terça-feira, 11 de outubro de 2016

GAZETA DOS FARINÁCEOS- Hitler tomava decisões sob efeito de cocaína, diz especialista

GRAN DIÁRIO DE CHARQUEADAS- Eletrobras reconhece perdas de R$ 300 milhões com corrupção

THE CHIAPETTA NEWS- Delcídio confirma propina a campanha de Dilma e Temer em 2014

THE JAQUIRANA POST- BNDES suspende crédito a exportação de empreiteiras da Lava Jato

A PIOR TEMPESTADE ESTAVA POR VIR

O céu ficou escuro e houve uma sensação de pânico geral. As nuvens ruidosas pareciam cair sobre as casas. Ventos enfurecidos revoltavam as melenas cobertas de poeira e faziam arder os olhos. Pequenos galhos e folhas já corriam pelas ruas sem lugar para ficar. Placas publicitárias de pernas fortes voavam como penas. As gentes fechavam suas casas, cães e gatos eram recolhidos para lugares abrigados. Apressei o passo para chegar logo em casa e fugir das nuvens ameaçadoras. Algumas lesmas pegaram carona em pneus de bicicletas, enquanto outras eram rápidas em seus patinetes. Entrei em casa a tempo de observar pela janela o mandatário- mor da cidade passar voando em sua cadeira de trabalho. A secretária sentada em seu colo fazia anotações e ajeitava os cabelos negros. Não muito distante dali a primeira-dama já sabendo do fato, visto por centenas de olhos comunitários, tirava do baú um chicote de três tentos e dava um lustro num cassetete de aroeira.

A CIRURGIA

Depois da cirurgia cerebral ele se encontra deitado na cama de ferro, imóvel sobre alvos lençóis. De hora em hora uma enfermeira vem para ver como ele se encontra. Observa sua pressão e sai. Na parede um quadro solitário da Santa Ceia faz companhia ao homem que dorme sedado. Sobre o criado mudo não há nada, nem mesmo um copo ou uma revista qualquer. O soro desce em lentas gotas e o rosto do enfermo aos poucos ganha cor. Lá fora, entre nuvens, aparecem pedaços do azul do céu. No canto esquerdo do quatro está largado um pequeno sofá marrom que aguarda para acolher uma visita qualquer. Já faz quatro horas que a operação foi realizada. O homem abre os olhos e se mexe um pouco. A enfermeira chega, ele pede: “Onde estou?” Ela fazendo um olhar de mãe diz que ele está no Hospital Samaritano, sofreu uma cirurgia para extirpar um pequeno tumor no cérebro e que correu tudo bem. “Tudo bem nada” diz ele .-“Sou o encanador, vim até aqui apenas para consertar um vazamento e acabei caindo no banheiro. E agora me acontece isso?”

O MAL DO MAU

Fazia-se carnaval na cidade de Jaboticabal. O homem mau não se cansava de fazer o mal, pois achava tal atitude fenomenal. Morava ele na rua do canal, no prédio Imperial e pagava aluguel para um casal. Na mesma rua havia uma árvore monumental, na qual vivia um pardal sensacional. Numa noite de temporal, recebeu o mau a visita de um homem bravo que o trançou a pau para se vingar de todo o mal feito com sua família antes do carnaval. Todo quebrado, inclusive o osso femoral, foi levado para o Hospital Municipal e atendido pelo doutor Aderbal. Teve também dentes quebrados e acabou precisando de tratamento de canal. Esse homem mau se chamava Percival, sendo filho de tal Juvenal, que morreu na cadeia por matado um animal protegido por lei ambiental. E a historieta vai terminal porque o leitor já deve estar passando mal de tanto ler essa história sem sal. Ponto final. Que tal?

GATOS & GATOS

Gatinhos perambulam na periferia
De olhos atentos
Procurando descuidados
E subindo em telhados
Já os grandes felinos nacionais
Pelo voto escolhidos
Embarcam em aeronaves
E vão para Brasília.

POVO- Todo parente e amigo de político.

Pórco can!

“Pórco can! Sonhei com pedras de diamantes e acordei com pedras nos rins.” (Nono Ambrósio)

INFERNO- Um verdadeiro paraíso para quem só gosta de andar de bermudão e havaianas.

CÉU- Lugar para onde acham que irão os crentes após a morte.

Shirley Maquilaine

“Sou religiosa até os ossos para alcançar os meus objetivos. Mas confesso que sou mais falsa do que rádio chinês.” (Shirley Maquilaine)

SOGRA- Quando nos é antipática seu nome muda para “ a mãe do meu cunhado” ou ” a mulher do meu sogro.”

Álcool na cabeça

“Gente besta não pode beber na mesma mesa. Com o álcool na cabeça o cérebro desce pra bunda e qualquer coisinha vira encrenca.” (Climério)

Ciúmes

“Quem se casa com uma mulher muita bela deve ter controle sobre os próprios ciúmes. Caso contrário viverá um inferno.” (Filosofeno)

Não faz mal para uma mosca? Não faz mal para uma mosca porque é ruim de mira.

“O tempo é o pai dos relógios.” (Mim)

PERUCA- Serve para esconder de todo mundo àquilo que todo mundo já sabe: que você é um careca.

Passar o Brasil a limpo não será fácil. A cada metro quadrado limpo surge um novo quarteirão de bosta.

Para alguns deus é pai; para outros,padastro.

Está demorando. Será que estão construindo uma cela com água salgada para o molusco?

País sério é assim. Os cientistas fogem, os ladrões ficam.

BICHO PERIGOSO

Dentro da casa dos homens há um bicho perigoso demais se manipulado por quem não sabe domá-lo. Quase sempre está encarcerado, mas quando solto por um doente, mata, divide, machuca. É um monstro que acaba com famílias inteiras, pondo na rua mulheres e filhos, provocando o mal nas ruas e nas estradas, sangue escorrendo o aquece, criando para os próximos terror sem fim, e por ironia matando também seu incauto jóquei dia após dia depois alguns anos de domínio. Esse monstro pavoroso é inofensivo se permanecer lacrado dentro de uma garrafa ou se somente for manipulado por quem o respeita e sabe de seu poder destrutivo.

Artigo, Tito Guarniere - De pescadores e de pesca

O Brasil, apesar de um litoral de mais de 08 mil quilômetros, das extensas lagoas e grandes rios, apresenta um desempenho pífio na produção de pescado. Na América Latina, ficamos muito atrás da produção pesqueira de países bem menores, como o Chile e o Peru. Devemos estar na 20ª. ou 22ª. posição na lista dos produtores mundiais. Não dá para indicar a posição exata, porque as estatísticas do setor são velhas e precárias. A Secretaria de Pesca e Aquicultura (ex-Ministério) vem se ocupando do assunto há anos, mas também não sabe informar, alegando que o cálculo da produção brasileira ainda está em fase de “estruturação”.



Há indicações de um crescimento razoável ao longo da última década. Porém, nada autoriza prever para breve uma produção compatível com os nossos vastos recursos na costa marítima, nos rios, lagos e açudes. Os governantes instalados na Secretaria da Pesca, entretanto, prometem uma mudança no quadro medíocre, em lugar incerto do futuro.


Enquanto o futuro não chega, os governos depois de 2003, se não conseguiram fazer incrementar a produção pesqueira em quantidade da qual houvesse ao menos um registro confiável, podem se gabar da façanha de ter aumentado de forma exponencial a quantidade de pescadores artesanais no Brasil. Sobre isto, as estatísticas não mentem.


Quando terminou o governo FHC, existiam no Brasil 92 mil pescadores artesanais, uma conta fácil de fazer, pois este era o número de beneficiários do seguro-defeso. Como sabe o leitor, o seguro-defeso é um benefício de um salário mínimo, pago pelo governo federal aos pescadores artesanais durante o defeso, um intervalo (em geral de quatro meses no ano) em que a pesca é interditada para assegurar a preservação das espécies.


Pois os 92 mil pescadores artesanais de 2002, hoje em dia são mais de um milhão, possivelmente um milhão e cem mil: uma proeza pouco lembrada dos governos de Lula e Dilma, multiplicando em mais de 11 vezes o número dos profissionais do setor – se é que se pode chamar assim.


E como se deu a façanha? No governo FHC o pescador artesanal precisava de um atestado da Colônia de Pescadores, de que ele vivia só da pesca. Nos governos de Lula e Dilma, passou a valer a regra da simples declaração pessoal do interessado.


Com tal facilidade, até um aluno do nosso sofrível ensino médio seria capaz de prever que o número de pescadores artesanais iria se expandir de forma incontrolável. Além disso, passaram a ter direito ao seguro-defeso os “pescadores de terra firme”, isto é, as pessoas que manipulavam, limpavam e processavam o pescado.


Se o aumento espetacular do número de pescadores recebendo o seguro-defeso resultou em maior produção de pescado, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: abriu um buraco nas finanças públicas, na ordem dos R$ 2 a 3 bilhões de reais por ano.


Mesmo em Brasília, onde só existe o lago Paranoá, o jornalista Ricardo Noblat noticiou em O Globo a existência de sete mil pescadores artesanais. O ministro Eliseu Padilha foi mais longe: disse que eram 45 mil. Acho que o ministro está equivocado, a não ser que tenha computado também os pescadores de águas turvas, que existem às pencas em Brasília.


titoguarniere@terra.com.br


Original no Blog do Políbio Braga

TEM QUE SER DITO

Tem de ser dito, e em voz alta, que não faz mais sentido falar de escolas inspiradas na fé ou em ensino inspirado na fé do que em ciência baseada na superstição ou em debate baseado no terror. — Simon Blackburn

"Em todo homem dorme um profeta, e quando ele acorda há um pouco mais de mal no mundo". — E. M. Cioran

PENTEANDO O MICO- Com todas as minhas restrições, antes o Bispo que o comuna: Rio de Janeiro- Ibope: Crivella dispara e abre 34 pontos à frente de Freixo

Compras gratuitas

“Encruzilhada em noite de despacho é quase um minimercado”. (Climério)

PARQUINHO

Verde amarelo azul vermelho
Brinquedos que gritam e sorriem
Areia fofa
Árvores verde vida sombra
Pais atentos
Pequenos sem preocupações
O incerto futuro deles
Felizmente está distante.

GERENTE DE BANCO

“O pior amigo do homem é gerente de banco. Quando você não precisa dele, ele te abraça e sorri. Quando você precisa, ele fecha a cara e corre.” (Mim)

“Eu ainda não consegui uma entrevista com o Papa; o Gerson Camarotti sim.” (Deus)

SPONHOLZ


OS INIMIGOS DA PEC DO TETO por Percival Puggina. Artigo publicado em 10.10.2016

Outra semana decisiva no Congresso Nacional. Há vinte anos abandonei as disputas eleitorais, convencido de que serviria melhor meu país escrevendo e falando do que buscando eleitores. Mesmo assim, esporadicamente, sou acometido de um desejo descabido de estar em Brasília para certas deliberações como o impeachment de Dilma Rousseff ou, agora, a PEC 241. Felizmente é uma vontade que dá e passa, semelhante àquele impulso de acender um cigarro que acomete ex-fumantes como eu em momentos de estresse.
A confissão destes pecadilhos por pensamento vêm à conta da Proposta de Emenda à Constituição mencionada acima e que estabelece teto para os gastos públicos, limitando-os ao reajuste da inflação, por um prazo de 20 anos que poderá ser revisto após 10 anos. Se mesmo com leis de responsabilidade fiscal o gasto público cresce desmedidamente acima da inflação e da arrecadação, somente uma providência rígida e incontornável poderá lhe impor freio. São compreensíveis as reações em contrário. Num país onde 30 dias é longo prazo, falar em 20 anos de ajuste soa como maldição ou sortilégio, principalmente entre aqueles que se acostumaram a gastar jogando a conta para as incertezas do futuro.
Acontece que o futuro, ele mesmo, pode ser de risonhas expectativas ou de fatalidades. Pode estar em alguma dobra remota do tempo ou na batida do relógio, como acontece agora com o Brasil, após 13 anos de petismo no poder. O futuro deixou de ser um prego onde, simbolicamente, estavam penduradas nossas promissórias e veio atropelar-nos, também simbolicamente, como um trem andando em nossa direção. Três anos de tombo no PIB e 12 milhões de desempregados depois, a economia brasileira é um hospital de campanha armado à beira do trilho onde estacionamos.
Pois eis que lá do vale das sombras onde se encontram - logo quem, santo Deus! - o PT e o PCdoB entraram no STF com mandado de segurança contra a PEC 241. Não contentes com o estrago feito, querem que persista. Sobre esse instrumento se debruçarão as sensíveis e corporativas almas dos senhores ministros. Lá da Procuradoria Geral da República, parte uma nota técnica, endereçada ao Congresso Nacional, sustentando a inconstitucionalidade da PEC por "afronta à autonomia dos poderes de Estado".
Não me convencem os estertores ideológicos da dupla que botou o Brasil no vermelho. Por outro lado, nesta pauta, não creio nas motivações constitucionalistas do Ministério Público da União (MPU). Tenho bem presente que sua prodigalidade e patrimonialismo chegou ao cúmulo de requerer o direito de voar em classe executiva, mandando a conta das mordomias correspondentes para a turma da cabine de trás e para a turma da fila do ônibus!
Quando o Congresso estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias, ele define, na forma da Constituição, os limites de gastos dos poderes e do MPU. Como bem argumenta o governo, se o Legislativo pode limitar por lei as despesas da União com seus poderes e instituições, maior legitimidade terá mediante dispositivo constitucional, como estabelece a PEC 241.
Ela não "congela" coisa alguma. Apenas proíbe corrigir os gastos acima da inflação. Ponto. Uma vez adotada, cria-se estabilidade fiscal para atrair investimentos e a economia crescer. Com a economia, crescem os empregos, a renda das pessoas e a possibilidade de pagar a conta pendurada no prego. No meio do percurso dará, até mesmo, para desarmar o hospital de campanha.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- TRISTE PAÍS ESTE MEU

Sempre vivi em conflito com o Brasil. Em verdade, sou mais platino que brasileiro. Nasci na pampa, a mais ou menos um quilômetro da Linha Divisória entre Brasil e Uruguai. Com meus pais, falava português. Com minha ama, doña Catulina, falava espanhol. Na estrada, em frente a nosso rancho havia um desses marcos divisores de fronteira, em concreto. Meu pai costumava colocar-me nos ombros para que eu subisse até o topo do marco. Mandava que eu me virasse para o nascente e dizia: "fala para os homens do Uruguai, meu filho". Depois fazia virar-me para o poente: "Fala agora para os homens do Brasil". Nasci entre duas culturas e o primeiro grande poema de minha infância foi o Martín Fierro. Meu pai era camponês sem maiores luzes, mas conhecia de cor dezenas de sextilhas de Hernández. Pergunte hoje a um professor universitário quem foi José Hernández. Poucos saberão responder.

Entender o mundo foi algo que sempre me fascinou. O aprendizado da leitura me absorveu a tal ponto que eu entrava noite adentro lendo à luz das brasas do fogão. As seleções do Reader's Digest, não sei como, chegavam até aqueles rincões. Não sei se algum leitor ainda lembra delas. Tinham o formato de um pequeno livro e o texto era disposto em seis colunas. Em minha sofreguidão, eu lia as linhas na horizontal, pulando de uma coluna para outra. Não era tarefa fácil, após a leitura, ordenar o texto todo. Fiz o primário em escola rural. Minha alegria de fim de ano era saber que no ano seguinte eu receberia novos livros.

Desde pequeno, tive a intuição de que um homem vale pelo que conhece. No ginásio, me fascinou o estudo de inglês, francês e latim. Sentia-me como que travestido falando uma língua estrangeira. Não o espanhol, é claro, que nunca foi estrangeira para mim. Enquanto meus colegas e parentes se dedicavam a projetos mais práticos, como o de ganhar dinheiro e comprar coisas, eu me preocupava em ler mais para entender melhor o universo que me cercava. Um dos apelidos que me pespegaram em meus dias de Porto Alegre foi "Pra-que-dinheiro?". Eu não entendia muito bem para quê.

Os livros foram minhas armas para enfrentar o mundo. Com eles enfrentei a arrogância dos padres, dos marxistas, dos acadêmicos. Nos dias em que estava abandonando a fé cristã, que me fora enfiada a machado na cabeça, um padre foi enviado à minha cidadezinha para reconduzir ao rebanho a ovelha prestes a perder-se. Conversamos um dia inteiro, esvaziando várias jarras de água. "Com que autoridade - me perguntava o padre Firmino - ousas contestar o que homens ilustres afirmaram?" Contesto, padre, com a autoridade da razão, da lógica e de minhas leituras. Eu teria 17 anos. Graças a meus livros, enfrentava com serenidade aquele Torquemada cinqüentão. A leitura me havia salvo do obscurantismo.

O valor que mais cultivo é o conhecimento. Certa vez, em uma audiência judicial, um juiz me defendeu como me defenderia minha mãe. "Este homem nunca teve tempo de ganhar dinheiro, passou sua vida estudando". Estudando, continuo até hoje. Não tenho maior apreço por quem ostenta fortuna ou poder. Vivemos dias em que sucesso é um valor. Conheço pessoas de bom nível cultural que invejam o Supremo Apedeuta: "Ele teve sucesso". Tenha o sucesso que tiver, pessoa inculta para mim não vale um vintém. Respeito o analfabeto que não teve condições de alfabetizar-se. Não tenho respeito algum por quem, tendo a chance de educar-se, não se educou. Tenho mais respeito por minha faxineira, que surpreendi outro dia lendo Machado de Assis. Quem me acompanha sabe que abomino aquele carioquinha. Mas melhor ler Machado que não ler nada. Urge acabar com esse mito de que alguém vale alguma coisa só porque é presidente da República, bispo de Roma ou sabe chutar uma bola.

Falava de meu conflito com o Brasil. Quando fugi para a Suécia, fugia de duas coisas: carnaval e futebol. Mas por mais que um homem fuja, sempre carrega nas costas seu passado. Os suecos me interrogavam sempre sobre ... carnaval e futebol. Em todas minhas viagens, a peste Brasil sempre viajou grudada à minha pele. Seja nas fronteiras políticas do mundo socialista, seja nas fronteiras hipotéticas do Saara, ao mostrar o passaporte verde nunca faltou um policial analfabeto que me dissesse: "Brassil? Pelê, cafê, sambá".

Nunca tive razões para orgulhar-me de meu país. Tampouco encontro homens em sua história a quem possa conferir a comenda de herói. Tivemos alguns homens de visão, é verdade, Hipólito da Costa (que nasceu na Colônia do Sacramento, atual Uruguai), José Bonifácio, Silva Paranhos. É muito pouco para país tão grande. Santos Dumont? De acordo. Mas Dumont é fruto da cultura francesa, não da nossa. Meus heróis estão em outras culturas. Alexandre, Sócrates, Cervantes, Schliemann, Fernão de Magalhães, Nietzsche, Mozart, Pessoa, Hernández. Entre meus numes tutelares não há nenhum brasileiro.

Viajando, aprendi a gostar deste país. Gosto de repetir uma frase de Chesterton: "não se conhece uma catedral permanecendo dentro dela". Precisei sair para entender melhor a terra em que nasci. Se aqui existem mares de burrice, há também ilhas de inteligência. Se há miséria, há também riqueza. Se há feiúra, há também beleza. Todo país é lindo quando nele existe uma mulher a quem amamos. Essa mulher eu a tive e era daqui. Tivesse eu nascido no Congo ou em Ruanda, teria fortes razões para partir e não mais voltar. Mas ao Brasil dá pra voltar. Que o digam os exilados de 64, que nos cafés de Paris ou Berlim juravam só voltar de metralhadora em punho. Mal Figueiredo decretou a anistia, voltaram chorando a cântaros. Quando passamos muito tempo longe do Brasil, sempre dá um nó na garganta ao voltar. Se choramos ao voltar, é porque o país é viável.

Sempre nos doem na alma as mazelas do país do qual gostamos. Gostar do Brasil é viver de alma machucada. Temos tudo para ser ricos e - ilhas à parte - vivemos atolados na miséria. Eleições são momentos em que brota, no peito de quem gosta de sua pátria, um raminho de esperança: quem sabe, desta vez saímos do barro. Esse raminho, em meu peito há muito murchou. Faz hoje dezesseis anos que não voto, por não conseguir vislumbrar candidato em quem confiar meu voto. Se por um lado não voto, por outro sempre espero apreensivo o resultado das urnas.

Há quatro anos, foi eleito presidente da República um homem que se gaba de sua incultura. Parafraseando Lula: nunca houve na história deste país tamanho acinte à inteligência. Sua eleição gerou um clima funesto no país. Para "ter sucesso" não era mais necessário ter cultura. Analfabeto mesmo serve, desde que minta à vontade, conforme o gosto das gentes. Não bastassem suas demonstrações quase que diárias de analfabetismo, não bastasse a roubalheira institucionalizada de seu governo, não bastassem suas mentiras deslavadas e continuadas, candidatou-se novamente à Presidência da República.

Nos tempos d'antanho, para justificar suas vontades, os poderosos costumavam dizer: Deus quer, Deus quis, em nome de Deus. O tal de Deus parece andar um tanto fora de moda. Hoje, os poderosos ou candidatos ao poder dizem: em nome do povo, o povo quer, o povo diz. Soaria um tanto obsoleto, tanto para Lula quanto para Alckmin, dizer: eu sou o candidato de Deus. Mas não têm maiores pudores em afirmar que são o candidato do povo. As duas palavrinhas - Deus e povo - continuam sendo de difícil definição e têm tantas acepções quanto as bocas dos que as pronunciam. Jamais vi ou li uma definição de povo que satisfizesse a todas as mentes. Mas uma coisa é certa. Passe numa segunda-feira de manhã em um parque público ou em uma praia. Você pode não saber o que é povo. Mas é óbvio que o povo passou por ali. Nesta segunda-feira, Lula acordou reeleito presidente da República. Ontem, o povo passou pelas urnas.

Ainda na semana passada, o candidato derrotado dizia que o PT "está fazendo apologia da mentira. Os petistas podem mentir. Não, o brasileiro não gosta de mentiroso. Nada se sustenta em cima da mentira. Mentira é desvio". Santa ingenuidade tucana. Esta coisa informe que se chama povo parece ter-se indignado com as palavras de Alckmin. E correu às urnas para desmenti-lo: "somos brasileiros e gostamos de mentirosos, sim senhor. Quem disse que nada se sustenta em cima da mentira? Mentira não é desvio. Mentira é direito sagrado de todo cidadão".

Em um sistema democrático, bem ou mal o presidente representa as aspirações da nação toda. Triste país este meu, que elege e reelege um bronco sindicalista. Disse certa vez um político inglês que a Inglaterra era bem sucedida porque seus cidadãos honestos tinham a mesma audácia que os canalhas. Claro que no Brasil existirão não poucos homens honestos. O problema é que carecem de audácia, virtude que nunca faltou aos canalhas.

segunda-feira, outubro 30, 2006

HUMOR ATEU

“Pedro, o povo pratica swing aqui no paraíso? Não? Então convoque as velhas e vamos nos divertir no inferno.” (Deus)

“Os bons que não me sigam.” (Climério)

Estado grande

“O poder embriaga o ser pelas facilidades concedidas pelo inchaço. Num estado mínimo e austero qualquer roubo será mais facilmente percebido.” (Eriatlov)

Impostos

“O mundo é dos ladrões que cobram impostos abusivos. Devidamente amparados pela lei.” (Eriatlov)

“Paixão é coisa forte. Tão forte que até corno de amada adúltera tem saudades.” (Mim)

O CUSPIDOR DE MOEDAS

Ontem fez doze meses que Paulo Antônio,32, amanheceu cuspindo moedas. Pela manhã moedas de dez centavos; à tarde de cinquenta centavos e à noite de um real. Depois de desperdiçar seu tempo cuspindo o dia todo passou a cuspir somente pela noite que o ganho era maior, conseguia R$ 60,00 por hora, em média. Ao invés de dormir, ele cuspia. Não contou para ninguém, só ele e a mulher tinham conhecimento do inusitado. Nem pensou em ir ao médico, pois ele poderia cortar o canal da fabriqueta. E assim por um ano ele foi juntando 18 mil reais por mês cuspindo moedas. Um tremendo salário para quem vivia de merrecas. Para não gerar desconfiança frente aos vizinhos não gastava em supérfluos, tudo na surdina. Mas infelizmente para eles a mamata terminou. Ontem ao tentar a primeira da noite recebeu no lugar da moeda um papel que dizia: PARAMOS.ACABOU O METAL.

FADADOS AO ESQUECIMENTO

Deitado o corpo inerte
Vivo permanecerá enquanto estiver nas mentes e bocas
Porém verdade crua seja dita
Que dia menos dia seremos todos esquecidos
E mesmo do mais importante dos homens do nosso tempo
Pouco se falará daqui milênios
Salvo na boca de algum mestre persistente
Que escarafunchará  pelo passado histórico longínquo
Como um ratinho numa despensa bagunçada.

A DONA DA CASA

Lá fora, o sol. Pela janela basculante do banheiro a mosca entrou na casa faceira, assoviando Tico-Tico no Fubá, pousando sobre tudo, livre e feliz, ninguém para persegui-la. Passeou pelos quartos, sala, cozinha, varanda e despensa. Andou até pela casinha do Felpudo. Soltou vivas quando encontrou um prato descoberto com restos de comida. Sentiu-se uma rainha do lar, dona única do campinho, uma Cleópatra com asas. Abusada, tirou até uma soneca na cama do casal. E assim foi passeando sem preocupação até que vapt! Foi engolida! A mosca jamais imaginou que naquela casa tão hospitaleira havia um sapinho de estimação.

Sem penduricalhos

Na Justiça da Europa não se veem privilégios como penduricalhos nos salários, exército de servidores, carros oficiais etc.

Cláudio Humberto

BARROSO PROPÕE DISCUTIR OS CUSTOS DA JUSTIÇA

No despacho em que soterrou a liminar contra a votação da PEC que limita gastos públicos, o ministro Luís Barroso, do Supremo Tribunal Federal, reconheceu que não deve existir tabu, nas discussões sobre os custos da Justiça. O orçamento do Judiciário corresponde a 1,46% do PIB, diz ele, enquanto a média comparada entre 38 países mostra que na Europa é quase dez vezes menor, ou seja, 0,18% do

PIB. DEBATE INADIÁVEL

Para o ministro Luís Barroso é inadiável o debate sobre o tamanho do Estado sobre o limite de gatos públicos.

Cláudio Humberto

Câmara aprova PEC doTeto dos Gastos Públicos em primeiro turno


O plenário da Câmara aprovou na noite desta segunda-feira, por 366 votos a 111 e duas abstenções, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/16 que fixa um teto para os gastos públicos por 20 anos. O texto foi aprovado em primeiro turno e precisa passar por nova votação no plenário. Também falta votar os destaques da PEC.

Para ser aprovada, a PEC precisava de, no mínimo 308 votos. O governo já havia anunciado que tinha cerca de 350 votos para aprovar a PEC, considerada pelo Executivo como essencial para promover o controle dos gastos públicos e reequilibrar as contas.


A PEC cria um teto de despesas primárias federais que será reajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), impondo limites individualizados para os poder.

Políbio Braga