sábado, 2 de junho de 2018

DONA EUFRÁSIA


Já viúva, Dona Eufrásia (62) não era mole. Dava laço e tiro em qualquer marmanjo, não tinha medo de tamanho e nem de cara feia. Atirava também como poucas.  Quando Neco engravidou a filha Jurema e não quis casar Eufrásia deu um jeito. Quebrou ele a pau e fez o bonito se casar com ela, a sogra. Criaram o menino na mesma casa, porém o assanhado só se deitava com a velha.  Mais tarde Jurema arrumou um marido e trouxe-o para morar sob o mesmo teto. Pois Neco teve que aturar a sogra até ela morrer aos oitenta e cinco anos. Longa pena. Isso sem contar que a cada trimestre tomava uma tunda da velha para bem se lembrar da sem-vergonhice.

FLINTO


Flinto, 30, gostava de passar seus dias sentado na calçada e com o lombo encostado no muro da igreja. Tinha até o lombo já impresso no  reboco. Saí dali quando chovia e no mais ali contava passantes, automóveis e observava o céu, suas nuvens e pássaros. Às vezes reunia ali alguns amigos de vadiagem para fumar maconha e beber cachaça, só não me peçam como arrumava dinheiro para isso, já que trabalhar para ele era uma ofensa. Quando o cansaço era demais ele se deitava na calçada para observar a bunda das passantes, distração apenas, pois já estava mais impotente que uma Maria-Mole. Não esperava o tempo passar, o tempo é que esperava por ele. Pois um dia desses, Flinto deitado, um ventinho de nada derrubou o muro sobre ele. Pois aconteceu que Flinto se foi sem dizer um ai. Podemos dizer que apesar da sua aversão à dura labuta, morreu no trabalho de vadiar.

OS CÃES


Ouve um tempo na Grécia que os cães evoluíram, passaram a raciocinar, a ler, escrever e tomar consciência de si. O líder marcou um evento os seriam lançadas as bases na nova civilização baseada nos princípios caninos e não mais nos princípios humanos. A palavra de ordem era “Ossos sim, ração não!” O salão estava lotado, centenas e centenas de cães presentes ouvindo os grandes oradores dogsgrecos demonstrando como seria o novo mundo fruto das ideias guaipecanas.  A danação do evento símbolo foi que dois gatos distraídos entraram no salão e aconteceu uma louca debandada de cães correndo atrás dos bichanos. Muitos morreram pisoteados, outros sufocados na ânsia de pegar os gatos. O líder olhou para um dos oradores e disse: “É, não estamos prontos à civilização.” Isso dito voltou a latir enquanto procurava um arbusto para urinar.

AMARO, O CERTINHO


Amaro era um homem correto; nunca havia saído da linha, nunquinha. Num sábado ficou só, a esposa Amália fora visitar a mãe. Ele então foi dominado nos encantos de uma vizinha separada, linda que só.  Corpão daqueles de derreter sorvete no copinho. Caiu em tentação e foi ao motel com ela, todo feliz com o material que levava. Primeira vez fora da estrada, mas com carrão top de linha. Pega aqui, pega lá, os dois peladinhos quando um terrorista filho da puta explodiu o motel. Pois azar do Amaro que morreu; foi que ele rodou nos comentários como hipócrita e safado, como se tranqueira fosse. E saber que nem deu tempo para molhar o biscoito.

BABY LAMPADA


Coisa própria da juventude; o afobamento, o medo do futuro, não ter o apoio da família; tudo isso faz do ser inexperiente uma vítima. Pois foi o que aconteceu com Baby Lâmpada, que preferiu espatifar-se no chão ao saber que estava grávida. Tudo por medo, pelo verdadeiro pavor de dar a luz pela primeira vez.

FUMANTE


Breno tinha ojeriza de cigarro.  Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo se estivesse na rua. Na sua empresa não contratava fumantes, não os queria por perto. Caso visse um fumante na mesma calçada, atravessava. Mas o destino às vezes é cruel; pois o mimo de Breno, Sandra, filha única amada adorada da qual fazia toda e qualquer coisa para agradar, apaixonou-se por um fumante inveterado. Então agora vemos Breno, o detestador de fumantes no meio da fumaça da sala deixando limpo o cinzeiro do futuro genro e pitando seu cigarrinho também, afinal nada melhor que um cigarrinho para acalmar os nervos.




“PT: O número 13 é deles, o azar  foi nosso.” (Eriatlov)



“A Glesi é vil. Está para nascer mulherzinha mais repugnante.” (Eriatlov)


“Sou bem comum. Quando me dão a mão  logo em seguida eu peço o braço.” (Chico Melancia)

“Estudar? Para você ter uma ideia, estudar eu estudei muito. Fiquei seis anos na quarta-série.” (Chico Melancia)


“Refletir? Eu reflito bem n’água.” (Chico Melancia)


“Há o lobisomem. E existe também a Néia, minha prima, conhecida com lambe homem.” (Chico Melancia)


“Já viajei tanto que conheço até países que ainda não existem” (Chico Melancia)

MESTRE YOKI


-Mestre, quem ouve a maior mentira?
-Jogador de futebol feio e muito de rico.
-Quando acontece mestre?
-Quando a namorada gostosa diz: ’se fosses servente de pedreiro eu também te amaria’.

MESTRE YOKI


“Mestre, como um povo sai do buraco?”
“Bebendo e rezando menos, estudando e trabalhando mais.”

MESTRE YOKI


“Mestre, qual seu prato preferido?”
“Preferencialmente o prato limpo.”