quarta-feira, 2 de outubro de 2019

COMUNAS

NA FRUTEIRA


NA FRUTEIRA

- Você é um mamão?
-Não, não sou mamão.
-Não é mamão?
-Não. Sou melão.
-Nunca ouvi falar.
-E você o que é?
-Banana caturra.
-Nunca ouvi falar.
-Sou artista, eu canto.
-Eu também. Canto até em espanhol.
-El dia que me quieras?
-Sim.
-Vamos cantar em dupla?
-Vamos!... Acaricia mi ensueño
El suave murmullo
De tu suspirar.
Como ríe la vida...
Nisso se intromete na conversa o abacate.
-Vocês podem ficar quietos, estou tentando dormir.
-Dormir agora durante o dia?- pergunta o melão.
-Sim, ainda estou verde, preciso amadurecer.
Nisso uma distinta senhora passa pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa, alegrando por hora o verde abacate que cochila entre macias palhas.

CONFINS

Casinha de sapê nos confins.
-Toc!Toc!
-Quem bate?
-Gilmar Mendes.
- Espere aí que vou pegar a espingarda!


“É claro que não somos todos iguais. Ora, eu sou mais bonito. “ (Climério)


“A coisa está tão complicada que já estou pedindo dinheiro emprestado para pagar numa outra vida. ” (Climério)


CONFINS

Casinha de sapê nos confins.
-Toc!Toc!
-Quem bate?
-Lula!
- Fugiu quando ladrão?!
A PIOR TEMPESTADE ESTAVA POR VIR 
O céu ficou escuro e houve uma sensação de pânico geral. As nuvens ruidosas pareciam cair sobre as casas. Ventos enfurecidos revoltavam as melenas cobertas de poeira e faziam arder os olhos. Pequenos galhos e folhas já corriam pelas ruas sem lugar para ficar. Placas publicitárias de pernas fortes voavam como penas. As gentes fechavam suas casas, cães e gatos eram recolhidos para lugares abrigados. Apressei o passo para chegar logo em casa e fugir das nuvens ameaçadoras. Algumas lesmas pegaram carona em pneus de bicicletas, enquanto outras eram rápidas em seus patinetes. Entrei em casa a tempo de observar pela janela o mandatário- mor da cidade passar voando em sua cadeira de trabalho. A secretária sentada em seu colo fazia anotações e ajeitava os cabelos negros. Não muito distante dali a primeira-dama já sabendo do fato, visto por centenas de olhos da comunidade, tirava do baú um chicote de três tentos e dava lustro num cassetete de aroeira.

“Puta eu nunca fui. Mas tenho tendência.” (Ilvania Ilvanete)



“Vivemos num país injusto. O maior crime do sucesso é afrontar os frustrados que sempre viveram do estado ou de seus tentáculos. O sucesso é um tapa na cara. Só resta aos medíocres socialistas unir-se contra quem sabe fazer bem feito. ” (Eriatlov)

“Proibido o cigarro; o açúcar; o sal; a gordura; a cerveja e o refrigerante. Para serve estão esta merda de vida sem prazer? Para viver duzentos anos sem graça? Sou contra todo tipo de exagero, mas sem uns pecadinhos a vida se torna insossa .” (Eriatlov)

“O povo é de amargar. Para fazer filhos não querem ajuda, mas para dar de comer aos barrigudos fazem um enorme drama e querem contribuição. ” (Eriatlov)


“Nem todos os instrumentos de corda me atraem. A forca, por exemplo, por ela não tenho nenhum entusiasmo. ” (Eriatlov)


LIVRO


Livro bom é livro de páginas rebeldes e sujas
Até com manchas de gordura
Passado de mão em mão
Abrindo caminhos e iluminando mentes.


VERSOS ANTIGOS


Versos antigos adormecidos em velhos baús
São regulamente recolhidos por fantasmas
E murmurados nos ouvidos de jovens poetas.

MULHER



Mulher se acha em qualquer lugar
Mas encontrar companheira
É poço de petróleo.

MEU LUGAR


Nunca estive entre os bons
Sempre fui companheiro
Dos mais ou menos.


GENTE


Gente que se importa
Nunca foi e nunca será
Completamente feliz.


SEM PRESSA
Enquanto mente lúcida e corpo em pé
Não há pressa para entrar naquela cidade
Onde para morar entram todos deitados e quietos
Mesmo os inconformados.


CORDA


Quem anda de mãos com o mal
Tanto procura que um dia acha
A corda que irá enforcá-lo.

LESMA


Cara Lesma
Concordo com você
Que o sabor da alface
É não ter sabor.

O COISA


Vai-se uma pomba
Vai-se outra
E Gilmar Mendes não vai à merda.

VERMES


Vermes públicos
Locupletam-se e sugam nossas forças
Até a completa esqualidez dos contribuintes.

JUMENTOS DO BARULHO


Tua mãe está bem filho da puta?
Por que então desassossegas os que estão quietos?
Corre será pelo racho de tuas nádegas
O tal bicho carpinteiro?