quinta-feira, 3 de maio de 2018

DICIONÁRIO DE HUMOR INFANTIL- PEDRO BLOCH


PENSAMENTO- É uma coisa que só na cabeça, né?

GÊMEAS- Eu vi duas meninas de cara repetidas.

 


JÕAO BABA


Jurunupanu, nordeste seco. Poeira dos infernos. Árvores secas, animais mortos de sede e água para o povo somente de caminhão pipa. Então o prefeito Óvide ouviu falar de tal João Baba que morava na região das pedras amarelas, um desperdício. Trouxe o homem com um emprego bem remunerado na prefeitura para o setor de recursos hídricos. Pois deu certo. Em seis meses João Baba babou tanto que se formaram três rios e um lago do tamanho do Titicaca. O melhor de tudo é ninguém mais passou sede em Jurunupanu, nem gente, nem animal e o verde tomou conta. Até uma praia de água doce ganharam. Quando houve ameaça de enchente compraram um babador para João e tudo se resolveu.

GUMERCINDO


Mocorongo feito que, solitário e abandonado pela mulher além de extremamente endividado, Gumercindo estava tão para baixo que andava feito louco procurando pelos bolsos e gavetas dos velhos armários o próprio atestado de óbito. Não encontrou nenhum atestado, mas achou mais dívidas deixadas pela ex- mulher sem-vergonha. A cada dia que se passava a cabeça mais ficava na lua que aqui na terra. E foi assim zanzando para lá e para cá até findar sua existência como um morto vivo sem eira nem beira, terminando por ser enterrado sob uma touceira de guanxuma.

PERU INÁCIO


Dezembro estava chegando e o peru Inácio não queria morrer. Rezava que rezava para ser poupado nas festas de natal e novo ano. Já não dormia mais, sua angústia era visível. Suas colegas galinhas tentavam consolá-lo dizendo que a vida é mesmo assim; hoje uns e amanhã outros. O galo médico receitou até um ansiolítico. O padre Bode João rogava-lhe que tivesse esperança. Inácio olhava para o ceú azul e não sentia nenhuma alegria, sua única visão era ele bem bronzeado sobre uma farta mesa, rodeado de arroz, saladas e de pessoas embriagadas. O caso é que dezembro chegou e o bom Inácio foi ao forno. Ficou bem moreninho como ele mesmo imaginara; sem dúvida um belo peru. As galinhas amigas agora rezam por sua alma, orientadas pelo Bode João.

NÃO SE META


A ponte, o rio veloz lá embaixo, a névoa e o desejo de saltar. O homem salta, bate n’água, um barco que passava salva o suicida. O homem balança a cabeça, abastece de impropérios o pescador que o salvara, fica fora de si; queria mesmo morrer. O pescador não se faz de rogado: sacou do revólver e o matou com dois tiros. Pegou quinze anos por matar um suicida.

CHOVEU NO INFERNO


Bilhões de pessoas torrando dia após dias no fogo do inferno por séculos e séculos, sem cessar o sofrimento. Ontem, porém desceu um toró que não foi dos diabos e apagou tudo. Nadica, nem um foguinho para esquentar água para o café. A enxurrada levou até os diabos morro abaixo. O inferno acabou. O povo feliz cantava e dançava e queria agradecer a Deus pela bendita quando um vivente disse que não fora Deus que fizera a graça. Apontou o dedo para um magrelo que Lúcifer deixara entrar no reino com uma bicicleta e um rádio transístor. Fora ele que fizera a máquina de chuva. Apareceu então sorridente no meio da multidão um sorridente louro usando casado de couro; seu nome, MacGyver.

OS PERDIDOS E O DEMÔNIO


Três caçadores de tesouros, malvados que só, estavam perdidos e dormiam sob estrelas no deserto; passavam frio. Ouviram então um barulho e perguntaram- “Quem vem lá?” – Saindo de dentro da escuridão uma voz respondeu.
“É o demônio.”
O mais velho deles disse.
“Traz fogo camarada?”
O diabo respondeu.
“Trago muito fogo.”
“Então se aproxime sem medo que não irei te passar no chumbo.”
E foi assim que o demônio passou a noite bebendo, contando causos e comendo carne seca na maior alegria junto da fogueira como se fossem velhos companheiros. Pela manhã foi embora dizendo.
“Até um dia rapaziada! Quando chegarem por lá peçam por mim!”



O TORNADO


Naquela tarde o céu ficou escuro. Um enorme tornado chegou à cidade e não destruiu nada, apenas foi recolhendo pessoas. Levava mil para dentro do turbilhão e deixava uma, coisa inacreditável. Ia e retornava sem parar. Eu estava na rua conversando com um amigo quando ele se aproximou de nós. Não adiantava correr, então ficamos aguardando os acontecimentos.

-O que será isso?-perguntou o amigo.
-Não tenho noção nenhuma- Foi o que respondi.
Aí apareceu um terceiro dizendo:
-Eu sei o que é! É um castigo de Deus e está levando os homens pecadores para o inferno!

O tornado retornou, apanhou mais um dono da verdade ele sumiu nas alturas. Ficamos atônitos e fomos para casa. Após alguns dias descobrimos que o tornado levou embora todos os que tinham apenas certezas e deixando aqui na terra os homens cheios de dúvidas.

DOIS SUJEITOS SE ENCONTRAM NUM PONTO DE ÔNIBUS NUMA RUA QUALQUER EM CURITIBA


-Olá!
-Olá!
-O senhor me desculpe a ousadia, mas acho o senhor dotado de uma fisionomia estranha.
-Sim, eu concordo com isso.
-O senhor é daqui?
-Não.
-De onde é?
-De muito longe, meu mundo fica numa outra galáxia.
-Não brinca!
-Sim, verdade.
-E o que veio fazer em nossa capital?
-Fui enviado para visitar o Lula.
-Até lá Lula é conhecido?
-Muito.
-É uma visita de apoio?
-Não.
-Qual o motivo então?
- Fui enviado pelo meu governo para conhecer em vida e dar testemunho disso  sobre o  MAIOR CARA DE PAU DO UNIVERSO.
A condução chega. Antes de ir o visitante conta:
-Temos em nosso mundo o Museu Universal de Aberrações. Ele vai estar lá.

DOR


“Dor de corno é passageira. Duro mesmo é sofrer de enxaqueca.” (Climério)

PROJETO NA CÂMARA CRIMINALIZA E PUNE INVASÕES


Deve entrar na pauta da Câmara ainda este mês o projeto (10010/18) do líder do PSDB, deputado Nilson Leitão (MT), que tem o objetivo de punir as invasões de propriedades rurais e urbanas. A ideia é criar o crime de “esbulho possessório coletivo”, especificamente dirigido contra a invasão de imóvel urbano ou rural, público ou privado. E dá prazo para o cumprimento de decisão judicial de reintegração de posse.Hoje, o crime de esbulho possessório é brincadeira. O projeto aumenta de seis meses para oito anos a pena máxima para a invasão coletiva.

Claudio Humberto

DESPREZO

“Conheci mulheres interessantes em minha vida. Mas elas por certo não tiveram a mesma opinião sobre mim.” (Climério)

NÃO É MESMO


“Alguns homens são muito bons. Não é o meu caso.” (Climério)

INQUILINO


“Meu pai fui músico de cabaré. Eu tentei ser inquilino.” (Climério)

POBREZA


“Éramos tão pobres na minha infância que lamber sabão era tira gosto.” (Climério)


“A minha mulher só não me abandona por medo de encontrar coisa pior.” (Climério)