quarta-feira, 8 de agosto de 2018

PELO CEMITÉRIO


Passando pelo cemitério na madrugada
O corajoso de boteco apressa o passo
O coração acelera
Enquanto o vento sibila
Um vaso se quebra
Uma coruja sai da escuridão
O medo corre pela espinha
Tudo parece diferente
Quando o nosso chão é abraçado pela noite
E o silêncio imperial faz do psiu um grito que apavora.


FANTASMAS


Acobertados pelo manto da noite
Saem de suas moradas os fantasmas de todos os tempos
Para jogar pedras e bagunçar
A casa mente dos tolos.


VENEZUELA


Estado de direito torto morto
Melhor dormir no relento
No gramado ou mato adentro
Não ficar em casa esperando pela visita desgraçada
Dos mandados do tirano
Que te trazem algemas de presente pela madrugada.


“Algumas mentes andam em círculos. Repetem clichês, adotam o pronto-pensar. São como bois tocando a roda do moinho. ” (Filosofeno)



“Leões deveriam ser alimentados de homens maus. Por certo estariam todos gordinhos. ” (Filosofeno)


“Penso que governo existe para governar e não para administrar fábricas de cabides. ” (Filosofeno)


“A maldade sempre encontra seguidores; às vezes por conveniência, às vezes por gosto próprio. ” (Filosofeno)


“Quem anda com quem não presta acaba pegando o cheiro. ” (Filosofeno)


“Ainda na minha juventude meu pai quando viu em mim  um  grande  interesse pelo trabalho na horizontal. Então me comprou uma rede.” (Chico Melancia)



“Eu já era meio vagabundo.  Agora recebendo o Bolsa-Família sou um completo deitado.” (Chico Melancia)


CHICO MELANCIA


“Se minha geração é o futuro do Brasil o país tá morto.” (Chico Melancia)


PAPO NA TARDE



Quase seis horas da tarde e dona Zefa Fofoca estava na janela observando o movimento e destilando veneno na companhia de Jureminha Bunda-de-Tábua, que vinha sem pressa da venda e parou para um papo amigo. Falavam das coxas de fora da menina Matilde e da barriguinha esquisita da filha da Norma-Bucheira. O falatório desenfreado é quase lazer nas cidades pequenas. O conversê estava animado quando um ciclista gorduchinho passou pela calçada e sem querer passou com o rodado da bicicleta sobre a língua de dona Zefa que no momento estava em repouso sobre a calçada. Foi para o hospital levada pelo SAMU sob os olhares risonhos da vizinhança. Jureminha e mais dois enfermeiros conseguiram carregar a língua amassada. O ciclista fugiu pensando que havia passado por cima de uma sucuri.

NA FRUTEIRA


- Você é um mamão?
-Não, não sou mamão.
-Não é mamão?
-Não. Sou melão.
-Nunca ouvi falar.
-E você o que é?
-Banana caturra.
-Nunca ouvi falar.
-Sou artista, eu canto.
-Eu também. Canto até em espanhol.
-El dia que me quieras?
-Sim.
-Vamos cantar em dupla?
-Vamos!... Acaricia mi ensueño
El suave murmullo
De tu suspirar.
Como ríe la vida...
Nisso se intromete na conversa o abacate.
-Vocês podem ficar quietos, estou tentando dormir.
-Dormir agora durante o dia?- pergunta o melão.
-Sim, ainda estou verde, preciso amadurecer.
Nisso uma distinta senhora passa pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa, alegrando por hora o verde abacate que cochila entre macias palhas.



"O torresmo também salva." (Fofucho)


FOFUCHO


“Do que gosto? Buchada, churrasco, macarrão, arroz de forno e peixe frito. “ (Fofucho)


 “Sempre tive carinho e respeito pelos pastores. Pelos cães pastores, obviamente. ” (Mim)


MIM


“Nunca fui bom partido. Nem inteiro. “ (Mim)



“Meu azar é crônico. Ganhei um saco de arroz de 60 quilos. Tinha 50 quilos de carunchos. ” (Limão)

“Tem gente que acha que ficando no sofá criando bunda vai chegar até algum lugar interessante. ” (Limão)


“E saber que aqueles dólares na cueca diante do tamanho da sacanagem eram meros cinco centavos. ” (Limão)


“Podres poderes brasileiros. Tem como não ser um azedo? ” (Limão)

“Então já tinha serpente no paraíso? Era o diabo travestido? Para que serve esse bicho além de amedrontar humanos e comer ratos? Natureza perfeita é o carvalho! ” (Limão)




“Sou um azedo sem grife. “ (Limão)


LIMÃO


“Lula se acha um pavão, mas na verdade não passa de um urubu cachaceiro. ” (Limão)