quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Minha vida foi navegar em emoções.Meu barco foi avariado,mas não afundou.


“Minha mãe sempre me disse para não brincar com fogo.” (Lúcifer)


“Alguns pais não se contentam apenas com a própria mediocridade, cortam asas e proíbem também os filhos de voar.”


EMBRIAGADO



Madrugada. Agarrado ao corrimão Demétrio tentava subir as escadas. Balbuciava palavras ininteligíveis, a baba escorria pelos cantos da boca, os olhos vermelhos não conseguiam focar a luz. O mundo girava ao seu redor e não havia freio. Os degraus pareciam ganhar vida e trocavam de lugar a todo momento. Dois ratos enormes desceram, usavam smoking e riram dele. Na parede havia um pequeno quadro mostrando um lago com cisnes. Demétrio viu nele tubarões e orcas . No estado em que estava mais fácil escalar o Everest que subir alguns degraus. Náuseas imperavam, o vômito expurgou-se com força, um odor ácido tomou conta do ambiente. Então primeiramente sentou-se, após se deitou sobre a imundície e lá ficou até o amanhecer, quando foi acordado carinhosamente pelo força de um lava-jata controlado pela esposa. 

Se a esquerda toda vai para o paraíso, abraço o capeta e sei que lá serei mais feliz. O gentalha!


QUE FAÇA DE TUDO

Desde que ele era jovem Madalena, mãe de José, dizia: “Quando for para casar, arrume uma mulher prendada, que saiba fazer de tudo, de tudo!.” A vida foi passando e José procurando a tal mulher para ser sua companheira, sempre se lembrando dos conselhos da mãe. A verdade que falar é fácil, encontrar tal mulher muito difícil. Foram várias e nada. Pois José já tinha completado quarenta anos na solteirice quando na boate da Iracema Vesga conheceu Maricota Perna-Grossa, a dita cuja que sabia fazer de tudo e mais um pouco, mas não exatamente o tudo que pensava sua sogra. E quem pensava que não daria, enganou-se, pois deu casamento na igreja, de véu e grinalda, Iracema Vesga de madrinha, Madalena bicuda e o putedo de folga comemorando o casamento da colega.

CORONEL OLIVEIRO

CORONEL OLIVEIRO

Oito horas da manhã. O suicida subiu na torre da igreja e de lá ameaçava se jogar. O povo foi chegando, se aglomerando e comentando. Uns diziam “se jogue!” outros gritavam “Não faça isso!” O tempo foi passando e que diante da grande dificuldade ninguém conseguia subir na torre para tirar o homem. Havia risco para os policiais. Onze e meia da manhã e o homem por um fio, agarrado nos braços de Santo Antônio. O Coronel Oliveiro ia passando e foi saber a causa da balbúrdia. Inteirado dos fatos, sacou do revólver e derrubou o potencial suicida, que a chumbo foi para o outro lado. Coronel Oliveiro olhou o corpo estirado na calçada e disse- “Aí está um homem que conseguiu o que queria. Queria morrer, pois está morto!” E foi para o almoço, pois a barriga já estava roncando.