domingo, 7 de setembro de 2014

Diante das últimas denúncias seria a Petrobras a verdadeira Casa da Mãe Joana?

Dilma está na frigideira e o óleo está literalmente "esquentando".

Petrobras é Cosa Nostra?

Fraude no seguro-desemprego provoca prejuízo de 2,5 milhões de reais

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), ainda não concluída, revela que fraudes no seguro-desemprego em 2013 causaram um prejuízo de 2,5 milhões de reais aos cofres públicos. De acordo com reportagem deste domingo do jornal O Globo, pelo menos 812 pessoas receberam o auxílio de forma indevida – 465 são funcionários públicos, 240 foram eleitas e assumiram cargos no Legislativo e 107 tinham vínculo societário ou exerciam atividade empresarial.
Os pagamentos foram feitos aos servidores de diversos ministérios – entre eles o do Trabalho, que deveria ser responsável pelo controle dos gastos com o benefício. O seguro foi pago a três prefeitos, onze vice-prefeitos e 226 vereadores. Entre os empresários que receberam o seguro-desemprego, 60 estão em São Paulo; 13 na Paraíba; 11 no Rio Grande do Sul e dois, no Rio de Janeiro.
De acordo com o Ministério do Trabalho, as irregularidades ocorrem, principalmente, entre os servidores concursados, que negociam a demissão no setor privado e entram com requerimento para ganhar o seguro-desemprego, acumulando, assim, duas fontes de rendimentos públicos – o que é proibido por lei.
Em nota, o Ministério do Trabalho informou ter aberto 122 processos administrativos para ressarcimento do erário, dirigidos aos órgãos responsáveis para apurar as responsabilidades. A pasta respondeu à CGU que foram instaurados outros 25 processos para que as superintendências regionais do Trabalho apurem os problemas. Já o Ministério do Planejamento informou que editou uma portaria em julho do ano passado determinando aos órgãos que exigissem dos novos servidores, no ato de posse do cargo público, declaração de que não são beneficiados pelo seguro-desemprego.
Histórico de fraudes – Em 2011, a CGU descobriu, pela primeira vez, o pagamento irregular do benefício. Na época, 1.242 servidores receberam o seguro-desemprego ilegalmente. De acordo com a CGU os pagamentos indevidos são recorrentes e envolvem o setor privado e público. Em 2011, dos 7.168 milhões de auxílios pagos, 53.903 foram indevidos, com um prejuízo de 108,7 milhões de reais. As fraudes ajudam a aumentar as despesas com o seguro, que devem subir 10,35% este ano, chegando aos 35,2 bilhões de reais. Os recursos para o pagamento do auxílio vêm do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que deve ter déficit recorde de 12 bilhões este ano.  

Dora Kramer- Cai o pano

O efeito da delação do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa no resultado das eleições realmente é o menor dos problemas diante do conteúdo do que ele tem revelado à polícia e ao Ministério Público na última semana.
A preocupação deve pertencer a quem precise arcar com as consequências. O importante para o País é que uma situação dessa gravidade produza consequência à altura.
Em resumo, durante oito anos - de 2004 a 2012 - os contratos da maior empresa brasileira com grandes empreiteiras eram usados como fonte de propina para funcionários, partidos e políticos. Uma espécie de mensalão 2.0.
Desta vez, no entanto, o acusador envolve em sua rede de relações gente grande da República: os presidentes da Câmara e do Senado, ministros de Estado, senadores, governadores e até o ex-presidente Luiz Inácio da Silva com quem, segundo ele, costumava se reunir frequentemente.
Quando Roberto Jefferson denunciou o esquema do mensalão, numa entrevista à Folha de S.Paulo, a primeira reação dos acusados foi desmentir e tentar desqualificar a denúncia. Até que veio a CPI dos Correios.
Escaldado, no início deste ano o governo não deixou que prosperassem as duas comissões de inquérito instaladas no Congresso para investigar os negócios da Petrobrás. Lula mesmo aconselhou o PT a "ir para cima" da oposição a fim de evitar a repetição do episódio.
Agora a coisa é mais complicada. Enquanto a história estava no âmbito do Congresso saiu tudo como planejado. Deputados e senadores da base governista prestaram-se à farsa de maneira obediente. A ponto de deixarem que depoimentos de ex-diretores, presidente e ex-presidente da Petrobrás tivessem perguntas e respostas previamente combinados.
No dia 10 de junho, no intervalo entre uma prisão e outra, Costa foi à CPI. Fez uma defesa ardorosa da lisura ética vigente na empresa e disse o seguinte: "Pode se fazer uma auditoria por 50 anos na Petrobrás que não vai se achar nada de ilegal porque não há nada de ilegal". Suas excelências mais que depressa se deram por satisfeitas.
Teria ficado tudo por isso mesmo se dias depois o juiz Sérgio Moro não tivesse mandado prender Paulo Roberto Costa de novo. Ele havia ficado na cadeia durante 59 dias, foi solto por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, e preso em 19 de junho por ter escondido a existência de uma conta na Suíça e um passaporte português.
Em dois meses Costa se convenceu de que poderia ir pelo mesmo caminho de Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão. Quando quis fazer acordo de delação premiada, o operador do mensalão não tinha mais nada a oferecer à Justiça porque o esquema já estava desvendado.
No dia 22 de agosto, o ex-diretor da Petrobrás decidiu fazer o acordo. Com o processo no início, não havendo ninguém denunciado, era o momento propício para ele oferecer o que os investigadores precisavam: os autores e as provas dos crimes.
Por isso é que as coisas agora ficam mais complicadas para o lado dos acusados. Os desmentidos serão difíceis. Para que obtenha o benefício da redução da pena ou mesmo o perdão judicial, Paulo Roberto Costa terá necessariamente de fornecer informações verdadeiras, comprovadas, que sirvam para provar a materialidade e a autoria dos crimes.
Por menos do que isso não sairá da prisão. Depois que forem encerrados os interrogatórios e apresentadas as provas o Ministério Público examinará e cruzará todos os dados. Em seguida, dará seu parecer sobre a concessão do benefício que será maior ou menor dependendo da contribuição que a delação tiver dado para a elucidação do caso, cabendo a decisão final ao ministro Teori Zavascki.

Eduardo Campos: de herói a pilantra em poucas semanas?



Entre amigos: diga-me com quem andas…
O homem-bomba falou. Paulo Roberto Costa, o importante ex-diretor da Petrobras, aceitou a delação premiada e começou a colocar a boca no trombone, citando vários nomes de envolvidos no enorme esquema de corrupção montado por uma organização criminosa dentro da maior empresa do país, transformando a “nossa” estatal em propriedade particular da máfia. Entre os nomes citados, Eduardo Campos.
Após a comoção com sua trágica morte em acidente de avião, será que Campos passará de herói a pilantra em poucas semanas? Claro, o delator terá de apresentar provas ou evidências, e tudo isso é apenas o começo de uma onda de novas investigações. Mas convenhamos: não há motivo para crer que o nome de Campos seria jogado na lista por pura “malícia”, como alegam seus companheiros. Os outros nomes são bastante suspeitos, envolvendo peixes graúdos do PMDB e do PT, por exemplo.
O caso serve para nossa reflexão acerca do impacto que a morte tem na criação de mitos nacionais, especialmente de políticos de esquerda. No Brasil, bastou morrer para ser alçado ao panteão dos santos. Todos os pecados são apagados, a trajetória é revista, os acertos e qualidades são destacados de forma um tanto exagerada, tudo para pintar um novo herói nacional, em um país bastante carente deles.
Para quem tivesse olhos para enxergar, Eduardo Campos não tinha exatamente o perfil de santo. A começar, claro, por sua inclinação à esquerda radical, sendo ele neto do comunista Miguel Arraes, tendo ajudado a fundar um partido socialista que ingressou no Foro de São Paulo ao lado de ditadores e do próprio PT. Desconheço heróis socialistas na história.
Havia, ainda, suspeitas sobre sua participação em outros escândalos mais antigos. Foi secretário da Fazenda de Pernambuco e acusado de forjar documentos para a emissão de títulos durante a gestão de seu avô, Miguel Arraes, no governo. Foi inocentado, é verdade, mas até Collor foi inocentado de várias acusações.
A absolvição pela Justiça livrou Eduardo Campos do problema penal. Mas ele não conseguiu a mesma certidão de “nada consta” em outro julgamento, de natureza administrativa. A revista ÉPOCA teve acesso a documentos inéditos que revelaram que, cinco anos depois da decisão do STF, Eduardo Campos e dois ex-diretores do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe), o antigo banco público de Pernambuco, voltaram a ser julgados pelo Escândalo dos Precatórios. E, desta vez, condenados.
A turma do PT, que foi aliada de Campos por bastante tempo, tinha algum motivo para desconfiar de sua honestidade. Afinal, quatro agentes da Abin foram presos em Pernambuco quando espionavam o ex-governador. Eles atuavam disfarçados no Porto de Suape para tentar levantar seus podres. Ou seja, certamente esperavam encontrar algo, o que demonstra o abuso autoritário que o PT faz da máquina estatal, mas também a desconfiança que o partido tinha do ex-aliado.
Enfim, sem provas, devemos sempre manter a máxima in dubio pro reo. Todos são inocentes até que provem o contrário. Marina Silva está certa ao pedir mais investigações, cautela, e lembrar que o acusado não está aqui para se defender. Mas nada disso tira a nuvem de dúvida que paira no ar. O ex-diretor da Petrobras está dando nomes, e todos têm em comum uma coisa: negam.
Quando olhamos a lista dos políticos delatados, temos boas razões para crer que o ex-diretor está dizendo a verdade. Alguém acha que Renan Calheiros, Edison Lobão, João Vaccari Neto, Henrique Eduardo Alves, Romero Jucá, Cândido Vaccarezza, Sergio Cabral e Roseana Sarney são exemplos de reputação ilibada e acima de qualquer suspeita?
Logo, a presença de Eduardo Campos no grupo serve para jogar uma ducha de água fria naqueles que embarcaram na ilusão que, após sua trágica morte, construiu um mito. Como diz o ditado: se non è vero, è ben trovato. Não vejo motivos para duvidar da delação premiada do réu que, ninguém pode negar, conhecia a fundo a podridão instalada no coração da Petrobras. O Brasil terá de procurar um herói nacional em outro lugar…
Rodrigo Constantino

O descaso do estado com o médico e o doente brasileiros



Medina é vocação. Enfrentar a tensão da responsabilidade pela vida do doente não é para qualquer um. Desde o juramento de Hipócrates que os médicos colocam, ao menos em tese, a vida do paciente acima de seus próprios interesses pessoais muitas vezes.
Muitos se formam na difícil faculdade sonhando com a prática, acreditando que farão diferença na vida de muita gente, podendo salvar aqueles que, sem seu auxílio, encontrariam certamente a morte. É uma profissão diferenciada, bela e valiosa.
Mas não é valorizada pelo estado. Muitos jovens mergulham no mercado de trabalho nos hospitais públicos cheios de expectativa, esperança, utopia. O tempo se encarrega de esfregar em suas caras a dura realidade de nosso sistema público abandonado e apodrecido.
Foi o caso com o carioca Marcio Maranhão, cirurgião torácico que ingressou na atividade medicinal repleto de sonhos, e foi sendo expelido ao longo dos anos pelo próprio sistema, por não lhe oferecer o mínimo de condição para trabalhar com dignidade.
Sua trajetória é relatada no livro Sob pressão: A rotina de guerra de um médico brasileiro, lançado este mês pela editora Foz. Mostra bem como é absurdo o quadro do Sistema Universal de Saúde (SUS) em nosso país.
É leitura que nos deixa indignados, como o próprio médico ficou a ponto de abandonar sua tão sonhada posição de médico do estado e ter de desabafar em depoimentos à jornalista Karla Monteiro. Seu livro é mais uma tentativa de ajudar os doentes brasileiros, dessa vez denunciando a incompetência e a má administração que levaram o sistema ao atual cenário de ruínas.
Imbuído de romantismo ao se formar, Marcio foi logo tendo que se deparar com a realidade trágica do Souza Aguiar, imerso no caos das filas infindáveis à espera de um leito ou tratamento. A rotina do médico era completamente surreal, mas não incomum para a profissão. Chegava a fazer 14 ou 15 plantões por mês, correndo entre três hospitais diferentes sem dormir.
Fosse “apenas” a correria, as noites não dormidas ou o queijo-quente como única refeição, tudo bem. Mas tudo isso era nada se comparado ao que ele tinha de enfrentar nos hospitais, em termos de precariedade das instalações e falta do básico para o exercício de suas funções.
Marcio descreve a verdadeira tragédia que o país vive na área de Saúde. “O Brasil faz política na saúde em oposição à política de saúde. Faz-se política de governo em vez de uma política de Estado”, diz. Sua experiência atesta o completo descaso do estado, das diferentes esferas de governo. Falta uma política integrada, planejamento, cobrança, responsabilidade, falta tudo!
Os médicos, em meio a esse caos, ficam enxugando gelo, correndo entre os corredores fétidos, lotados, tendo que improvisar o tempo todo, apelar às gambiarras, ao jeitinho, correr riscos de imprudência para tentar salvar a vida daquelas pessoas desesperadas, entre a vida e a morte. Tudo, absolutamente tudo na saúde pública era repulsivo para o jovem cirurgião.
O livro conta casos pitorescos, que seriam até engraçados com o devido afastamento, visto como em um filme de comédia pastelão. Mas estamos falando da vida dos brasileiros, morrendo por falta de atendimento, por falta do básico, de um dreno, de um fio para sutura, de sangue para transfusão. É muito sofrimento causado pela negligência estatal.
E como esses bravos médicos são recompensados por seu esforço homérico para tentar mitigar o caos do sistema? Em um dos hospitais públicos em que Marcio trabalhou por oito anos, realizando complexas cirurgias, seu salário líquido era de apenas R$ 1.372,67. No período todo, teve aumento de menos de R$ 100. Como cobrar desses médicos comprometimento e determinação?
A grande preocupação dos burocratas da medicina é com as horas semanais, que devem ser cumpridas. O importante é bater ponto. É tudo feito para se resguardar politicamente ou judicialmente, não para atender aos doentes. O doente não pertence a ninguém nessa loucura toda, não tem “dono”, responsável. O médico também costuma ficar solto no sistema, apenas cumprindo suas horas e muitas vezes se esquivando com base na justificativa – legítima – de que faltaram condições para uma cirurgia qualquer.
O SAMU foi uma das experiências mais bizarras do autor, que chegou a percorrer em um dia 250 quilômetros com um senhor à beira da morte em busca de um leito em hospital público. Enfrentar traficantes nas perigosas favelas cariocas sem um pingo de infraestrutura é realmente análogo ao que fazem os Médicos Sem Fronteiras em clima de guerras. O salário para um plantão de 24 horas no SAMU? R$ 500.
Falta um plano de carreira estatal para os médicos, que ficam largados nessa confusão toda, e depois acabam usados como bodes expiatórios pelos governantes para se isentarem de qualquer culpa pela caótica situação do SUS. Como ponta final entre o sistema e o paciente, é o médico que leva a culpa. A propaganda negativa ajuda a quebrar a confiança da sociedade na classe médica, o que é perigoso.
Não há solução fácil. Mas sem dúvida ela não passa pelo programa sensacionalista Mais Médicos, ou pelo discurso populista de que basta jogar mais recursos públicos no setor. Há muita corrupção, desvio, falta de accountability, falhas estruturais. Marcio Maranhão jogou a toalha. Não aguentou. Foi mais um soldado que abandonou a batalha após dedicar seu suor a uma luta perdida.
Ainda deposita esperança no SUS, um modelo igualitário e “socialista” de saúde. Alguns países desenvolvidos, é verdade, conseguem oferecer uma saúde pública de qualidade, ainda que a um custo elevado. Sou mais cético: a ideia de que caberá ao estado cuidar da saúde de todos de uma forma digna parece um tanto utópica, ao ignorar o mecanismo de incentivos inadequado.
Mas não resta dúvida de que o estado poderia, ao menos no básico, fornecer condições bem mais razoáveis para que esses médicos, funcionários de carreira do estado, pudessem tratar dos pacientes mais pobres e salvar milhares de vidas que hoje se perdem por total negligência.
Rodrigo Constantino

‘Que há numa palavra’, um artigo de Roberto Pompeu de Toledo

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO
PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA DE VEJA
Presidente Marina Silva. É hora de começar a se acostumar. Boa notícia é que ninguém será obrigado a tratá-la de “presidenta”. Se Marina, quando se refere à atual ocupante do cargo, diz “presidente Dilma Rousseff”, não há de querer que venham a tratá-la de “presidenta”. A questão não é irrelevante, pelas seguintes razões:
1. “Presidenta” é uma das ferramentas que ajudam a cavar o fosso de intolerância hoje no centro da política nacional. Quem fala “presidenta” está dispensado de usar adesivo no carro ou button na lapela. Já expressou sua adesão à atual detentora do poder. O PT é o Tea Party com sinal trocado da luta política brasileira (não é à toa que ostenta as mesmas iniciais, em ordem inversa). O Tea Party radicalizou a política americana. É intransigente nas negociações, dificulta a construção de consensos e já por duas vezes conduziu o governo à paralisia. O PT no passado recusou-se a assinar a Constituição e expulsou parlamentares que votaram em Tancredo Neves. No presente, atribui-se a refundação do país, negando contribuições de governos anteriores, e a chave da história, recusando reais parcerias. “Presidenta” representa o mesmo papel de “nós ou eles”. Quem diz “presidenta” está conosco; quem diz “presidente” está contra.
2. “Presidenta” exacerba ao ridículo o respeito ao “politicamente correto” na questão de gênero. Marta Suplicy tinha razão quando, ao assumir a prefeitura de São Paulo, mandou trocar as placas de seu gabinete para “prefeita”. Ela era indiscutivelmente “prefeita”, não “prefeito”. A língua portuguesa não admite a forma “prefeito” para uma pessoa do sexo feminino. O mesmo não ocorre com a palavra “presidente”, e tanto não ocorre que Dilma disse na semana retrasada, ao defender a ocupante da presidência da Petrobras: “A presidente Graça Foster respondeu perfeitamente sobre a questão dos seus bens numa nota oficial”. Não é crível que Dilma considere Graça Foster menos merecedora do “presidenta”. O que ela fez foi deixar-se levar pelo piloto automático, e o piloto automático da língua portuguesa indica o uso da palavra “presidente” tanto para homem como para mulher. “Presidenta” é um artificialismo que trai a intenção de traçar uma linha de defesa. A recusa ao tratamento seria evidência de machismo; logo, quem criticasse Dilma chamando-a de “presidente” o faria por ela ser mulher.
3. “Presidenta” reforça o autoritarismo e os maus bofes da atual ocupante do cargo. Sabe-se que é pesado o clima entre Dilma, seus ministros e assessores. Tem-se notícia de cobranças e broncas horrorosas. Imagine-se o cuidado dos colaboradores em não errar na última sílaba. “Presidenta, presidenta”, terão muitas vezes mentalmente se repetido, à medida que avançavam para a temível audiência. Quantas vezes a falta de um “presidenta” não terá potencializado o notório mau humor de Dilma, evidenciado na semana passada pela expressão carrancuda com que tantas vezes foi flagrada pelas câmeras no debate da TV Bandeirantes?
4. “Presidenta” é feio. Não é que seja errado. Está lá no Dicionário Houaiss: “Presidenta – 1. mulher que se elege para a presidência de um país; 2. mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição”. O caso é que entre “presidenta” e “presidente”, que também pode ser usado para mulheres, a língua corrente escolheu a segunda forma, talvez levada pela estranheza de uma terminação em “ente” admitir ser distorcida para “enta”. O normal, como em “adolescente”, “gerente”, “assistente”, “confidente” ou “conferente”, é a palavra servir aos dois gêneros.
Presidente Marina Silva. Ela é miúda, tem voz de criança, usa o cabelo preso e arrematado num simples coque, não armado por cabeleireiro famoso, e lembra Frida Kahlo, nas sobrancelhas grossas, na cor da pele e na figura frágil. Para culminar, não pede para ser chamada de “presidenta” – uma das razões pelas quais traz um sopro renovador e desestabilizante à corrida presidencial.
A JBS/Friboi saiu na frente e doou 5 milhões de reais à campanha de Dilma Rousseff, 5 milhões à de Aécio Neves e 1 milhão à de Eduardo Campos. Não contava com as trapaças do destino. Agora deve 4 milhões a Marina Silva. A dinheirama na campanha atrai mais dinheirama, inclusive a dinheirama escusa como a usada para alugar/comprar jatinhos de candidatos. Moral da história: barateamento já! É indecente e grotesco o preço a que gostosamente a democracia brasileira se deixou taxar.

Do blog do Paulinho- Caso Petrobrás vai muito além do Mensalão


Sobre Lula e o Mensalão. Um texto obrigatório !
As revelações do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, em delação premiada, citando os nomes de dezenas de políticos recebedores de propinas, pra variar, quando não do PT, da base aliada, estão sendo tratadas por parte da mídia como o novo Mensalão, ou “Mensalão 2″, nas palavras do oposicionista Aécio Neves.
É bem mais do que isso.
Não só na questão financeira, mas ainda no que diz respeito a vilipendiar um dos maiores patrimônios nacionais, nossa maior empresa, a mais conhecida no exterior, a Petrobrás.
O tempo tratou de comprovar, em diversos episódios, que o PT está bem mais próximo de ser uma organização criminosa do que um partido político, aliás, que se utiliza da política, desde os primórdios, para cometer crimes, sob a máscara de ações populistas, superdimensionadas por gastos exorbitantes com profissionais de marketing, obtendo êxito em convencer a classe mais pobre, e menos culta, de que o que lhes fora roubado é menor do que o que recebem em bolsas família e outras doações.
A diferença, a desfavor da população, porém, é abismal.
Resta saber se depois de passar incólume – mas não sem culpa – no episódio mensalão, nas investigações da morte de Celso Daniel, nas notícias que ligam o PT ao PCC – inclusive com um Secretário da Prefeitura paulista trabalhando para ambos os grupos – e, agora, a depredação moral da Petrobrás, com perda de dinheiro incalculável para o país, o chefe de todos, Luis Inácio Lula da Silva, vulgo “barba do DOPS”, além de sua subserviente, a presidente Dilma Rousseff, serão, no mínimo, investigados como se deve, resgatando a verdadeira história de ambos no cenário político nacional, não a que predomina, inventada por marqueteiros e difundida por parte da imprensa, financiada pelo patrocínio de estatais, entre as quais, a saqueada Petrobrás.

A previsão errada do marqueteiro de Dilma: os anões que cresceram

Santana: previsão antecipada não se confirmou
Santana: previsão antecipada não se confirmou
Em outubro passado, João Santana previu a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno e cunhou uma frase de efeito sobre os candidatos de oposição. Dizia, então, Santana: “Ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo”.
Onze meses depois, o que se viu é que os anões cresceram e a eleição não só vai para o segundo turno como tem uma “anã” como favorita.
Por Lauro Jardim

PT e Cia se lambuzaram no dinheiro da Petrobras. São devoradores de instituições.

Barbaridade! Estou mais lento que lesma na cola.

Exército Brasileiro ‏- 192anos da Independência. Pátria amada, Brasil!


A SALVADORA CONGA

Dedões espalhados
Pés encardidos e cascudos no macadame quente
Brincando de bola nos campinhos de terra
Atirando de caubói no timbozal da Marechal Bormann
Ou atacando de Três Mosqueteiros
Após a matinê no Cine Ideal
Catando pente de mico perto do riacho
Buscando araticum nas matas do palmital dos fundos
Enroscando-se nos carrapichos
Pisando nas rosetas e pedras pontiagudas
Tudo o que fazia o sofrimento dos pés
Foi acabado ou reduzido
Com chegada da salvadora Conga Azul.

Caio Blinder- A corda de Putin (II)

Durante anos, uma pergunta frequente era: qual é a utilidade da Otan? A Guerra Fria acabara e uma aliança militar de nome anacrônico, Organização do Tratado do Atlântico Norte, encontrou missões em terras distantes como o Afeganistão. A Otan inchou com o fim da Guerra Fria (hoje são 28 países-membros) e nunca deixou de gerar chiliques em Moscou. Afinal, o império soviético fora desmontado, mas ex-integrantes da órbita comunista passaram a integrar a Otan (como Polônia e os países bálticos).
Para a sexagenária Otan, o maior adversário passou a ser interno, sua própria crise de identidade. Vladimir Putin resolveu este problema. Sua corda para enforcar as ambições de soberania da Ucrânia serviu também para resgatar a Otan, ou seja, conferir um renovado senso de missão para a organização. A reunião em curso no País de Gales é a mais importante da mais poderosa aliança militar do mundo desde a falência da URSS há pouco mais de duas décadas.
A corda de Putin é longa e ele a utiliza para tirar proveito de qualquer fraqueza na Europa para impedir a consolidação da Otan nestes novos tempos, como alerta Robin Niblett, diretor da Chatham House, um influente think-tank em Londres. Putin mantém a iniciativa política, acusando sem cessar a Otan de beligerância, embora ele tenha acabado o debate sobre o propósito da aliança com a anexação russa da Crimeia, parte da Ucrânia, em março, a primeira vez que isto aconteceu na Europa desde 1945 com o uso de força.
E as fraquezas na Europa estão escancaradas. Antes de tudo, em meio à saraivada de alertas de que os russos no pasarán, existe o bombardeio de ressalvas de que todos os meios valem para conter a agressão russa na Ucrânia, exceto o militar. Há o reposicionamento da Otan, criando uma força de reação rápida e reforço das garantias de segurança para seus inquietos integrantes na fronteira com a Rússia. No entanto, isto não serve de consolo para a acossada Ucrânia, que jamais será páreo militar para a Rússia.
O conflito na Ucrânia explodiu em meio à progressiva desmilitarização na Europa (guerra ali não faz sentido no século 21), com o enxugamento de orçamentos miltares e percepções variadas sobre a ameaça russa. Estes planos de contingentes móveis são limitados e escondem a aversão por medidas mais dissuasivas. No final das contas, a ala nova da Otan na Europa Oriental depende para valer do poder de fogo dos EUA e tacitamente do seu arsenal nuclear contra qualquer ameaça existencial russa (e jamais podemos esquecer o arsenal nuclear herdado do império soviético).
A diretriz para os 28 países-membros da Otan investirem pelo menos 2% do orçamento com gastos militares é seguida por apenas quatro: EUA (4.4% do PIB), Grã-Bretanha (2.4%), a quebrada Grécia (2.3%) e a anã Estônia (2%). Com seu peso econômico e político, a Alemanha investe apena 1.3% em gastos militares e não se anima com a ideia de incrementá-los. Já a Rússia tem incrementado as suas despesas no setor e no ano passado proporcionalmente superou os EUA pela primeira vez em 10 anos (4.8% do PIB). Claro que em termos absolutos nem dá para comparar, com os americanos gastando sete vezes mais do que os russos.
A crise de identidade da Otan acabou. Agora é teste da força de vontade na crise com a Rússia, herdeira do adversário original da aliança ocidental. Francis Fukuyama, o grande sacador, figura frequente nesta coluna, deu uma entrevista esta semana, dizendo que a Otan precisa voltar a ser uma “real aliança militar”, na medida em que desde o fim da Guerra Fria ela se tornou mais um “clube da democracia, de promoção da democracia”. Para Fukuyama , é hora de “pensar seriamente sobre como defender países contra agressão externa”.
Na sua fundação, em 1949, depois da derrota dos nazistas e do início do confronto com os comunistas, o primeiro secretário-geral da Otan, o britânico Hastings Ismay, disse que o objetivo da organizaç ão era manter os “russos fora, os americanos dentro e os alemães por baixo”. O ideal com o fim da Guerra Fria era trazer os russos para dentro e colocar os europeus por cima. Por um pouco de sofreguidão dos vitoriosos e, muito mais importante, pelo espírito revanchista e nostálgico de Putin não deu para se compor com os russos.
Quem sabe um dia o bom senso tome Moscou de assalto e ela deixe de assaltar países vizinhos. No entanto, a curto prazo, que pelo menos a segunda parte do ideal seja consolidada, com os europeus mais conscientes do que está em jogo, pois Vladimir Putin está aí para um um longo conflito, estimando que tem corda para isso.
***

A política da arte e o pobrismo de butique

Se juntarmos uma elite fútil e culpada com oportunistas de plantão em tempos de intenso relativismo moral e estético, o que teremos como resultado? Resposta: a Bienal de São Paulo. O culto ao feio nunca esteve tão na moda, assim como a tentativa de se enaltecer a pobreza. É o velho “pobrismo” que tanta gente já condenou antes, com razão.
Se tudo é arte, então nada é arte. E a “arte” foi tomada por “artistas” engajados ideologicamente que só conseguem produzir lixo, que passa a ser tratado como pérola nas mãos de curadores igualmente incompetentes e politicamente engajados. É uma combinação fatal para a estética e a ética. Ou seja, é a morte da verdadeira arte.
A Bienal de São Paulo deste ano já tinha produzido uma aberração: “artistas” que escreveram uma carta de protesto ao governo de Israel, demonstrando seu duplo padrão moral, seu ranço ideológico, sua infantilidade e sua patologia, tudo de uma só vez, já comentado por mim aqui. Agora foi a vez de o editorial da Folha bater na politização da turma:
Já se noticiou que o público poderá ver uma pintura realista de presidiários de Belém; um vídeo que narra a transformação de um travesti em pastor; uma simulação cinematográfica da implosão do Templo de Salomão; uma coleta de imagens feitas pela polícia durante manifestações.
Em sintonia com esse figurino, um grupo de 55 dos 86 artistas assinou manifesto que pede à Fundação Bienal a devolução do patrocínio de Israel (R$ 90 mil num total de R$ 24 milhões) a título de protestar contra o massacre em Gaza.
Compreende-se a revolta contra a investida israelense, mas não faz sentido pressionar a Bienal a criar uma lista de negra de nações.
Quais seriam os critérios? Contribuições dos EUA, país com tradição de intervenções militares, deveriam ser vetadas? A China, uma ditadura, estaria impedida de doar? Não seria o caso de censurar o apoio do próprio Brasil, onde a violência mata muito mais do que no conflito israelo-palestino?
Apesar de seu pretenso simbolismo, o protesto dos artistas parece equivocado e pueril. Ganhará o público se a qualidade estética das obras expostas no Pavilhão do Ibirapuera mostrar-se mais sofisticada do que a visão política que embasou esse manifesto.
Claro que tal ilusão é infundada e ingênua. E uma excelente reportagem da Veja desta semana joga a pá de cal nesses iludidos, ao descrever com precisão o tipo de evento que vem por aí: o pobrismo de butique. Como dizem os autores, “Não faltam exercícios de relativização moral típicos do marxismo jacu”.
O “coitadismo” das “minorias” é sua marca registrada, tudo para atacar o capitalismo, o papa, as “elites” – as mesmas que vão lá ver toda a porcaria, pois ninguém acha que o público-alvo são os pobres exaltados nos murais. A reportagem conclui:
pobrismo
Ouch! O que é invisível mesmo, nesse meio “artístico”, é a habilidade, a criatividade, a verdadeira arte, aquela que se pretende eterna, e não efêmera, para ser consumida por gigolôs intelectuais e burgueses culpados pela situação de opulência material em um mundo desigual. Que essa elite covarde busque ajuda num divã, mas deixe a arte em paz, livre de tanta poluição ideológica!
Rodrigo Constantino

Reynaldo-BH: ‘Paulinho de Lula entendeu que o PT só defende os seus’

REYNALDO ROCHA
Não é a dureza da pena que incentiva o criminoso. É a certeza da impunidade. Este segundo mensalão é a prova disso. Tem a mesma raiz do outro: um projeto de poder ancorado na corrupção desenfreada.
Graças aos votos de ministros do STF coniventes com o crime, a condenação dos mensaleiros acabou reforçando a sensação de impunidade. São BANDIDOS soltos, ou em prisão domiciliar, ou frequentando a prisão somente à noite e em fins de semana. TODOS eles. Exceto Marcos Valério, o carequinha idiota de Minas Gerais.
O resultado do até dias atrás maior escândalo político e moral acontecido no Brasil incentivou o diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (o Paulinho, amigo de Lula) a seguir em marcha acelerada rumo aos cofres da estatal. E capturar um butim a ser dividido com alegres escroques.
Tudo na vida tem, ao menos, dois lados. A mesma impunidade que incentivou a continuidade da prática da compra de apoios e votos no Congresso valeu também para que a ficha caísse: Paulo Roberto Costa entendeu a tempo que o PT cuida dos seus e entrega os outros aos leões.
E o que esperar da Justiça neste momento? Onde Celso de Mello e o Barroso Garboso vão enfiar a cara após estimularem o projeto de usurpação de poder denunciado por Joaquim Barbosa, Ayres Brito, Luiz Fux e Cezar Peluzo? Nem falo de Lewandowski, Toffoli e Zavascky, que pensam o que lhes ordenam pensar.
Nem mesmo o julgamento serviu como freio para o ROUBO descarado capitaneado por Vaccari e o PT, com o apoio da base alugada! Confiavam na impunidade. Alguém duvidava do prosseguimento da roubalheira desenfreada mesmo após a condenação do STF?
Agiram na certeza de que sempre haveria um Marcos Valério para – como dizem os bandidos – puxar uma cana de 40 anos. Mas o Paulinho de Lula não gostou da ideia. O PT é o escorpião nas costas de quem o ajuda a atravessar o rio, mesmo que de lama. Faz parte da natureza do PT.
Também ficou claro que as ditas oposições perderam um tempo enorme ao não abordar o tema como foco desta campanha eleitoral.
Estamos sós, mas somos milhões. Com um sentimento coletivo de nojo e vergonha. Exigimos que o mensalão não ficasse em segundo plano nestas eleições, enquanto se discutia o casamento gay e a quadratura do círculo. Nunca a corrupção.
Por fim, o PT sempre esteve certo na tentativa (ainda latente) do tal controle social da mídia. A prova está nas bancas. Na falta de um “conselho popular” que impedisse a denúncia do assalto ao patrimônio do povo brasileiro, resta a Dilma afirmar que se trata de “especulação”. Sem dúvida. Nunca antes na história deste país, no que se refere à aplicação de dinheiro roubado, especulou-se tanto. E jamais se lavou tanto dinheiro.
Isto explica a surpresa de Dilma: “O que são R$ 120.000,00?”.
Depende da comparação que se faça. Perto do que roubaram na Petrobras, parece dinheiro de troco.