meio para uma vida saudável, por mais que um indivíduo tenha por fim ter uma vida saudável, cabe a cada indivíduo julgar se ele não tem outros fins mais prioritários que, por sua vez, seriam prejudicados por aquela ação que serve bem de meio para a saúde. O ponto nuclear é que você não tem o direito de ordenar hierarquicamente o sistema de fins de outro: de ser a vontade do outro. Todo seu direito se esgota na exigência de que o outro organize seu sistema de fins de modo a também não impor fins a outros, afinal, cada vontade, nessa doutrina moral, é um absoluto a ser respeitado. Em suma, vontades, para o dentólogo, não são coisas para serem instrumentalizadas.
Agora, o que se diz, ordinariamente, a esse deontólogo - que será essencialmente, e não contingentemente libertário - é que limites não podem ser invioláveis, isto é, não podem ser absolutos. A minha questão neste post é se essa alegação teria algum sentido.
Considere que a sua própria pessoa não possa ser um limite inviolável para a ação do outro, ou seja, que nem sempre será preciso contar com seu consentimento para fazerem o que queiram fazer de você. Ora, isso é o mesmo que abolir completamente o limite, não? Afinal, se eu pudesse decidir em quais casos e até que ponto você não precisaria do meu consentimento para agir sobre mim, quer dizer, para me usar, então você já precisaria do meu consentimento para agir nesses casos. Mas se, por outro lado, coubesse a você decidir em que casos e até que ponto a decisão sobre o uso da minha pessoa caberia só a mim, basicamente, eu pertenceria a você. A necessidade do meu consentimento ficaria subordinada a uma vontade (seja de um ou de uma maioria) que me seria alheia. Por isso, não vejo meio termo aqui. Ou a vontade do outro limita o que você quer fazer dele ou não limita.