quarta-feira, 13 de junho de 2018

GASTANÇA


“A Nona está gastando trezentos contos por mês em perfumes e cremes. Mas banho que é bom, nada!” (Nono Ambrósio)

FRIA


“Ontem para conseguir dormir tive que esquentar seis tijolos no fogão de lenha. A Nona quando deita é um picolé e está mais fria que defunto velho em necrotério.” (Nono Ambrósio)


NONO AMBRÓSIO


“O frio aqui no sul chegou para matar o Nono. Estou usando seis pares de meias e em dois dias já bebi três garrafões de vinho. E nada de esquentar os cascos. ” (Nono Ambrósio)

O D. SEBASTIÃO DE CURITIBA por Estadão, editorial. Artigo publicado em 11.06.2018



O PT anunciou o lançamento da pré-candidatura presidencial de Lula da Silva, como se fosse a volta de d. Sebastião – o rei português que desapareceu numa batalha em 1578 e cujo retorno era esperado para salvar o reino da crise que se estabeleceu após sua partida, “quer ele venha, quer não”. Mas o sebastianismo petista é uma deliberada tapeação. Enquanto o corpo de d. Sebastião nunca reapareceu, todo mundo sabe muito bem onde está Lula: numa cela em Curitiba, cumprindo pena por corrupção e lavagem de dinheiro.

A anunciada “candidatura” de Lula, portanto, precisa de aspas. A Lei da Ficha Limpa impede que o ex-presidente tenha sua postulação deferida pela Justiça Eleitoral. O PT insiste que seu chefão é preso político, pois nada teria sido provado contra ele, razão pela qual a defesa de Lula acredita que, no momento do registro, sua candidatura terá de ser aceita, ainda que em caráter liminar. O partido não esconde que pretende causar o máximo possível de confusão legal até a eleição para que o nome de Lula esteja na urna eletrônica, com consequências imprevisíveis para o resultado formal do pleito.

Enquanto isso, o PT preparou material de campanha no qual, além de insistir na libertação de Lula, explora a crise atual para dizer que somente com a eleição do ex-presidente “o Brasil vai ser feliz de novo”. Há até uma imagem em que alguém recoloca o retrato de Lula na parede, com faixa presidencial e tudo, lembrando a marchinha de 1950 cujo refrão “bota o retrato do velho outra vez” embalou a volta de Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”, ao poder naquele ano.

No jingle lulopetista, o refrão é “chama que o homem dá jeito”, depois de imagens que retratam o desemprego e a greve dos caminhoneiros, embaladas por uma letra que diz: “Meu querido Brasil, o que fizeram com você?”. Nos “braços do povo”, Lula então se apresenta como o único capaz de enfrentar os “poderosos” e fazer “chegar a primavera”.

É evidente que, em campanhas eleitorais, não se deve esperar que partidos deixem de exaltar qualidades de seus candidatos, mas no caso da campanha de Lula o que há é pura e simples fraude.

A crise que os petistas dizem que Lula irá resolver foi causada pelo próprio Lula e por sua desengonçada criatura, Dilma Rousseff. Foram dois anos de uma recessão brutal, resultante de uma série de erros de política econômica causados por uma visão antediluviana do papel do Estado. O primeiro mandato de Lula na Presidência, entre 2003 e 2006, deu a falsa ilusão de que o ex-metalúrgico bravateiro havia aderido aos bons fundamentos da administração e da economia. No entanto, a partir do segundo mandato, decerto premido pela necessidade de se manter no poder em face do escândalo do mensalão, Lula adernou à esquerda populista, mandando às favas o compromisso com o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação. A gastança estatal resultou em crescimento tão exuberante quanto insustentável – mas suficiente para eleger o “poste” Dilma em 2010.

Com Dilma dobrando a aposta de Lula, as contas públicas foram destroçadas – mas o País demoraria a conhecer o tamanho do desastre graças à contabilidade criativa e às pedaladas. Felizmente, o impeachment de Dilma interrompeu a trajetória rumo ao abismo. Aos poucos, restabeleceu-se um mínimo de racionalidade na administração, e algumas medidas cruciais, como o teto dos gastos, indicavam que o País havia recobrado a sanidade.

Ainda falta muito a fazer, mas o principal obstáculo hoje nem é a dura conjuntura econômica, e sim uma nostalgia populista que embala uma parte considerável dos eleitores, convencida de que é possível “ser feliz de novo” se a Presidência for ocupada por Lula – ou, quem sabe, por alguém indicado por ele. E essa atmosfera passadista, que ignora totalmente o que foi a trevosa era lulopetista, é fruto direto da ruína da política em meio a uma campanha de descrédito poucas vezes vista na história nacional. Se esses são os políticos que temos, é o que devem pensar esses eleitores, melhor esperar mesmo pela volta do d. Sebastião de araque.

ATENÇÃO, INTERVENCIONISTAS! por Percival Puggina. Artigo publicado em 13.06.2018



No dia 7 de outubro decide-se o rumo que a nação irá percorrer pelos próximos quatro anos. Como se sabe, a correção de quaisquer erros decorrentes dessa escolha envolve prolongadas crises e instabilidades que afetam negativamente a vida de todos. Os corruptos do “mecanismo” estão bem identificados e aptos a serem rejeitados nas urnas. O autorrotulado progressismo quebrou o Brasil, derrubou a economia nacional, criou verdadeiro caos moral e entregou o povo à bandidagem das ruas e das estruturas do poder.

A conhecida hegemonia cultural da esquerda e o efeito político das fake analysis nos meios de comunicação vêm sendo impactados pela força da direita nas redes sociais. Ideias liberais e princípios conservadores prosperam junto à opinião pública e é razoável esperar uma reversão da gangorra. Trata-se então, principalmente, de convocar os eleitores às urnas, convencê-los de que chegou a hora de escolherem bem e de se empenharem pela vitória dos melhores. Em contrapartida e num cenário tão adverso, os inimigos do país, que madrugarão nas filas de votação – sublinhe-se! -, sonham com que os bons cidadãos não apareçam nas seções eleitorais.

No entanto, em orquestrado coro, os intervencionistas vêm proclamando não só a vulnerabilidade das urnas eletrônicas, mas afirmam, como coisa decidida e consabida, a inutilidade da eleição. Certo? Errado! Errado e exagerado. Você acredita que os eleitores da tropa de choque petista ficarão em casa no dia 7 de outubro? Dirão eles, a si mesmos, que “é inútil votar em urnas fraudadas”? Ou, tão pueril quanto isso, considerar-se-ão dispensados porque, afinal, as urnas serão fraudadas em favor deles mesmos?

A greve dos caminhoneiros, ao se tornar um cardápio político acompanhado de desastre econômico, pôs uma pedra no meio do caminho. Os esquerdistas queriam o caos porque sabiam o quanto ele sempre os beneficiou em sucessivas experiências históricas; os intervencionistas queriam o mesmo caos na expectativa de que uma salvadora ruptura institucional resolvesse os problemas do Brasil. Suposto antagonismo em esforço conjunto...

Na Economia, removida a pedra, colheu-se apenas o caos com sua inexorável planilha de custos e preços. O PIB perdeu cerca de 80 bilhões, as expectativas de crescimento para o ano caíram abaixo de 2%, os preços subiram 1% em 30 dias (sinalizando para uma elevação do custo de vida), a Petrobras perdeu 14% de seu valor, o dólar disparou, a bolsa caiu. Ligeirinho, os 86% a favor da paralização viraram 70% contra. E até a demanda por frete, claro, diminuiu com a desaceleração dos negócios.

Na política, removida a pedra, não ficou mais barato. A mídia militante, aquela que soluça ao noticiar vitórias eleitorais da direita, encontrou na mobilização dos intervencionistas motivos para empacotar num único discurso o “golpe” contra Dilma, a eleição sem Lula, a “extrema-direita raivosa”, e o “golpe” de 1964. Resultado: ao colocar todas as fichas numa ruptura institucional sem futuro, que a caserna rejeita eloquente e reiteradamente, os intervencionistas estão ajudando a esquerda, criando antagonismos com o grupo do centro ideológico, semeando desânimo à direita e afastando da eleição milhões de agentes de uma necessária renovação de quadros políticos.

Motivados pela necessidade de renovação, bons candidatos liberais e conservadores disputarão esta eleição em todos os Estados. Se há algo de que eles não precisam é que seus potenciais eleitores fiquem em casa. A esperança vã numa solução que não vem, tanto quanto o desalento, só serve aos corruptos, aos incompetentes e aos artesãos do caos.

O VENDEDOR


A verdade é esta: ninguém é mais vendedor que Hermógenes, nem Sílvio Santos.  Já vendeu máquina para ensacar fumaça, calcinha furada da Cristina Kirchner, automóvel voador, jacaré ventríloquo, mulher com um furinho na cabeça para guardar moedas, passarinho que toca violão, cachorro que come usando garfo e faca e até dentadura para recém-nascido. Sua última proeza foi vender milhares de ingressos para entrar no céu sem precisar verificar os pecados, esquema dele com o porteiro. Vendeu tanto que até o dono da gráfica ficou rico.  Para se que se tenha uma ideia de quanto o homem é bom, até Satanás comprou doze ingressos e deixou seis de reservados. Preciso dizer mais?



A VACA BARROSA


O alemão Franz Bertoldo vivia no Vale das Flores, lugar lindo que só, verdadeiro paraíso na terra.   Acordava todas as manhãs, fazia fogo e então corria para ordenhar a vaca Barrosa. Recolhia e bebia a mesa o leite espumante e fresco todas os dias, inclusive aos domingos. Naquela manhã  distinta de dezembro não saiu o esperado leite das tetas da vaca, mas sim um outro líquido claro de boa aparência e também espumante. Que será? –pensou. Bertoldo bebeu um gole, gostou , se deitou debaixo da Barrosa e bebeu direto na fonte. Saiu dali tonto e feliz, com um sorriso radiante.  No outro dia juntou economias e foi comprar uma nova vaca leiteira. A boa Barrosa ficou na produção de cerveja para alegria geral da família.


O TEMPO


Menino Glauber estava descalço e de calção na sala assistindo televisão. Depois se levantou e foi até a janela para ver a vida passar. Chupou duas balas, voltou para dentro e aí percebeu que já estava com setenta anos. Pois é o tempo, o implacável tempo. Voa o precioso e quase não percebemos. Sentimos o início e o fim e quase sempre perdemos o meio.

AMANTES


Beijos linguísticos, lambeções interplanetárias, gemidos florestais e orgasmos alucinantes. Assim Berto Carvi naquela tarde sob os lençóis amava Ana Galinda, esposa do mafioso Don Trombose num apartamento no grande Hotel Imperador. Um dia de céu azul, fresco e de muita sensualidade. Não sabia o belo Berto que Genaro um dos recepcionistas estava na lista de pagamentos do chefe. Porta aberta, tiros silenciosos e um corpo enrolado nos lençóis que não muito cobriam corpos em volúpia. Ana Galinda após alguns sermões e sopapos já estava toda maquiada e pronta para novas traições, enquanto Dom Trombose dolorido passava brilhantina nos chifres.


RAINHA DELMA


Ano 1750 no reino da ignomínia. A Rainha Delma prendeu na masmorra do seu castelo a bela serva Iraci, doente de ciúmes diante da beleza da moça. Mandou a rainha servir na masmorra apenas água, nada mais que isso. Viajou por um ano e voltando de sua longa jornada fez uma visita de surpresa para sua prisioneira. Encontrou-a feliz, fofa e corada. Não acreditou no estava vendo, impossível. Mas ao ver o Rei Elmo seu marido de apenas quarenta anos, beiço caído, andando amparado por servos, pesando pouco mais de cinquenta quilos, compreendeu tudo.  Seu último ato em nome da dignidade real foi atirar-se pela janela dentro do fosso dos crocodilos.

DESESPERO


Na noite do desespero
Existe apenas a escuridão
Não há lua
Não há estrelas
Apenas existe a dor
Que alucina e que fecha todas as portas do entendimento.

FOSSE O MUNDO ACABAR


Fosse mesmo o mundo acabar
Reuniria os meus amados
E ficaríamos recordando  bons momentos passados
Entre abraços e ternos beijos
Sem desespero
Comendo delícias
E fazendo troça até a última luz das nossas vidas se apagar.


ILUMINADA


Iluminada é a mente
Que tem o horizonte infinito como alvo
Ao contrário do parvo
Que de cabeça baixa conta as pedras encontradas no caminho.


NO BOLSO


Não parece doença
Mas é das bravas
Que toma o sujeito pela mente
E o conduz gentilmente
A ser um contribuinte compulsório
Dos procuradores do tal senhor onipotente
Que ninguém vê
Que ninguém sente
Salvo o sentir no bolso mensalmente.