sábado, 3 de março de 2018

QUESTIONE


Ser pensante que segue na trilha da vida
Não aceite tudo que lhe contam como verdade absoluta
Use sua mente iluminada para duvidar e questionar
Creia na possibilidade da mentira repetida pelos imaculados
Talvez com isso seu fardo na existência se torne mais pesado
Que é o preço de saber que não está sendo enganado.


ERROS


Ninguém passa pela vida sem erros
Sejam eles grandes ou pequenos
Já que imperfeitos nós somos
De nada vale regurgitá-los
Na vivência da rotina diária
Pois tornará amargo o viver
O melhor é ser justo e fazer todo o bem possível
Assim acalmando a fera interior que tem a força para nos devorar.

BRASÍLIA


Juscelino ergueu Brasília
Mas acho que deveria ter tomado um trago
E no lugar erguido um bordel
Já que o negócio por lá é foder o povo.

LIBERTO


Por anos voei nas asas da indução medonha
Incutida lá na distante infância
Mas este pássaro foi amadurecendo e ganhando forças próprias
Não sem sofrimento
Até que um dia finalmente libertou-se das amarras passadas
Para que sua mente pudesse voar serena mesmo entre os temporais da vida.


ESQUELETOS


Meia-noite. Uma lua de prata brilhava no céu estrelado. Pisava eu com meus sapatos quarenta e dois por uma estradinha deserta, rumando para casa. O vento soprava manso, mas mesmo assim mexia com pequenos arbustos. Tudo calmo na noite, nem um pio da coruja se ouvia. Nisso pensava quando percebi passos atrás de mim, só ouvidos por causa do silêncio absoluto, tão leves eram. Parei para ver quem caminhava junto comigo naquele lugar ermo, ainda mais por aquelas altas horas. E vi: cinco esqueletos completos estavam lá e caminhavam em fila indiana na minha direção. Usavam chapéus, riam e batiam seus dentinhos. Como nunca acreditei em fantasmas, segui o meu caminho sem pressa. Não parei mais, mas podia ouvi-los dizendo: espera, espera aí! Chegando em casa soltei da coleira os meus quatro cachorros. Saíram como loucos. Olhei pra estradinha e ainda consegui ver no clarão da lua um dos esqueletos correndo com uma perna só.

ABUTRES


Dois abutres armados rondam por horas as casas no Belvedere. Estacionam o automóvel e observam como agem os proprietários de belas residências. Quem entra e quem sai, descuidado, não descuidado. Então naquela tarde uma mulher deixa o portão aberto. Os abutres entram de armas nas mãos. Observam todos as salas, não encontram vivalma. Acham estranho, mas vão em frente. Procuram pelo cofre, vasculham até encontrá-lo. Um dos gatunos é especialista, em poucos minutos consegue abri-lo. No cofre não encontram joias e nem dinheiro, tampouco documentos importantes. Dentro do cofre há apenas uma foto da progenitora dos meliantes dando de mamar para dois marmanjos no corredor de um bordel.

A SOGRA, O GENRO E O CACHORRO


O cachorro Beni pastor alemão do Arnaldo mordeu a sogra no calcanhar e ela acabou morrendo.  O cachorro foi fechado no canil para futura avaliação. No velório mais de mil pessoas estavam presentes. Um conhecido comentou com Arnaldo como ela era amada pelo povo da cidade. A resposta do genro: “ Pois eu conto que dessas mil pessoas aqui presentes, cem vieram pela minha sogra, oitocentas e noventa e oito estão aqui com propostas para comprar o cachorro; os outros dois são do Butantã e estão querendo levar o corpo da velha.”

O CÃO E O HOMEM MAU


Janaína era uma boa mulher. Muito bela, honesta, cuidava com zelo da pequena casa. Só tinha olhos para o marido, Rufino, o marido, um bruto. Tinha um pequeno caminhão e fazia fretes pela cidade. Ciumento demais seguidamente dava pancadas na boa mulher sem motivo. Ela pobre coitada ignorava a Maria da Penha. Apanhava mais que bumbo no carnaval. Certo dia o maldito exagerou no espancamento e a pobre mulher morreu. O bandido enterrou o corpo no mato e espalhou que ela tinha ido embora com um rapagão do circo. Dias depois um caçador encontrou o corpo e Rufino foi preso. Na cadeia, curtindo um chá de grades, foi chamado à razão pelo cãozinho do carcereiro.


- Então matou a tua mulher covardemente, não é bandido? Pessoa boa que não merecia. Tu és mesmo um merda!


-Sai pra lá, animais não falam!-disse Rufino. 


-E tu que és uma víbora, como é que tu falas?-retrucou o cão enquanto freneticamente mordia seus calcanhares.

O TÚNEL


Penitenciária Estadual. Dez companheiros de cela comandados por Arrudão começaram a escavar o túnel da libertação. Um mundo livre para bebidas, mulheres e novos golpes. Cavouca e cavouca. A terra seca era levada para fora por carcereiros amigos e comprados. Quanto mais o túnel seguia mais quente o buraco ficava. E foi ficando tão quente quase impossível de suportar. Em dez dias após imenso esforço eles terminaram o dito túnel, mas deu zebra. No lugar de um campo aberto fora do presídio eles saíram dentro da cozinha do estabelecimento. O comandante fez a leitura errada do mapa. Os companheiros enraivecidos jogaram Arrudão dentro da panela do sopão. Como era um sujeito enorme queimou apenas parte da bunda. Os fujões foram todos para a solitária e naquele dia nenhum dos presos demonstrou interesse pela sopa.



O VOO


Tomas dormia durante o voo. A aeronave estava em velocidade de cruzeiro quando ele acordou. Após olhar detalhadamente em volta percebeu algo estranho. Naquele voo pareciam estar reunidas inúmeras pessoas famosas já falecidas. Ao seu lado, por exemplo, estava o Mahatma Ghandi. Do outro lado do corredor viu com clareza Airton Senna gargalhando ao brincar com amigos. Alguma coisa diferente acontecia naquele voo, o que seria? Quando foi ao banheiro deu de frente com uma pessoa muito conhecida aos católicos, o Papa João Paulo II, usando crachá de copiloto. Quando Madre Tereza de Calcutá uniformizada de aeromoça passou com o carrinho de lanche pelo corredor Tomas ficou pálido e perguntou ao senhor ao lado o que estava acontecendo naquele avião. O ancião olhou rindo para ele e respondeu:
- Acorde tonto, você está sonhando!



“Sair de casa bonitaço para uma entrevista de emprego, banho tomado, roupa asseada, perfume discreto, espírito alegre, cabeça boa. Aí na calçada você pisa numa bosta de cachorro. Tem, isso tem preço.” (Eriatlov)

POR UM MUNDO DE TOUPEIRAS


Alguém acha mesmo que religiosos e políticos  têm interesse que povão melhore substancialmente de vida, se instrua, seja culto e questionador? O que eles adoram é o dependente, meia boca e repetidor de velhos clichês. Esse é o toupeira massa de manobra, garantidor de um estado inchado, patrocinador de boquinhas sem fim. Por outro lado o temos o crente alvoroçado devoto esperançoso de um paraíso inexistente, que sustenta as mordomias da grande irmandade da sacanagem religiosa, sanguessugas do suor alheio, peçonhentos de saliva doce. Então... (Eriatlov)

MISSÃO


Rio quando entro em algumas empresas é lá está um quadro na parede nele escrito NOSSA MISSÃO e uma enormidade de clichês. Ora, ninguém monta uma empresa para cumprir uma missão, mas sim para ganhar dinheiro e realizar sonhos. O que por sinal é justo para quem investe e trabalha honestamente. O melhor é deixar esse negócio de missão para religiosos. (Eriatlov)


“Uma vela para um santo, outra para o diabo. Assim é a Rede Globo, navegando sempre no mar dos seus interesses.” (Eriatlov)


“Em alguns países há vida inteligente entre eleitores.” (Eriatlov)


“Uma vida toda como petista. Ser idiota não cansa?” (Eriatlov)