Durante um tornado de
grandes proporções o ratinho Paulo foi levado pela tempestade e acabou caindo
dentro do depósito de um grande laticínio. Por ser um ratinho muito religioso
ao ver tantos queijos disponíveis disse para si mesmo:
- Jesus!!! Deus
existe e aqui deve ser o paraíso. Aleluia!
Moisés, podemos dizer, nasceu ladrão. Não tinha sete anos e já roubava bolas de gude, figurinhas e gibis dos amiguinhos. Adolescente, cigarros e bebidas. Um dia seu pai cansado de tudo, pois era um homem de bem, cortou fora suas mãos para que parasse com as gatunagens. Não adiantou. Moisés passou a roubar com os pés.
Mocorongo
feito que, solitário e abandonado pela mulher além de extremamente endividado,
Gumercindo estava tão para baixo que andava feito louco procurando pelos bolsos
e gavetas dos velhos armários o próprio atestado de óbito. Não encontrou nenhum
atestado, mas achou mais dívidas deixadas pela ex- mulher sem-vergonha. A cada
dia que se passava a cabeça mais ficava na lua que aqui na terra. E foi assim
zanzando para lá e para cá até findar sua existência como um morto vivo sem
eira nem beira, terminando por ser enterrado sob uma touceira de guanxuma.
Genara
era uma ovelha descontente que resolveu fugir dos campos e ir à cidade para
cortar sua lã, pois sofria com o calor e principalmente queria ver como era o
mundo longe da verde relva. Após muito andar chegou à terra do cimento e aço.
Obteve informações e correu até o primeiro barbeiro. Lá chegando perguntou:
-O
senhor corta lã de ovelha?
Respondeu
o barbeiro um pouco espantado:
-Não
só corto a lã como também degusto a carne.
E
dito isso deu uma paulada na ovelha Genara que morreu no ato. O barbeiro foi
para casa feliz levando nas costas o futuro assado da noite do seu aniversário.
Renato tinha apenas dezoito anos quando teve uma visão e saiu a pregar pelo mundo. Pregou em muitos lugares. Nos campos e cidades ele pregava. Pouco descansava, o trabalho de pregar lhe dava enorme satisfação. Mas infelizmente deixou de pregar por força maior antes mesmo dos trinta anos. Aconteceu que acabaram os pregos e a vontade de continuar pregando.
-Vocês podem ficar quietos, estou
tentando dormir.
-Dormir agora durante o dia?-
pergunta o melão.
-Sim, ainda estou verde, preciso
amadurecer.
Nisso uma distinta senhora passa
pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa, alegrando por hora o verde
abacate que cochila entre macias palhas.