sábado, 21 de fevereiro de 2015

BLOQUEIOS DOS CAMINHONEIROS ADQUIRE CARÁTER NACIONAL. PROTESTOS AMEAÇAM O GOVERNO DILMA.

Os bloqueios de caminhoneiros, que começaram há um mês pelo Mato Grosso do Sul e esta semana chegaram ao Oeste de Santa Catarina, acabam de desembarcar no RS. Ontem foi a vez do município de Tio Hugo, mas hoje as informações são de que novos bloqueios ocorreram nas rodovias que cortam municípios como Erechim e Ijuí.

O editor conversou há pouco com o secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, que está acompanhando os bloqueios, que são "inesperados" e representam protestos contra o aumento do preço do diesel, consequentemente por aumento dos preços dos fretes.

O movimento já adquiriu caráter nacional e ameaça o governo Dilma.


Políbio Braga

“Comecei acreditando em Deus, depois no Diabo, e por fim joguei os dois no lixo.” (Mim)

“É fácil saber se você perdeu toda vergonha que tinha na cara. Vista uma camiseta com a estampa da Dilma e desfile por aí. Não precisará provar mais nada.” (Pócrates)

“No Brasil socializaram até a corrupção.” (Eriatlov)

SEMPRE COM SONO INFORMA: Hoje termina o Horário de Merda, digo Verão.

“Alguns destes senhores levados da capital federal misturam o próprio dinheiro com dinheiro público, depois de misturados não sabem qual é qual, então pegam a metade só para garantir que não sairão perdendo.” (Mim)

Da série Perguntinhas Decorativas,pois a resposta todos já sabem: "Só está encrencado no Brasil quem rouba pouco?"

“Governo bom, sério e equilibrado o Brasil nunca teve. Sempre houve um rodízio dos mais ou menos. Mas agora resolveram esculhambar.” (Eriatlov))

Andrea Faggion- Constant, a liberdade dos antigos e a greve

Constant, a liberdade dos antigos e a greve

by andreafaggion
Se eu tivesse que elaborar uma lista de textos essenciais para uma boa educação no melhor da tradição liberal, eu certamente incluiria nela a clássica conferência "A liberdade dos antigos comparada com aquela dos modernos", de Benjamin Constant. Em tempos de greve em minha universidade, o insight de Constant não tem apenas brilho teórico; ele ilumina e racionaliza o que vivencio da forma mais concreta possível. A bem da verdade, eu cheguei à conclusão que o fator que diferencia o liberalismo em relação a todas as outras doutrina políticas em evidência contemporaneamente é a adesão liberal a alguma distinção como a feita por Constant no texto mencionado. Outras doutrinas assimilam sentidos de liberdade que liberais fazem questão de separar.
Colocando cruamente, a liberdade dos antigos de que fala Constant consiste na participação do indivíduo em um exercício coletivo e direto de soberania. É a deliberação na esfera pública, que tanto encanta certos filósofos contemporâneos. Naturalmente, como diz o próprio Benjamin, admite-se "como compatível com esta liberdade coletiva a completa sujeição do indivíduo à autoridade da comunidade".
A situação que estou vivendo, como falei acima, ilustra com perfeição essa liberdade como sujeição do indivíduo à coletividade de que fala Constant. Como vocês de fora do estado têm visto nos noticiários, o governador do Paraná quer implementar medidas que implicam diretamente no corte de benefícios até então assegurados legalmente a servidores públicos do estado. Disso se segue que, uma vez implementadas as medidas, inegavelmente, eu, como professora de uma universidade pública, terei um prejuízo material. Ato contínuo, eu sou convocada para uma assembleia de uma associação da qual não faço parte. Curiosamente, a convocação da assembleia inclui explicitamente os "não-associados". E, vejam bem, os não-associados não são convidados, eles são mesmo convocados.
Como se nota facilmente, com a convocação estendida a mim, fica garantida a liberdade dos antigos. Estão estendendo a mim o direito de voz e voto. Garantida a minha participação no mecanismo coletivo de decisão, mesmo que eu não atenda a convocação, as decisões tomadas passam a valer para mim. Por exemplo, se decidem que os professores não devem lecionar até que o governador volte atrás em seus planos, eu fico impedida de lecionar. Alguém se oporá fisicamente à minha entrada em sala de aula, ou perturbará fisicamente a realização da minha aula. Essa pretensão de direito de interferência em minha vida se ampara no direito de participação na decisão a mim concedido. É por isso que Constant se refere a uma sujeição do indivíduo à coletividade.
Deixando Constant um pouco de lado, podemos encontrar uma tentativa de fundamentação desse direito da coletividade sobre o indivíduo em autores contemporâneos como Hart e Rawls. Refiro-me ao chamado "princípio da equidade". Novamente colocando em termos grosseiros, o princípio diz que, se um grupo de pessoas restringe sua própria liberdade, arcando com um custo, em um empreendimento do qual eu também me beneficio, então esse grupo tem o direito de exigir que eu própria restrinja minha liberdade e arque com um custo. No caso, como eu serei beneficiada se os grevistas conseguirem que o governador recue, eu preciso pagar o preço de atrasar minhas aulas juntamente com eles. Eu não poderia deixar minhas aulas em dia, não correr riscos como o de não receber o salário ao final do mês e, ao mesmo tempo, ter meu plano de carreira preservado ao final do processo. Percebam, e isso é crucial, que eles não têm um mecanismo que permita que eu seja impedida de pegar carona no movimento deles. Não há como assegurarem que apenas as carreiras dos grevistas não sejam prejudicadas se eles forem vitoriosos. Por isso, só haveria justiça se eu fosse forçada a pagar o preço pela preservação da minha carreira juntamente com eles.
Dependendo do temperamento da pessoa, o argumento pode até ter alguma plausibilidade intuitiva. Mas ele não resiste a qualquer análise pouco mais apurada. Eu fico imaginando, por exemplo, o que um sindicalista responderia às críticas que Nozick fez ao princípio da equidade em Anarquia, Estado e Utopia. Claro, na verdade, eu até sei o que o sindicalista diria. Ele pouco se importaria com questões lógico-conceituais. Afinal, o que importa, para ele, é a luta que muda o mundo! Mas eu, sim, me importo com questõezinhas intelectuais, tais como: "com que direito você me faz isso?" E não só eu! Daí a discussão sobre o princípio da equidade.
Basicamente, quem aceita o princípio da equidade precisa aceitar que pode calcular por mim se meus custos em um dado empreendimento ficarão aquém de meus supostos benefícios. No meu exemplo real, grevistas supõem que é o caso que eu prefira fazer greve a ter meu plano de carreira prejudicado. Eles exigem o pagamento antecipado (a participação na greve) por um benefício que eu simplesmente não contratei (a manutenção do meu plano de carreira).
O que é mais curioso nesse princípio nos devolve ao ponto da liberdade coletiva de que fala Constant. Penso eu que todos admitiriam que um colega meu qualquer não teria o direito de me impedir de trabalhar em um belo dia, alegando que, com isso, eu ganharia o que quer que fosse. Parece pacífico que admitamos que não possamos dar ordens uns aos outros se somos colegas em condição de igualdade. Mas note que tudo muda se meus colegas se unem em uma coletividade. Aí, sim, as pessoas encaram com naturalidade que eles possam me dar ordens em nome de meus supostos benefícios. Por algum motivo, o fato deles se unirem e me darem o direito de participar do coletivo criado conferiria ao grupo um novo direito sobre mim que, admissivelmente, não seria possuído por nenhum dos membros do grupo individualmente.
Parece um passe de mágicas, não? João não tem o direito de me impedir de trabalhar; José não tem o direito de me impedir de trabalhar; Pedro não tem o direito de me impedir de trabalhar... Então, João, José, Pedro... se juntam, dizem que eu tenho o direito a um voto contra o deles, e passam a ter o direito de me impedir de trabalhar se vencerem. Alguém entende como isso se passaria? Poderiam me explicar? Quando foi que eu concordei em sujeitar minha decisão a uma votação? Parece que nós liberais ficamos com a lógica. Pena que os sindicalistas sempre fiquem com a realidade.

Polibio Braga- MPF ATACA MANOBRA DA AGU JUNTO AO TCU PARA LIVRAR OS EMPREITEIROS, POLÍTICOS E EMPREGADOS QUE ROUBARAM R$ 88 BILHÕES DA PETROBRÁS


O governo Dilma, o PT e seus  aliados, inclusive os corruptos empreiteiros e ex-dirigentes da Petrobrás, passaram a enfrentar forte reação do Ministério Público Federal, Polícia Federal e Justiça Federal, tudo porque tentam politizar o escândalo do Petrolão e apresentá-lo como uma iniciativa do PSDB, o que evidentemente provoca reações das instituições republicanas que não se sujeitam a este tipo de jogo e preservam o devido processo legal, sobretudo ocontraditório jurisdicional. Ao investir contra MPF, PF e JF, Dilma e sua tropa, inclusive o ministro José Eduardo Cardozo e o AGU, Luís Adams, compraram uma briga indigesta com as instituições da República. 

No desespero de impedir que as investigações cheguem a Dilma, a Lula e ao PT, o governo lançou-se perigosamente a uma série de manobras para livrar as empreiteiras. É como se deve entender a movimentação da AGU junto ao TCU sobre acordos de leniência (leia mais a seguir) e as reuniões de Cardozo com advogados da Odebrecht, que buscaram invalidar provas conseguidas pelo MPF na Suiça, manobra desmoralizada pela reportagem de ontem a noite pelo JN (leia nota a seguir).

Nesse conjunto de manobras solertes e sórdidas, inclui-se a fala hipócrita, mentirosa e criminosa, produzida ontem pela presidente Dilma. 

É neste contexto que é preciso entender o ato do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, que  entrou ontem (20.fev.2015) à noite com um pedido de ação cautelar contra a celebração de acordos de leniência entre o governo federal e as empreiteiras acusadas de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato.

A informação, que é novidade completa neste sábado, é do jornalista Fernando Rodrigues, site UOL, que vai a seguir na íntegra. 

[GLOSSÁRIO: Ação cautelara é uma medida que busca a assegurar um direito de maneira preventiva quando há risco de que algum ato possa prejudicar o processo principal. Acordo de leniência é um acerto entre uma empresa e órgãos reguladores: a firma aceita a culpa, paga uma multa, promete ajustar sua conduta e sai livre de outras punições].
O receio do Ministério Público é que um acordo de leniência agora entre empreiteiras acusadas de corrupção e o governo federal (por meio da Controladoria Geral da União) possa atrapalhar o processo de investigação em curso, conduzido pela Justiça Federal no Paraná, com o apoio de procuradores e da Polícia Federal.
Haveria risco de o governo federal “atravessar” o atual processo de investigação, como escreveu o procurador Júlio Marcelo de Oliveira no pedido de ação cautelar ao presidente do TCU, Aroldo Cedraz:

“Fere a lógica da divisão harmônica de poderes e competências entre os diversos órgãos da República que, estando uma operação em curso, conduzida pelo Ministério Público Federal, com suporte da Polícia Federal, com amplas repercussões cíveis e penais, possa um órgão do Poder Executivo, com esfera de atuação muito mais limitada, atravessar a operação para celebrar acordos de leniência que tenham por substrato fático o mesmo conjunto de fatos já investigados pelo Ministério Público Federal”.

Políbio Braga- PP GAÚCHO SE REÚNE SEGUNDA. A PAUTA: DESFILIAÇÃO EM MASSA

Deputados, prefeitos e vereadores do PP gaúcho se reúnem nesta segunda-feira, em Porto Alegre, para decidir o que fazer diante da lista de políticos do partido envolvidos na Operação Lava-Jato.

Um deles confidenciou ao editor que uma das teses que serão defendidas no encontro é consultar o Tribunal Superior Eleitoral a respeito da legitimidade jurídica de uma desfiliação coletiva.

Que se feche o PT: revelações de empreiteiro demolem Lula, Dilma, Dirceu, Cardozo, Wagner, Delúbio, Gabrielli…



Capa Veja PessoaO engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e coordenador do cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras, fez chegar à VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito:
1) O esquema organizado de cobrança de propina na Petrobras foi montado em 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, então amigo do empreiteiro. O operador era o tesoureiro do PT Delúbio Soares, réu do mensalão.
2) A UTC financiou clandestinamente as campanhas do hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao governo da Bahia em 2006 e 2010. A campanha de Rui Costa, em 2014, também foi financiada com dinheiro desviado da Petrobras.
3) A empreiteira ajudou o ex-ministro e mensaleiro petista José Dirceu a pagar despesas pessoais a partir de simulação de contratos de consultoria. Dirceu recebeu 2,3 milhões de reais da UTC somente porque o PT mandou.
4) O presidente petista da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sempre soube de tudo.
5) Em 2014, a campanha de Dilma Rousseff e o PT receberam da empreiteira 30 milhões de reais desviados da Petrobras.
Ricardo Pessoa pode demonstrar que esse dinheiro saiu ilegalmente da estatal, através de contratos superfaturados, e testemunhar que o partido conhecia a origem ilícita. Também pode contar que o esquema de propinas foi montado pelo PT com o objetivo declarado de financiar suas campanhas eleitorais.
O presidente do BNDES (mantido no cargo), Luciano Coutinho, avisou Pessoa que o tesoureiro de Dilma, Edinho Silva, o procuraria para pedir dinheiro, conforme VEJA revelou três semanas atrás. Pessoa confirma que deu mais 3,5 milhões de reais à campanha presidencial petista após ser procurado por Edinho e a revista acrescenta agora que a conversa entre eles teve duas testemunhas.
6) O suposto ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ciente de que Pessoa estava prestes a denunciar Lula, Dilma e Dirceu, procurou os advogados do empreiteiro, e o acordo de delação premiada que ele negociava com os procuradores da Operação Lava Jato foi suspenso.
Ao contrário do que pregam OAB, Kennedy Alencar, Ricardo Noblat e o próprio ministro, as reuniões secretas não partiram dos advogados, mas sim de Cardozo, disposto a cometer qualquer tipo de abuso para obstruir o inquérito.
Em suma: se Ricardo Pessoa, em vez de ceder à pressão petista, denunciar à Lava Jato toda essa máfia infiltrada na máquina pública, e se os investigadores conseguirem demonstrar item por item, então o impeachment de Dilma na base legal do artigo 85, inciso 5, ou a cassação de seu mandato na da lei federal nº 9.504 são muito pouco para o bem do Brasil: o PT tem de ser extinto e os mandantes do esquema têm de apodrecer atrás das grades.
Lula-tchau
Tchau, hein!
* Lista de textos recentes do blog: AQUI.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil

O JUMENTO DE PRATA- Justiça determina bloqueio de bens de Agnelo Queiroz

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou nesta sexta-feira o bloqueio de bens, contas bancárias e valores do ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) até o total de 37,2 milhões de reais. O juiz Álvaro Ciarlini, da 2ª Vara da Fazenda Pública, considerou necessário resguardar os bens para garantir uma futura indenização aos cofres públicos caso o petista seja condenado a devolver dinheiro por causa de um contrato irregular para a realização de uma prova da Fórmula Indy na capital federal.

“Minha vida sempre esteve muito mais para um mar de estrume do que para mar de rosas.” (Limão)

“Destruir o bem alheio e público é para burro, miolo mole ou oportunista safado.” (Mim)

“Gosto muito de cemitérios. Mas de entrar caminhando.” (Climério)

“Quando discursa um religioso e um cachorrinho latir, é ao bichinho que darei a minha atenção.” (Eriatlov)

PT E CNBB, 35 ANOS DE UNIÃO ESTÁVEL por Percival Puggina. Artigo publicado em 20.02.2015

Existem partidos políticos que se especializam em xingamentos. Chutam adversários sem dó nem piedade da canela para cima e da canela para baixo. São indulgentes apenas consigo mesmos. Afagam seus malfeitores e não há culpas que os leve a pedir desculpas. Na maioria, são pequenos partidos radicais, com militantes e dirigentes mal educados, rancorosos, socialmente desajustados. Há, no entanto, um grande partido que corresponde perfeitamente a essa descrição. Com tais métodos, chegou ao poder e governa o país há 12 anos (isso se não contarmos os últimos quatro de FHC durante os quais o PT influenciou fortemente decisões do governo).
 Pois bem, observe as pautas petistas, suas reivindicações e as postulações dos grupos sociais que o partido comanda no estalar dos dedos e ao megafone. Examine a essência da ideologia da legenda nos textos que produz, no conteúdo de seus sites e nas resoluções de seus congressos. Procure identificar o rumo perseguido pelas proposições legislativas dos parlamentares do partido. Vejam com que tipo de governos e regimes se relacionam. Siga por essas trilhas e perceberá que o PT mantém com a Igreja Católica (que não se confunde com a CNBB) e com sua doutrina religiosa e moral uma relação de irredutível divergência e animosidade. A distância que separa o petismo da Igreja é intransponível.
No entanto... no entanto..., o Partido dos Trabalhadores e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, há 35 anos, vivem em união estável, garantidora não apenas de direitos, mas de afetos, regalias e privilégios. Todas as pastorais ditas sociais da CNBB trabalham ombro a ombro com o partido, de modo militante e diligente. Ao longo dos anos, quando o PT era oposição, os documentos da Conferência que tratavam de questões políticas e sociais atacavam os governos reproduzindo fielmente o discurso petista. O idioma era e prossegue sendo petista. Estridentes sutilezas que muitas vezes denunciei! Nas reuniões de pastoral a que compareci, regional e nacionalmente nos anos 80, falava-se muito mais de Lula e PT do que de Jesus Cristo e Igreja. Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem tão bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor caído em Garanhuns por descuido dos principados celestes.
Passaram-se 12 anos e as coisas estão como se sabe. A última eleição transcorreu como se viu. A presidente enganou o eleitorado tanto quanto se assistiu. O partido e seus associados afundaram lá onde o olfato acusa. E a CNBB, na obscura alvorada do segundo mandato de Dilma, inicia a Campanha da Fraternidade de 2015 falando em Igreja e Sociedade, com destaque para os temas da corrupção e Reforma Política.
Ótimo, mas, corrupção de quem, senhores bispos? Nem um pio. Corrupção com sujeitos ocultos, em instâncias não sabidas, a sotto voce como diria o maestro Ricardo Muti. Corrupção tão impessoal e neutra quanto a voz passiva. A mesma instituição, primeiro atribuía a corrupção à infidelidade partidária e se empenhou nisso como se fosse a salvação da moralidade pública. Em seguida, mobilizou céus e terras por uma lei da ficha limpa (tremendo sucesso, não?). Agora, sem culpados nem fatos a discernir, e sem credenciais que a qualifiquem para propor temas de Direito Constitucional, Teoria do Estado e Sistemas Eleitorais, joga sobre a falta de uma reforma política a causa essencial das venalidades nacionais. Para extingui-la, põe na mesa uma proposta de reforma política e um oneroso plebiscito que são muito parecidos, mas muito mesmo, com o que o PT tirou da manga em 2013. E, por isso, tem total apoio desse partido.
Resumo da mensagem para o mau entendedor: temos corrupção porque a reforma política, apesar dos esforços petistas, não sai do papel. Assim, os corruptos e suas legendas emergem das barras dos tribunais e das delações premiadas e vão comandar o pretendido plebiscito sobre reforma política, numa espécie de Teoria Geral da Corrupção. Certamente eu também quero uma reforma política. Mas ela nunca será como proponham a CNBB, a OAB e o PT, porque, no fundo, politicamente, é tudo a mesma coisa.

RATOS

RATOS

Não há mar na capital
Não há navios com seus porões imundos
Mesmo assim é constrangedor observar
Como proliferam nesta capital certos tipos de ratos que
À luz do dia devoram instituições
E como se isso não bastasse
Também se alimentam com ansiedade do dinheiro dos impostos.

IMB-O experimento keynesiano da Coréia do Sul se torna global

Aqueles que já atingiram uma determinada idade certamente devem se lembrar de que, no final da década de 1980 e início da década de 1990, era dado como certo que o Japão estava dominando o mundo economicamente.  Os melhores e mais desejados carros eram japoneses.  Seus videogames eram onipresentes.  Todos os países desenvolvidos utilizavam tecnologia japonesa em tudo.
Os japoneses estavam destinados a conquistar o mundo, era o que diziam.  Eles sabiam como trabalhar em equipe.  Eles colocavam mais ênfase no grupo do que no indivíduo.  Eles trabalhavam mais duro.  Em 1992, um político japonês do alto escalão, Yoshio Sakurauchi, declarou que os americanos eram "preguiçosos demais" para competir com os trabalhadores japoneses, e que um terço dos trabalhadores americanos "não sabiam nem ler".  O livro de Michael Crichton, Sol Nascente, lançado em 1992 (e que virou filme em 1993, com Sean Connery e Wesley Snipes) estimulou ainda mais essas controvérsias na mente dos americanos.
Atualmente, ninguém mais pensa que os japoneses estão dominando o mundo.  O que aconteceu é que a supostamente robusta e inquebrantável economia japonesa era fundamentada menos em trabalho duro e em equipe e mais em planejamento centralizado, crédito farto e barato, subsídios às grandes corporações, e protecionismo às gigantes de vários setores.  Por isso, quando a economia japonesa se estagnou após uma década de forte crescimento, tal fenômeno não deveria ter surpreendido ninguém versado na teoria dos ciclos econômicos.
Hoje, a Coréia do Sul parece ter, em vários aspectos, assumido o posto do Japão.  Ao passo que a japonesa Sony entrou em profundo declínio, as coreanas Samsung e LG são hoje marcas internacionalmente respeitadas.  A Hyundai, embora ainda considerada por muitos como sendo de baixa qualidade, ainda assim se expandiu maciçamente na última década.  Apenas nos EUA, a marca já abriu duas fábricas de um bilhão de dólares: uma no Alabama, em 2005, e a outra na Geórgia, em 2009.
A ascensão da Coréia do Sul no cenário global
Mas a estratégia sul-coreana de dominação global é diferente da japonesa.  Enquanto a cultura pop japonesa — música, filmes e seriados — jamais alcançou muita popularidade fora do Japão [Nota do IMB: os americanos certamente não foram expostos a JaspionChangeman e Jiraya], a cultura pop sul-coreana se transformou em um fenômeno global.  Além de utilizarmos seus carros e seus celulares, também ouvimos as suas musicas a assistimos aos seus filmes.
Poucos notaram a ascensão da cultura pop sul-coreana antes de 2012, quando o clipe "Gangnam Style", do rapper sul-coreano PSY, se tornou um dos mais visualizados do YouTube em todos os tempos.  Repentinamente, todos passaram a conhecer a cultura pop sul-coreana.
Adicionalmente, aqueles acostumados a baixar filmes e seriados pelo Netflix muito provavelmente já perceberam um sensível aumento na oferta de filmes sul-coreanos, incluindo-se aí filmes de grande êxito internacional, como o filme de ação Oldboy, de 2003, e o filme de monstro O Hospedeiro, de 2006.
A ascensão das músicas, dos filmes e dos seriados sul-coreanos — e também dos videogames — não foi, no entanto, uma obra do livre mercado.  Foi, isso sim, resultado de uma política do governo sul-coreano voltada para coordenar, subsidiar e proteger a indústria da cultura pop sul-coreana, bem como também outras indústrias.
Em seu novo livro The Birth of Korean Cool, a autora Euny Hong explora as origens e os sucessos desse programa — que é pesadamente financiado e coordenado por agências governamentais sul-coreanos — conhecido como Hallyu, ou "A Onda Sul-Coreana".  Não se trata apenas de poder econômico, mas também de relações internacionais.  O governo sul-coreano utiliza a Hallyu como parte de um amplo programa criado para proteger o "poder brando" da Coréia do Sul.
Na Coréia do Sul, eles fazem de maneira diferente
Hong, que é jornalista, aborda o tópico utilizando sua própria experiência como uma sul-coreana que nasceu nos EUA e que viveu na Coréia do Sul durante sua adolescência.  Ela relata o crescente nacionalismo que impregnou as escolas da Coréia do Sul e toda a sociedade, a necessidade de ser conformar com a ordem vigente, e a deferência geral que os sul-coreanos têm para com o estado e a nação, ao mesmo tempo em que um comportamento "individualista" é considerado uma espécie de patologia social.
Hong relata vários episódios que ilustram cada uma dessas características com grande compaixão pela Coréia do Sul e pelos sul-coreanos.  Para qualquer ocidental com uma mentalidade mais laissez-faire, tais experiências são vistas como estupefação e talvez até mesmo com horror.  Personalidades do tipo "bad boy", muito proeminentes na cultura americana, não existem na Coréia do Sul, explica Hong.
E isso pode ser visto na cultura popular do país.  O mais próximo que a música pop sul-coreana já produziu de um "bad boy" é justamente o rapper PSY, que é considerado um rebelde simplesmente porque ele não tirava notas máximas na escola e ocasionalmente desapontava seus pais.
Nada surpreendentemente, relata Hong, a cultura popular na Coréia do Sul é do tipo corporativista, arregimentada, planejada e, acima de tudo, governada por uma ética de comprometimento ao grupo e de supressão do artista individual.
Por meio de uma agência governamental chamada "Ministério da Criação Futura", o governo sul-coreano trabalha em parceria com empresas privadas ostensivamente voltadas para a cultura pop com o intuito de disseminar e maximizar a influência da cultura pop sul-coreana tanto domesticamente quanto no estrangeiro.
Historicamente, o governo sul-coreano sempre recorreu ao protecionismo para estimular a cultura pop do país.  Hong observa, por exemplo, que nas décadas passadas o governo sul-coreano exigiu que os cinemas do país exibissem filmes nacionais durante um mínimo de 146 dias por ano, e que "a indústria cinematográfica nacional produzisse um filme sul-coreano para cada filme estrangeiro exibido.  É seguro dizer que a indústria cinematográfica nacional foi beneficiada por esse tipo de protecionismo. ... O governo também construía e gerenciava as casas de teatro".
Desde a crise financeira asiática ocorrida no final da década de 1990, no entanto, o governo sul-coreano também passou a ajudar a cultura pop sul-coreana no mercado internacional, utilizando impostos para financiar a dublagem de programas sul-coreanos em língua estrangeira e utilizando diplomatas para negociar a exibição de programas sul-coreanos nas redes de televisão de outros países.
A "cooperação" entre governo e empresas privadas
Assim como a economia japonesa é há muito tempo influenciada e até mesmo dominada por grandes corporações ligadas umbilicalmente ao governo — entidades essas conhecidas como keiretsu e zaibatsu —, a Coréia do Sul também apresenta um arranjo análogo, cujas empresas são conhecidas como chaebols.  Sendo a versão sul-coreana do "grande demais para falir", mas muito mais significativas para economia sul-coreana como um todo, essas entidades têm sido essenciais para executar as políticas do governo sul-coreano por meio da "pareceria governo-chaebol".
Hong observa que a ascensão, na Coréia do Sul, da cultura pop promovida pelo governo não pode ser completamente entendida fora desse contexto.  Essa tradição de parceria entre governo e grandes corporações fez com que Samsung, LG e outras grandes empresas fossem criadas por meio de favores governamentais e com dinheiro de impostos.
Como explica Hong em seu livro: "Assim como várias histórias de sucesso discutidas neste livro, a ascensão da Samsung no cenário mundial é atribuível [à] ... intervenção direta do governo sul-coreano durante estágios cruciais do desenvolvimento da empresa".
E caso alguém pense que a Samsung é apenas uma corporação como outra qualquer, Hong nos lembra que "a Samsung sozinha é responsável por um quinto do PIB do país".  Não é difícil entender por que o estado sul-coreano vê a Samsung como sendo essencialmente uma continuação de si próprio.  "O que é bom para a Samsung é bom para a Coréia do Sul" é um sentimento que, sem dúvidas, perpassa todos os corredores de todas as agências governamentais da Coréia do Sul.
Hong, como jornalista, simplesmente aceita a política econômica do governo sul-coreano como um dado da natureza.  "É claro que todo esse planejamento centralizado da economia sul-coreana foi um enorme sucesso", é o que ela dá a entender.  É perceptível como o padrão de vida do país cresceu acentuadamente desde 1960, quando a Coréia do Sul era essencialmente um país de terceiro mundo.
Trata-se de uma grande história de sucesso — ao menos é o que nos dizem — do neo-mercantilismo keynesiano, no qual grandes corporações controladas ou subsidiadas pelo governo executam planos e estratégias governamentais para aprimorar a economia, e tudo isso baseando-se em decisões de funcionários públicos.
Já aqueles que realmente conhecem os fundamentos da teoria econômica, e que seguem os ensinamentos de Bastiat, apenas olham para esse arranjo econômico e pensam em tudo aquilo que "não é visto" e que está oculto sob todo esse arranjo de favoritismo governamental e decisões centralizadas.  Como os sul-coreanos gastariam seu dinheiro se ele não lhes fosse confiscado pelo governo e repassado para as poderosas chaebols?  O que eles consumiriam se o governo não tomasse sua renda para subsidiar empresas ligadas a políticos?  Mais ainda: quais inovações poderiam ter sido criadas se as pequenas e médias empresas da Coréia do Sul tivessem a oportunidade de pelo menos poder concorrer com esses grandes conglomerados protegidos e subsidiados pelo governo?
Jamais saberemos.
[Nota do IMB: esse modelo sul-coreano de parceria entre governo e grandes corporações, e de estímulo governamental — por meio do BNDES — para a criação das "campeãs nacionais" já existe há muito tempo no Brasil.  Só que não deu muito certo...  Enriqueceu sobremaneira os empresários ligados ao regime, mas não trouxe nenhum benefício à população, que ficou apenas com a fatura]
Histórias que exigem cautela
O que realmente sabemos, no entanto, é que, quando um governo decide colocar todos os ovos em uma única cesta, como fez o estado sul-coreano, o sucesso pode ser bastante efêmero.  E se a Samsung for pelo mesmo caminho da Sony?  E se a Hyundai tiver o mesmo destino da General Motors?  O governo sul-coreano simplesmente recorrerá a mais pacotes de socorro, mais "estímulos" e, como sugerem as experiências japonesas e americanas, mais programas de crédito farto e barato?
Em uma cultura que preza o trabalho duro, que vê o lazer como algo suspeito, e cujos estudantes têm de estudar dezoito horas por dia, é bem possível que esse arranjo dure por bastante tempo: enquanto os investimentos errôneos subsidiados pelo governo vão se avolumando, cada vez mais riqueza é confiscada da população trabalhadora (e condescendente) para continuar sustentando grandes corporações.  
Enquanto houver uma população trabalhadora, dedicada e que produz uma riqueza que é confiscada sem protestos, esses desequilíbrios podem se perpetuar por muito tempo.
Porém, como o Japão — e cada vez mais os EUA — demonstrou, tais políticas acabam em estagnação e destruição de capital.  Sob tais condições, os trabalhadores japoneses e americanos trabalham mais apenas para manter o padrão de vida de antes, mas a renda disponível não aumenta.
O Japão, que já foi visto como "o futuro dominador do mundo", é um exemplo de cautela.  A Coréia do Sul, como mostra o livro The Birth of Korean Cool, ainda está na fase do crescimento.  Mas já vimos esse filme antes, só que em outro idioma.
[Nota do IMB: Não deixa de ser extremamente curioso ver progressistas brasileiros — que defendem a redução da jornada de trabalho, o aumento do assistencialismo, o fim da família tradicional, a supressão de provas e vestibulares, e até mesmo o fim da competição entre estudantes — defendendo a adoção do modelo sul-coreano, que impõe longas jornadas de trabalho e de estudo, uma rigorosa competição entre alunos, a submissão dos filhos aos pais, o controle estatal da produção cultural (o governo proíbe qualquer coisa considerada "subversiva") e que vê o ócio e o lazer como um comportamento típico de derrotados e preguiçosos.  
Mais ainda: toda essa cultura sul-coreana foi implantada por um governo militar.
De resto, vale repetir, a parceria entre governo e grandes corporações, e o estímulo governamental — por meio do BNDES — para a criação das "campeãs nacionais" já existe há muito tempo no Brasil.  Enriqueceu sobremaneira os empresários ligados ao regime, mas não trouxe nenhum benefício à população, que ficou apenas com a fatura.]

Ryan McMaken é o editor do Mises Institute americano.