sábado, 6 de janeiro de 2018

GOSTO É GOSTO


Foi um dia muito especial para o planeta. Naquele dia choveram rosas multicores de muito perfume em todos os lugares da terra, inclusive sobre os mares e desertos. Porém, e sempre existe um porém, não foram poucos os bípedes não plumados que taparam suas narinas para o doce odor e preferiram abri-las para cheirar cu e bosta de galinha.

QUE REINE A LUZ


“Não deixe reinar a escuridão em sua mente. Busque todos os dias a luz do conhecimento e o espírito da alegria.” (Filosofeno)

NOTÍCIAS DE SANGUE


“É necessário filtrar informações para preservar o próprio bem-estar. Notícias de sangue são irrelevantes.” (Filosofeno)

A NOÇÃO DOS VALORES EM UMA SOCIEDADE DESORGANIZADA por Alfredo Severo Luzardo. Artigo publicado em 05.01.2018



Gramsci escreveu mais de mil páginas filosofando sobre o neomarxismo e a importância da deformação das mentes de um povo para torná-lo vulnerável, e com isso transformá-lo em uma nação comunista. Era uma coisa surrealista para a época. Sua intenção maior estava em se contrapor a Stalin e Mao, que, para consolidar o comunismo na Rússia e na China usaram a força bruta, aterrorizando e matando mais de 100 milhões de pessoas.




Ele queria uma transição menos traumática e mais efetiva. Para implantar essa intenção em uma nação era necessário remoldar sua cultura através da arte, da musica, de seus hábitos, suas crenças e incentivar a libertinagem através de livros e filmes pornográficos com distorções éticas e morais e, com isso, enfraquecendo-a, tirando-lhe a dignidade e a vontade própria. Como instrumentos de trabalho usaria simplesmente os meios de comunicação de massa, controladores da cultura de um povo, moldando o pensamento das futuras gerações. Isso demandaria tempo, mais a consolidação seria perene.




Era preciso infiltrar comunistas marxistas leninistas nessas áreas sensíveis. Não para destruí-las, mas para transformá-las através de mudanças comportamentais. Para colocar em prática seus pensamentos seria necessário posicionar na linha de frente os grandes "formadores de opinião". São eles os propagadores da fé cristã através das igrejas de militantes então chamadas "progressistas" onde conseguem incutir em seus fieis uma nova "ordem religiosa"; as instituições de ensino, principalmente as universidades, pelo incentivo da liberdade total e da desobediência com um chamamento "democrático" onde o que vale é uma mudança anárquica de comportamento ético e moral; e a imprensa onde os padrões sociais podem ser massificados através de uma propaganda dirigida, uma constante "lavagem cerebral" para deturpar valores sociais já estabelecidos. Os chamados "intelectuais", boêmios, filósofos de botequim, onde o ego impera, são incentivados e valorizados para garantir um conceito libertador, com o propósito da difusão de uma democracia liberal exacerbada onde só existem direitos, mas não se fala em deveres.




È um processo que Incentiva uma luta de classes sociais onde, subliminarmente, coloca como pontos chaves as disputas patronais, o racismo, as opções sexuais, a desvalorização familiar e religiosa. A família seria o núcleo mais abalado e alterado em seus valores. Gramsci não queria uma revolução armada. Queria, e conseguiu em vários países como no Brasil, uma mudança comportamental a longo-prazo para que a sua revolução acontecesse sem que fosse percebida pelo povo. Sua ideologia seria implantada através da reestruturação da cultura original onde os valores morais e éticos voltados para a manutenção da dignidade da sociedade seriam alterados ou destruídos. Isso fragiliza o povo, tira a sua vontade, a sua dignidade e o confunde, tornando-o uma presa fácil para a implantação do marxismo-leninismo sem maiores problemas.




No Brasil sua tropa de choque já está formada. São professores, "educadores" transformadores das cabeças moldáveis dos jovens; jornalistas e artistas divulgadores das "novas ideias". Com uma grande penetração na população e distorcendo realidades juntamente com os autodenominados "intelectuais" elevados a "pensadores introdutores das novas filosofias socialistas" e os pregadores religiosos que se aproveitam dos menos favorecidos para induzi-los à "posse de direitos igualitários econômicos". Todos são recrutados para essa missão por comunistas marxistas leninistas natos. Priorizam somente os "direitos" sem cobrar os "deveres" de cidadão, induzindo-os a um caminho ilusório de liberdade, de igualdade e, sobretudo, de direitos.




Meditemos um pouco sobre os atuais acontecimentos no nosso país. Deixamos de lado a nossa dignidade ao aceitarmos a conivência, por indiferença com as distorções sociais, morais e éticas que nos atingem. Falta um rumo político; falta um Executivo "ético" e transparente; falta um Legislativo voltado para soluções através de "leis claras, simples e justas"; e falta um Judiciário "imparcial, eficiente e eficaz". Observem que a atual ordem do dia é a "anarquia generalizada". A desestruturação e desmoralização dos poderes constituídos tem sido uma tônica. É um prende e desprende onde ninguém entende mais nada. Ninguém sabe quem manda. Um deplorável "silêncio dos bons" faz crescer essa anarquia perniciosa, corrupta e assassina.




O país está sendo conduzido para uma trágica "guerra civil" iniciada pela criminalidade dominante. Os poderes constituídos perdem sua força de comando e se imiscuem numa promíscua troca-troca de favores para encobrir seus atos de corrupção. Prevalecem os "direitos humanos" dos "desumanos", dos "intocáveis". Na atual conjuntura nem "Pilatos" saberia como lavar suas mãos. Muita sujeira e pouco sabão. Até o Judiciário está esquecido do seu papel de ser o "pilar básico de uma democracia"! Esquecemos que corrupção com desvio de recursos dos órgãos públicos é o mesmo que assassinato cruel. Suas consequências nefastas são inimagináveis para uma sociedade. Perdemos o nível mínimo educacional padrão. Com a saúde publica esfacelada e com uma previdência social falida, tudo por corrupção e sem uma "justiça justa" estamos nos matando, cometendo um massacre social. Sofremos um processo de eliminação dos valores, tornando-nos uma Nação fragilizada e sem vontade própria para conduzir nossos destinos.

Uma Nação enfraquecida é uma presa fácil para a implantação de um regime "totalitário". Gostaria que refletíssemos sobre os acontecimentos atuais. Qual o porquê da existência desse nível de corrupção? Ora, essa resposta é fácil: - porque muitos dos que possuem condições de liderança são desonestos, achacam ou são achacados pelos gestores do poder público. Uma justiça lenta e parcial é o principal fator dessa anarquia desenfreada. Vinte anos para dar solução a um crime comprovado é sinônimo de impunidade. Se a transgressão da lei for por um "poderoso $$$", este poderá nunca ser julgado. Morre antes... São infindáveis recursos em cima de recursos prorrogando ou mantendo essa impunidade. Até a presidente do STF disse, em seu discurso de posse, que havia processos com infindáveis recursos só naquele tribunal! Processo com mais de trinta recursos no STF! O judiciário mostra-se fragilizado em sua ética, imparcialidade e morosidade. Permite que a corrupção se infiltre e dá aos criminosos a certeza da impunidade. Isso é determinante pelo fracasso das instituições. Isso desencadeou um processo criminoso, desordeiro e abrangente dentro de uma sociedade que se diz organizada. Quando um juiz corrupto é punido, é punido com uma bela aposentadoria! Institucionalizou-se a corrupção. Não precisa se dizer mais nada. A exceção de um momento incomum, temos que aplaudir a "Lava-Jato", e rezar para Deus não permitir que "outros" tipos de "justiceiros" se intrometam. Olhem para o nosso Legislativo. Promulgam "Leis", supostamente sociais, "pressionados apenas por interesses sociais". Balela e hipocrisia. Acreditaria se os congressistas fossem eleitos pelos seus méritos, "todos fossem fichas limpas" e os interesses principais fossem os da Pátria e não os dos seus próprios bolsos, os dos "chefes" de quadrilha, lobistas ou dos interesses partidários. Empreguismo de afilhados políticos, em todas as instituições publicas, é o mesmo que abolir a meritocracia e minar essas instituições, enfraquecendo-as e tornando-as facilmente sabotadas, corruptas e ineficientes. Que seja feita uma Reforma Política urgente e decente. Criem-se regras básicas para serem candidatos ao parlamento. Valorize a "Ficha Limpa", o valor intelectual e cultural. Acabem com a suplência dos Senadores. Promovam leis abolindo as excrescências da legislação atual como foro privilegiado e imunidade parlamentar. Leis contundentes onde o desvio de dinheiro público deveria ser considerado crime hediondo, pois roubar recursos destinados à saúde pública é o mesmo que assassinato doloso. Desviar verbas da educação é promover futuros bandidos aumentando a criminalidade. Manter a atual lei da maioridade penal em 18 anos é um enorme incentivo a menores serem envolvidos pelo crime na certeza dessa impunidade legal. Hoje todos os maiores de 12 anos têm consciência do certo e do errado e devem responder pelos seus atos.

O estímulo a essa desordem é promovida, não só pela imprensa infiltrada, como também pelo ensino de baixa qualidade, ignorando os valores básicos da educação, incutindo na nossa juventude que é válido tirar proveito de tudo, independente das suas consequências. Uma inversão de valores estimulando que tudo é permitido. Com isso os princípios éticos e morais se esvaem e a família, o núcleo básico de uma sociedade organizada, se esfacela. Vamos abrir nossos olhos, combater os malfeitos e começar a trabalhar voltados para um bem estar social, sem interesses, sem corrupção, com justiça e com alto nível de ética, moral e dignidade. Não vamos deixar os pensamentos de Gramsci dominar a nossa Pátria. Está na hora de um BASTA nessa anarquia. Lembrem-se, o mau se expande quando os bons se omitem.


• Alfredo Severo Luzardo é Cel Av Ref


SEU NICÁSIO


Ainda caminhava para lá e para cá, conhecia todos na vila, apesar da idade avançada. Ninguém na verdade sabia sua verdadeira idade, o que todos tinham a certeza é de que seu Nicásio era muito, mas muito velho, pois tinha até um retrato ao lado de D. Pedro II. Pois Seu Nicásio morreu na tarde de ontem e nem foi preciso realizar a cremação: quando deixou este mundo já era pó.

LEOCÁDIO


Salta! Pula! A multidão reunida no centro da cidade ansiosa aguardava lá embaixo pelo último ato do suicida. Finalmente ele se jogou do telhado. Os mais sensíveis fecharam os olhos antes do choque fatal. Então antes de espatifar-se no chão Leocádio abriu suas belas asas e alçou voo para navegar sob o resplandecente azul do céu. Antes contornou e fez um rasante mostrando a língua para os abutres que pediam por sangue.

SÍLVIO


O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.

VAI DAR PROCESSO


Não tem como não dar processo. Sem dúvida uma verdadeira afronta ao consumidor. Se eu fosse advogado eu pegava a causa sem pestanejar. Que pouca vergonha! Onde estamos? Não falta mais nada mesmo! Não basta o que já sofremos? Sem mais rodeios, eu conto: Em Brasília Dona Emengarda encontrou um corrupto dentro do pote de margarina de 1 kg. Penso que caminhamos para o fim.

NORILSK


O pequeno solitário Wladimir de oito anos brincava na neve nos arredores de onde existiu um campo de trabalhos forçados à época de Stalin, em Norilsk. Ao mexer uma pequena pedra aconteceu um estrondo e o lampejo de um raio e milhões de gritos lamuriosos foram ouvidos, saídos da fenda que estava sob a pedra. Gritavam fome! Frio! Dor! Tortura! Queremos liberdade! O pequeno caiu para trás assustado. Enquanto Wladimir tentava entender o que estava acontecendo, os espíritos martirizados pelos comunistas naquele Gulag transformaram-se em pequenos pássaros azuis e saíram batendo asas libertas, felizes finalmente. Cada pássaro que saía da fenda deixava cair uma pena azul que aos poucos formou no branco da neve a frase “Jamais esqueçam quem cometeu essa ignomínia.” Wladimir não sabia porque, mas sentia-se feliz. Ergueu suas pequenas mãos e acenou para os pássaros, que fizeram um bailado em agradecimento e após seguiram para o infinito.

UM GRANDE CORAÇÃO


Mauro, menino bom, pena que morreu jovem. Quando os médicos abriram o seu coração tinha lá 250 gentes, 82 bichos e mais uma dúzia de donzelas.

NA SAVANA


Marcio estava caçando leões na savana africana. Separou-se do grupo, foi em frente sem temer o pior. Depois de caminhar por meia hora deu de cara com um leão de juba enorme, não mais que vinte metros dele. Preparou a arma e disparou ‘clack’ falhou. O leão quieto olhando para ele. Disparou de novo ‘clack’, nada. O peludo não se conteve, ficou de barriga para cima rindo debochadamente do caçador. Quando Marcio estava se preparando para correr o leão disse: Alto lá! Não vá embora antes de fazermos uma foto com sua cabeça dentro da minha boca! Marcio voltou ao Brasil antes dos companheiros. Segundo se soube veio a nado.

O FILHO PRÓDIGO


Artur era um menininho levado de oito anos que vivia com seus pais num bairro de classe média alta em São Paulo que um dia sumiu de casa; polícia, buscas, detetives, nada de encontrá-lo. Apesar da dor a vida seguiu seu rumo sempre com ele no coração. Dez anos se passaram quando Artur bateu à porta. Bateu com uma marreta, derrubando-a, enquanto seus comparsas realizaram uma limpa geral nas joias e do dinheiro que havia no cofre. Educado, ele ainda deixou um bilhete: “Artur esteve aqui.”

MISES BRASIL-Em qualquer discussão sobre desigualdade, estas são as quatro perguntas que têm de ser feitas

Steve Horwitz


Já escrevi vários artigos e concedi muitas entrevistas contestando a popular afirmação de que a desigualdade está piorando. Os artigos contêm uma ampla variedade de dados (muitos podem ser encontrados aqui e aqui), mostrando que muitas das afirmações sobre essa "desigualdade crescente" de renda ou estão erradas, ou são exageradas ou ignoram outras evidências.

Entretanto, o que eu quero aqui é, especificamente, focar em quatro questionamentos que devem estar no centro de qualquer discussão sobre desigualdade.

Primeira pergunta: estamos falando de desigualdade ou de pobreza?

Com frequência, esses dois problemas se confundem nesse tipo de discussão.

Pobreza diz respeito às condições absolutas em que alguém se encontra. Tem comida? Acesso a água potável? Habitação? Trabalho? Seus filhos podem frequentar uma escola ou se veem forçados a trabalhar? Os critérios são muitos.

Já desigualdade é uma variável relativa, que nada diz sobre as condições absolutas de vida. Para saber se um país é desigual, é preciso comparar seus habitantes mais ricos e mais pobres e ver a distância entre eles. Um país que tenha uma pequena parcela de milionários e o restante da população passe fome é muito desigual. Já um onde todos passem fome é igualitário. A condição objetiva dos pobres em ambos, contudo, é a mesma.

Igualmente, se os mais pobres viverem como milionários, e os mais ricos sejam uma pequena parcela de trilionários, a desigualdade é grande.

As duas coisas, pobreza e desigualdade, se confundem facilmente, de modo que muita gente que se preocupa com a pobreza (com quem não tem, por exemplo, acesso a saneamento básico ou a educação) acaba falando de desigualdade: da diferença entre os mais ricos e os mais pobres. E essa confusão muda a maneira de pensar: pobreza e desigualdade acabam se tornando a mesma coisa, de modo que o melhor remédio contra a pobreza seria a redução da desigualdade, o que via de regra significa tirar de quem tem mais e dar para quem tem menos.

Consequentemente, aqueles que se dizem preocupados com a desigualdade frequentemente começam a discorrer sobre como a situação está ruim para os mais pobres. Aparentemente, tais pessoas presumem que uma desigualdade crescente deve significar que os ricos estão enriquecendo e os pobres, empobrecendo.

Mais especificamente, alguns parecem acreditar que os pobres estão mais pobres porque os ricos estão mais ricos. Isto é, eles supõem que a economia seja um jogo de soma-zero, de modo que, se alguns estão mais ricos, esta opulênciasó pode ter vindo dos pobres.

Sendo assim, limpe o terreno, esclareça os termos e eleve o nível da conversa. Certifique-se de que todos estejam falando a mesma coisa. Porque se estivermos discutindo a pobreza, a evidência esmagadora é a de que, globalmente, a miséria se reduziu dramaticamente nos últimos 25 anos.

Segunda pergunta: estamos falando de desigualdade de renda, de riqueza ou de consumo?

Aqueles preocupados com desigualdade costumam confundir renda e riqueza nessas discussões. Mesmo este famoso vídeo comete esse deslize. Ele começa apresentando dados sobre riqueza, mas, várias vezes ao longo da apresentação — incluindo uma longa discussão a respeito de um gráfico — ele se refere ao salário das pessoas. Salário é renda, não riqueza.

Riqueza se refere à soma de nossos ativos (dinheiro, imóveis, terras, carros e outros bens) menos passivos (dívidas em geral e contas a pagar). A riqueza é um estoque.

Já renda é a variação líquida de nossa riqueza em um dado período de tempo, seja porque ganhamos um salário, um dividendo de uma ação, juros de uma aplicação, ou aluguel do inquilino. A renda é um fluxo.

É possível ter uma grande riqueza, mas uma renda baixa, como uma pessoa idosa que vive só de sua magra pensão ou dos juros de sua poupança, mas que tem uma casa totalmente quitada.

Inversamente, alguém pode ter alta renda e baixa riqueza financeira. Por exemplo, alguém que tem um alto salário, mas gasta imediatamente tudo em bens de consumo.

Os dados serão diferentes dependendo de estarmos falando de riqueza ou de renda. Seja claro nesse tópico.

Desigualdade de consumo é uma terceira possibilidade. Trata-se da diferença entre o que ricos e pobres podem consumir. As evidências disponíveis sugerem que a desigualdade de consumo é muito menor que a de renda ou riqueza, principalmente nos países mais desenvolvidos. Os lares dos americanos pobres possuem quase todas as coisas que os lares ricos, ainda que de qualidade mais baixa. E a distancia entre ricos e pobres neste quesito se estreitou nas últimas décadas. Uma vez que, em última análise, é o que consumimos o que interessa, essa é uma questão que tem de ser deixada clara em eventuais discussões.

Como dito neste artigo: a riqueza de Bill Gates deve ser 100.000 vezes maior do que a minha. Mas será que ele ingere 100.000 vezes mais calorias, proteínas, carboidratos e gordura saturada do que eu? Será que as refeições dele são 100.000 vezes mais saborosas que as minhas? Será que seus filhos são 100.000 vezes mais cultos que os meus? Será que ele pode viajar para a Europa ou para a Ásia 100.000 vezes mais rápido ou mais seguro? Será que ele pode viver 100.000 vezes mais do que eu?

O capitalismo que gerou essa desigualdade é o mesmo que hoje permite com que boa parte do mundo possa viver com uma qualidade de vida muito melhor que a dos reis de antigamente. Hoje vivemos em condições melhores do que praticamente qualquer pessoa do século XVIII.

Terceira pergunta: e a mobilidade de renda?

Os que se preocupam com a desigualdade frequentemente pontificam como se os ricos, que estão ganhando cada vez mais, e os pobres, que estão ganhando cada vez menos, fossem sempre os mesmos, ano após ano.

Eles veem aquelas estatísticas que mostram que os 20% mais ricos detêm hoje uma fatia da renda nacional maior do que 30 anos atrás, ao passo que os 20% mais pobres detêm uma fatia menor. Daí, concluem que esses ricos são exatamente os mesmos, e que eles ficaram ainda mais ricos; e que os pobres são exatamente os mesmos, e que eles ficaram ainda mais pobres.

Muito bem.

Sobre os pobres terem ficado mais pobres, esta é uma conclusão que, como já dito, simplesmente não se sustenta. Os pobres enriqueceram nos últimos anos (veja o gráfico 1 deste artigo).

Falemos então sobre a mobilidade de renda, que é o que está sendo realmente ignorado. Comparações entre dois anos separados entre si por décadas são retratos estáticos de um processo dinâmico. O que essas comparações realmente dizem é que "aqueles que eram ricos no ano X detinham Y% da renda nacional; e aqueles que são ricos no ano X + 25 — pessoas completamente diferentes daquelas do ano X — detêm Z% da renda nacional".

Em outras palavras, as pessoas e famílias que abrangem "os ricos" muda ano a ano. E o mesmo ocorre para os 20% mais pobres.

Uma fácil comprovação disso é você olhar a lista de bilionários da Forbes, publicada anualmente. Praticamente todas as pessoas que figuravam na lista em 1987 — primeira vez em que ela foi publicada — não mais estão nela hoje.

Há um grande e controverso debate entre economistas sobre quão fácil ou difícil é para uma pessoa que é pobre em um dado ano ter maiores fluxos de renda nos anos seguintes. Este é o debate. Que a mobilidade de renda realmente existe, isso não mais está em questão.

A conclusão é que você não pode falar sobre desigualdade sem, ao menos, discutir o grau de mobilidade. Se o que incomoda as pessoas no que diz respeito à desigualdade é a suposição de que os pobres estão estagnados ou empobrecendo, então, explorar o grau em que isso é realmente verdade é essencial à discussão.

Quarta pergunta: quais, exatamente, são os problemas causados pela desigualdade?

Se você já conseguiu esclarecer o que todos os debatedores pensam sobre as três primeiras questões, faça então a pergunta: se a pobreza está se reduzindo e, mesmo na atual condição, os pobres ainda conseguem manter um padrão de consumo decente, o que, exatamente, há de errado com a (crescente) desigualdade?

Pela minha experiência, uma resposta comum é que, mesmo se os mais pobres estiverem enriquecendo, o aumento ainda maior na prosperidade dos ricos confere a estes um acesso injusto ao processo político. Os super-ricos transformarão seu poder econômico em poder político, frequentemente de maneira que redistribui recursos para eles próprios e seus amigos.

Esta, obviamente, é uma preocupação legítima, mas observe que a conversa, subitamente, mudou da desigualdade em si para os problemas dos conchavos políticos, do capitalismo de estado (ou "capitalismo de quadrilhas") e do fato de haver um estado com poder suficiente para se criar tais distorções.

Para atacar esse arranjo estatal corporativista e reduzir a capacidade dos ricos de transformar riqueza em poder político há várias soluções que não envolvem a redistribuição forçada de renda — a qual, no final, faz com que ainda mais dinheiro vá para políticos e seus mecanismos.

Aqueles que levantam essa preocupação estão, na prática, reclamando apenas do compadrio gerado pelo estado, não da desigualdade em si. A fonte do problema é o estado, cheio de benesses e de favores a serem distribuídos, o qual, indiscutivelmente, se tornaria ainda mais poderoso e distorcivo caso os preocupados com a desigualdade tivessem suas políticas favoritas aprovadas.

Por fim, mesmo aqueles que são céticos em relação aos argumentos de que a desigualdade seja problemática, podem concordar que tem havido alguma redistribuição de riqueza do pobre para o rico nas últimas décadas. Isso se dá, majoritariamente, por causa das políticas do governo que favorecem quem já está próximo ao poder, seja devido aos exorbitantes salários que funcionários públicos de alto escalão recebem, seja por causa de sua política de expansão de crédito subsidiado para grandes empresas, seja por causa de suas políticas protecionistas que protegem as grandes indústrias criando uma reserva de mercado e impedindo os pobres de comprar bens mais baratos do estrangeiro, seja por causa de sua política fiscal que, ao incorrer em déficits orçamentários, aumenta a riqueza dos compradores dos títulos públicos.

Não nos esqueçamos também da exigência de licenças profissionais e dos encargos sociais e trabalhistas que dificultam a obtenção de trabalho pelos mais pobres, que costumam ser menos qualificados e não justificam o preço exigido como mínimo a ser pago por sua mão-de-obra.

Há, ainda, tentativas governamentais de regular e até mesmo banir o Uber, o Lyft, o AirBnB e todas essas empresas da chamada "economia compartilhada". Essas são, justamente, as melhores alternativas para alguém que não está encontrando oportunidades conseguir uma fonte de renda, já que é a área da economia menos controlada pelo governo que se conhece.

Por fim, vale ressaltar que é o estado quem impede que os moradores de favelas obtenham títulos de propriedade, os quais poderiam ser utilizados como garantia para a obtenção de crédito, com o qual poderiam abrir pequenas empresas e se integrar ao sistema produtivo.

Todas essas políticas são problemáticas justamente porque aumentam a desigualdade e a pobreza de forma artificial. Com efeito, uma discussão muito mais interessante incluiria qual o papel dessas políticas estatais na criação das desigualdades artificiais em oposição às desigualdades naturais, que são aquelas que surgem espontaneamente no mercado em decorrência da maior aptidão de cada indivíduo.

Conclusão

Novamente, os leitores interessados em dados devem consultar as duas monografias linkadas no primeiro parágrafo do artigo. No entanto, mesmo sem os dados, essas são as quatro perguntas que valem a pena ser feitas numa conversa sobre desigualdade se você quer realmente chegar ao cerne do que está em jogo e persuadir aqueles preocupados com a crescente desigualdade a ver a questão por um ângulo diferente.

ZÉ BOCHECHA


Zé Bochecha fazia jus ao nome. Antes de completar a maioridade já conseguia carregar nelas uma maçã, dois pêssegos, três bananas, três picolés no palito e um quilo de açúcar. Merreca, o grande traficante da Vila Uru viu futuro no menino e colocou-o para fazer entregas de pó no centro da cidade. Ninguém imaginava que por dentro daquelas bochechas transitavam drogas em grande quantidade. Deu certo e tudo andou nos conformes. Depois Merreca o usou para trazer quilos de farinha da Bolívia todos os meses. Zé melhorou de vida, comprou carro, casa e conseguiu inúmeras namoradas. Estava num vidão que só. Aí outros traficantes souberam do Bochecha e passaram a fazer proposta para ele mudar de lado. Muito dinheiro, muito mesmo. O olho cresceu uma enormidade e não demorou em pular da barca. Mas ele sabia das consequências, Merreca não iria deixar barato e não deixou. Dentro de um mês foram três tentativas de assassinato. Escapou por pouco. Bochecha apavorou , vendeu tudo e se mandou para Manaus. Hoje é pescador no Rio Negro, e usa as enormes bochechas para carregar iscas e peixes menores de dois quilos.

PRECOCIDADE


Precocidade é isso. João Carlos de dez anos chegou da escola, jogou a mochila no sofá e disse aos pais: Tenho um segredo para contar! Os pais olhando um para o outro: Conte-nos! Então disse: sou casado faz um bom tempo. Os pais não deram importância e tudo ficou por isso. No dia seguinte ele chegou da escola trazendo a mulher e dois filhos.

GENTIL COVEIRO


“Se já vi fantasmas? Só no serviço público”. (Gentil Coveiro)

TV

"A televisão matou a janela." (Nelson Rodrigues)

A ARTE REFINADA DE DETECTAR MENTIRAS

A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afetos; disso se originam ciências que podem ser chamadas” ciências conforme a nossa vontade”. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, às vezes imperfectíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.

Francis Bacon, Novum Organon (1620)

VERDADE DO DIA


“Esse Narizinho do PT está entupido de tatu. Eca!”