terça-feira, 8 de janeiro de 2019

SIMPLIFIQUE

O que é a vida senão dor e riso?
Sonhos são destruídos
No sopro das horas
É o simplificar das coisas
Que dá ao ser o tempo necessário
Para valorizar aquilo que é de fato importante.
INQUIETUDE

Mar
Campo
Serra
Floresta
Cerrado
Deserto
Cidade grande
Cidade pequena
Vila
A verdade é que nenhum lugar é bom
Quando não se está em paz.

“Há lugares que não nos agradam. É verdade. Mas quando nenhum lugar nos agrada, será que não há algo de errado conosco?” (Filosofeno)

“A sorte não agracia fulano ou beltrano por merecimento. A sorte cavalga no vento, e sem escolher cai às vezes no colo de um imprestável.” (Filosofeno)

“A mãe de Hitler achava ele um anjinho. O certo é que mães também se equivocam.” (Filosofeno)

“A melhor coisa para se abrir portas ainda é ter a chave certa.” (Filosofeno, o filósofo que dorme sobre o capim)
“Quem acredita em Chapeuzinho Vermelho acaba sendo comido pelo Lobo Mau. É preciso filtrar certas amizades.” (Pócrates)

Colocar ministros parceiros em postos chaves de um tribunal de instância superior é bem coisa de gente sem vergonha, operadores do malfeito premeditado.

DESCULPAS SOVIÉTICAS

Um homem está dirigindo com sua esposa e filho pequeno. Um homem da milícia os puxa e faz o homem fazer um teste de bafômetro. “Veja,” o homem da milícia diz, “você está bêbado”. O homem protesta que o bafômetro deve ser quebrado e convida o policial a testar sua esposa. Ela também registra como bêbado. Exasperado, o homem convida o policial para testar seu filho. Quando a criança também se registra embriagada, o policial dá de ombros, diz: "Sim, talvez esteja quebrado", e os envia em seu caminho. Fora do alcance do ouvido, o homem diz a sua esposa: "Veja, eu lhe disse que não faria mal dar ao garoto cinco gramas de vodka."

NA VELHA URSS

Homem sentado em um banco em Gorky Park. Um amigo chega e diz: "Você está bem?"
O homem diz: "Eu não posso reclamar".
Amigo: "Mas você parece um pouco pra baixo, tem certeza de que está tudo bem?"
Homem: "Sim, não posso reclamar".
Amigo: "e sua esposa e filhos - eles estão bem?"
Homem: "sim, não posso reclamar também"
Amigo: "olha, você está sempre olhando para baixo. O governo conseguiu um emprego e um apartamento, e você ainda parece infeliz - por que isso?"
Homem: "PORQUE NÃO POSSO RECLAMAR!"

“Uma vida meramente contemplativa, sem desafios, não seria um tédio? Eis aí o paraíso. ” (Limão)

A RESERVA DOS DERROTADOS por Percival Puggina. Artigo publicado em 08.01.2019

Claro que há muita burrice e rabugice no que tantos profissionais da comunicação vêm escrevendo e dizendo. Assim como o uso do cachimbo entorta a boca, o hábito de falar sozinho sem ser contestado desenvolve deformações políticas. E faz carreira nos totalitarismos.
Não podemos esquecer que em todas as eleições presidenciais havidas entre 1994 e 2014, completando 20 anos e seis pleitos consecutivos, a nação foi constrangida a escolher entre dois partidos de esquerda – PSDB e PT. Contados os períodos dos respectivos mandatos, têm-se quase um quarto de século durante o qual a sociedade foi submetida a uma dieta política servida por legendas que apreciavam o mesmo cardápio. Não se discutiam outros pratos, outras receitas e, na maioria dos casos, o tempero era o mesmo: conversa fiada populista.
Liberais e conservadores, ou a direita (como queiram), ficaram sem pai nem mãe todo esse tempo. Situação inusitada. Algo análogo só se encontrará em países comunistas, creio. Pessoas e partidos que poderiam falar pela direita de modo orgânico no Congresso Nacional estavam, geralmente, capturados, ora por um, ora por outro dos dois projetos de poder em curso. A retórica política tornou-se monótona. Governo e oposição, ambos “de esquerda”, usavam o mesmo vocabulário, o mesmo glossário, se alinhavam com o infame “politicamente correto”, com o globalismo, com intervencionismo estatal, com o populismo de esquerda e suas articulações, com a Escola de Frankfurt, com George Soros e a Open Society. Consequentemente, tinham e têm o mesmo compromisso com a degradação das estruturas que sustentam a civilização ocidental e com uma ordem econômica não capitalista.
O rolar do tempo e a falta de concorrência no mercado das ideias foram criando uma espécie de pseudoconsenso em que qualquer expressão de base conservadora ou liberal era automaticamente repelida e expelida. Por não encontrar eco, sumia. Foi assim que o Brasil, empurrado pela política conforme era jogada, mas também pelas entidades representativas da tal “sociedade civil organizada” – OAB, CNBB, ABI, sindicatos e suas centrais, conselhos – aprendeu a falar a mesma linguagem e fez sumir as mesmas palavras. Quais? Pois é, será bom lembrá-las. Entre outras: ordem, tradição, honra, família, virtudes, princípios, fé, autoridade, capitalismo, propriedade. E mais: liberdade/responsabilidade e direitos/deveres, como binômios não fracionáveis.
O papel destruidor do que descrevo não poupou sequer a nação e sua história. Veio para cima das mesas, nas salas de aula, como refinado produto do saber, o lixo dos acontecimentos. Qualquer modo de contar a história do Brasil servia, desde que lhe suprimisse toda nobreza, todo sentimento de amor à pátria e valorização dos seus elementos unitivos, suas esplêndidas raízes, seus fundadores, suas grandes figuras humanas. Cobranças com vencimento à vista de supostas dívidas ancestrais são úteis a essa máquina de moer cidadania. Nenhuma nação de “credores” deu certo, mas a ideia nunca foi fazer dar certo. A ideia sempre foi trabalhar com os sentimentos menos nobres porque é com eles que se elegem os piores. Se me faço entender. E assim, nossas crianças – pasmem! –, há anos, ouvem a história do Brasil como quem testemunha uma delação premiada na qual o vício é narrado até onde não existe. E na qual toda virtude, merecimento, bem, gratidão e reverência são castigadas com silêncio. Escaneiam a consciência dos mortos e esquecem a própria!
O prêmio por falar mal do Brasil, pela delação histórica, vai para jornalistas, professores e intelectuais militantes. Cabe a eles, nestes dias, como braços do mesmo corpo, a tarefa de substituir, temporariamente, os políticos vencidos pelo descrédito. Para quase todos os efeitos visíveis, são os protagonistas da oposição nesta alvorada de 2019. E eles estão, já se vê, cumprindo seu papel, ostentando as vestes alvas de uma superioridade moral que ninguém confirma.

BUROCRATA

“Um burocrata é o mais desprezível dos homens, embora ele seja necessário, pois os abutres são necessários, mas dificilmente admiramos abutres, com quem os burocratas se parecem estranhamente. Ainda não encontrei um burocrata que não fosse insignificante, monótono, quase sem inteligência, astuto ou estúpido, um opressor ou ladrão, um detentor de pouca autoridade na qual ele se deleita… Quem pode confiar em tais criaturas?”

Marco Túlio Cícero- 
 (106–43 a.C.):

METAMORFOSE

De férias escolares, Gustavo há dois não dias não saía do quarto, nem para comer. A mãe preocupada chamou que chamou e nada. O pai arrombou a porta, e sobre a cama lá estava ele jogado sobre o travesseiro, iluminado e colorido. Gustavo havia se transformado num smartphone.

APRESENTAÇÃO


O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música. O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.

ACONTECEU EM CUBA


No silêncio do cemitério ouviram-se gritos: tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui!- O vigia passou a procurar de onde vinham e demorou um bocado para localizar. Descobriu que era do túmulo de um feroz dirigente comunista cubano que os gritos provinham. Rapidamente tirou a tampa do caixão e para sua surpresa uma enormidade de vermes pularam fora do esquife pedindo educadamente um lugar para vomitar.

HERBERT E A MORTE


Herbert era um grande mágico. Tão bom que por mais de uma centena de oportunidades enganou a morte quando ela veio para buscá-lo. Foram tantas vezes que a morte desistiu de levá-lo, cansou-se. Desde então Herbert vaga pelo mundo sem descanso. Aquilo que poderia ao olhar superficial ser uma dádiva, tornou-se um fardo duro de carregar. Herbert ainda vaga por aí, saturado da vida, esperando que a morte reconsidere.

GRAÇA ALCANÇADA


O pobre homem atravessou florestas, enfrentou desertos, venceu rios e subiu montanhas para encontrar no cume de uma delas o símbolo das madeiras cruzadas, tido como milagroso. Foi até lá para pedir graças e curar-se de doença terrível. Ajoelhou-se diante daquela cruz enquanto o vento zunia. Pois aconteceu que o pau podre sucumbiu ao vento e quebrando caiu sobre o homem tirando sua vida. Graça alcançada.

O PADRE NU

O padre Renato inovou de vez. No domingo apareceu no altar para rezar a missa completamente nu. Pediu a todos que fizessem o mesmo. A igreja ficou vazia. Reclamações chegaram ao bispado. “Interpelado pelo bispo disse:” Eu só queria inovar; imagine as manchetes-Padre Renato realiza a primeira missa de nudistas do Brasil! Não seria um estouro?” O bispo deve ter achado também um estouro, tanto que mandou o padre inovar em Angola.

OLAVO


Olavo sempre descontente, nojento, bufando infeliz pelos cantos, bebendo e jogando. Com trinta e cinco anos ainda não havia se encontrado; lugar algum era o seu lugar, todos eram um lixo. Nada estava bom, azedume para dar e vender. Finalmente aos quarenta anos ele se encontrou, porém não deu certo, pois seu eu também já não era o mesmo. Acabou em suicídio.

Dilma não pode ser a cara do Brasil. Seremos tão feios e burros assim?


“De tempos em tempos o povo precisa criar um mito, um deus, tendo no sucesso deste um bálsamo para suas frustrações.” (Mim)


“O duro se ser brasileiro é que nos esquecemos mui facilmente dos maus. E então eles voltam.” (Limão)


“Minha família detesta o natal.” (Peru Clinton)