segunda-feira, 11 de dezembro de 2017


"Já tive um patrão tão bom que pagava para que eu não fosse trabalhar." (Climério)

“A minha mãe ainda está procurando o filho que ela pediu para Deus. Veio trocado.”(Climério)

“Em minha casa a primeira vítima da crise foi o porquinho de moedas.” (Climério)

“Antigamente quando me chacoalhavam caíam moedas dos bolsos. Agora caem invólucros de bala de banana e clipes achados na rua.” (Climério)

“Chorar em velório é fácil. Duro é doar um rim.” (Climério)

“Que não se importem comigo tudo bem. Mas que me poupem das pedras.” (Climério)

“Na casa do Senhor há muitas moradas... Sei, mas e o aluguel?” (Climério)

“Com o bolso recheado de verdinhas eu sou irresistível”. (Climério)

Por que não sou Cristão: um exame da ideia divina e do cristianismo- Bertrand Russell


A existência de Deus
Esta questão da existência de Deus é um assunto longo e sério, e, se eu tentasse tratar do tema de maneira adequada, teria de reter-vos aqui até o advento do Reino dos Céus, de modo que me perdoareis se o abordar de maneira um tanto sumária. Sabeis, certamente, que a Igreja Católica estabeleceu como dogma que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão. Trata-se de um dogma um tanto curioso, mas é um de seus dogmas. Tiveram de introduzi-lo porque, em certa ocasião, os livres-pensadores adotaram o hábito de dizer que havia tais e tais argumentos que a simples razão poderia levantar contra a existência de Deus, mas eles certamente sabiam, como uma questão de fé, que Deus existia. Tais argumentos e razões foram minuciosamente expostos, e a Igreja Católica achou que devia acabar com aquilo. Estabeleceu, por conseguinte, que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão, e seus dirigentes tiveram de estabelecer o que consideravam argumentos capazes de prová-lo. Há, por certo, muitos deles, mas tomarei apenas alguns.

O argumento da causa primeira
Talvez o mais simples e fácil de se compreender seja o argumento da Causa Primeira. Afirma-se que tudo o que vemos neste mundo tem uma causa e que, se retrocedermos cada vez mais na cadeia de tais causas, acabaremos por chegar a uma Causa Primeira, e que a essa Causa Primeira se dá o nome de Deus. Esse argumento, creio eu, não tem muito peso hoje em dia, em primeiro lugar porque causa já não é bem o que costumava ser. Os filósofos e os homens de ciência têm martelado muito a questão de causa, e ela não possui nada que se assemelhe à vitalidade que tinha antes; mas, à parte tal fato, pode-se ver que o argumento de que deve haver uma Causa Primeira é um argumento que não pode ter qualquer validade. Posso dizer que quando era jovem e debatia muito seriamente em meu espírito tais questões, eu, durante muito tempo, aceitei o argumento da Causa Primeira, até que, certo dia, aos dezoito anos de idade, li a Autobiografia de John Stuart Mill, lá encontrando a seguinte sentença: “Meu pai ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere imediatamente a pergunta subsequente: ‘Quem fez Deus?’”. Essa simples sentença me mostrou, como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primeira. Se tudo tem de ter uma causa, então Deus deve ter uma causa. Se pode haver alguma coisa sem causa, pode ser muito bem ser tanto o mundo como Deus, de modo que não pode haver validade alguma em tal argumento. Este é exatamente da mesma natureza que o ponto de vista hindu, de que o mundo se apoiava sobre um elefante e o elefante sobre uma tartaruga, e quando alguém perguntava: “E a tartaruga?”, o indiano respondia: “Que tal se mudássemos de assunto?” O argumento, na verdade, não é melhor do que este. Não há razão pela qual o mundo não pudesse vir a ser sem uma causa; por outro lado, tampouco há qualquer razão pela qual o mesmo não devesse ter sempre existido. Não há razão, de modo algum, para se supor que o mundo teve um começo. A ideia de que as coisas devem ter um começo é devida, realmente, à pobreza de nossa imaginação. Por conseguinte, eu talvez não precise desperdiçar mais tempo com o argumento acerca da Causa Primeira.

Bertrand Russell

FILHO DE BOLIVARIANO É FOGO


-Papá, quando nossa vida irá melhorar?
-Quando nosso comandante Maduro acabar com imperialistas!
- Mas por que ele escolheu primeiro acabar com os venezuelanos? Por que não acabou logo com os imperialistas?

NO CONSULTÓRIO

Homem entra num consultório médico e lá encontra dois dirigentes petistas bem conhecidos. Diz à recepcionista:
- Favor desmarcar a minha consulta.
-Por que senhor?
-Achei que o doutor fosse neurocirurgião, mas pelo que vejo é de outra área e estuda desvios de comportamento. 

ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE

ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE
Na antigüidade, nos costumes e nas conversas do diaa-dia, os acontecimentos mais mundanos eram relacionados com os principais eventos cósmicos. Um exemplo interessante é o encantamento contra o verme que os assírios de 1.000 a.C. imaginavam que provocava a dor de dente. Ele começa com a origem do universo e termina com a cura para a dor de dente:

Após Anu ter criado os céus, 
E os céus terem criado a terra, 
E a terra ter criado os rios, 
E os rios terem criado os canais, 
E os canais terem criado o pântano,
E o pântano ter criado o verme, 
O verme procurou Shamash chorando, 
Suas lágrimas se derramando diante de Ea: "O que me darás como comida, O que me darás para beber?" 
"Eu te darei o figo seco E o damasco." 
"O que representam eles para mim? O figo seco E o damasco! Eleve-me, e entre os dentes 
E as gengivas deixe-me morar!...
"Por teres dito isto, ó verme, Possa Ea destruir-te com a força da Sua mão!

(Encantamento contra dor de dente).

O tratamento: Cerveja de segunda classe... e óleo que tu deverás misturar; O encantamento, tu deverás recitá-lo três vezes seguidas e então colocar a poção sobre o dente.

Nossos ancestrais ansiavam compreender o mundo, mas não conseguiram encontrar um método. Imaginaram um universo pequeno, fantástico e arrumado, no qual as forças dominantes eram deuses como Anu, Ea e Shamash. Neste universo os seres humanos desempenharam um papel importante, senão central. Estamos intimamente entrosados com o resto da natureza. O tratamento da dor de dente com cerveja de segunda classe estava associado aos mais profundos mistérios cosmológicos. 

Fragmento do livro COSMOS, de Carl Sagan



O Brasil está mais ou menos como o Baile do Respeito. Lá pela madrugada o dono do salão pegou o microfone e falou aos presentes: “Diante da total falta de respeito demonstrado pela maioria o baile está terminado. Vistam suas roupas e vão para casa.” (Mim)

“O tempo é um grande apagador. Um dia seremos todos esquecidos.” (Filosofeno)

“Acostume-se! Sempre haverá pedras, espinhos e falsos amigos em nosso caminho.” (Filosofeno)

“Caridade não se faz com público, câmeras e microfones.” (Filosofeno)

“A sorte não agracia fulano ou beltrano por merecimento. A sorte cavalga no vento, e sem escolher cai às vezes no colo de um imprestável.” (Filosofeno)

“Os homens procuram matar o silêncio. Deve ser por este motivo que é tão difícil encontrá-lo.” (Filosofeno)

“A felicidade é um bicho que ninguém consegue prender para sempre.” (Filosofeno)

A FILA


A fila ultrapassava cinco quarteirões. O passante curioso perguntou para o último dos esperançosos:
-Fila para emprego?
-Não. Estamos pegando senha para no futuro entrarmos no paraíso.
O passante ficou atônito:
- É grátis?
-Não! Duzentos reais.
-Bem caro- falou o passante. - Acho que irei aguardar pela fila do purgatório.


QUEM PROCURA ACHA


Erni procurava lugar para bebericar de graça, mas já estava muito bêbado. Entrou então numa capela onde se realizava um velório e aprontou o maior rebuliço. Mesmo sem ouvir música alguma achou que era uma festa e foi tirando a viúva para dançar. Não contente foi para cima do defunto derrubando velas e castiçais. Levou uns petelecos e foi atirado num canto pelos parentes do morto. Quando apareceram os homens da Brigada Militar não se conteve e gritou: Viva! Finalmente o conjunto chegou! Levou mais dois sopapos e acordou detrás das grades já curado do porre. Foi então liberado e já na primeira esquina tomou uns goles e aprontou novamente, ofendendo os presentes e querendo briga com o dono do boteco. A boca em que se metera era brava, levou dois tiros e virou finado.

LIMPEZA GERAL


Antero Motta é um homem de muitas posses. Além de câmeras, muros e cercas eletrificadas, dois ferozes  Pitbulls guardavam sua casa. Guardavam. A bandidagem cada vez mais aparelhada e abusada apareceu para roubar trazendo dois leões adultos. Os cachorros serviram de lanche. A rapaziada fez então uma limpeza geral. Com direito a caminhão de mudança e tudo. E por desaforo deixaram os dois leões no canil.

PERDIDA NA NOITE


Num canto escuro de uma esquina malcheirosa, agarrada nos tijolos de um prédio sujo, ela vomitava. Suas pernas manchadas de bexigas roxas demonstravam a falta de cuidado que tinha para consigo. Um homem bêbado passou perto e disse alguns gracejos enquanto ela jogava fora sua existência, encharcada de álcool nas noites da vida. Após o pior passar ela levantou os olhos para o céu e viu a lua olhando para sua carcaça desalinhada. Por um breve momento pensou nos sonhos de menina que o diabólico tempo tratou de pulverizar. Tinha perdido o juízo; a juventude tão gostosa de ser vivida; os amigos verdadeiros; a família que ela mesma deixara para trás. Caminhou alguns quarteirões até seu quartinho acanhado no hotelzinho de quinta categoria. Abriu a porta e sentiu no rosto o cheiro de mofo que dominava o cubículo. Sentou-se na cama e acendeu mais um cigarro, talvez o trigésimo da noite. Tudo à sua volta rodava, os olhos de peixe morto, pálpebras caídas. Após fumar, apagou o venenoso e se deitou sobre o cobertor que ansiava por limpeza. Apagou... Mais uma noite de trabalho encerrada, mais um dia vivido sem ter alegria no coração.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quinta-feira, agosto 30, 2007 FÉ É FOGO

Comentando o livro Deus, um Delírio, de Richard Dawkins, escrevi outro dia que sua argumentação, opondo a ciência à fé, é inútil. Pois os crentes são infensos à razão. Continuando a leitura do livro, encontrei um caso exemplar que confirma minha afirmação. Dawkins fala de Kurt Wise, um geólogo americano que hoje dirige o Centro para Pesquisas no Brian College, em Dayton, Tenesse. Falei outro dia também do filme E o vento será tua herança, que retoma uma discussão - em verdade, um processo - de 1925, quando o promotor William Jennings Bryan, na mesma cidade de Dayton, acusou de darwinismo o professor de ciências John Scopes. O Bryan College deriva do promotor Bryan.

Wise era um cientista altamente qualificado e promissor e sua educação religiosa exigia que ele acreditasse que a Terra tinha menos de 10 mil anos de idade. O conflito entre sua religião e sua ciência fez com que tomasse uma decisão. Sem conseguir suportar a tensão - conta-nos Dawkins - atacou o problema com uma tesoura. Pegou uma Bíblia e a percorreu, retirando literalmente todos os versículos que teriam de ser eliminados se a visão científica do mundo fosse verdadeira. Concluiu então:

"Por mais que eu tentasse, e mesmo com o benefício das margens intactas ao longo das páginas das Escrituras, vi que era impossível pegar a Bíblia sem que ela se partisse ao meio. Tive de tomar uma decisão entre a evolução e as Escrituras. Ou as Escrituras eram verdade e a evolução estava errada ou a evolução era verdade e eu tinha de jogar a Bíblia fora. Foi ali, naquela noite, que aceitei a Palavra de Deus e rejeitei tudo que a contradissesse, incluindo a evolução. Assim, com grande tristeza, lancei ao fogo todos os meus sonhos e as minhas esperanças na ciência.

"Embora existam razões científicas para aceitar uma terra jovem, sou criacionista porque essa é a minha compreensão das Escrituras. Como disse para meus professores, anos atrás, quando estava na faculdade, se todas as evidências do universo se voltarem contra o criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, mas continuarei sendo criacionista, porque é isso que a palavra de Deus parece indicar. Essa é a minha posição".

Fé é fogo. Como disse, não adianta opor a razão à fé. Quem crê, não tem dúvidas. Mesmo tendo nascido em um universo pagão, em meus de guri fui pego por uma catequista e o catecismo cristão me foi enfiado a machado na cabeça. O que me libertou do obscurantismo católico foi uma singela característica do ser humano, a sexualidade. Eu não conseguia entender como algo tão bom podia ser pecado, e portanto proibido. Em umas férias de verão, encerrei-me em um quarto de nossa casa de campo, com uma Bíblia em punho. Eu a reli durante três dias e três noites, encerrado naquele quartinho, só saindo de casa nas madrugadas, para cavalgar pelas coxilhas. Meus pais, que me passavam a comida por uma janelinha, começavam a duvidar de minha sanidade mental.

Daquela releitura, emergi ateu. De início, um profundo desconsolo. Quer dizer que não havia vida eterna, paraíso, aquelas sobremesas todas post-mortem? Convicto de que com a morte tudo acaba, consolei-me ao constatar que todos os homens morrem, acreditem ou não na vida eterna. Ao contrário de Wise, entre a razão e a fé, optei pela razão.

Senti-me extraordinariamente liberto. Em dias de tempestade, montava nu em um cavalo e saía a galope em meio aos raios. Na Casa - a residência original do clã - meus tios e primas rezavam, cobriam espelhos e escondiam objetos de ponta, como tesouras e facas. Acreditava-se que esses objetos atraíam raios. Em minha hybrisjuvenil, eu empinava o cavalo frente à Casa e a cada raio gritava: "Manda outro, grande Filho-da-Puta".

Crueldade de menino. Minha parentada, lá dentro da Casa, se contorcia, rezava e fazia o sinal da cruz, implorando a salvação da alma do herege. Não que fossem católicos por formação. Mas em suas religiosidades primitivas acreditavam em um Deus que mandava raios.

Hoje, eu os entendo. Mais difícil é entender um cientista que deliberadamente renuncia à razão.

BRUTALIDADE CRIMINAL por Percival Puggina. Artigo publicado em 08.12.2017



É tão triste quanto espantoso o número de policiais mortos no cumprimento do seu dever, em confrontos com o crime, para proteção da sociedade e manter ainda tremeluzente a chama da supremacia da lei. Sucedem-se os fatos, passam-se os dias, e cai sobre cada óbito o soturno silêncio da banalização. Nenhum porta-voz da esquerda local vai aos microfones condenar a brutalidade criminal, solidarizar-se com familiares dos mortos. Nenhum cronista bate dedos o teclado do computador para expressar sua compaixão pelos agentes da lei. Nenhum sociólogo de plantão, nenhuma ONG promotora de direitos humanos diz algo a respeito. No entanto, com quanta freqüência se lê sobre a “brutalidade das ações policiais”!

Não passa pela cabeça de quem quer que seja – surpresa minha! – indagar quais os materialmente mais desfavorecidos nesses confrontos. Os policiais ou os bandidos? Quem tem mais dinheiro no bolso? Quem porta a arma mais sofisticada? Quem é mais “oprimido”? Quem está do lado da sociedade e quem está contra ela?

A brutalidade criminal ocorre todo dia, toda hora, com requintes de crueldade, não respeitando criança, menor, mulher, pobre, rico, juiz de direito ou policial. No entanto, quando um destes últimos, no arriscado exercício de seu dever, sob fogo dos bandidos, dispara sua arma, matando ou ferindo algum deles, logo sai para a rua o bloco dos pacifistas seletivos, pronto para condenar a truculência dos agentes da lei. E eu já não me surpreendo mais com isso. Portanto, chega de brutalidade criminal! Policial também é gente e tem direitos humanos!

Que fique claro. Toda pessoa é detentora de direitos inalienáveis. O criminoso decai de alguns, de natureza civil. mas não perde sua condição humana e não deve ser objeto de maus tratos. Mas é inaceitável demasia atribuir-lhe, no choque com as forças da lei, prerrogativas que a estas se recusa. Tal mentalidade entrega ao crime parcelas cada vez maiores de nossas cidades. Olhe à volta, leitor, e saiba: tem gente por aí que, sob motivações ideológicas, acha tudo muito conveniente e joga o jogo da tolerância para com o crime e da intolerância para com a ação policial.


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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.