domingo, 18 de janeiro de 2015

J.R. Guzzo: ‘Esperem o barítono’

Publicado na edição impressa de VEJA
J.R. GUZZO
A presidente Dilma Rousseff começou seu segundo governo com mais uma exibição desta sua estranha habilidade em escolher, entre todas as opções possíveis, sempre aquela que é a pior. Nem foi preciso esperar pelo discurso de posse, mais um fenômeno na arte de anunciar o bem e fazer o mal que tanto atrai a presidente. Bastava, logo de cara, ver os seus ministros. Pelo manual mais elementar do bom-senso, deveriam ser os melhores entre os melhores. Mas Dilma é Dilma. Nomeou os piores que encontrou à disposição no momento, mais uma prodigiosa manada de nulidades, com apenas duas exceções, Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura — e mesmo aí conseguiu se meter em confusão, pois ambos já estão jurados de morte pelo PT e terão de gastar boa parte do seu horário de trabalho simplesmente tentando sobreviver. É típico da presidente: em 39 possibilidades, o número dos cargos que tinha a preencher, acertou duas. Obstinação? Como Dilma jamais explicará ao público nenhuma das escolhas que fez, fica realmente parecendo que estamos diante de um caso de ideia fixa. Em resumo: o ministério do seu segundo mandato é um hino à perseverança no erro.
O primeiro governo de Dilma foi um espetáculo praticamente sem intervalos de corrupção, incompetência coletiva e culto à farsa. O Brasil teve um crescimento miserável nos últimos quatro anos, fracasso para o qual não há desculpa. O melhor investimento possível, na média de 2011 para cá, foi o dólar, marca de todas as economias derrotadas; é o que há, em matéria de subdesenvolvimento. A presidente se irrita quando os fatos indicam que o Brasil é um país vira-lata — mas como governante ela insiste em fazer tudo o que pode para garantir que continuemos exatamente assim. Sua última contribuição é esse ministério. É como se Dilma, a exemplo do tenor vaiado que ameaça a plateia (“Esperem só o barítono”), estivesse dizendo: “Vocês acham que o meu primeiro governo foi ruim? Esperem só o segundo”.
Vai-se ver a lista de novos ministros e quem está lá? Ninguém menos que Jader Barbalho, por exemplo. O nomeado é seu filho, mas nem Dilma acredita nisso; o ministro é Jader mesmo, ex-presidiário por denúncia de corrupção e gigante na história da treva política nacional. É a opção deliberada pelo deboche. Fica pior no Ministério da Educação, responsável por lidar com o problema estratégico número 1 do Brasil. Entre os 200 milhões de brasileiros hoje vivos, é impossível, pela lei das probabilidades, que não haja profissionais com competência para tirar a educação brasileira da miséria em que está enterrada. Mas Dilma nomeia o ex-governador Cid Gomes, do Ceará, um espetacular zé-ninguém na área.
O que fez esse Gomes, em toda a sua vida, que o tornasse capaz de ser promovido ao posto de maior autoridade na educação brasileira? O que ele sabe, além de pedir verba, gastar dinheiro e nomear amigos? O ponto de maior destaque em sua biografia é ter fretado um jatinho, quando governador, para um passeio com a sogra pela Europa. É o grande nome de Dilma para comandar a “Pátria Educadora”. Mais funesto ainda é o caso do Ministério do Esporte. Às vésperas da Olimpíada do Rio de Janeiro, Dilma veio com um pastor evangélico, um certo George Hilton, de um certo PRB; ninguém, até agora, tinha ouvido falar nem de um nem de outro. Quando se ouviu, foi para saber que o homem responde a catorze processos na Justiça e foi pego carregando caixas com 600 000 reais em dinheiro vivo, anos atrás, no Aeroporto da Pampulha.
Se isso não é insultar o público, o que seria? O Ministério dos Transportes (orçamento: 20 bilhões de reais) foi doado a um cidadão que até outro dia morava na Penitenciária da Papuda, cumprindo sentença por corrupção – o ex-deputado Valdemar “Boy” Costa, que colocou no cargo Antonio Rodrigues, réu em ação penal por improbidade. Ressuscitou para a Cultura um perdedor comprovado, Juca Ferreira. “A população brasileira não tem ideia dos desmandos que esse senhor promoveu à frente da cultura brasileira”, disse dele a senadora Marta Suplicy, do PT — sim, Marta, não a “mídia de direita”.
A presidente Dilma, há muitos anos, fez uma viagem para fora do Brasil, e provavelmente para fora do planeta Terra, ao confinar a si própria na cápsula segura do Planalto. Quando a polícia estourar a próxima central de roubalheira em seu governo, dirá que ficou “estarrecida” — e continuará convicta de que não tem culpa de nada. Ao permitir a entrada franca do crime organizado em seu ministério, Dilma, mais uma vez, torna muito difícil a posição de quem se esforça para ter alguma simpatia por ela.

DEU PRA NÓS

DEU PRA NÓS
A morte?
A morte não é o começo de nada
A morte é o fim de tudo
E uma grande alegria para os vermes
Salvo se uma cremação não estragar a festa.

“Quando criança eu tinha pesadelos com o diabo. Agora quem me assombra é Dilma.” (Eriatlov)

“Qual é que o plano dos norte-coreanos para pousar homens no sol?”

“Eles vão à noite.”

O que é uma troca de opiniões em uma reunião do Partido Comunista?

“Eu participo do encontro com minhas opiniões e saio com a sua.”

“A minha sogra adora me dar cordas de presente. Algumas até coloridas e já pronto o nó dos enforcados.” (Climério)

PARADOXO

PARADOXO

Vejam só como são as coisas
O defunto está deitado sobre uma cama de flores
Para ele agora pouco importa
O paradoxo fica por conta de quando vivo
Foi posto a dormir pelos mesmos floristas
Numa cama de espinhos.

“Religião é algo que quando não arrebenta o seu bolso faz estragos na sua mente.” (Filosofeno)

“Medo do diabo? Confesso que não sou corajoso, mas como ter medo de um cara vermelho, com chifres e rabo e que ainda por cima solta fogo pela bunda?” (Clim

“Um petista nunca mama sozinho. Traz a família para o regaço.” (Mim)

“Sou linda por dentro, mas ninguém vê.” (Josefina Prestes)

“Sou apenas mais um. Se eu morrer amanhã o sol não irá se apagar.” (Mim)

“A oposição no Brasil está como uma galinha morta. Nem o galo demonstra interesse.” (Limão)

“O Papa anda falando muita besteira. Bem que me avisaram que argentino tem miolo mole.” (Deus)

“Os egípcios têm pirâmides e múmias. Nós estamos quase lá; as múmias já possuímos.” (Cubaninho)

“O coração do povo é de Jesus. Mas o dízimo é do Santiago, do Edir, do RR. Soares...” (Limão)