“Num litígio religioso é bom ouvir o conselho do diabo, pois ele trabalha tanto para evangélicos quanto para católicos e protestantes.” (Limão)
segunda-feira, 21 de maio de 2018
MENTIRA INFINITA
Tudo que a humanidade sofreu com as guerras, com a pobreza, com a pestilência, com a fome, com o fogo e com o dilúvio, todo o pavor e toda a dor de todas as doenças e de todas as mortes — tudo isso se reduz a nada quando posto lado a lado com as agonias que se destinam às almas perdidas. Este é o consolo da religião cristã. Esta é a justiça de Deus — a misericórdia de Cristo. Este dogma aterrorizante, esta mentira infinita: foi isto que me tornou um implacável inimigo do cristianismo. A verdade é que a crença na danação eterna tem sido o verdadeiro perseguidor. Fundou a Inquisição, forjou as correntes e construiu instrumentos de tortura. Obscureceu a vida de muitos milhões. Tornou o berço tão terrível quanto o caixão. Escravizou nações e derramou o sangue de incontáveis milhares. Sacrificou os melhores, os mais sábios, os mais bravos. Subverteu a noção de justiça, derriscou a compaixão dos corações, transformou homens em demônios e baniu a razão dos cérebros. Como uma serpente peçonhenta, rasteja, sussurra e se insinua em toda crença ortodoxa. Transforma o homem numa eterna vítima e Deus num eterno demônio. É o horror infinito. Cada igreja em que se ensina esta idéia é uma maldição pública. Todo pregador que a difunde é um inimigo da humanidade. Em vão se procuraria uma selvageria mais ignóbil que este dogma cristão. Representa a maldade, o ódio e a vingança sem fim. Nada poderia tornar o inferno pior, exceto a presença de seu criador, Deus. Enquanto estiver vivo, enquanto estiver respirando, negarei esta mentira infinita com toda minha força, a odiarei com cada gota de meu sangue.
— Robert G. Ingersoll
MILLÔR- Perguntas Cretinas com Respostas Engatilhadas
P. O curso do rio, dá diploma? R. Só se o sujeito for muito pro fundo. |
P. Camisa de onze varas, vem com punho duplo? R. Pelo contrário, vem com manga de colete. |
P. Corrente marinha, serve pra amarrar cachorros? R. Não, mas serve pra arrastar imbecis. |
P. Dor de dente, dói? R. Não, o que dói é a anestesia. |
P. Na Bienal, tem fratura exposta? R. Quando os críticos entram em desacordo. |
MILLÔR- FÁBULAS FABULOSAS
FÁBULAS FABULOSAS: O HOMEM QUE DORMIU NO PONTO | |
Caindo de cansaço, e irritado pela aparente desatenção, o homem esculhambou a mulher e, apesar de morto de fome, resolveu se deitar sem comer. A mulher, também zangada, virou pro lado na cama e, quando ele acendeu a luz, gritou: "Apaga essa porcaria que eu quero dormir!". O homem apagou mas, apesar do escuro, viu a ponta de dois tamancos holandeses, vermelhos, aparecendo suspeitamente embaixo da cama. Envenenado de ódio, sentiu o sangue lhe subir à cabeça, pegou silenciosamente sua cimitarra (1), pronto para um ato de violência, quando se lembrou da lição existencial de seu mestre de filosofia, Ku-En-Puí: "Pense dez vezes e meia antes de uma ação que possa ser fatal". Qian-Qnei se acalmou ao lembrar o conselho e refletiu lá consigo próprio: "Dormirei um sono tranqüilo, e amanhã, mais calmo, ajusto contas com meu amargo destino". Mas, assim que Qian-Qne dormiu e começou a roncar, a mulher, sabiamente, trocou o par de tamancos vermelhos que o amante holandês (2) tinha abandonado no pavor da fuga, e botou no seu lugar um par de borzeguins dourados, do marido. "Ah!", exclamou Qian-Qnie alegremente, ao acordar de manhã. "Extraordinário! Bastou passar a raiva, pra que eu visse melhor. Como é que eu fui confundir meus melhores borzeguins dourados com um par de tamancos vermelhos? Devia estar mesmo muito fora de mim. Se agisse precipitadamente, ontem à noite, teria ficado completamente ridicularizado diante de minha querida mulher". (1) Mongol usa cimitarra? (2) Amante holandês na Mongólia? Eta, globalização! MORAL: DEVEMOS SEMPRE AGIR ÀS CLARAS. |
SAUDADE DE MAMÃE
Meu pai sempre me quis na linha e minha mãe sempre
falou para eu estudar e trabalhar, ser um menino do bem, porém eu fui atrás do
ganho fácil e aqui estou dentro dessa cela num ambiente hostil, dormindo quase
dentro de uma privada com ratos pulgas e baratas na cama e arriscando tomar um
golpe de estilete além das surras. Isso
não é vida é um inferno em terra e lamento e choro a falta da boa comida, de
lençóis limpos e banho quente, carinho e amor, tudo o que eu tinha e desprezei
achando que era muito pouco, queria andar de carrão, roupas de grife muitas
mulheres ao meu lado, tudo isso sem esforço e disciplina, só na base do pó. E o que ganhei foi ficar anos aqui chaveado e
entreverado com a bandidagem de primeira linha e ficar até feliz que ninguém
ainda quis pegar a minha bunda. Todos os
dias chega gente nova, um pior que o outro, não dá para encarar sem correr
risco. Espero os anos voem para que possa sair daqui.
PORCA E PARAFUSO
PARAFUSO-Estive no Bar do Zé. O papo que rola por
lá é que tu estás dando mole para um alicate novo na praça. Todos sabem que te
adoro e aí zombam de mim.
PORCA-Tu estás é doido. Bem sabes que quem me
aperta além de tu é somente a chave de boca que é lésbica.
PARAFUSO-Estou desconfiado, andas com muito
desgaste nas beiradas.
PORCA-Basta! Faço minhas malas e volto pra casa de
mamãe. Onde está o respeito?
PARAFUSO-Não me engana, nunca foste santa.
Lembre-se da história do imã nosso vizinho que te deu uns amassos?
PORCA- Eu era jovem, coisa do passado, melhor
esquecer.
PARAFUSO-Passado sim, mas quem carrega os chifres
até hoje sou eu.
PORCA-Quer saber? Irei dar uma volta por aí, quem
sabe eu encontre mesmo esse novo alicate bonitão dando sopa por aí.
Dito isso saiu arrumou-se e saiu porta afora. O
parafuso doente de paixão jogou-se dentro de um tambor de óleo.
RATINHO PAULO
Durante um tornado de grandes proporções o ratinho
Paulo foi levado pela tempestade e acabou caindo dentro do depósito de um
grande laticínio. Por ser um ratinho muito religioso ao ver tantos queijos
disponíveis disse para si mesmo:
- Jesus!!! Deus existe e aqui deve ser o paraíso.
Aleluia!
PÉ DE CEDRO
Conto para vocês que na minha outra curta vida eu
fui um pé de cedro. E aí a desgraça de estar perto do tal Leonardo. O asqueroso Frei Boff falava comigo todos os
dias, uma verdadeira tortura aquela barba suja roçando em mim. Preferi morrer e
nascer de novo. Hoje sou cacto feliz.
BIRD
Paulo resolveu mudar de vida. Completara trinta
anos, era agora ou nunca.
Entrou gritando no escritório da TV ALIANÇA: eu sou
um pássaro, eu sei voar! Eu sou um pássaro, eu sei voar! Quero uma chance para
mostrar! Todos pararam. Mais um louco, pensaram eles. Queria ele ser
apresentado ao diretor artístico, sem perda de tempo. A secretária chamou os
seguranças conforme determinou o diretor para colocá-lo fora do prédio. Ele não
se deu por entregue. Antes da chegada dos brutamontes bateu os braços e saiu
voando pela janela. Sorte dele que estava no térreo.
RATOS NA CASA VAZIA
Os ratos foram aos poucos chegando, conhecendo o
terreno e invadindo a casa vazia. Magrelos, vinham da casa de um aposentado da
iniciativa privada. Encontraram as prateleiras da despensa abarrotadas de
queijos e outras guloseimas. Quando viram àquela abundância chamaram também os
tios e primos que estavam nos arredores. O proprietário fora generoso: havia
saído de férias, mas deixou um bom rancho para eles. Naquele mês os ratinhos
encheram seus buchinhos e ficaram gordos como patos. Festança todos os dias,
alegria geral. Quando o dono da casa retornou seu gato ficou encantado com
tantos ratos fofinhos. Em todos os cantos da casa estavam eles arrotando sem
cerimônia. Os roedores de tão obesos não conseguiam mais correr e o bichano foi
então papando todos com paciência. Eram tantos que até reservou alguns para
comer no natal.
Moral da história: Quem precisa correr para
sobreviver não deve engordar.
NA FRUTEIRA
-
Você é um mamão?
-Não,
não sou mamão.
-Não
é mamão?
-Não.
Sou melão.
-Nunca
ouvi falar.
-E
você o que é?
-Banana
caturra.
-Nunca
ouvi falar.
-Sou
artista, eu canto.
-Eu
também. Canto até em espanhol.
-El
dia que me quieras?
-Sim.
-Vamos
cantar em dupla?
-Vamos!...
Acaricia
mi ensueño
El
suave murmullo
De
tu suspirar.
Como
ríe la vida...
Nisso
se intromete na conversa o abacate.
-Vocês
podem ficar quietos, estou tentando dormir.
-Dormir
agora durante o dia?- pergunta o melão.
-Sim,
ainda estou verde, preciso amadurecer.
Nisso
uma distinta senhora passa pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa,
alegrando por hora o verde abacate que cochila entre macias palhas.
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