terça-feira, 6 de março de 2018

A GRANDE MANADA


O caldeirão de imbecis está transbordando
O real agora é o fantasioso
O certo como errado é visto
O manipulador é o grande herói
Pois as mentes estão estagnadas
No dai-me o pão e o circo
E a boa rede para descansar
Depois no momento das urnas
Ganhará o torpe pagamento em votos
Da grande manada que muge.

CONHECIMENTO


Quando penso que estou chegando ao meu destino
Descubro que ainda não saí
Assim é a viagem pelo conhecimento.

E AGORA?


Passava ele os dias brincando de estar vivo
Deixando o tempo correr solto
Porém desesperou-se diante do vazio futuro
Quando percebeu que o trem da vida já havia passado.


PODRES


O tempo passa
E os homens podres
Com o passar do tempo
Apesar da pesada maquiagem
Ficam cada vez mais podres.


A NAVE DE KARL


A nave de Karl paira sobre a América Latina
Os povos abduzidos labuzam-se em aleivosias
Bradam nas praças vitaminados por embutidos suínos e cargos
Lula é inocente!
Maduro é um democrata!
Já os que não premiados com tal abdução se perguntam:
O que nós perdemos?

DUVIDO MUITO


Casal caminha de mãos dadas pelas calçadas
Pulando bosta de cachorro esparramada
Pergunto então se povo que não  zela pelo que sai do cu dos seus bichinhos
Saberá de quatro em quatro anos o valor daquilo que coloca nas urnas?

GASOSA DE GROSELHA


Na minha infância já tão distante
De pés descalços e calção de pano
Tenho lembranças de tantas coisas
Que o tempo da memória não apagou
Uma delas era procurar por garrafas de vidro
Em porões escuros e poeirentos
E quando encontradas correr até o armazém secos e molhados da esquina
Para trocar os achados
Por gasosa de groselha.

NORILSK


O pequeno solitário Wladimir de oito anos brincava na neve nos arredores de onde existiu um campo de trabalhos forçados à época de Stalin, em Norilsk.  Ao mexer uma pequena pedra aconteceu um estrondo e o lampejo de um raio e milhões de gritos lamuriosos foram ouvidos, saídos da fenda que estava sob a pedra. Gritavam fome! Frio! Dor! Tortura! Queremos liberdade! O pequeno caiu para trás assustado.  Enquanto Wladimir tentava entender o que estava acontecendo, os espíritos martirizados pelos comunistas naquele Gulag transformaram-se em pequenos pássaros azuis e saíram batendo asas libertas, felizes finalmente. Cada pássaro que saía da fenda deixava cair uma pena azul que aos poucos formou no branco da neve a frase “Jamais esqueçam quem cometeu essa ignomínia.”  Wladimir não sabia porque, mas sentia-se feliz. Ergueu suas pequenas mãos e acenou para os pássaros, que fizeram um bailado em agradecimento e após seguiram para o infinito.

CLIDE, O VERME


Clide era um vermezinho bem estúpido, sem papas na língua, porém não tinha essa visão de si. Formado e de canudo na mão, cheio da empáfia, deixou de morar no cemitério e colocou-se numa funerária, abandonando os próprios pais. Não pesquisou o suficiente para saber que nela funcionava também um forno crematório. Pois embarcou no primeiro corpo que apareceu e no melhor da degustação foi ao fogo. Labaredas! Labaredas! Teve vida curta, Clide, o vermezinho estúpido.

ÉRAMOS SEIS


Éramos seis. Depois cinco. Demorou um pouco para quatro. Em poucos anos já éramos dois. Agora estou só e quem me espera ansiosamente é o dono da funerária.

DE GRANDE CORAÇÃO


Mauro, menino bom, pena que morreu jovem. Quando os médicos abriram o seu coração tinha lá 250 gentes, 82 bichos e mais uma dúzia de donzelas.

PARASITA


“Tenho todos os defeitos, mas jamais serei um parasita. Isso me repugna.” (Eriatlov)

MÁSCARAS


“Não há baile de máscaras em Brasília, pois a máscara faz parte do uniforme oficial da politicalha nacional.” (Eriatlov)

JORNAL NACIONAL


“Sem dúvida o melhor noticiário para você ficar bem mal informado é o Jornal Nacional.” (Eriatlov)

REIZINHO


“Quase toda cidade pequena tem o seu reizinho. E sejamos sinceros: são poucos os que valem um níquel”. (Eriatlov)

CRESCENDO


Ocupar o tempo enquanto é tempo
De mente sã e de pés inquietos
Trazendo para dentro do baú material de boa qualidade
E tendo no final de cada dia
A sensação de ter ficado um pouco menos ignorante.

ABRINDO PORTAS


Tal é a carantonha
Que assusta quem por perto está
Não sei por que não tentam
Um cumprimentar alegre
Saber falar com licença
Por favor
Muito obrigado
Que não são chaves
Mas que abrem muitas portas.

TUTELADOR


Envolta mente na soberba
Acha-se o bom na tutela
Animal racional medíocre
Pensa saber ensinar a todos o verdadeiro caminho
Logicamente não compreendendo que somos todos tão diferentes
Em sonhos e determinação.