quinta-feira, 12 de março de 2015

“Sou menos feio que Dilma, pois atenuo minha feiura com simplicidade e simpatia.” (Assombração)

“Tive trabalhos duros nesta minha vida de feio. Quando eu tinha 14 anos fiquei um ano trabalhando de espantalho num milharal. Nunca vi tanto bicho morrendo de susto.” (Assombração)

“Algumas atrizes fazem aniversário, mas teimam em não mudar de idade. Conheço uma atriz que há dez anos não sai dos quarenta e nove.” (Eulália)

“Hoje acordei sem saber quem eu sou. Perguntei pra mulher ao meu lado e ela também não sabe.” (Nono Ambrósio)

O ANTAGONISTA- Gabrielli, ele próprio, é um caso de polícia

José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, inverteu a lógica mais elementar no seu depoimento à CPI da Petrobras. Ele disse que, como o volume dos recursos movimentados era muito grande dentro da empresa, era impossível identificar desvios. Inclusive porque eles eram feitos por "um ou outro" funcionário. E que, dada a impossibilidade de verificar a corrupção dentro da Petrobras com os instrumentos administrativos usuais, o caso era mesmo de polícia.
Traduzindo: José Sérgio Gabrielli presidia o Parque dos Dinossauros da corrupção, com apenas dez Tiranossauros que devoravam tudo o que havia pela frente, mas era impossível enxergá-los mesmo que munido dos mais modernos binóculos e câmeras de vigilância disponíveis no mercado.
José Sérgio Gabrielli, ele próprio, é um caso de polícia.
Você viu o Tiranossauro? O Gabrielli, não

O ANTAGONISTA-Dilma 7% quer o Judiciário para "pegar junto"

Para tentar resgatar a popularidade, o presidente francês François Hollande tem fundamentalistas no Mali para bombardear e terroristas para caçar dentro de casa -- essas vias de escape de nação central e rica.
Na falta de um Mali e terroristas domésticos (o Stedile é só um fanfarrão, no primeiro apito ele sai correndo), Dilma 7% Rousseff bombardeia a sintaxe e cassa (de cassar, mesmo) o bom senso. Hoje, ela também afugentou a decência, a pretexto de pregar a união nacional.
Em visita ao Porto do Futuro, onde o país jamais aportará pelo visto, a 7% disse que:
"Eu espero que o Brasil esteja e farei de tudo para o Brasil estar no ritmo de crescimento. Conto com todo mundo para que isso aconteça, conto com governadores, prefeitos, conto com os investidores, empresários e com a imprensa, com o Congresso, óbvio, e com o Judiciário, porque não tem como um país crescer sem todos nós pegando junto."
Você leu certo: a 7% conta com a imprensa -- para esconder a situação, é evidente -- e com o Judiciário. Ela conta com o Judiciário para quê?
Propomos pegar Dilma Rousseff e jogá-la para fora das nossas vidas. Contamos com o Judiciário para isso.

Ricardo Noblat: ‘Branco, rico e golpista’

Publicado no Blog do Noblat
RICARDO NOBLAT
Rico não pode se manifestar. A não ser por escrito. Ou dentro de casa. Ou em pequenas reuniões com amigos. Sem fazer alarde. Caso resolva aderir a uma manifestação de massa, saiba que a desqualificará. Seu lugar não é na rua protestando.
Se for visto na rua protestando poderá ser acusado pelo PT de ser golpista. Certamente o será. Não há nenhum dispositivo na Constituição que proíba o rico de pensar e de dizer o que pensa, mas ele que suporte as consequências. Da mesma forma o branco. Pior ainda se ele for branco e rico.
É fato que a elite branca e rica lucrou uma enormidade com os governos de Lula e de Dilma. E que os mais ricos e brancos da elite pressionaram Lula para que ele voltasse a ser candidato no ano passado. Não importa. A eles deve apenas ser assegurado o direito de apoiar o PT. De preferência sem condições. E de financiar o PT tirando dinheiro do seu próprio bolso ou desviando recursos públicos.
Quantos negros e pobres você vê no comando das maiores empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras?
Só vê ricos e brancos. E todos parceiros do PT. Deram mais dinheiro para o PT ganhar as eleições do ano passado do que para outros partidos.
Bem, se além de rico e de branco o cidadão morar em São Paulo, aí qualquer margem de tolerância com ele deve ser abolida.
Dilma e o PT perderam feio em São Paulo. O candidato de Lula ao governo colheu ali uma votação humilhante. O que venha de lá, portanto, não deve ser levado em consideração. Antigamente foi a saúva. Agora, o paulista rico e branco é a praga que mais infelicita o Brasil.
Quem sabe o Congresso não aprova alguma lei que desconsidere o voto de São Paulo na hora de se contar os votos para presidente da República? O radicalismo da proposta talvez possa ser suavizado com a restrição ao voto apenas nos bairros povoados por uma maioria branca, rica e golpista.
Burgueses!
Há quanto tempo eu não enchia a boca para chamar de “burgueses” os adversários das mudanças sociais, que só fazem enriquecer à custa dos miseráveis.
É verdade que a maior parte dos miseráveis ascendeu socialmente e compra o que os brancos e ricos lhe oferecem. E que quanto mais ascenderem e comprarem, mais os brancos e ricos se tornarão mais ricos. Mas esse é um dilema que a esquerda corporativa, ávida por emprego público e órfã de ideologia, não sabe ainda como resolver.

PF em chamas

Teori: a favor ou contra diligências pedidas pela PF?
Teori: a favor ou contra diligências pedidas pela PF?
A cúpula da Polícia Federal está em chamas diante de uma manifestação de Teori Zavascki na decisão que autorizou a abertura dos inquéritos da Lava-Jato. Escreveu Teori:
- O modo como se desdobra a investigação e o juízo sobre a conveniência, a oportunidade ou a necessidade de diligências tendentes à convicção acusatória são atribuições exclusivas do procurador-geral da República, mesmo porque o Ministério Público, na condição de titular da ação penal, é o verdadeiro destinatário das diligências executadas.
Em português, Teori disse que apenas o procurador-geral poderá pedir diligências nas investigações da Lava-Jato, praticamente excluindo a Polícia Federal do processo.
A tese vem sendo defendida pelos procuradores (leia mais aqui), mas delegados da cúpula e ligados à operação não aceitam isso, e lembram que o regimento do STF abre essa permissão a eles.
O temor é que Rodrigo Janot não peça todas as diligências adequadas contra os políticos, o que pode prejudicar a investigação e facilitar a absolvição dos futuros réus.
Por Lauro Jardim

A GAZETA DO AVESSO- MST garante alimento para o mundo. Até as galinhas serão tratadas com milho cozido e pão de ló.

IMB- Democracia, crises, intelectuais e falsa oposição - as armas do estado e o papel dos libertários

Democracia, quando a tirania inicia a sua eternização
A democracia criou praticamente todas as ditaduras do mundo.  Não é de hoje que isso acontece e não é à toa que boa parte das piores ditaduras carrega palavras derivadas de "democracia" no nome. 
Por exemplo, a Coreia do Norte se chama República Democrática Popular da Coreia; o Camboja na época do Pol Pot se chamava Kampuchea Democrático; a Alemanha Oriental se chamava República Democrática da Alemanha, e p Laos se chama República Democrática Popular Lau.
Em suma, geralmente um país com alguma alusão à democracia no nome está muito longe de ser um país livre.
A palavra democracia é enganosa. Ela não nos garante a liberdade e nem a proteção dos nossos "direitos". Pelo contrário, é ela quem vai sepultá-las de vez.
Não é necessário voltar muito no tempo para perceber isso. A escolha da maioria ou a eleição daqueles que mais obtiveram votos nunca foi o meio mais eficiente de garantir os direitos dos indivíduos numa sociedade.  Colocar nas mãos de uma população a escolha de um governante não é muito diferente de um grupo de escravo escolher o seu capataz.[1]
O que acontece exatamente quando temos uma democracia?  Nada mais do que a violação, agora legalizada, ao direto à propriedade privada feita por uma maioria sobre uma minoria. Uma parcela da população irá querer que a outra pague por seus estudos, por seus tratamentos médicos, por sua segurança, por seus transportes, por seus subsídios, por seu assistencialismo e assim por diante.
Como explicou Hans-Hermann Hoppe:
Dado que o homem é como ele é, em todas as sociedades existem pessoas que cobiçam a propriedade de outros.[...] 
Quando a entrada no aparato governamental é livre, qualquer um pode expressar abertamente seu desejo pela propriedade alheia.  O que antes era considerado imoral e era adequadamente suprimido, agora passa a ser considerado um sentimento legítimo.  Todos agora podem cobiçar abertamente a propriedade de outros em nome da democracia; e todos podem agir de acordo com esse desejo pela propriedade alheia, desde que ele já tenha conseguido entrar no governo.  Assim, em uma democracia, qualquer um pode legalmente se tornar uma ameaça.
Consequentemente, sob condições democráticas, o popular — embora imoral e anti-social — desejo pela propriedade de outro homem é sistematicamente fortalecido.  Toda e qualquer exigência passa a ser legítima, desde que seja proclamada publicamente.  Em nome da "liberdade de expressão", todos são livres para exigir a tomada e a consequente redistribuição da propriedade alheia.  Tudo pode ser dito e reivindicado, e tudo passa a ser de todos.  Nem mesmo o mais aparentemente seguro direito de propriedade está isento das demandas redistributivas. 
Pior: em decorrência da existência de eleições em massa, aqueles membros da sociedade com pouca ou nenhuma inibição em relação ao confisco da propriedade de terceiros — ou seja, amorais vulgares que possuem enorme talento em agregar uma turba de seguidores adeptos de demandas populares moralmente desinibidas e mutuamente incompatíveis (demagogos eficientes) — terão as maiores chances de entrar no aparato governamental e ascender até o topo da linha de comando.  Daí, uma situação ruim se torna ainda pior.
Isso explica o porquê de os partidos declarados de esquerda terem obtido sucesso nas eleições.  A bandeira da esquerda sempre foi essa e os partidos que se dizem de "direita" acabam abraçando boa parte dos programas da esquerda para conseguir votos.
A prova disso é que não são raros os direitistas que hoje adotam as propostas de F.A. Hayek e Milton Friedmanapenas para isso.[2]
A crise amiga
O que acontece hoje?
Não é um cenário muito diferente do que ocorreu após o crash de 1929 e a consequente Grande Depressão.  Crises sempre fazem com que muitas pessoas se convençam de que políticas autoritárias, medidas antimercado e confisco de propriedades privadas sejam a solução.  As crises sempre são estranhamente prolongadas e não seria surpreendente se fosse de propósito.
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"Por que você não pode dar um emprego ao meu pai?"Certamente a resposta certa seria "Porque o governo não deixa."
No entanto, não há como provar isso, ainda que se possa mostrar premissas que evidenciem tal suspeita.  A maioria da população em si sempre é instruída a cobrar algo do governo e sempre olha para os mais bem sucedidos com um ar de inveja achando que os bem sucedidos devem obrigatoriamente colaborar mais com a "sociedade".
Quando ocorre uma crise econômica os mais pobres sempre são os mais atingidos, e, ao ver os mais ricos menos atingidos e ainda demitindo seus empregados, a esquerda acaba se aproveitando da situação.
Não é difícil entender a estratégia da esquerda nessa parte. Primeiramente, em qualquer sociedade, os mais ricos compõem uma minoria numérica por serem os empregadores dos mais pobres, que são a maioria.  Em seguida, basta gerar uma crise. Mas como gerar?
O estado tem uma arma e tanto para isso: o monopólio da moeda.  Dado que o dinheiro representa a metade de toda a qualquer transação econômica, qualquer manipulação do dinheiro pode gerar crises.  E, com o monopólio sobre a moeda garantido, o governo tem o virtual controle da economia.
Vamos supor que o governo gere uma crise de inflação: a inflação nada mais é do que uma expansão monetária — ou seja, um aumento da quantidade de dinheiro. O governo não pode simplesmente distribuir o dinheiro para a população, mas ele pode colocar esse dinheiro na economia utilizando o sistema bancário — que irá conceder empréstimos a pessoas e empresas — ou incorrendo em déficits orçamentários que também são financiados por empréstimos bancários.
Com esse aumento da oferta monetária, o valor de cada unidade monetária cai, e os preços e custos sobem.  Quem percebe isso é quem oferta o bem, o empresário, o empregador, o capitalista.  Ao perceberem o aumento da oferta monetária, os empresários aumentam o preço dos produtos que ofertam para evitar a escassez dos mesmos, e o nome dado isso é remarcação dos preços. Nessa hora o governo acaba colocando toda a população contra os empresários, acusando-os de "abusadores", "ladrões" e outros adjetivos pouco elogiosos.
Isso aconteceu no Brasil durante a gestão do presidente José Sarney com o fracassado Plano Cruzado, quando foram convocados os "fiscais do Sarney". Os fiscais do Sarney (os próprios clientes) basicamente denunciavam os aumentos "abusivos" de preços e a Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento) se encarregava de multar e fechar a lojas e ainda chamar a polícia para prender os funcionários e os gerentes.
O Brasil da Era Sarney em pouco diferia da Venezuela de Chávez e Maduro, apesar de a Venezuela enfrentar uma ditadura por muito mais tempo.
Outra forma de gerar uma crise é pela expansão de crédito para populares. Mises observou que, com o surgimento dos bancos, surgia a expansão do crédito sem um equivalente aumento da poupança, pois os bancos podem simplesmente criar dinheiro do nada.

PICADAS PERIGOSAS- Dengue cresce 162% no Brasil e põe 340 cidades em risco

GAZETA DA POLENTA - Terrorista Cesare Battisti é preso pela PF em São Paulo

O terrorista italiano Cesare Battisti foi preso na tarde desta quinta-feira pela Polícia Federal em Embu das Atres, na Região Metropolitana de São Paulo.
A prisão atende a uma decisão da juíza federal Adverci Rates Mendes de Abreu, da 20ª Vara do Distrito Federal, que determinou a deportação do terrorista, condenado à prisão perpétua no país europeu por assassinatos, mas que vive em liberdade no Brasil por uma decisão vergonhosa do ex-presidente Lula. A juíza considerou que o visto de permanência do italiano como um refugiado político, concedido pelo Conselho Nacional de Imigração, é "ilegal". Ainda cabe cabe recurso da decisão.
A magistrada afirmou que a deportação não implica uma afronta à decisão da Presidência da República de não extraditá-lo para a Itália porque trata-se de uma deliberação sobre o visto expedido pelo Conselho Nacional de Imigração. Ou seja, a juíza afirma que Battisti não pode ficar no Brasil porque: 1) entrou no país de forma ilegal; 2) tem condenação por crimes dolosos em sua terra natal; e 3) segundo o STF, ele cometeu crimes comuns, e não políticos. A juíza disse também que não é necessária a entrega do estrangeiro ao seu país de origem - no caso a Itália, onde ele deve cumprir pena - e indicou que Battisti deve ser enviado para França e México, onde ele viveu.
"Trata-se de estrangeiro em situação irregular no Brasil e, por ser criminoso condenado em seu país de origem por crime doloso, não tem o direito de aqui permanecer, e, portanto, não faz jus à obtenção nem de visto nem de permanência. Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar nulo o ato de concessão de permanência de Cesare Battisti no Brasil e determinar à União que implemente o procedimento de deportação aplicável ao caso", diz a juíza em seu despacho.
Battisti foi condenado por quatro assassinatos na década de 1970, quando era membro do grupo Proletários Armados para o Comunismo. Condenado em seu país de origem, ele fugiu para o Brasil, onde foi preso em 2007. Na ocasião, a Itália pediu a sua extradição e o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou. No entanto, o ex-presidente Lula, a quem cabia a decisão final, segundo o Supremo, considerou o estrangeiro um perseguido político e concedeu-lhe abrigo.

“Não fosse pelo medo do diabo teríamos mais bordéis que igrejas.” (Climério)

“Se o ser maior de idade prefere à escuridão à luz, o que se pode fazer?” (Filosofeno)

ORDEM LIVRE- Experimentando o poder

Diogo Costa


O que acontece quando se coloca pessoas normais para simular uma prisão, dividindo-os metade em prisioneiros, metade em guardas?

Em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo tentou responder essa questão, realizando o que se tornaria um dos mais famosos experimentos de psicologia social do século passado: o experimento de encarceramento de Stanford. Sua equipe contratou 18 estudantes, os dividiu aleatoriamente entre prisioneiros e guardas, e criou uma prisão simulada para encarcerá-los. Pretendia-se que o experimento durasse por 20 dias. No entanto, não levou mais de cinco dias para que o experimento tivesse de ser abortado por sair totalmente de controle.

Rapidamente os guardas começaram a abusar da sua autoridade. Faziam contagens repetidas dos prisioneiros e obrigavam os que não cooperavam de acordo com o previsto a fazer flexões. Em resposta, os presos se rebelaram, mas foram logo dominados pelos guardas, que passaram a tratá-los ainda mais duramente, obrigando-os a evacuarem em baldes dentro de suas celas, a limparem vasos sanitários com as próprias mãos, e a ficarem nus enquanto tinham seus rostos cobertos.

O experimento pretendia ver qual seria o comportamento de pessoas normais em um ambiente com rigorosa hierarquia de poder como a prisão. Acabou servindo de laboratório para ilustrar aquilo que toda uma tradição intelectual já havia atestado a partir do mundo real, e que ficou melhor sumarizado na máxima de Lord Acton: o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente.

Um milênio e meio antes de Acton, outro pensador já havia investigado como que a vontade de poder do homem corrompe a sociedade. Agostinho entendia a natural falibilidade do homem e entendia haver uma predisposição natural para abusarmos do nosso poder, a libido dominandi: nossa ânsia de impor nossas preferências sobre o resto do mundo.

Agostinho acreditava na necessidade do governo para restringir a libido dominandi. O que o experimento de Stanford mostra, entretanto, é que uma estrutura de poder monopolística e bem definida como uma prisão pode corromper ainda mais o homem, em vez de amenizar seu desejo de dominação.

A ideia de estado como mal necessário precisa ser confrontada com a ideia de estado como necessitador do mal: essa corrupção hierárquica em uma estrutura rigorosa de poder depende da corrupção individual.

Daí a importância de estruturas de poder externas ao estado, como famílias, igrejas, empresas, imprensa e associações civis. Todas elas competem e limitam o poder do estado. Por isso há a tendência de governos autoritários de destruí-las (comunismo) ou de absorvê-las (fascismo).

Apesar de não vivermos em sociades de autoritarismo extremo, as tendências do estado de se aliar ou combater outras estruturas de poder continua real. Empresas aliadas do governo conseguem financiamento para seus projetos, veículos de mídia recebem patrocínio estatal, e a classe média é seduzida pelas ofertas de cargos públicos de forma mais organizada, mas não muito diferente das ofertas salarias que Mubarak fez ao funcionalismo público antes da sua queda.

Próximo do final do experimento, os prisioneiros já não mais se rebelavam. Pelo contrário, tentavam dissuadir qualquer manifestação de descontentamento. Preferiam a tranquilidade da opressão previsível à incerteza da punição contra a rebeldia. A maioria da humanidade encara passivamente a violação dos seus direitos. Os momentos de exceção são aqueles em que, como vemos hoje, o poder político é desafiado e, com alguma sorte, derrotado.

Quando acreditamos que mudaremos essencialmente o governo com a eleição de pessoas boas, estamos nos enganando. O que precisa mudar é a estrutura de poder ou, sendo mais precisos, os incentivos gerados por essa estrutura.

Em vão combatem os que se opõem à corrupção dos políticos por meio da indignação. Nunca verdadeiramente alteraremos o comportamento do topo da pirâmide política sem que haja modificações institucionais.

Para nossa sorte, não vivemos em cadeias. Nem nas pequenas comunidades agrárias que viriam a tomar conta da Europa depois da morte de Agostinho. A história do poder no ocidente levou a uma maior inclusão da participação popular nas decisões políticas. É possível influenciar as políticas públicas, e realizar reformas políticas e econômicas dissipadoras de poder.



* Publicado originalmente em 04/03/2011.

"Onde o Juca vai eu não vou. Ele que morra abraçado com seus imorais." (Mim)

“O PT escolheu Dilma porque não tinha ninguém melhor em seus quadros. Imagine então o resto.” (Eriatlov)

"Sou ajudante de cozinha. Nunca votei no PT porque faço parte da elite branca." (Mim)

Por quem as panelas batem?

Por quem as panelas batem?

por IGOR WILDMANN*
panelaço
Que conversa fiada é essa de que quem aderiu ao panelaço dessa semana ou quem está abertamente insatisfeito com esse governo é a burguesia, as “zelites”, os fascistas, os golpistas”, os brancos de olhos azuis, etc, etc?
Os lucros dos bancos foram estratosféricos nos governos do PT, as mineradoras fizeram o que bem entenderam, as montadoras de veículos tiveram toda sorte de benesses federais e as empreiteiras, ah, as empreiteiras… As empreiteiras – as amigas do poder – mamam regiamente nas régias tetas estatais, sempre, claro, em troca de benesses para a nobreza político-burocrática.
Os mega-empresários amigos da realeza partidária foram fortemente ajudados pelo BNDES e por toda a sorte de favores do poder, enquanto os empresários que enfrentam a concorrência, assumem risco e “põem a cara para bater” são tratados como párias pelos burocratas e, lógico, pelos ideólogos do partido governante e seus satélites.
Não me venham com essa conversa mole de que é a “grande burguesia” que está contra Dilma.
As panelas batem por quem pega estrada, precisa de polícia, sofre com caos em aeroportos, fica preso no trânsito, é achacado pelo Estado nos impostos, multas, contribuições compulsórias, obrigações absurdas, burocracia insana e principalmente no péssimo retorno em segurança institucional, serviços e infraestrutura a cargo do governo. As panelas batem pelos que viram as promessas de campanha e estão vendo o que está acontecendo agora. As panelas batem pelos que estão pagando trinta, quarenta por cento a mais num litro de gasolina, num butijão de gás ou em produtos de supermercado. As panelas batem pelos que são assaltados e escutam os ideólogos dizendo que eles são opressores e seus algozes, vítimas. As panelas batem pelos que sabem que estamos assentados sobre uma das maiores – se não a maior – reserva hídrica do mundo e agora vêem seus banhos serem acusados de causar o apocalipse.
As panelas batem pelos que vêem na TV alguns “cumpanhêros” da Petrobrás dizendo que devolverão suas “partes pessoais” no butim: setenta, cem milhões de reais cada um, fora a cota do partido – duzentos milhões de dólares – mas escutam, perplexos, a Presidente da República, que por anos a fio foi a presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, dizer que não sabia de absolutamente nada, numa prova, no mínimo, de que ela nunca foi a “gerente competente”, mito inventado pela “mídia” (sim, publicidade multimilionária também é “mídia”) petista para emplacá-la como mandatária do país.
As panelas batem pelos que ficaram 35% mais pobres com o derretimento da moeda nacional, pelos que vão “dançar” com a repuxada dos juros e com o duro ajuste fiscal, tudo feito para arcar com a herança maldita da péssima administração dos quatro anos anteriores. Não me pergunte por quem as panelas batem. Elas batem por você, cidadão comum.   Os caminhoneiros não são “coxinhas”. A classe média não é “zelites”. Bater panelas ou ir às ruas por insatisfação com a incompetência da atual presidente não é golpismo. (Do capítulo: fascista é a vovozinha, senhor militante!)
* Igor Wildmann é advogado. 
Instituição sem fins lucrativos
O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

João Luiz Maud- Carta aberta a Juca Kfouri

Prezado senhor,
O que me traz é um artigo de sua lavra, a mim enviado por um amigo petista que, coitado, tem-se agarrado a tudo que possa amenizar um pouco o imenso constrangimento por que tem passado depois de ajudar a eleger a sua “presidenta” para mais um mandato de 4 anos.
Não tenho qualquer pretensão de convencer este meu amigo do seu (dele) mau julgamento político, pois o infeliz se encontra absolutamente contaminado pelo que os americanos chamam de “partidarismo”.  Ele torce e defende o PT como quem torce e defende um clube de futebol, completamente cego a argumentos ou fatos que possam “contaminar” a sua (dele) paixão.
Tampouco pretendo convencê-lo de nada, Sr. Kfouri.  Minha intenção é tentar demonstrar aos demais que nos lêem o quanto seus argumentos e diatribes estão equivocados, bem como defender-me de algumas acusações que o senhor faz aos brasileiros em geral, e às elites, em particular.  Para tanto, separei alguns trechos do seu artigo (em vermelho) para comentar:
“Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado. Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.”
Fale por si, seu Juca.  Não generalize, por favor.  Não sei da sua vida, mas esse “nós, brasileiros” me é ofensivo.  Não sou nenhum santo que jamais avançou um sinal ou nunca andou em velocidade maior que a permitida, mas não sonego impostos, não compro DVDs piratas, não cuspo no chão e não votei nessa turma que o senhor elenca, assim como nunca votei no Lula ou na Dilma.
“O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção. Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade. Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca. Como eu sou”.
Em primeiro lugar, considero-me um membro da elite, sim, com muita honra.  Tive a sorte de poder estudar e formar-me em nível superior.  Leio mais de cinco livros por ano e minha renda é superior à média nacional.  Quanto a esse negócio de “elite branca”, trata-se de uma enorme bobagem, para não dizer de um clichê preconceituoso e boboca.  Ninguém deveria ser acusado ou cobrado por algo sobre o qual não tem qualquer ingerência.  Eu jamais o acusaria de ser feio, bonito, alto, baixo, branco preto, etc. São qualidades (ou defeitos, dependendo do ponto de vista), sobre os quais não podemos fazer nada.  Simplesmente, nascemos assim.  A propósito, tenho bons amigos negros que pensam muito parecido comigo.
O senhor diz que o panelaço não foi contra a corrupção.  Eu lhe digo que foi também contra a corrupção, mas foi principalmente uma reação das pessoas com algum senso moral ao imenso estelionato eleitoral de que o país foi vítima.  Durante meses escutamos a sua candidata repetir que, se o seu (dela) adversário vencesse, teríamos “tarifaço”, aumento de juros, tunga nos direitos trabalhistas, aumento de impostos, aumento dos combustíveis, etc. E o que tivemos depois que ela foi reeleita?  Tudo aquilo e mais um pouco. Ou seja: ela pode mentir e enganar as pessoas a vontade, e nós devemos permanecer quietos.  Certo?
Mas o panelaço foi também uma reação plenamente justificável aos atentados contra a nossa inteligência cometidos pela sua “presidenta” e seus marqueteiros.  Aquele negócio de dizer que a culpa pela corrupção generalizada do governo era do FHC, ou que a indizível roubalheira na Petrobrás só se tornou pública porque ela mandou apurar, é muita cara-de-pau.  Se o senhor gosta de ser chamado de idiota, é problema seu.  Mas não queira que todos tenhamos o mesmo (mau) gosto.
“Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse: “Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres.”… Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente.  Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres.”
Vou confessar-lhe uma coisa: estou, sim, com ódio do PT.  Mas não por causa de um suposto espírito golpista contra os pobres.  Meu ódio é porque, ao contrário do que o senhor alega, o seu partido jogou fora doze anos de governo sem que tivesse feito quaisquer das reformas estruturais de que o país tanto precisa, e cujos principais beneficiados seriam justamente os mais pobres que o senhor se jacta de defender.
Seu partido está há doze anos no poder e nada fez para melhorar a educação pública básica.  Ao contrário, o fosso entre a educação de ricos e pobres só fez crescer.  Seu partido nada fez para melhorar a produtividade da nossa mão-de-obra, única forma comprovada de fazer crescer a renda real dos trabalhadores.  Nada fez para reduzir a enorme (e regressiva) carga tributária indireta, que afeta muito mais os pobres que os ricos.  Nada fez para melhorar o ambiente de negócios no país, para permitir que pequenos e médios empreendedores pudessem levar à frente os seus empreendimentos.
A única coisa que vocês fizeram pelos pobres foi aumentar o alcance do Bolsa Família, um programa que serve muito mais para torná-los dependentes do seu partido do que propriamente para tirá-los da pobreza.  Chega a ser um acinte que vocês comemorem como algo honroso o fato de termos quase metade da nossa população direta ou indiretamente dependente desse programa.  É pavoroso que vocês comemorem o aumento do número de brasileiros recebendo a Bolsa, e não a sua redução.
Ao mesmo tempo, o PT torrou rios de dinheiro com o “andar de cima” (para usar uma expressão de que a trupe petista tanto gosta). Compare o volume dos empréstimos subsidiados do BNDES às grandes empresas com o volume de repasses do “Bolsa Família” durante todos esses anos e depois me diga quem são os principais beneficiários das políticas públicas petistas (em 2013, por exemplo, o governo desembolsou $13,8 bilhões para o Bolsa Família e $190 bilhões em empréstimos subsidiados para as empresas).  Sem falar dos bilhões e bilhões de dólares jogados no ralo por contratos superfaturados com mega empreiteiras e esquemas de corrupção como “nunca antes nesse país”.
“Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita.  Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.”
Não, meu caro.  A luta de classes voltou pelo discurso raivoso do ex-presidente Lula.  São vocês que, quando acuados, só enxergam a saída do “nós contra eles”, do eterno Fla x Flu.  Até porque única e verdadeira luta de classes que existe atualmente é entre aqueles que pagam impostos e aqueles que os consomem, sem prestar minimamente os serviços que deveriam.  A propósito, como andam a segurança pública, a saúde e a educação?  Pelo visto, o senhor deve morar em outro país…
“Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país. “Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.
O senhor, por acaso assistiu ao depoimento do réu confesso, Pedro Barusco, ontem na CPI da Câmara?  Provavelmente, não.  Mas foi estarrecedor.  O PT certamente não inventou a corrupção.  O que este partido fez, como nenhum outro, foi torná-la uma política de Estado, uma instituição permanente, operada de cima para baixo, com o intuito de operar a perpetuação no poder.  A corrupção deixou de ser um assunto pessoal para tornar-se institucional.
“Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia”.
Quer dizer então que elites, ou melhor, gente que não seja pobre ou de esquerda, não pode protestar ou reivindicar qualquer coisa?  Essas são prerrogativas exclusivas dos pobres?  Não sei quantos anos o senhor tem, mas eu vivi numa época em que as elites foram para as ruas pedir anistia.  Foram para as ruas pedir eleições diretas.  Foram para as ruas pedir o impeachment do Collor (não por acaso aliado atual do PT).  Naquela época as elites letradas faziam a sua parte, chamando a atenção do país em geral para as causas certas, né?  Hoje, como nossas causas são diferentes das suas, devemos ficar em casa e assistir inermes a esse espetáculo de roubalheira e hipocrisia?
Não, senhor.  Sou brasileiro como qualquer outro.  Rico, pobre, branco ou preto.  Pago tanto ou mais impostos do que o senhor e tenho todo direito de ir para a rua protestar contra esse descalabro em que se transformou o Brasil sob a sua “presidenta”.  Pelo bem dos meus (e dos seus) filhos e netos, tenho obrigação de ir para a rua bater panelas, tocar buzinas, enfim, demonstrar a minha contrariedade pela transformação do Estado brasileiro num antro de ladrões, demagogos e hipócritas.
Passe bem!