quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

BAGAÇA

Vivemos na era da mediocridade
Da política rasteira
Quase ninguém escapa
Desta pasmaceira
Quando o vivente votado não é asno
É inteligente
Porém bagaceira.

A TRANSFORMAÇÃO

Não importava o sol abrasador que torrava os miolos. Não importava o odor terrível que emanava daqueles latões de lixo, tanto que até urubus passavam por perto usando máscaras. Mas Demétrio não se importava; lá estava ele todos os dias mexendo em tudo, fedendo ele próprio mais que os restos ali depositados. Seu corpanzil há anos não sabia o que era uma carícia das águas que não fosse da chuva. Carregava moscas pelo rosto todos os dias, como se fosse um lotação de insetos, sendo algumas também embarcadas nas orelhas. Vivia, comia e dormia na imundície, lugar mais sujo impossível. O corpo adornado de perebas já nem se importava mais. Assim foi por muitos e muitos anos. Porém um dia acordou sentindo-se estranho, muito diferente. Olhou para algumas ratazanas com segundas intenções. Estava dentuço e peludo. Tinha agora os gostos de um rato, bigodes de rato, orelhas de rato, dentes de rato, enfim, transformara-se num rato. Ao contrário do caixeiro- viajante Gregor Samsa, de Kafka, o Demétrio rato estava feliz. E assim continuou vivendo por mais alguns dias até ser comido por um gato esfomeado.

CHUVA DE LIVROS

Um agricultor caminhava pelo campo quando viu escrito na grama: “Em breve choverá livros.” Não deu bola e seguiu seu caminho. No outro dia nos céus de todas as cidades do país estava escrito: “Em breve choverá livros.” No terceiro dia quando se ligava a televisão aparecia na tela os dizeres: “Em breve choverá livros.” O povo começou a ficar preocupado. No quarto dia ouve pânico, pois todas as emissoras de rádio sofreram interferência de uma comunicação que dizia: “Em breve choverá livros.” No quinto dia novamente nos céus do país um recado um pouco maior: “Em breve choverá livros e todos terão que lê-los!” Mais pânico. No sexto dia não ouve comunicação alguma e a tal chuva de livros teve início. Neste dia começou o grande êxodo brasileiro, mais de 55 milhões de pessoas fugiram do Brasil invadindo a Venezuela, Bolívia e Argentina.

OS PISTOLEIROS E A MORENA

Lá nos cafundós do Mato Grosso, perto de onde o diabo perdeu suas cuecas, no final de uma estrada poeirenta e quase sempre vazia, moravam os irmãos Morais; Pedro 38, Paulo 35 e Batista 30. Eram solteiros e quando precisavam se aliviar visitavam o bordel da Zefa em Feliz Natal. Os irmãos Moraes criavam porcos e matavam gente. Mais matavam gente que criavam porcos. Matavam gente perto, matavam gente longe. O importante era a paga. Quem morria só interessava pelo preço. Faziam tudo bem feito; a justiça nunca triscou neles. Mais de trinta estavam na conta, bons lucros às funerárias. Não tinham sentimentos, pouco se importavam em deixar filhos sem pai. Eram pessoas rudes e sem bons sentimentos. A vida era assim; um serviço e depois meses de armas guardadas. O tempo corre... Certo dia chegou naqueles confins uma bela moça morena. Tinha brilho, belo sorriso e pernas roliças. Era quase noite e pediu um lugar para ficar. Com boas intenções eles acolheram a mocinha, acredite quem quiser. Foi uma noite e tanto. Rolou muito sexo e cachaça entre o quarteto. Todos dormiram embriagados e exaustos. Quando clareou o dia ela foi embora antes mesmo dos irmãos acordarem. Dela não mais se soube. Os irmãos? Só se soube que após alguns meses morreram os três da tal doença do pinto podre.

INFARTO DO MIOCÁRDIO

Borda do Cafundó, três mil almas. No dia 15 de outubro de 2010 nasceu o primeiro filho de Jurema e Deodato. Ele escolheu o nome do menino; nome este que não saiu da sua cabeça deste que ouviu alguém falar no hospital da capital quando o pai estava lá internado: ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-Como?- Perguntou perplexo o
tabelião Amadeu.
-‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-‘Infarto do Miocárdio’ não pode seu Deodato!
-Não pode, não pode por que seu Amadeu?
-Porque não é nome de gente, é um mal que acomete o coração!
-Não me interessa se é ou não é, é diferente, soa bem e eu quero!
-Mas seu Deodato, onde já se viu? Pobre do menino!
-Vai ver está com ciúme! Faça filho e meta nele o nome que quiser! O meu filho será ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’ e o apelido dele será ‘Infartinho do Deodato’!

O tabelião andou de lá para demovê-lo da ideia e nada de conseguir. A tarde já findava e o Deodato não arredava o pé. E quando viu que o tabelião não iria mesmo registrar o Miocárdio não teve outra saída senão sacar da peixeira e do trinta e oito,  que são dois tipos de muita argumentação. O menino foi registrado e seu Amadeu ganhou mais um afilhado.

QUEM PROCURA ACHA

Erni procurava lugar para bebericar de graça, mas já estava muito bêbado. Entrou então numa capela onde se realizava um velório e aprontou o maior rebuliço. Mesmo sem ouvir música alguma achou que era uma festa e foi tirando a viúva para dançar. Não contente foi para cima do defunto derrubando velas e castiçais. Levou uns petelecos e foi atirado num canto pelos parentes do morto. Quando apareceram os homens da Brigada Militar não se conteve e gritou: Viva! Finalmente o conjunto chegou! Levou mais dois sopapos e acordou detrás das grades já curado do porre. Foi então liberado e já na primeira esquina tomou uns goles e aprontou novamente, ofendendo os presentes e querendo briga com o dono do boteco. A boca em que se metera era brava, levou dois tiros e virou finado.
“Velho, o capeta quer uma audiência contigo. O danado quer agora um percentual sobre os dízimos cobrados pela nossa turma.” (São Pedro)
“A minha infância teve a liberdade para brincar de uma cidade pequena, dor de dente e o peso do pecado incutido pelos religiosos. “ (Mim)

ANVISA ALERTA: Ser petista deixa sequelas.

“Abrir geladeira de pobre na crise é sentir-se no meio do oceano: você olha e só vê água.” (Mim)
“A religião é um clube que me quer como sócio, mesmo que para entrar nele eu precise me tornar um hipócrita.” (Mim)

A GAZETA DO AVESSO- OS CABRAIS- Pedro Cabral descobriu o Brasil. Sergio Cabral descobriu agora como é ruim usar algemas.

A GAZETA DO AVESSO- Cebolinha e Mônica serão candidatos à presidência do Brasil em 2018.

A GAZETA DO AVESSO- Dilma vai palestrar no mundo: COMO CONTROLAR A INFLAÇÃO EM TREZE LIÇÕES

A GAZETA DO AVESSO- Cuba vai emprestar dinheiro para o Brasil.

A GAZETA DO AVESSO- Evo Morales e Nicolás Maduro participarão de um curso na Correia do Norte curso que será ministrado por Kim. Título: A IMPORTÂNCIA DAS ALGEMAS NO CONTROLE DA IMPRENSA

BAH!

Com sangue até nos ossos
O assassino pago beija suas crianças
Carrega compras de uma velhinha
E dorme sem precisar contar carneirinhos
Esse é o estágio que atingiram
Alguns seres racionais.

CORTE DE GASTOS E TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO PÚBLICO PARA O PRIVADO, DEFENDE ARMINIO FRAGA

O economista Arminio Fraga poderia ter sido nosso ministro da Fazenda, mas os eleitores – ou as urnas eletrônicas – preferiram dar mais quatro anos a alguém como Guido Mantega. Conhecemos o resultado: o Brasil afundou de vez. Agora, Michel Temer tenta consertar alguns estragos grandes deixados pelo PT, com uma equipe bem melhor, que tem inclusive o respeito de Arminio. Nessa entrevista à Época, ele oferece algumas sugestões do que deve ser feito em nossa economia, especialmente para curar o mal da alta taxa de juros:
Não há quem me convença que um país pode se desenvolver com seu potencial máximo, com o máximo de produtividade, com dois terços da intermediação financeira nas mãos de bancos estatais, por melhores que eles sejam. Há muita gente boa no BNDES, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Mas, no geral, a governança é ruim, muito exposta a tudo que é tipo de problema, vieses ideológicos, tráfico de influência e até ignorância. E falta concorrência no setor financeiro. É importante avaliar a concentração no setor. Talvez ele já esteja concentrado demais.
[…]
No crédito para pessoa física, o tema quente continua a ser o cadastro positivo. O cidadão pode carregar a história dele de um banco para outro e forçar a concorrência entre eles. No crédito para empresas, tem a ver com a qualidade das garantias. Historicamente, no Brasil, o grosso do crédito tem sido sem garantia. Em função disso, é muito mais caro. Tem a ver com a eficácia da lei de falências, que precisa de uma revisão.
[…]
Para mim, a principal conclusão dessa linha de pesquisa é bem intuitiva e se aplica ao Brasil: as políticas monetária e fiscal têm de se complementar e se reforçar. No lado fiscal, isso requer um orçamento equilibrado, uma dívida pública relativamente pequena em épocas normais, para [o governo] poder agir quando necessário. Não é o caso aqui agora.
Nossa política fiscal continua muito frouxa. Isso mantém a pressão pela elevação dos juros. Se você olhar a trajetória do saldo primário [o resultado das contas públicas sem o pagamento de juros], houve uma piora de uns 6 pontos percentuais do PIB. O superávit se tornou um baita déficit. Metade da piora foi aumento de gasto, que inclui gasto com Previdência. A outra metade se pode dividir meio a meio entre desonerações [suspensão de cobrança de tributos] e recessão, que faz a arrecadação cair – mais ou menos 3 pontos de aumento de gasto, 1,5 ponto de desonerações, 1,5 ponto de queda da atividade. Se considerarmos as desonerações como uma decisão de gasto, três quartos do buraco vieram por aumento de gasto. Então faz sentido limitar o crescimento do gasto a zero. E faz sentido, como dizem o ministro [da Fazenda, Henrique] Meirelles e o secretário [do Tesouro, Eduardo] Guardia, reverter as desonerações. […] Do lado do governo, ninguém me convence que não há onde cortar. É um trabalho de guerrilha.
[…]
Impressiona o trabalho feito no BNDES, na Petrobras e no setor de petróleo, na Eletrobras. Dado que este governo é relativamente novo e opera em condições adversas, acho que está avançando bem – o que não quer dizer que seja suficiente. O importante é continuar avançando.
[…]
Eu, como liberal, defendo um Estado que funcione para a sociedade, e não para grupos, que tenha uma rede de proteção social, mas que sobretudo ofereça oportunidades. No Brasil, faltam oportunidades.
Como de praxe, são ótimos pontos abordados por Arminio. O governo atual tem feito coisas importantes, mas ainda estão muito aquém do necessário. É preciso cortar gastos públicos, reduzir as barreiras à entrada de novos bancos para aumentar a concorrência no setor, rever desonerações, flexibilizar as leis trabalhistas, combater o “capitalismo de compadres”, enfim, caminhar numa direção bem mais liberal.
Rodrigo Constantino

“Eu também já fui esquerdista, essa espécie de gonorreia juvenil que a todos acomete.” (Roberto Campos)

“Não detesto totalmente a Dilma. Só do calcanhar para cima.” (Eriatlov)

“Num país sério a ignorância não é considerada uma virtude.” (Filosofeno)

“Sogra e Estado quanto menos se intrometerem na sua vida, melhor.” (Climério)

“O conhecimento é um buraco que quanto mais você cavouca mais tem vontade de se jogar dentro.” (Filosofeno)

“O socialismo não morre porque a canalha da utopia delirante precisa de um estado para sugar.” (Eriatlov

“O estado brasileiro é o supra sumo da extorsão consentida.” (Eriatlov)

“A esquerda ama a liberdade de imprensa, mas só a favor.” (Eriatlov)

“Quem ainda espera alguma coisa de mim são os cobradores.” (Climério)

“Fui reprovado até em aula de religião. Eu não conseguia desenhar uma cruz.” (Climério)

“Na escola eu sempre tirava dez na merenda.” (Climério)

Novamente o Woody Allen não esteve na minha festa de aniversário. E na sua, quem faltou?

“O PT é um partido que veio para ficar. Ficar preso.” (Eriatlov)

“Não vivo do humor. Faço humor para me manter vivo.” (Mim)

OS SALVOS

Os salvos

Ele gasta os olhos lendo o livro dos séculos dos séculos
Endurece a saliva impondo condenações aos diferentes
Anda de terno e gravata
Para ter aura de seriedade
Tira dos seus amados para lambuzar o rabo de pastores
Pois está fanatizado pela salvação
E eu
Do alto das minhas sandálias havaianas
Rio em silêncio
Observando como navegam bem os espertos
Nesse mar de ignorância sem fim.

A SOGRA, O GENRO E O CACHORRO

O cachorro Beni pastor alemão do Arnaldo mordeu a sogra no calcanhar e ela acabou morrendo. O cachorro foi fechado no canil para futura avaliação. No velório mais de mil pessoas estavam presentes. Um conhecido comentou como Arnaldo como ela era amada pelo povo da cidade. A resposta do genro: “ Pois eu conto que dessas mil pessoas aqui presentes, cem vieram pela minha sogra, oitocentas e noventa e oito estão aqui com propostas para comprar o cachorro; os outros dois são do Butantã e estão querendo levar o corpo da velha.”

O DESTEMIDO ANTENOR

Nada temia Antenor, nem o capeta em carne e osso. Fazia questão de passar sob escadas, adentrar cemitérios em plena madrugada, frequentar puteiro em ambiente violento e até namorar filha de traficante ou delegado. E não parava por aí; atravessava rio em enchente, entrava em casa pegando fogo, matava cobra no dente. Pois é, esse homem valente sem igual veio a morrer tal qual um comum de infarto fulminante. Foi agorinha, ainda faz pouco quando recebeu a fatura de energia.

O MARIVELHO DA EULÁLIA

“Meu marido é velho, muito velho mesmo. Para ser ter uma ideia do quanto, a certidão de nascimento dele foi lavrado em papiro.” (Eulália)

“Em terra de despiscinados quem tem piscina em casa sempre é muito popular.” (Pócrates)