quarta-feira, 27 de março de 2019


TÚMULO DADO
Finados. Nicanor estava visitando amigos falecidos no campo santo quando se deparou com o próprio túmulo; nome, a data de nascimento e foto não deixavam dúvidas, era ele. Pagou dez reais para o coveiro fazer uma abertura, entrou dentro, deitou-se e mandou fechar. Falou para o coveiro: “Já que está pronto preciso aproveitar não se ganha um túmulo assim de graça, ainda mais com tampo de puro mármore. Faça o favor de avisar os meus familiares que morri. ” Calou-se e partiu desta vida feliz, pois para um sovina até na morte é preciso economizar.


ENTRE PONTOS E VÍRGULAS

Havia um escritor que tinha uma bela história para contar, tudo bem misturadinho.  Estavam lá ideias novas, letras maiúsculas e minúsculas, pronomes, substantivos e adjetivos, exclamações, dois pontos, hifens, parágrafos, pontos e vírgulas, além de outros da área prontos para tomar o seu lugar. Mas aconteceu uma briga encardida entre pontos e vírgulas, onde palavras fortes foram usadas em ofensas mútuas às famílias. E assim, antes da história começar os próprios pontos colocaram um ponto final em tudo.


ANÃO DE JARDIM
Tudo via e ouvia o anão de jardim Pablo assim transformado pelo feiticeiro Dilmon por ciúmes de sua beleza e inteligência. Não sofria sede ou fome, mas penava horrivelmente por não poder fugir daquele corpo de pedra que o limitava. O feitiço duraria dez anos e ele apenas começara o quinto ano. Sob sol ou chuva ficava ele inerte observando a vida que corria ao seu redor com minúsculas e grandes criaturas; formigas e homens, grilos e lagartixas, cães e gatos, automóveis e bicicletas. Um dia um cão muito feio apareceu no jardim e fez xixi nele. Reconheceu que era Dilmon pelos olhos medonhos, transformado num cão por um adversário mais poderoso. Pablo riu tanto que sua alegria quebrou o feitiço infame e pode então sair correndo atrás do cão feioso, pois tinha intenção de lhe oferecer um belo osso ou um naco de ração.


O ENVIADO
Quando ainda um ser amorfo no ventre da mãe o danadinho nasceu de repente e surpreendeu o mundo. Recém-saído da barriga da mãe num banco de coletivo pulou sobre uma poltrona e começou seu discurso falando da mediocridade geral, das crenças em verdades absolutas feitas para idiotas, do nada imperativo nos bilhões de mentes vãs. Explodiu de emoção falando da importância da ciência e não de futilidades mágicas. E já começando a ficar sem fôlego, ficou feliz quando viu um jovem gravando suas palavras num celular. Encerrando disse: “Eu vim por pouco tempo para dizer muito, sou luz que ilumina mentes encerradas nas trevas do saber, crentes de uma vida eterna paradisíaca ou infernal, ou seja, são bestas, porque eu sei daquilo que falo, vim de onde ninguém nunca foi, nasci no amanhã e voltei pelas mãos da ciência para dizer que Deus não existe e que tudo é propaganda barata. ” E caiu morto.


MUDANDO O MUNDO
O profeta saiu do interior e após anos de muita conversa mole chegou ao poder supremo. Seu primeiro grito no comando foi: “Agora vamos mudar o mundo! ” E começou a mudar mesmo já nos primeiros dias, não bem o mundo que todos esperavam, mas o mundo de alguns. Comprou mansão, iate e carros de luxo. Arrumou algumas amantes e empregos bem remunerados no estado para compadres e parentes. O povo, este ficou chupando o dedo e às vezes um pirulito. E mais não conto que a história é velha e todos a conhecem.



GUARDANDO MOEDAS
Eunício menino morava numa chácara e gostava de poupar. Seus o pais o aconselharam a colocar moedas no porquinho.  Diariamente ele então colocava moedas no porquinho. Porém um dia o porquinho estava de rabo ardido e não aceitou moedas.   Acabou mordendo Eunício que foi parar no hospital. O porquinho fugiu em grande disparada, mas parava volta e meia, erguia o rabinho e descarregava alguns reais. Alívio. Ele nunca mais foi visto na região, sumiu do mapa. Eunício por sua vez passou a colocar moedas na bunda do bode Camilo, isso até tomar uma cabeçada daquelas e decidir não poupar mais nada.


“ Somente um homem livre pode escolher entre o abismo e o azul do céu. No comunismo a única opção é conformar-se com a mediocridade dos iguais. ” (Eriatlov)


“ Um ser do mal é um monstro que se apresenta com carteira de identidade de uma singela ovelha. ” (Eriatlov)



“ O socialismo é como um noivo muito mentiroso que tudo promete. Depois do casamento é que a verdade aparece. ”  (Eriatlov)


INTERESSEIROS


“ Por aqui os privilegiados nada querem perder. Encastelados e protegidos por leis espúrias sorriem e cospem na população. Tem que ser no cacete! ” (Eriatlov)


“A esquerda nunca me surpreende: sempre pior. “ (Eriatlov)


“O sujeito nasce, cresce, emburrece, se torna esquerdista e dificilmente volta a ser gente normal antes de morrer. “ (Eriatlov)