quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DELÍRIOS

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.


“Diante da imensidão do universo somos ácaros.” (Mim)

“A estupidez e a imbecilidade já não são mais exceções. Basta andar alguns passos.” (Mim)

“Um ateu quando morre faz o que todos os mortos fazem: dorme para sempre.” (Mim)

“Morreu o cachorro da vizinha. Ganhei um casaquinho.” (Bilu Cão)

“Alguns cães acreditam que temos também o nosso Deus, para o qual encaminham orações e pedidos. É o Jeová-Dog.” (Bilu Cão)

A vida não é feita somente de ração de primeira e agrados no Pet. Às vezes é preciso pelear um osso.” (Bilu Cão)

“Quando ouço Lula e Dilma falando desconfio da tal racionalidade dos humanos.” (Bilu Cão)

“Até eu que sou um cão sei que o Boulos é um farsante.” (Bilu Cão)

“Lembrar-se do passado é o que resta. Não faz muito Bilu só tomava banho no Pet com shampoo importado. Agora meu corpinho recebe sabão de soda.” (Bilu Cão)

NA DESPENSA

Um pedaço de queijo dando sopa na despensa. Dois ratos estranhos entram no local ao mesmo tempo. Olham um para o outro e hesitam em avançar sobre o alimento.


-Acho que cheguei primeiro, não?
-Creio que não. Chegamos juntos.
-Temos um impasse. Que faremos? Na sorte?
- Pode ser. Tem aí uma moeda?
-Não. 
-Então penso que teremos que decidir no dente?
-Vai ter que ser.
- Antes pense bem, sou mais dentuço.
-Até parece.
-Quer fazer um último pedido? Uma cartinha de despedida?
-Quem deve fazer é você. Tem família?
-Tenho. Cento e cinquenta filhos.
-Família pequena.
-E você?
-Um pouco menor que a sua. 
-Deixou testamento?
-Deixei. E...
-Também deixei.
Nisso ouviram uma voz:
-Por que vocês palhaços dois não dividem o pedaço de queijo?
Enquanto pensavam se dividiriam em partes iguais ou não o gato que havia dado a ideia comeu os dois.

O QUARTO


Genivaldo veio do interior do Ceará para morar em São Paulo. Arrumou um quarto para morar que na verdade não era nem um terço. Para conseguir abotoar a camisa ele precisava sair para o lado de fora ou nada feito. Dormir e sonhar nem pensar; o sonho ficava do lado na rua em frente. Arranjou uma namorada, mas ele namorava um dentro e ela no sereno ou na chuva. Genivaldo ficou um mês e se cansou daquele cubículo. Aborreceu-se e foi morar dentro de uma caixa de fósforos. De graça.

PORCA E PARAFUSO


PARAFUSO- Estive no Bar do Zé. O papo que rola por lá é que tu estás dando mole para um alicate novo na praça. Todos sabem que te adoro e aí zombam de mim.
PORCA- Tu estás é doido. Bem sabes que quem me aperta além de tu é somente a chave de boca que é lésbica.
PARAFUSO- Estou desconfiado, andas com muito desgaste nas beiradas.
PORCA- Basta! Faço minhas malas e volto pra casa de mamãe. Onde está o respeito?
PARAFUSO -Não me engana, nunca foste santa. Lembre-se da história do imã nosso vizinho que te deu uns amassos?
PORCA- Eu era jovem, coisa do passado, melhor esquecer.
PARAFUSO- Passado sim, mas quem carrega os chifres até hoje sou eu.
PORCA- Quer saber? Irei dar uma volta por aí, quem sabe eu encontre mesmo esse novo alicate bonitão dando sopa por aí.
Dito isso saiu arrumou-se e saiu porta afora. O parafuso doente de paixão jogou-se dentro de um tambor de óleo.

MOISÉS


Moisés, podemos dizer, nasceu ladrão. Não tinha sete anos e já roubava bolas de gude, figurinhas e gibis dos amiguinhos. Adolescente, cigarros e bebidas. Um dia seu pai cansado de tudo, pois era um homem de bem, cortou fora suas mãos para que parasse com as gatunagens. Não adiantou. Moisés passou a roubar com os pés.

O PETRÓLEO


“O petróleo pode ser nosso, mas o dinheiro da venda é deles: sindicalistas, políticos e burocratas.” (Eriatlov)

UM SOCIALISTA NO ARMÁRIO por Percival Puggina. Artigo publicado em 14.11.2017



Pretendia contar o número de empresas, institutos e fundações estatais existentes no Brasil, considerando União, Estados e municípios. Comecei com determinação, mas desisti. Levei um susto! Quem quiser sentir a pujança do estatismo nacional vá à página da Wikipedia que tem a lista. Estamos falando de muitas centenas, senão de milhares desses entes. O Brasil é um país socialista, que muitos, sacudindo bandeiras vermelhas, se esforçam para tirar do armário. Armário cheio de esqueletos.

A União tem 148 empresas estatais! Trinta por cento, segundo editorial de O Globo do dia 19 de agosto de 2016, criadas durante os governos petistas. Anos de gritaria contra privatizações e discursos de que "Estão vendendo tudo!" me levaram, ingenuamente, a crer que de fato estivessem. Mas era berreiro na sala, para distrair, enquanto a cozinha produzia novas iguarias para o cardápio político. A mesma matéria de O Globo conta que entre o fatídico ano de 2003 e 2015, esses filhotes do amor petista pelo Estado pagaram R$ 5,5 bi em salários e totalizaram um prejuízo de R$ 8 bi. A mais engenhosa das novas estatais foi concebida no PAC 2. É a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que absorveria a tecnologia do trem-bala e executaria o projeto da ligação de alta velocidade entre Rio e São Paulo. A empresa, descarrilada desde sua criação em 2008, é totalmente dependente do Tesouro.

O formidável e assustador conjunto das "nossas" estatais é parte ponderável dos problemas do Brasil. No entanto, o Instituto Paraná Pesquisas revelou, há três meses, que 61% dos brasileiros são contra privatizações feitas pelo setor privado. Pelo jeito, preferem as "privatizações" caseiras, as notórias apropriações, por partidos, sindicatos e líderes políticos, de tudo que for estatal. Se é para ser abusado que seja pelos de sempre. Trata-se de um vício do nosso presidencialismo. Quem governa comanda a administração e chefia o Estado, estendendo as mãos sobre o que puder alcançar em suas instituições.

É nos estofados desses grandes gabinetes, que a "privatização" do Estado proporciona os melhores orgasmos do poder. Em outras palavras: a experiência política e administrativa nos evidencia que empresas estatais realmente devotadas ao interesse público são fenômeno incomum. Como regra, resultam submetidas às conveniências privadas que descrevi acima. São nichos de usufruto e poder que pouco têm a ver com o bem nacional. Dentro desses domínios nascem as maiores reações a qualquer transferência que conduza ao desabrigo do Tesouro e às aflições do livre mercado. A ninguém entusiasma a ideia de remover o acento da poltrona e alinhá-lo à reta da competitividade.

A doutrinação socialista cumpre seu papel, ensinando que estatal é sinônimo de público, de social, e imune a interesses privados. Empresas estatais seriam como santuários de desprendimento e abnegação. Sim, claro. O Mensalão não existiu e a Lava Jato, você sabe, foi criada para impedir a alma mais honesta do Brasil de retornar à presidência.

E quando um partido sai, vem o outro para fazer a mesma coisa? - perguntará um leitor estrangeiro. Nem sempre, prezado visitante. Se o serviço for bem feito, a privatização partidária de um ente estatal pode ser anterior e se perpetuar além do governo desse partido. Quem duvida olhe para o Ministério de Educação e para as universidades públicas. Ali se educa a nação para amaldiçoar a iniciativa privada, amar o Estado, abrir o armário, e fornecer, nos ambicionados concursos públicos, respostas de acordo com o que pensa a banca.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

REIZINHO

“Toda cidade pequena tem o seu rei. Quando sai do seu mundinho o arrogante percebe que não é nada, que de iguais a si o mundo está repleto. Não passa de um comum.” (Pócrates)

O OUTRO LADO

“Pós-morte existe o outro lado. O lado de dentro do caixão.” (Pócrates)

DESCOBERTA

“Descobri o sexo quando já estava nu. Aí não deu mais para ignorar.” (Pócrates)

TRÂNSITO


“Nossos motoristas são educados e sempre param nas rotatórias. Isso após terem batido.” (Pócrates)