domingo, 11 de outubro de 2015

CUSPES MOCREIANOS- Perspectivas do Brasil estão cada vez piores, alerta OCDE

As economias dos Brics estão em caminhos opostos, sendo que para o Brasil e a Rússia, as perspectivas estão "se deteriorando significativamente". A análise foi feita neste domingo por Angel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, que reúne países desenvolvidos e alguns emergentes.

Aprovar o Orçamento de 2016 é a prioridade, diz Levy

Será que ele emplaca 2016 no governo?

“Fiz análise por alguns anos. Parei quando o meu analista ficou biruta.” (Chico Melancia)

“A minha irmã não tem nada de transparente. Nada! Poderia ter a calcinha, mas isso é algo que ela não usa.” (Eulália)

“O cúmulo da indignação acontece quando se é corno da própria amante.” (Chico Melancia)

OREM HERMANOS! Com Tata Martino no comando e sem Messi só resta aos argentinos apelar para o Papa, representante de Deus na terra. E para nós brasileiros só resta mesmo a força do capeta.

“Às vezes o melhor do sexo é a expectativa.” (Eulália)

“A minha família é toda feita de vadios imprestáveis. A única que trabalhou fui eu. Deitada, é certo, mas trabalhei.” (Eulália)

“Para você ter uma ideia de quanto o meu marido é velho: ele foi alfabetizado escrevendo em papiro.” (Eulália)

“Em Cuba quando tem pão, não tem manteiga. Enfim, em Cuba nada se completa.” (Cubaninho)

“É claro que existe liberdade de expressão em Cuba. Para isto basta pedir permissão ao governo.” (Cubaninho)

Domingo próximo começara o Horário de Verão. E aí vocês verão o quanto eu sofro com ele. Arre!

“Alguns filmes são tão ruins que a gente não sabe como a produção não matou o diretor.” (Mim)

“O PT é um partido de tantos idiotas que chega a ser surreal. É o único partido no poder no mundo que vai pras ruas como se oposição fosse. Bestial!” (Eriatlov)

Portal Libertarianismo- Heróis da liberdade: Catão, o Jovem

Para muitos historiadores, dois homens merecem a honra de defensores mais notáveis da República Romana. Marco Túlio Cícero foi um deles. Marcos Pórcio Catão, ou “Catão, o Jovem”, foi o outro.
Se houve um “Jovem”, deve ter havido, por lógica, um “Velho”. Catão, o “Velho”, foi o bisavô do “Jovem”. Ambos, separados por mais de um século, foram influentes na administração pública. Pense no “Velho” como um conservador, preocupado com a preservação dos costumes e tradições de Roma. O “Jovem” foi um dos primeiros libertários da história, interessado mais nas liberdades pessoais e políticas, dado que acreditava que se fossem perdidas, nada mais importaria. É ao “Jovem” que me refiro neste ensaio como “Catão”.
Quando Catão nasceu em 95 a.C., a República Romana já estava em apuros. Fundada 400 anos antes, ela tinha saído da obscuridade para a dominância político-econômica do Mediterrâneo. Roma era facilmente a sociedade mais rica e poderosa do mundo. Não era um paraíso libertário – havia escravidão, por exemplo, mesmo que fosse mais brutal em outros lugares – mas Roma tinha levado a liberdade a um patamar nunca visto até aquele momento, e que não se veria novamente somente muitos séculos depois. A Constituição da República incorporava limites de mandato; separação de poderes; sistemas de controle; o devido processo legalhabeas corpus; o Império da Lei; direitos individuais; e corpos legislativos que representavam o povo, incluindo o famoso Senado. Tudo isso estava por um fio no século I a.C.
Catão tinha somente cinco anos de idade quando Roma entrou em guerra com seus ex-aliados na Península da Itália – a chamada “Guerra Social”. Ainda que o conflito tenha durado somente dois anos, seus efeitos deletérios foram profundos. As décadas seguintes seriam marcadas pelo surgimento de facções, conflitos, e exércitos locais leais somente aos seus comandantes e não à sociedade como um todo. Um beligerante estado assistencialista estava arraigando-se enquanto Catão crescia. As características do seu sucesso de outrora – governo limitado, a responsabilidade pessoal e uma sociedade civil livre – estavam definhando, em um processo secular de colapso. Não obstante, muitos daqueles que identificaram a decadência ao seu redor preferiram beber da fonte governamental, sucumbindo às tentações de poder e subsídios.
Antes de completar 30 anos, Catão tinha se tornado um indivíduo extremamente disciplinado, devoto ao estoicismo em todos os aspectos. Ele comandou uma legião na Macedônia e conquistou imenso respeito e lealdade de seus soldados pelo exemplo que foi vivendo e trabalhando diariamente no mesmo ritmo que exigia de seus homens. Primeiro, ele venceu a eleição para o cargo de Questor (supervisor de questões financeiras e orçamentárias do Estado) em 65 a.C., e rapidamente obteve uma reputação como inescrupulosamente meticuloso e inflexivelmente honesto. Ele fez o impossível para responsabilizar os antigos questores por sua desonestidade e apropriação indevida de fundos, as quais ele revelou à sociedade.
Depois, ele serviu no Senado romano, no qual ele nunca perdeu uma sessão e criticou outros Senadores que o faziam. Por meio de sua magnífica oratória em público e manobras primorosas em particular, ele trabalhou incansavelmente para restaurar fidelidade aos ideais da decadente República.
Desde os dias dos irmãos Graco (Caio e Tibério), no século anterior ao nascimento de Catão, mais e mais romanos estavam votando em prol de medidas assistencialistas para complementar ou mesmo substituir o bom e velho trabalho. Os políticos estavam comprando eleições com caras promessas de distribuição subsidiada ou gratuita de grãos. Catão viu o efeito enfraquecedor que tal demagogia cínica tinha sobre o público, opondo-se a ela desde o primeiro momentoA única vez que cedeu neste tópico foi quando apoiou uma expansão da assistência como a única forma de evitar que um demagogo chamado Júlio César assumisse o poder. Foi uma tática que ele esperava ser temporária, mas que, em ultima instância, fracassou, tornando-se a única mancha em uma carreira política de outra forma virtuosa e de princípios.
Foi a oposição firme e inflexível de Catão a Júlio César que o tornou mais notável. Catão viu no ambicioso general sedento por poder uma ameaça mortal à República, e tentou bloquear todos os seus movimentos. Ele obstruiu parlamentarmente a votação do pedido de candidatura de Cesar ao consulado, cargo supremo da República. Cesar acabou chegando ao poder, mas enquanto lá esteve, Catão o envergonhou mais que qualquer outro Senador. César até mesmo ordenou a retirada de Catão do Senado em meio a um dos seus discursos, ao que outro Senador declarou, de acordo com o historiador Dião Cássio, que ele “preferiria estar na cadeia com Catão que no Senado com César”.
No livro Rome’s Last Citizen: The Life and Legacy of Cato, Caesar’s Mortal Enemy (O último cidadão romano: vida e legado de Catão, o inimigo mortal de César), os autores Rob Goodman e Jimmy Soni salientam a resistência implacável de Catão:
Tinha sido um ano sem precedentes de obstrução e impasse, liderado por Catão. Nunca antes um senador tinha impedido a aprovação de tantos projetos legislativos. Os contratos fiscais, o plano pós-guerra para o Leste, a reforma agrária, o triunfo de César (um espetáculo público caro), o pedido de um consulado forte e de comando provincial por parte de César – Catão não tinha ficado contra eles sozinho, mas ele era o elo de ligação entre cada obstrução parlamentar e cada ‘não’.
Catão se entrepôs no caminho da agenda ambiciosa de César, mas não conseguiu impedir sua indicação ao pós-consulado como governador de província. Naquele posto, César reuniu suas tropas para um ataque á própria República que tinha governado enquanto Cônsul.  Em 49 a.C., elegloriosamente cruzou o Rio Rubicão e se dirigiu à Roma para tomar à força o poder.
Como um sinal de poder e magnanimidade, César poderia ter perdoado seu antigo adversário. Alguns historiadores contemporâneos e atuais acreditam que era, na verdade, a intenção de César e que teria sido a coisa mais correta a ser feita do ponto de vista político. Citando, novamente, Goodman e Soni:
No entanto, Catão não presentearia a César com o seu silêncio; ele tinha seu próprio roteiro para essa cena. Ele não reconheceria a legitimidade de um tirano ao aceitar seu poder para se salvar. Catão considerava que César infringia a lei mesmo ao conceder perdões, já que os oferecia sem ter autoridade para fazê-lo. Aceitar o perdão seria conceder a César o direito para perdoar, e Catão não faria isso, de jeito nenhum.
Então, em abril de 46 a.C., na região de Útica, usando sua própria espada para o feito, Catão cometeu suicídio ao invés de viver sob o domínio de um homem cuja sede de poder estava prestes a extinguir a antiga República. Enquanto Catão viveu, escreveu Goodman e Soni, “todo o romano que temia que as virtudes tradicionais estivessem se esvaindo, e que via na crise do estado como uma crise moral – como o produto da terrível e moderna avaria e ambição –, se inspirava e olhava, nesta época, para Catão”.
Com a morte de Cícero trezentos anos depois, sob as ordens do sucessor de César, Marco Antônio, a República morreu e a ditadura do Império começou.
Mais de 17 séculos depois, em Abril de 1713, a peça Cato: A Tragedy de Joseph Addison estreou em Londres. Retratando o antigo romano como um herói da liberdade republicana, ela ressoou nas décadas posteriores tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos. George Washington ordenou que fosse encenada para suas tropas em frangalhos na Valley Forge, durante o terrível inverno de 1777-78O Congresso havia proibido, pensando que sua triste conclusão deprimir as tropas, mas Washington sabia que a resistência de Catão à tirania os inspiraria. E, graças a Deus, assim o fez.
Poucos líderes colocaram a ambição de forma tão claramente à serviço dos princípios”, escreveu Goodman e Soni. “Estas foram as qualidades que separaram Catão de seus contemporâneos – e que fizeram com que ele fosse lembrado na posteridade”.
Colocar a ambição à serviço de princípios ao invés de em prol da glória, riqueza ou poder pessoal: essa é uma virtude a qual todo o político – em qualquer aspecto de sua vida – deveria aspirar.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

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Lawrence W. Reed é presidente da Foundation for Economic Education desde 2008. Formado em economia, já foi professor e é um prolifero palestrante

Essa conta é do PT

Essa conta é do PT

Não faz muito tempo, após o impeachment de Collor, o país vivia o day after em busca do que fazer com a hiperinflação que ainda campeava. Depois de várias tentativas fracassadas, as forças políticas batiam cabeça em busca de um novo arranjo de poder, sob o qual se alvejasse de verdade o problema da hiperinflação, trazendo novo alento à população.
Foi nesse contexto que a equipe econômica da época, temerosa de novo fracasso, teria cobrado do então ministro da Fazenda a definição de um programa fiscal de forte impacto, que faltara nas tentativas anteriores e que seria crucial para a sustentação de qualquer novo plano. Tendo saído há pouco tempo do governo, mas muito ligado ao dia a dia de Brasília, dediquei-me a imaginar qual deveria ser esse plano fiscal, nas difíceis condições daquele momento.
Formulei o diagnóstico básico do problema fiscal brasileiro que ainda hoje permanece válido. Só que, consciente das gigantescas dificuldades políticas da época, sugeri a criação de um mecanismo temporário que servisse de ponte para uma reforma fiscal definitiva, o Fundo Social de Emergência (FSE). Criado, como foi, por emenda constitucional, esse mecanismo simplesmente desamarrava, de qualquer “vinculação” específica, parcela de 20% de todas as receitas federais, permitindo o uso desses recursos para qualquer finalidade que se mostrasse imperiosa a cada momento, incluindo o pagamento de parte relevante do serviço da dívida, ou seja, o superávit primário. Dados a rigidez do gasto e o excesso de vinculações de receitas a várias finalidades, abria-se caminho para a reorientação do Orçamento na direção de um formato compatível com estabilidade econômica, enquanto se ganhava tempo para aprovar uma reforma ampla do gasto federal.
É preciso atacar de vez a rigidez do gasto, enviando ao Congresso as medidas de reforma que são hoje amplamente conhecidas
A discussão da longa história entre o sucesso inicial do Plano Real, viabilizado pelo FSE – cuja validade, a propósito, terá de ser prorrogada no fim deste ano -, e os difíceis momentos atuais, criados especialmente pelo governo atual, exigiria o espaço que esta coluna não tem. Só que nos colocaria, ao final, no dramático ponto a que chegamos, em que a hiperinflação estaria de novo à espreita.
E, para reforçar o risco de a hiperinflação voltar, há projeções de piora da situação fiscal, como as que fiz em estudo recente, com colegas, e que mostraram a perspectiva de os gastos com Previdência, assistência social e pessoal dobrarem em porcentagem do PIB até 2040.
Diante disso, começam a surgir novas ideias heterodoxas para a gestão macroeconômica, tipo nova “banda cambial”. Ou, então, como ocorre com grupos que têm assessorado os últimos governos, aparecem as propostas de mais dos mesmos erros dos governos do PT, atribuindo a responsabilidade pela falta de solução à gestão da atual equipe da Fazenda, que surgiu na tentativa do segundo governo Dilma de finalmente começar a pôr ordem na casa fiscal.
Voltar a ter hiperinflação é sempre possível, mas é um absurdo que se considere essa possibilidade depois de tanto caminho percorrido na direção correta em matéria de gestão macroeconômica, como uma discussão mais detalhada da evolução recente mostraria. Em condições de partida muito melhores que as de 1993/1994, é preciso atacar de vez a rigidez do gasto, enviando ao Congresso as medidas de reforma que são hoje amplamente conhecidas. Como sua tramitação leva tempo e a economia não pode esperar, proponho ampliar o porcentual de desvinculação de receitas do FSE (hoje com o nome de DRU) de 20% para 50% e aprovar as medidas de ajuste recentemente enviadas pelo governo, a fim de restaurar a credibilidade e eliminar o risco de nova situação em que o problema fiscal “domina” tudo o mais.
Só que, em vez de fugir para a oposição, como parece ser o objetivo de muitos ligados ao principal partido no poder, é ele e seu governo que terão de pagar a conta de explicar os erros à sociedade e tentar reorganizar a base de sustentação política para aprovar as medidas requeridas para nos tirar do buraco atual.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 8/10/2015

NA MOSCA!

“Já tomei meus porres. Mas se existe algo que detesto é a tal de ressaca.” (Mim)

“Muitos pensam que bebem, quando na verdade que está bebendo eles é o álcool.” (Mim)

“Comi muita hóstia. Com o tempo fui ficando enjoado dela e do sermão do padre.” (Pócrates)

PENSANDO BEM... ... a inadimplência chega a quase 40% da população do Brasil, mas as lorotas do governo estão 100% em dia. (Diário do Poder)

JÁ NA DEFESA, AMORIM ERA ‘O CARA’ DA ODEBRECHT

 Ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula e ex-ministro da Defesa no governo Dilma, Celso Amorim teria representado interesses da empreiteira Odebrecht nos governos do PT, segundo comunicados apreendidos pela Polícia Federal na sede da empreiteira, na Operação Lava Jato. A PF investiga a influência de Amorim enquanto chefe do Itamaraty e também avalia se a “atuação” continuou no governo Dilma.

 ENCONTRO SUSPEITO Em 28 de agosto de 2013, Amorim recebeu Marcelo Odebrecht, André Amaro, Luiz Rocha e João Carlos Mariz Nogueira, todos da Odebrecht.

 CONTATO FORTE Um e-mail apreendido na sede da Odebrecht pela PF revelou encontro de executivos da empreiteira com Celso Amorim, em Nova York.

 BILHÕES BRASILEIROS... A PF investiga se Amorim era “ponte” da Odebrecht com Lula para viabilizar negócios no exterior, com financiamento brasileiro. ...

FISCALIZAÇÃO ZERO A força-tarefa da Lava Jato investiga contratos secretos de empreiteiras brasileiras para realizar obras no exterior, sem órgãos fiscalizadores.

Cláudio Humberto

QUANDO MORTO O ATEU

QUANDO MORTO O ATEU

Quando vier me buscar a dona certa
Não poderei mais emitir pedidos
Então deixo dito aos meus amados
Que façam minhas exéquias num galpão de tábuas velhas
Ou num jardim qualquer
Mas peço com carinho
Que não levem meu corpo para nenhum templo
Igreja ou similar
Pois nem morto eu mereço esta afronta.


AMOR/DOR

AMOR/DOR

Amar causa dor
Dor de perder
Dor da saudade
Dor na desavença que distancia
Mas é a pequena dor que apimenta
Que dá mais sabor ao amor
Que faz a vida ter sua graça.


DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- AS TRÊS VIAS DE ACESSO (junho 2006)

Após ler minha crônica sobre os cavacos do ofício do jornalismo, uma amiga me pergunta porque não estou lecionando numa universidade. Coincidentemente, a resposta está no artigo de Cláudio de Moura Castro, na Veja da semana passada:

“Na UFRJ, um aluno brilhante de física foi mandado para o MIT antes de completar sua graduação. Lá chegando, foi guindado diretamente ao doutorado. Com seu reluzente Ph.D., ele voltou ao Brasil. Mas sua candidatura a professor foi recusada pela UFRJ, pois ele não tinha diploma de graduação. Luiz Laboriou foi um eminente botânico brasileiro, com Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e membro da Academia Brasileira de Ciências. Mas não pôde ensinar na USP, pois não tinha graduação”.

Estas peripécias, eu as conheço de perto. Começo pelo início. Nunca me ocorreu lecionar na universidade. Eu voltara da Suécia, cronicava em Porto Alegre e fui tomado pela resfeber, doença nórdica que contraí na Escandinávia. Traduzindo: febre de viagens. Li nos jornais que estavam abertas inscrições para bolsas na França e me ocorreu passar alguns anos em Paris. A condição era desenvolver uma tese? Tudo bem. Paris vale bem uma tese. Tese em que área? Busquei algo que me agradasse. Na época, me fascinava a literatura de Ernesto Sábato. Vamos então a Paris estudar Sábato.

Mas eu não tinha o curso de Letras. O cônsul francês, ao me encontrar na rua, perguntou-me se eu não podia postular algo em outra área. Em Direito havia mais oferta de bolsas. Poder, podia. Eu cursara Direito. Mas do Direito só queria distância. Mantive minha postulação em Letras. Para minha surpresa, recebi a bolsa. A França me aceitava, em função de meu currículo, para um mestrado em Letras, curso que eu jamais havia feito. Nenhuma universidade brasileira teria essa abertura. Aliás, os componentes brasileiros da comissão franco-brasileira que examinava as candidaturas, tentaram barrar a minha. Fui salvo pelos franceses.

Fui, vi e fiz. Em função de meu currículo, aceito para mestrado, fui guindado diretamente ao doutorado. Tive o mesmo reconhecimento que o aluno do MIT. Acabei defendendo tese em Letras Francesas e Comparadas. Menção: Très bien. Não me movera nenhuma pretensão acadêmica, apenas o desejo de curtir Paris, suas ruelas, vinhos, queijos e mulheres. A tese não passou de diletantismo. De Paris, eu escrevia diariamente uma crônica para a Folha da Manhã, de Porto Alegre. Salário mais bolsa me propiciaram belos dias na França. Foi quando minha empresa faliu. Conversando com colegas, fiquei sabendo que um doutorado servia para lecionar. Voltei e enviei meu currículo para três universidades. Sei lá que loucura me havia acometido na época: um dos currículos enviei para o curso de Letras da Universidade de Brasília.

Fui a Brasília acompanhar meu currículo. Procurei o chefe do Departamento de Letras. Ele me cobriu de elogios, o que só ativou meu sistema de alarme. Que minha tese era brilhante, que meu currículo era excelente, que era um jovem doutor com um futuro pela frente. Etc. Mas... eu tinha apenas os cursos de Direito e Filosofia, não tinha o de Letras. Me sugeria enviar meu currículo ao Departamento de Filosofia, já que a tese tinha alguns componentes filosóficos.

Ingênuo, fui até o Departamento de Filosofia. O coordenador me recebeu muito bem, analisou minha tese, cobriu-a de elogios. Mas... eu não tinha o Doutorado em Filosofia. Apenas o curso. Considerando o grande número de artigos publicados em jornal, sugeria que eu fosse ao Departamento de Comunicações. Besta atroz, fui até lá. O coordenador considerou que meu currículo como jornalista era excelente. Mas... eu não tinha o Curso de Jornalismo.

Na Universidade Federal de Santa Catarina abriu um concurso para professor de Francês. Já que eu era Doutor em Letras Francesas, me pareceu que a ocasião era aquela. Duas vagas, dois candidatos. Fui solenemente reprovado. Uma das alegações foi que eu falava francês como um parisiense, e a universidade não precisava disso. A outra, e decisiva, era a de que eu tinha doutorado em Letras Francesas, mas não tinha curso de Letras.

Já estava desistindo de procurar emprego na área, quando fui convidado para lecionar Literatura Brasileira, na mesma UFSC que me recusara como professor de francês. Convidado como professor visitante, o que dispensa concurso. Mas o contrato é por prazo determinado, dois anos. O curso precisava de doutores para orientar teses e eu estava ali por perto, doutor fresquinho, recém-titulado e livre de laços com outra universidade. Fui contratado.

Acabei lecionando quatro anos, na graduação e pós-graduação. Findo meu contrato, foi aberto um concurso para professor de Literatura Brasileira. Me inscrevi imediatamente. Uma vaga, um candidato. Me pareceram favas contadas. Ledo engano. Eu não tinha o curso de Letras. Fui de novo solenemente reprovado. Não tinha graduação em Letras.Após lecionar Letras quatro anos.

Na mesma época, abriu um concurso na mesma universidade para professor de espanhol. Ora, eu já havia traduzido doze obras dos melhores autores da América Latina e Espanha (Borges, Sábato, Bioy Casares, Robert Arlt, José Donoso, Camilo José Cela). Vou tentar, pensei. Tentei. Na banca, não havia um só professor que tivesse doutorado. Pelo que me consta, jamais haviam traduzido nem mesmo bula de remédio. Mais ainda: não tinham uma linha sequer publicada. Novamente reprovado. Minhas traduções poderiam ser brilhantes. Mas eu jamais havia feito um curso de espanhol.

Melhor voltar ao jornalismo. Foi o que fiz. Anos mais tarde, já em São Paulo, por duas vezes fui convidado para participar de uma banca na Universidade Federal de São Carlos, pelo professor Deonísio da Silva, então chefe de Departamento do Curso de Letras. Uma das bancas era para escolher uma professora de Literatura Espanhola, outra uma professora de Literatura Brasileira. Deonísio sugeriu-me participar, como candidato, de um futuro concurso. Impossível, eu não tinha o curso de Letras. Quanto a julgar a candidatura de um professor de Letras, isto me era plenamente permissível.

Por estas e por outras – e as outras são também importantes, mas agora não interessam – não estou lecionando. Diz a lenda que na universidade da Basiléia havia um dístico no pórtico, indicando as três vias de acesso à universidade: per bucam, per anum, per vaginam. Lenda ou não, o dístico é emblemático. A universidade brasileira, particularmente, é visceralmente endogâmica. Professores se acasalam com professoras e geram professorinhos e para estes sempre se encontra um jeito de integrá-los a universidade. A maior parte dos concursos são farsas com cartas marcadas. 

Pelo menos na área humanística. As exceções ocorrem na área tecnológica, onde muitas vezes a guilda não tem um membro com capacitação mínima para proteger. Contou-me uma professora da Universidade de Brasília: “eu tive muita sorte, os dez pontos da prova oral coincidiam com os dez capítulos de minha tese”. O marido dela era um dos componentes da banca. A ingênua atroz – ou talvez cínica – falava de coincidência. 

Na universidade brasileira, nem um Cervantes seria aceito como professor de Letras, afinal só teria em seu currículo o ofício de soldado e coletor de impostos. Um Platão seria barrado no magistério de Filosofia e um Albert Camus jamais teria acesso a um curso de Jornalismo. No fundo, a universidade ainda vive no tempo das guildas medievais, que cercavam as profissões como quem cerca um couto de caça privado. Na Espanha e na França, desde há muito se discute publicamente a endogamia universitária. Aqui, nem um pio sobre o assunto. E ainda há quem se queixe quando os melhores cérebros nacionais buscam reconhecimento no Exterior.

GOVERNO DE ASSUNÇÃO PROTESTA CONTRA COMPARAÇÃO FEITA POR DILMA SOBRE "GOLPE DO PARAGUAI"

Destrambelhada, Dilma ignorou mais uma vez sua posição de chefe de Estado. -


A chancelaria do Paraguai pediu explicações ao Brasil sobre as declarações da presidente Dilma Rousseff de que a oposição brasileira quer derrubá-la com um "golpe à paraguaia", informaram fontes diplomáticas nesta sexta-feira em Assunção.


O ministro paraguaio das Relações Exteriores, Eladio Loizaga, chamou o embaixador brasileiro em Assunção, José Felicio, para manifestar sua "surpresa e desagrado" com as declarações de Dilma, publicadas pela imprensa brasileira na quinta-feira.


A chancelaria paraguaia pediu ao embaixador brasileiro que confirme "a veracidade" das declarações de Dilma, acrescentando que Assunção respeita o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados.


Assunção informou que o embaixador do Paraguai em Brasília, Manuel María Cáceres, foi instruído a realizar as mesmas consultas com as autoridades em Brasília nesta sexta-feira.


Segundo a Folha de São Paulo, na primeira reunião ministerial do novo gabinete Dilma disse que no Brasil está em curso "um golpe democrático à paraguaia".


As declarações ocorrem em uma semana difícil para a presidente, após as decisões do Tribunal de Contas da União (TCU) de rejeitar as contas de 2014 do governo, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abrir uma investigação sobre supostas irregularidades durante a campanha para a reeleição de Dilma.


Do blog Políbio Braga

“Os maiores exploradores da ignorância estão nos púlpitos e nos partidos políticos. Às vezes estão juntos.” (Filosofeno)

“A loucura é uma fatalidade. Já ser imbecil é uma escolha.” (Filosofeno)