segunda-feira, 1 de abril de 2019


 OFERECIMENTO
Mui longevo na vida, com expressão maltratadas pelo tempo, seguia Renato pela estrada poeirenta e vazia no final de uma tarde de verão. Na encosta do mato surgiu uma moçoila desconhecida na flor dos seus dezoito anos, que erguendo o vestido mostrou a entrada da gruta e todo o oferecimento do mundo, dizendo estar mais do que necessitada de um acasalamento. Renato parou, analisou e disse-lhe: “Vejo que és linda mulher, tanto de face como de corpo. Observo também tua educação e fineza pelas palavras bem pronunciadas que dizes, além da bondade de oferecer tanto tesouro a um bode velho. Mas te aconselho a seguir em frente, sendo das opções a atitude mais sábia, antes de acabar se enraivecendo com nós dois por causa de um brinquedo murcho”.


RATINHO NA CELA

Procurando por comida um ratinho entrou na cela do Lula em Curitiba. Ficou andando de lá para cá, fuçando pelos cantos. Quando percebeu quem era que ali estava preso não conseguiu controlar o vômito. Desmaiou e foi carregado para fora pelos familiares. Ficou mal por muitas horas, procurou até um psicólogo especializado em roedores. Diante disso o médico, muito estudioso dos males que acometem seus pacientes, constatou que diante de um petista até mesmo os ratos passam mal.


“ Mais honesto que eu, nem o Lula.” (Satanás Ferreira)

SATANÁS FERREIRA


“ Inquisição? Nada sei, era com o povo de Deus, eu não estava lá.” (Satanás Ferreira)

SATANÁS FERREIRA


“ A minha mãe sempre me disse para não brincar com fogo. ” (Satanás Ferreira)


MUTILADORES

Esse povo mente
Repetidamente mente
Para permanecer no poder
A moral foi para o baú
O importante é a permanência
Para garantir à descendência
Banhos em moedas d’ouro
Porém o mais triste
É ver o dito sabido e também o ignorante nato
Votando nos seus algozes
Para no amanhã se tornar capacho
Dos vermelhos mutiladores de asas.


CÃES E SEUS DONOS MAL-AMESTRADOS

Sai de casa o rapagão a passear com o seu cão
Sai senhora com sua cadelinha
Saem de mãos vazias
Sem pás ou sacolinhas
Prontos para bostear o mundo
Nas calçadas
Nas esquinas
Nos gramados dos canteiros centrais
Fazendo pisar na bosta canina
Todo adepto de caminhada
Que se torna sem querer
Um feliz proprietário
De um calçado fedorento.

POEMINHA


BAFO

O ébrio de todo dia
Exala um vapor azedo
Que inibe o abraço afetuoso
E coloca nos lábios do bem o medo
De conceder um beijo molhado
Ou mesmo seco
Pois ninguém gosta de beijar carniça
Nem mesmo seu arremedo.

POEMINHA


DEU PARA NÓS

A morte?
A morte não é o começo de nada
A morte é o fim de tudo
E uma grande alegria para os vermes
Salvo se uma cremação estragar a festa.


OLAVO

Olavo sempre descontente, nojento, bufando infeliz pelos cantos, reclamando de tudo bebendo e jogando. Com trinta e cinco anos ainda não havia se encontrado. Lugar algum era o seu lugar; para Olavo todos eram um lixo.  Nenhum estava a sua altura, nada era bom, azedume para dar e vender.  Finalmente aos quarenta anos ele se encontrou, porém não deu certo, pois seu eu também já não era o mesmo. Acabou em suicídio.



O ASCENSORISTA

Naquele fim de tarde de sexta-feira o elevador dois do Edifício Gimenez estava lotado, inclusive com um padre e dois pastores evangélicos. Silêncio entre os presentes e ninguém notou o novo ascensorista que hora se apresentava. O elevador subia e descia e não parava em nenhum andar. Interpelaram o trabalhador que disse estar com um pequeno problema que logo seria resolvido. Por alguns minutos ninguém reclamou, mas depois... após muitas idas e vindas reclamações, o elevador parou num andar não visualizado no painel, a porta se abriu e todos caíram diretamente no fogo do inferno. O ascensorista era o próprio Satanás Ferreira que resolvera começar o final de semana com uma brincadeirinha, digamos, bem quente.