sábado, 1 de abril de 2017

NONO AMBRÓSIO

“Tenho setenta e oito anos e segundo os entendidos vivo na melhor idade. Deve ser a melhor idade para morrer. “ (Nono Ambrósio)

O ENVIADO

Quando ainda um ser amorfo no ventre da mãe o danadinho nasceu de repente e surpreendeu o mundo. Recém-saído da barriga da mãe num banco de coletivo pulou sobre uma poltrona e começou seu discurso falando da mediocridade geral, das crenças em verdades absolutas feitas para idiotas, do nada imperativo nos bilhões de mentes vãs. Explodiu de emoção falando da importância da ciência e não de futilidades mágicas. E já começando a ficar sem fôlego, ficou feliz quando viu um jovem gravando suas palavras num celular. Encerrando disse: “Eu vim por pouco tempo para dizer muito, sou luz que ilumina mentes encerradas nas trevas do saber, crentes de uma vida eterna paradisíaca ou infernal, ou seja, são bestas, porque eu sei daquilo que falo, vim de onde ninguém nunca foi, nasci no amanhã e voltei pelas mãos da ciência para dizer que Deus não existe e que tudo é propaganda barata.” E caiu morto.

MUDANDO O MUNDO

O profeta saiu do interior e chegou ao poder supremo. Seu primeiro grito foi: “Agora vamos mudar o mundo!” E começou a mudar mesmo já nos primeiros dias, não bem o mundo que todos esperavam, mas o mundo de alguns. Comprou mansão, iate e carros de luxo. Arrumou algumas amantes e empregos bem remunerados no estado para compadres e parentes. O povo, este ficou chupando o dedo e às vezes um pirulito. E mais não conto que a história é velha e todos a conhecem.

TRAÇO

A traça solteira pegou uma caneta e fez um traço. Pronto, arranjou um marido.

DEPOIS DA TEMPESTADE

Temporal passado, seu Alberto Estuco que não mentia nada, contava aos visitantes os estragos que o vento causara.
“Uma das vacas do seu Líbório foi parar nas asas de um avião da Gol.”
“O guaipeca Neneca teve o pelo virado do avesso.”
“Meu chapéu de feltro foi encontrado no Japão.”
“Esterco aqui do potreiro do Sampaio foi encontrado na porta de um restaurante em Nova York.”
Tudo isso perfeitamente verossímil diante da força do vento. O único fato que ainda não foi bem explicado é terem encontrada a dentadura da dona Nhoca cravada no saco do padre Bento.

BOAVENTURA E O PORCO STRADIVÁRIUS

Boaventura mora no sítio Aruana que fica cem quilômetros da cidade mais próxima e tinha como amigo o porco Stradivárius. O porco era especial, pois inflava como se fosse um balão e levava Boaventura montado a passear pelos verdes vales da região. Fizeram belas viagens os dois, muita beleza observaram dos ares, inclusive interagiam com bandos de pássaros. Sem dúvida Stradivárius era especial, era. No último passeio voaram muito baixo e foram vistos por um caçador que pensou tratar-se de um disco voador e meteu bala no porquinho. Boaventura anda inconsolável pela perda do amigo, mas não desiste, agora está tentando inflar o bode Nicolau.

ASSOCIAÇÃO DOS MALUCOS REUNIDOS DO BRASIL- CONVITE

A Associação de Malucos Reunidos do Brasil convida seus membros para o primeiro encontro nacional da entidade que reunirá todas as categorias de malucos. Informamos de antemão que não será permitido no evento que doidos se façam de normais, com isso constrangendo os demais membros. Informamos também que baba ovos de trigais e milharais desenhados como se fossem por ETs serão corridos, pois é um evento de malucos e não para pessoas com dificuldade de raciocínio. O encontro será em local incerto e não sabido em data que não será divulgada, pois tememos a infiltração de normais e de loucos não assumidos.

Assinado: O presidente anônimo

“A única coisa que ainda consigo carregar nas costas é uma verruga.” (Nono Ambrósio)

“Terceira idade é o cão. Escondi uns trocados e agora não consigo lembrar onde.” (Nono Ambrósio)

“Pórco can! Sonhei com pedras de diamantes e acordei com pedras nos rins.” (Nono Ambrósio)

“O nono tem pensado muito em sexo. Só pensado.” (Nono Ambrósio

Mitologia é o nome que damos às religiões dos outros. — Joseph Campbell

Rezar é como uma cadeira de balanço – ela vai dar-lhe algo para fazer, mas você não vai chegar a lugar nenhum. — Gypsy Rose Lee

Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida. — Anatole France

Realidade é aquilo que não desaparece quando paramos de acreditar. — Philip K. Dick

O MAL DO MAU

Fazia-se carnaval na cidade de Jaboticabal. O homem mau não se cansava de fazer o mal, pois achava tal atitude fenomenal. Morava ele na rua do canal, no prédio Imperial e pagava aluguel para um casal. Na mesma rua havia uma árvore monumental, na qual vivia um pardal sensacional. Numa noite de temporal, recebeu o mau a visita de um homem bravo que o trançou a pau para se vingar de todo o mal feito com sua família antes do carnaval. Todo quebrado, inclusive o osso femoral, foi levado para o Hospital Municipal e atendido pelo doutor Aderbal. Teve também dentes quebrados e acabou precisando de tratamento de canal. Esse homem mau se chamava Percival, sendo filho de tal Juvenal, que morreu na cadeia por matado um animal protegido por lei ambiental. E a historieta vai terminal porque o leitor já deve estar passando mal de tanto ler essa história sem sal. Ponto final. Que tal?

EXEMPLAR

Até completar trinta anos Vitor viveu por conta dos pais. Eles mortos, resolveu procurar emprego. Conseguiu de vigia diurno numa grande empresa de pneus. Trabalhou bem na primeira semana. No oitavo dia tirou folga por conta própria. No nono dia pediu um vale pela manhã e adiantamento de férias pela tarde. No décimo dia chegou à conclusão que trabalhar era cansativo. No décimo primeiro saiu do emprego e foi atrás de criar um sindicato.

SUPERSTICIOSO

Virgulino era o cão de supersticioso. Sempre levantava da cama com o pé direito e não saía de casa sem antes consultar o horóscopo. Naquela manhã caminhava pela rua do comércio quando se deparou com uma escada erguida e um gato preto debaixo dela. Não pensou duas vezes: saiu da calçada e contornou pela pista. Mas levou azar o Virgulino: foi atropelado por uma carroça puxada por um burro. No hospital, com pernas e braços quebrados, ficou pensando se não era ele quem deveria estar puxando a carroça.

A DONA DA CASA

Lá fora o sol. Pela janela basculante do banheiro a mosca entrou na casa faceira assoviando Tico-Tico no Fubá, pousando sobre tudo, livre e feliz, ninguém para persegui-la. Passeou pelos quartos, sala, cozinha, varanda e despensa. Andou até pela casinha do Felpudo. Soltou vivas quando encontrou um prato descoberto com restos de comida. Sentiu-se uma rainha do lar, dona única do campinho, uma Cleópatra com asas. Abusada, tirou até uma soneca na cama do casal. E assim foi passeando sem preocupação até que vapt! Foi engolida! A mosca jamais imaginou que naquela casa tão hospitaleira havia um sapinho de estimação.

NA CAPITAL

“Em Brasília é mais fácil encontrar um ET embriagado cantando Jambalaya do que um político que não tenha o rabo preso.” (Mim) 

LIMÃO

“Sou um azedo com autocrítica.” (Limão)

LEÃO ENJOADO

“Toda família tem um esquisito. Meu irmão mais novo, por exemplo, não come carne sem sal e pimenta. É um enjoado.” (Leão Bob)


MULHER MUITO SÉRIA

“Sou uma mulher muito séria; não rio durante a cópula.” (Josefina Prestes)