quinta-feira, 19 de março de 2015

O ANTAGONISTA-É só o começo do túnel

O comércio fechou 130 mil vagas em fevereiro. A construção civil cortou 26 mil vagas no mesmo mês.
É só o começo do túnel.

ARTIGO, HÉLIO DUQUE - O PRÉ-SAL E O MARKETING DA MENTIRA

Do Blog do Políbio Braga
Recentemente descobrimos o pré-sal", é o que diz campanha publicitária veiculada nas televisões e rádios do Brasil. Atribuir ao governo "o descobrimento" da camada do pré-sal é falácia do mais baixo nível. A nova fronteira exploratória do petróleo brasileiro é fruto do investimento de mais de quatro décadas e da competência técnica da Petrobrás, reconhecida mundialmente. Nas décadas de 80 e 90, foram perfurados mais de 150 poços no pré-sal brasileiro, com sucesso variável entre 25% e 30%. A fantasia criada por um marketing político, engajado na mistificação, atropela a verdade histórica, como demonstraremos. 

Em um país de memória rala é fundamental desmistificar os assaltantes de feitos que tiveram outros autores. A descoberta de petróleo no mar, na Bacia de Campos, tem um único responsável: o geólogo Carlos Walter Marinho Campos. Foi sua coragem e determinação que gerou a descoberta da maior província petrolífera do Brasil. Em 1973, demonstrou que havia existência de petróleo na parte submersa do poço 1-3-R-157, na área de Macaé. Diretor da área de exploração aprofundou as pesquisas em parte rasas da costa oceânica, com investimentos limitados. 

Na época, o presidente da estatal, o general Ernesto Geisel, determinou o cancelamento do projeto pela inviabilidade da existência de óleo na área. Corajosamente ele enfrentou a resistência de Geisel, argumentando que havia sinais indicativos de petróleo na formação geológica batizada de "calcário de Macaé". No ano seguinte, em 1974, era descoberto o poço de Garoupa, na Bacia de Campos. 

Ali se mudava a história do petróleo no Brasil. A exploração "off-shore" (no mar), onde antes predominava a exploração "on-shore" (em terra), surgiu há 40 anos e teve em Carlos Walter Marinho Campos, o seu autor e desbravador. Morto em 2000, o grande técnico brasileiro é ignorado e desprezado pelas direções da Petrobrás, aparelhadas nos últimos anos. Pioneiramente alertava que as rochas onde o petróleo se armazenava eram compostas de carbonato de cálcio de enorme obstáculo à penetração das brocas perfuratrizes. 

Era preciso desenvolver tecnologia pioneira sobre as rochas carbonáticas, caracterizadas por porosidade e permeabilidade diferenciadas. Sendo viscoso pode se desprender para dentro do poço de petróleo, se a penetração da sonda não for adequada, fechando o veio de extração do óleo. A memória geológica de Carlos Walter Marinho Campos era notável. Aperfeiçoada nas viagens de observação que fazia ao Oriente Médio, fundamentariam a sua obsessão na descoberta do petróleo no mar brasileiro. 

No Irã e no Iraque constatara que a existência de "rocha de calcário" no mar produz grandes quantidades de petróleo. Foi muito importante a associação da estatal brasileira com a estatal petrolífera do Iraque, na descoberta da província de "Majnoon" que se transformaria em uma das áreas mais produtivas de petróleo no país de Sadam Hussein. Fato pouco conhecido pelos brasileiros. No final das décadas de 70 e 80, quando da crise e preços astronômicos do petróleo mundial, o Brasil teve no Iraque um parceiro privilegiado no abastecimento interno do petróleo, em situação vantajosa. Paralelamente, o mercado interno iraquiano, foi aberto e garantido para empresas brasileiras, como Volkswagen, vendendo o carro Passat na escala de milhão; Engesa, que fornecia armamentos desde os tanques cascavel a armamentos sofisticados, inclusive foguetes de mediano alcance; a construtora Mendes Junior, foi a executora do asfaltamento da rodovia de Bagdá a Basra, no sul do país. Igualmente na execução de serviços ferroviários na região norte, na área de Mossul. 

Outras empresas brasileiras forneceram bens e serviços ao governo iraquiano. Posso testemunhar a existência dessa realidade porque na época estive no Iraque. A exploração petrolífera brasileira no mar, inicialmente com a camada do "pós-sal" na Bacia de Campos e agora no "pré-sal", não foi fruto de "milagre marqueteiro", nem bandeira de exploração política, como os governos Lula da Silva e Dilma Rousseff vêm fazendo, usando e abusando da boa fé dos brasileiros. 

Atestada na propaganda falsária que vem sendo veiculada nas rádios e televisões nacionais. Enfatizar a descoberta do "pré-sal" como êxito governamental é mentir deliberadamente de maneira criminosa. Hoje, após superar a crise ética, financeira e econômica em que o conluio de políticos, empresários poderosos, diretores delinquentes e um governo que fez vistas grossas à corrupção nos últimos anos, a Petrobrás terá no "pré-sal" a certeza de que voltará a ser uma empresa que orgulhará os brasileiros. A notável figura humana e incansável pioneirismo do saudoso geólogo Carlos Walter Marinho Campos, será sempre lembrada pelos brasileiros que tem memória. E acreditam no futuro.


Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira. Ele mora e trabalha no Paraná, embora seja de origem baiana. 

“Não é pelo tamanho das orelhas que se conhece um bom ouvinte.” (Mim)

E como diz minha avó noveleira com tampa de caneta BIC mexendo nos ouvidos: “Eu adoro o Magal quando canta Amante Latindo!”

EU MENINO E A SALVADORA CONGA

EU MENINO E A SALVADORA CONGA

Dedões espalhados
Pés encardidos e cascudos no macadame quente
Brincando de bola nos campinhos de terra
Atirando de caubói no timbozal da Marechal Bormann
Ou atacando de Três Mosqueteiros
Após a matinê no Cine Ideal
Catando pente de mico perto do riacho
Buscando araticum nas matas do Palmital dos Fundos
Enroscando-se nos carrapichos
Pisando nas rosetas e pedras pontiagudas
Tudo o que fazia o sofrimento dos pés
Foi acabado ou reduzido
Com chegada da salvadora Conga Azul.

Deserto

DESERTO

Areia
Sol escaldante
Cansaço e sede
Caminhar lento
Animais peçonhentos
Passos em câmera lenta
Areia
Noite que congela
Num mar de estrelas
E imensa solidão no solo
O deserto não perdoa
Não é um lugar para fracos
Pois logo eles perecem.

MAL

MAL

É o submundo
Vermes de foice e martelo invadem mentes
Mentem
E os homens não vacinados
São suscetíveis ao mal
Porém esses somente darão conta da doença terminal
Quando a cura não for mais possível.

“Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Sei não. Eu nunca confiei na família dos raios.” (Mim)

“Meu coração é de Jesus, meu pulmão da Souza Cruz e a fumaça do povo em geral.” (Mim)

E como diz a minha avó noveleira mastigando um torresminho: “Nunca fui fã de bebidas alcoólatras!”

“Hoje acordei meio Dilma. Não falo coisa com coisa. “ (Josefina Prestes)

“Quando os cadafalsos estiverem prontos será que os omissos perguntarão qual é a finalidade deles?” (Eriatlov)

“A vida não é feita só de merengue. Às vezes é preciso limpar um cascudo.” (Eriatlov)

”Os números não são o forte da Dilma. Nem as letras. Forte mesmo é a sua arrogância bestial.” (Eriatlov)

“Somente um homem livre pode escolher entre o abismo ou o azul do céu. No comunismo a única opção é conformar-se com a mediocridade dos iguais.” (Eriatlov)

“O símbolo do governo do PT deveria ser uma teta.” (Eriatlov)

“O comunismo é o melhor regime para emagrecer.” (Eriatlov)

Roberto DaMatta: ‘A hora do cidadão comum’

Publicado no Globo
ROBERTO DAMATTA
Passei a semana acompanhando a CPI da Petrobras, lendo os jornais mais importantes do Brasil e seguindo pessoalmente as manifestações. Não fui ao Rio, mas fiquei numa Niterói ilhada por obras que, espero, venham a melhorar a minha vida: a vida de um homem comum que, durante décadas, tem trabalhado no Rio e em todo lugar. Sujeito que subiu em ônibus, tomou barca, lotação e foi do tempo do andar de bicicleta e a pé.
Dizer que há uma guerra entre ricos e pobres ou afirmar, como fazem os áulicos da presidente Dilma, que “o contra” é mais motivador do que o “a favor” é ficar no mais imbecil dos sofismas.
Pois quem é a favor é contra e quem é contra é a favor. De alguém, de alguma causa ou coisa. No caso: o povo manifestou-se contra um governo paralisado por sua mendacidade, mas a favor da punição dos ladrões do mais pornográfico sistema de corrupção jamais montado no Brasil. Um sistema que vem do centro do poder e chega à periferia da sociedade É claro que as pessoas estão contra o governo Dilma, mas estão a favor daquilo que move todo povo trivial e idiota: a honestidade, a dor de consciência, a vergonha de testemunhar o furto daquilo que faria o progresso e o bem-estar de um Brasil que eles não acham que é atraso ou babaquice amar.
Do mesmo modo, todo rico tem quem seja mais rico e todo pobre conhece alguém mais pobre. Trata-se de uma oposição segmentar, como diziam os antigos sociólogos ou, como dizem os mais jovens, é um fractal. Como acontece com a oposição entre a casa e a rua na sociedade e, na política, entre direita e esquerda. Não é preciso pensar muito para descobrir que a casa tem uma rua (e vice-versa) e que cada direita tem a sua esquerda. Ou o velho Trotsky não foi assassinado? Quem o matou foi a direita ou a esquerda do stalinismo?
Quando eu fiz uma pesquisa num bairro periférico de São Paulo com pessoas que se definiam como “pobres”, fiquei parvo ao descobrir que todos, rigorosamente todos, se diziam pobres. Assim como os porta-vozes de Dilma que dizem querer um “diálogo” que termine por calar a nossa boca: a boca que foi calada por tanto tempo do cidadão comum. O tal povo que, neste movimento histórico, sai das asas dos partidos. Seja porque eles são todos falidos, mentirosos, malandros — maquinas de enricar seus membros; seja porque ninguém atura mais os Lulas, as Dilmas, as Gleises, os Cardozos (com z), os Dirceus (o “capitão do time”) os seus mensaleiros-jogadores, os Mantegas e as Rosemarys com suas pachorras e bebês.
O homem e a mulher comum se cansaram de pagar a conta da bomba de hidrogênio que foi o roubo ordenado, calculado, com um óbvio viés político-ideológico-partidário na maior e mais querida empresa do país.
Ouvir o Sérgio Gabrielli na CPI foi uma aula e um insulto. Ouvir novamente as reuniões do Supremo ou dos outros tribunais não pode mais ser um outro ato de autoflagelação. Ou mais uma aula de douta malandragem. O povo se cansou de testemunhar que o crime compensa quando o roubo é feito por agentes públicos graduados, eleitos para redimir e não sacanear o Brasil. Pois cada oitiva não termina numa lição de justiça, mas numa pedagogia de corrupção. Numa demonstração dos dotes necessários para bem roubar o Brasil: ter cara de pau, cinismo, frieza, ousadia, ausência absoluta de espírito publico, de patriotismo e, acima de tudo, de gosto pela malandragem que não dá em nada!
O outro aprendizado tenebroso é o seguinte: para roubar nesta escala e com tanta legitimidade, é preciso ser governo. Quem rouba não é o partido, nem as empresas, nem o papel de deputado, governador, prefeito, senador ou presidente. Quem rouba é a urdidura partidária relacional que mete na cabeça uma utopia ou um ideal revolucionário, o qual vai tirar a sociedade de sua miséria de pessoas comuns que trabalham, casam e fazem filhos misturados, que comem arroz com feijão e adoram carne-seca, samba e cerveja. Aceita a ideologia e implementado o partido como governo, começa a ação de “cuidar” ou revolucionar a sociedade. E, já que não se pode acabar com o mercado e a eleição, por que não comprá-los?
A nobreza das utopias — alimentar os famintos, vestir os nus, dar abrigo aos sem-teto — são as palavras mágicas dessa cosmologia política pervertida, segundo a qual o governo, sabendo tudo e tudo possuindo, sabe mais e melhor do que a sociedade.
Mas eis que, depois uma década no poder, nada disso ocorre, exceto a utopia de enricar sem fazer nada — apenas governando e politicando: vendo onde, quando e quanto se pode tirar sem dolo, culpa ou remorso porque o dinheiro era do lucro e o lucro, como na Idade Média, é roubo e pecado. E quem rouba o ladrão tem mil anos de perdão…
Assusta, neste glorioso 15 de março, essas manifestações não encarnadas pelo falso vermelho, e marcadas pelo verde-amarelo. O verde-esperança e o ouro sem mácula que pintam o coração de milhares de brasileiros. Esses cidadãos comuns. Essa gente miúda. Esse povinho sem ideologia ou utopia, mas com a moralidade, apesar de tudo, intacta!

Rodrigo Constantino- O vale das Quimeras: a Suécia como um mito do sucesso do welfare state

“Sem um capitalismo de primeira linha não pode existir bem-estar ou, menos ainda, um Estado beneficente.” (Mauricio Rojas)
Com a queda do Muro de Berlim e do império soviético, abrindo as cortinas de ferro para o mundo e mostrando o fracasso do socialismo, os socialistas órfãos se viram desesperados atrás de alguma ideologia nova. Foram encontrar refúgio no Estado de Bem-Estar Social, a “terceira via” que preserva a fé num governo benevolente e clarividente, desconfiando ainda da iniciativa privada. Particularmente na América Latina, esta crença encontrou inúmeros adeptos. Num estado de frustração e de carências sociais, a tentação de acreditar numa varinha mágica que, num piscar de olhos, crie tudo que nos falta é quase irresistível. Bastaria “vontade política” para que o governo, através de um ato generoso, resolvesse os males que nos assolam. Tais ilusões criam enormes expectativas quanto ao “messias salvador”, e a frustração apenas aumenta com seu fracasso inevitável. O atalho milagroso acaba sendo uma via sem saída da demagogia populista.
A Suécia é um ícone sempre citado pelos adeptos desta “terceira via”. Entretanto, há muita informação ignorada sobre o modelo sueco. O novo livro de Mauricio Rojas, um chileno naturalizado sueco, que é membro do Parlamento da Suécia e foi professor de história econômica da Universidade de Lund, vem justamente resgatar fatos importantes comumente esquecidos pelos fervorosos defensores do modelo de welfare state sueco. O Instituto Liberal presta um grande serviço ao país traduzindo A Suécia Depois do Modelo Sueco, onde Rojas explica a transição do modelo de um Estado beneficente para um Estado possibilitador. Rojas lamenta a crença naquilo que é, na verdade, um mito: “Triste destino esse de ter fé em quimeras políticas em vez de acreditar naquelas instituições da liberdade econômica que deram, primeiro à Europa Ocidental e aos Estados Unidos, e depois a um número cada vez maior de países, um bem-estar que nem sequer em sonhos se teria podido imaginar há dois séculos”. Para o autor, o modelo sueco é “a última utopia de uma esquerda que depois da queda dos totalitarismos comunistas foi ficando com as mãos cada vez mais vazias”.
O próprio povo sueco já vem abandonando faz algum tempo esse modelo maximalista do Estado beneficente. Os seus custos foram elevados demais, mesmo para um país de população pequena – apenas nove milhões de pessoas – e educada, que não sofreu as conseqüências devastadoras das guerras que destruíram os demais países da Europa. Além disso, a herança do que podemos chamar de período liberal da história da Suécia, que vai desde a instauração da plena liberdade de indústria e comércio em 1864 até o início da hegemonia social-democrata em 1932, foi o que possibilitou uma expansão tão assustadora do governo na vida do povo, oferecendo mais e mais à custa de pesados impostos. A carga tributária total, por exemplo, duplicou entre 1960 e 1989, passando de 28 para 56 por cento da renda nacional. Mas algum dia o fardo seria excessivo demais. E este dia de ajustes necessários já chegou.
Uma das conseqüências mais óbvias do avanço estatal na economia foi a rápida expansão da economia planificada à custa da economia de mercado. A partir de 1950, praticamente todo emprego líquido criado na Suécia se deu no setor público. O aumento da burocracia e a concomitante queda da liberdade econômica logo geraram resultados nefastos. A Suécia, que era o quarto país mais rico do mundo em termos de renda real per capita em 1970, ocupou em 2003 o 14º lugar no ranking da OCDE. Entre 1975 e 2003 a economia sueca cresceu 68% enquanto a norte-americana aumentou 141%. A estagnação era um resultado inexorável da gradual asfixia do setor privado. As grandes empresas suecas, em sua maioria, são empresas que já eram grandes no passado. O modelo sueco, focado demais na igualdade, não deixava muito espaço para a mobilidade.
Além disso, deve-se ter em mente o alerta que Hayek fez, afirmando que a mudança mais importante que um controle extensivo do governo produz é uma mudança psicológica, uma alteração no caráter das pessoas. A vida dos cidadãos suecos se viu amplamente politizada, já que a liberdade de escolha estava severamente restrita. O meio de conseguir as coisas era o meio político, da barganha e da luta por privilégios. O monopólio estatal sobre a organização de serviços básicos como educação, saúde e assistência social fez com que as decisões mais íntimas das famílias fossem submetidas à influência política. Teve até um caso de um idoso que entrou na justiça defendendo seu “direito” de ter prostitutas pagas pelo governo! O ressentimento entre jovens – que assumem a conta – e idosos aumenta exponencialmente. Esta realidade contrasta absurdamente com um provérbio curiosamente sueco, que diz que “o melhor lugar para achar uma mão que ajude é no final do seu braço”. O paternalismo excessivo cria inúmeros parasitas.
A passividade diante de um Estado paternalista que “cuida” dos cidadãos nos mais variados aspectos cria um moral hazard brutal na sociedade. Os escândalos de corrupção cresceram de forma impressionante, chocando a nação. Um caso sintomático envolveu quase uma centena de funcionários do poderoso monopólio estatal da venda de bebidas alcoólicas, cuja chefe era nada menos que a esposa do primeiro-ministro.
Outra seqüela importante do welfare state acaba sendo a xenofobia, já que os beneficiados pelo esquema de privilégios temem a invasão de imigrantes pobres em busca das mesmas regalias grátis. Com pesados impostos, os mais ricos e produtivos acabam fugindo para países mais amigáveis, levando ao conhecido brain drain, enquanto vários imigrantes necessitados tentam entrar no país para aproveitar vastos serviços públicos gratuitos. Nas vizinhas escandinavas, como Noruega e Dinamarca, já existem partidos xenófobos influentes, que fizeram da “questão da imigração” o tema fundamental. Este crescente sentimento de reclusão é uma realidade preocupante nos países com inchado welfare state.
A partir de 1990 os ventos começariam a soprar em nova direção na Suécia. O abandono sucessivo do modelo de Estado beneficente ocorreu durante esta década. A crise econômica estava em patamares preocupantes, e a taxa total de desemprego subiu de 2,6% em 1989 para 12,6% em 1994. A crise fiscal que se seguiu foi extremamente aguda. O déficit público explodiu, alcançando 12,3% da renda nacional em 1993. A exclusão em bairros marginais assustou uma população acostumada com um elevado grau de igualdade. Em 1991 era eleito para primeiro-ministro Carl Bildt, do Partido Conservador. Pela primeira vez a social-democracia foi derrotada por uma coalizão que manifestava abertamente o desejo de mudar profundamente o sistema vigente.
Entre as várias reformas adotadas, está o saneamento das contas fiscais através da redução do gasto público, que chegou a cair mais de quinze pontos percentuais em relação à renda nacional. A dívida pública baixou de 80 para 53 por cento da renda nacional entre 1994 e 2000. Além disso, a liberdade de escolha foi radicalmente ampliada, como no caso da educação, utilizando-se os vouchers desde 1992, garantindo a liberdade dos pais dos alunos para decidir onde colocar seus filhos para estudar. Do lado da oferta, houve uma ampla liberdade de estabelecer escolas independentes e de competir com o setor público. O sistema de pensão também foi reformado, e foi estabelecido o direito de decidir com plena liberdade a aplicação de uma parte da poupança entre uma grande variedade de fundos. O capitalismo era estimulado assim, despertando interesse popular inusitado pelas variações na bolsa de valores. O Riksbank, banco central sueco, passou a focar na estabilidade de preços com uma meta de inflação de apenas 2%. Inúmeras privatizações ocorreram também, reduzindo a intervenção estatal em importantes setores. Segundo o World Fact Book, da CIA, as firmas privadas já são responsáveis por 90% da produção industrial do país.
A pluralidade e diversificação são inimigas do igualitarismo, que nos remete ao “fordismo”, cuja filosofia pode ser expressa por Henry Ford ao dizer que os consumidores poderiam livremente escolher o automóvel de sua preferência, desde que fosse um Ford Modelo T de cor preta. Colônias de insetos gregários não combinam com liberdade de escolha individual. O povo sueco vem se mostrando cada vez mais cansado desta perda de liberdade. O custo da suposta igualdade ficou elevado demais.* No vale das quimeras, onde o governo garante uma vida “digna” a todos sem muito esforço, o resultado na prática é sempre um rio de lágrimas. Para Mauricio Rojas, este modelo paternalista se tornou incompatível com o desenvolvimento da sociedade, e “hoje já pertence ao mundo das recordações e dos mitos”. **
* Suposta igualdade porque na prática uns sempre serão mais iguais que os outros. Quando o primeiro-ministro social-democrata Göran Persson precisou ser atendido para se tratar de uma doença, ele buscou uma clínica privada, fugindo das longas filas de espera nos hospitais públicos. A elite social-democrata se trata nos mesmos locais que os empresários ricos.
** Outra fonte muito boa de informação sobre a realidade sueca pode ser encontrada no artigoThe Sweden Mith, do economista Stefan Karlsson, publicado no Mises Institute. Nele, o economista, que trabalha na Suécia, mostra como o afastamento de guerras desde 1809 foi um dos fatores mais importantes no relativo sucesso da Suécia, assim como as reformas de livre mercado adotadas nos anos 1860. Entre 1870 e 1950, a Suécia se transformou num dos países mais ricos do mundo. Mas entre 1950 e 1975, os gastos do governo subiram de 20% para 50% do PIB. As mudanças tornaram o país menos competitivo em termos globais. A moeda, o krona, acabou sendo desvalorizada. A inflação começou uma escalada contínua. Portanto, usar a Suécia como ícone de sucesso do modelo de welfare state é uma falácia. Na verdade, a Suécia enriqueceu por conta tanto do liberalismo como de sua neutralidade militar, e o inchaço estatal plantou as sementes do relativo fracasso. Reformas liberais têm sido adotadas para reduzir o estrago causado pelo tamanho do Estado. Correlação não é causalidade. A Suécia desfruta de boa qualidade de vida a despeito do welfare state, não por causa dele.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

“Pedro, o povinho ainda não entendeu que sou impotente e não onipotente. Que parem de rezar, ergam suas bundas e batalhem por dias melhores.” (Deus)

Por uma Sociologia não-marxista

Por uma Sociologia não-marxista

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Há uma relação estabelecida entre os homens. Essa relação pode se dar de uma maneira fluida, quando está de acordo com as nossas inclinações e princípios ou de uma maneira tensa. O eu e o outro se relacionam sempre em um esforço de convergência para a socialização, mesmo que esse esforço se revele em conflitos. Aqui, chega-se a um dos aspectos de uma doutrina que se consagrou como aquela que desvelou na luta de classes o motor da História.
A Sociologia de inspiração marxista oferece uma interpretação abrangente da sociedade moderna e uma compreensão das leis de evolução da história baseada em uma teoria das estruturas sociais, das relações de força e das relações de produção. Essa doutrina é global, totalizante e determinista e, muitas vezes, suas ideias são apresentadas como conquistas definitivas e como bandeiras políticas a serem levantadas. Como corrente interpretativa e como estudo social ela se solidificou no imaginário coletivo, fazendo crer que a sua previsão para o futuro da sociedade poderia ser aplicada para sempre. Quando se levantou a bandeira dessa doutrina, aplicando-a efetivamente na história, houve, de um lado, aqueles que lutaram para se libertar de uma exploração contínua e, de outro, aqueles para os quais a apropriação dessa teoria serviu de pretexto para o aparecimento de sistemas de governo autoritários ou totalitários.
Esse modelo é, pois, um obstáculo a ser enfrentado pela Sociologia que pretende continuar evoluindo. Sem desmerecer o valor da teoria marxista, parte-se aqui do pressuposto de que sua leitura social enquadra-se em um dado momento da história e que, sendo a história dinâmica e imprevisível, cabe à Sociologia construir novas formas de pensamento, novas teorias, novas propostas e novas ações a fim de reavivar aquilo que sempre foi seu ideal: a compreensão da sociedade para a modificação social em direção a um patamar mais lúcido, mais coerente, mais humano e mais justo.
Outros pensadores devem colaborar, portanto, para a construção de um pensamento social voltado para a atualidade e para a possibilidade de intervenção na realidade. Outros autores devem se fazer presentes nesse quadro animado que professores e alunos observarão juntos: o quadro de uma sociedade viva, pulsante, dinâmica, ávida por construir um futuro melhor. Por meio do estudo, da leitura atenta e da reflexão, lograr-se-á êxito em colocar o estudante dentro do movimento vertiginoso de teorias e de ações humanas, na tentativa de compreensão daquilo que o homem produziu com o seu trabalho, com o seu talento, com a sua luta e com o seu amor.
Colocamo-nos assim como porta-vozes de um desejo: o de que essa disciplina recentemente posta no currículo do Ensino Médio possa ser revigorada pela mente crítica e perspicaz dessa juventude que a vivencia, que a estuda, que a configura segundo os seus próprios projetos e segundo as suas mais nobres aspirações. Temos a certeza de que a reiterada comunicação daquilo que já foi dito não é o suficiente para o florescimento de uma nova geração. Antes, é preciso uma apropriação, uma renovação e uma justa crítica de tudo aquilo que porventura venha a ser apresentado.
Levando-se em conta que a Sociologia tem por particularidade tomar por objeto de estudo transformações sociais que envolvem campos ideológicos opostos e que o professor dessa disciplina ocupa um desses campos, é necessário discernir com clareza os efeitos que o posicionamento social e político do professor tem na vida intelectual de seus alunos. O professor precisa tomar consciência de sua própria posição, sendo a lucidez acerca desse ponto condição para o rigor do conhecimento que pretende repartir. Mais importante ainda é colaborar para a autonomia intelectual daqueles que estão sob sua influência em vez de doutriná-los com as próprias convicções.
Atualmente parece superado o debate que, de início, ameaçava reduzir a Sociologia às ciências naturais. Trata-se, hoje, a Sociologia em seu caráter específico; no entanto, vive-se uma época que se convencionou chamar de crise da pós-modernidade, caracterizada, entre outras coisas, pela desilusão com as promessas modernas de emancipação humana. Essa crise atingiu fortemente as ciências sociais, de modo que hoje se questiona até que ponto seria possível reverter esse quadro sem uma revisão de seus principais paradigmas.
A crise da Sociologia deve-se principalmente ao descompasso entre sua capacidade explicativa e a nova realidade social. Tratam-se, muitas vezes, algumas categorias da análise sociológica como realidades históricas. Por exemplo, ainda se utiliza, muitas vezes, o sistema de classes burguesia e proletariado – típico do capitalismo industrial – no contexto de relações muito mais complexas do capitalismo globalizado, contexto esse em que a própria existência de classes sociais poderia ser posta em dúvida.
Vivencia-se hoje uma nova era de transição social: a sociedade industrial nacional está sendo substituída por uma sociedade informacional global na qual a identidade gerada tanto pelo trabalho quanto pela nação está sofrendo um processo profundo de desconstrução devido à revolução informacional e à globalização. Nesse sentido, questiona-se, por exemplo, a concepção do trabalho como categoria central da sociabilidade humana, já que, para alguns estudiosos, caberia à linguagem e não ao trabalho esse papel fundamental.
A Sociologia estuda o homem inserido em seu meio. Sendo este meio variado e heterogêneo, cabe ao sociólogo a tarefa de, na medida do possível, buscar encontrar as semelhanças que possibilitem uma descrição social válida. O universo social global, heterogêneo e multicultural pertence ao sociólogo como objeto de estudo tanto quanto a pequena aldeia indígena com seus hábitos particulares. O horizonte de aplicação da análise sociológica pretende-se, portanto, ao mesmo tempo local e global. A Sociologia quer fazer não apenas a experiência concreta de uma dada realidade social, mas quer também projetar suas informações para a consecução de teorias mais abrangentes. Foi assim que, no começo do seu desenvolvimento, a Sociologia ocupou-se tanto das observações restritas quanto das teorias gerais. Atualmente, constata-se uma espécie de ruptura ou de intervalo entre esses dois métodos. De um lado, postulam-se teorias abrangentes e, de outro lado, compilam-se informações. Essa fissura precisa ser superada, pois cabe a essa disciplina tanto a acuidade da investigação empírica quanto perspicácia da hipótese generalizada.
O que se verifica, portanto, é a necessidade de se fazer um balanço crítico das conquistas e fragilidades da Sociologia, a fim de que seja possível a essa disciplina continuar exercendo o seu papel na explicação dos fenômenos sociais. Já não faz mais sentido partir simplesmente das relações de produção como dimensão condicionante da política, da cultura e da própria consciência. As questões são bem mais complexas e não se deixam capturar por tais reducionismos. A disciplina que se pretenda menos uma ideologia que um instrumento sério de análise e interpretação da realidade precisa efetivamente desvincular-se de todas as pretensões dogmáticas que a prejudicam.
Sempre que a Sociologia se faz presente, o que se pretende é alcançar um nível de interpretação capaz de propiciar ao homem não apenas o espetáculo de uma história já desenvolvida, mas aumentar o poder criativo e a capacidade de transformação. Como toda ciência, a Sociologia é capaz de criar saber. Mas, devido a algumas particularidades, ela requer mais do que outras ciências uma vigilância constante em relação ao conhecimento que produz, pois esse conhecimento pode, além de ser falso, tornar-se uma ideologia.
Essa necessidade de velar sempre por uma concepção não dogmática de saber faz dessa disciplina um exercício incessante de reflexão. A importância da Sociologia está no fato de que a sociedade atual, que se torna cada vez mais carente de interpretação, cada dia mais desafiadora e mais atravessada de conflitos pede um pensamento hábil e perspicaz, pede uma reflexão crítica, sem ideologias rasteiras, pede um engajamento sóbrio e uma audácia investigativa capaz de desvendar tudo aquilo que se esconde por trás de discursos, de ideias e de atitudes.
Doutoranda em Filosofia pela UFSCar
Catarina Rochamonte é graduada em Filosofia pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), mestre em Filosofia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), doutoranda em Filosofia pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); é escritora e jornalista independente.

“Fantasmas? Só no serviço público.” (Gentil Coveiro)

“Vida após a morte? Acredito sim! Eu mesmo já morri várias vezes!” (Pócrates)

O cinema teve Nosferatu, o vampiro. Nós temos Dilma, Nosferrando. Arre!

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PARA QUE NÃO CAI NO ESQUECIMENTO- ANDRESSA HOLZ

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Em junho de 2010 Andressa 12 anos, desapareceu e depois foi encontrada morta em Linha Leãozinho-Luzerna, onde morava. O assassino não foi descoberto. Esperamos que um dia o autor seja apanhado.
http://blogdoederluiz.blogspot.com.br/2010/07/caso-andressa-ric-record-apura-que.html

O ANTAGONISTA- A notícia mais importante do dia (até agora)

O Antagonista arrisca dizer que a notícia mais importante do dia já foi dada na coluna de Lauro Jardim. A Procuradoria-Geral da República deu parecer contrário a um mandado de segurança que o BNDES apresentou no STF, a fim de evitar que o TCU tenha acesso às informações sobre os financiamentos concedidos ao grupo J&F, mais conhecido como JBS/Friboi.
O BNDES alega que a entrega dos dados requeridos pelo TCU feririam o sigilo bancário. No parecer, o subprocurador-geral da República Paulo Gustavo Gonet Branco disse o óbvio: que financiamentos com recursos públicos devem ser transparentes. Caberá ao ministro do Luiz Fux decidir a parada.
Como o grupo J&F é o maior financiador das campanhas do PT, a revelação das informações do BNDES pode significar a abertura de uma caixa de Pandora para o partido que lava dinheiro com doações oficiais.

Pedido especial dos brasileiros- Garantir Lula e Dilma na viagem sem volta ao Planeta Vermelho.

SÓ ELA NÃO SABE- Armínio Fraga: ajuste fiscal é insuficiente para estancar dívida

O ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, acredita que os esforços fiscais que estão sendo feitos pelo governo não são suficientes para estancar o aumento da dívida bruta do país, tendo em vista a alta dos juros e a deterioração das perspectivas de crescimento. Para ele, em vez de um superávit primário (economia feita para o pagamento de juros da dívida pública) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), seria necessário um resultado superior a 3% do PIB ao longo de três anos até 2017. As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira.

MISES BRASIL- Não é a meritocracia; é o valor que se cria

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Meritocracia é uma palavra bonita. Não. É uma palavra que remete a uma coisa bonita: que cada um receba de acordo com seu mérito, que em geral é igual a esforço, dedicação; às vezes se inclui a inteligência.
E — é o que garantem alguns liberais — é isso que vigora no mercado. Quem se esforça, chega lá.
É questionável até que ponto esse tal mérito pessoal sequer exista. Hélio Schwartsman, na Folha, apontou aquele fato que ninguém gosta de lembrar: o esforço pessoal, o suor, a capacidade de trabalho, a inteligência; todos dependem de variáveis que estão fora da escolha pessoal — do mérito, portanto — do indivíduo. Essa esfera do que é só meu, do mérito próprio distinto das circunstâncias do ambiente e da história, simplesmente não existe.  Ao menos, não da forma simplória que se vende.
E existindo ou não, será verdade que o mercado premia justamente o mérito? Se for, caro liberal, então você está obrigado a defender que Gugu Liberato e Faustão têm mais mérito do que um professor realmente excelente e que realmente ensine coisas úteis.
Nada contra o Gugu e o Faustão, mas eles não são meu exemplo ideal de disciplina, dedicação e trabalho duro. E, mesmo assim, o mercado os recompensa muito bem. Do outro lado, milhões de trabalhadores labutam dia e noite, e outros milhões de desempregados procuram o que fazer, e continuam pobres. Ainda falta esforço? São preguiçosos, burros talvez?
Nada disso.
O que realmente determina a remuneração no mercado não é o mérito, não é a virtude, não é o esforço ou a dedicação. É apenas a criação de valor; o valor que aquela pessoa consegue adicionar à vida dos demais.
Não importa se é por esforço, inteligência, sorte, talento natural, herança; quanto mais imprescindível ela for aos outros, mais os outros estarão dispostos a servi-la.
O esforço por si só não garante nada. É verdade que, tudo o mais constante, se a pessoa encontra um campo em que ela gera valor, o esperado é que mais esforço gere mais valor. Com o passar das gerações, a ascensão social se acumula: a filha da retirante nordestina que trabalha de empregada tem computador, aula de inglês e provavelmente não será doméstica quando crescer.
É assim que as sociedades enriquecem. Não é de uma hora para outra, e não tem nada a ver com a crença ingênua de que a renda é ou deveria ser proporcional ao mérito.
Nada é garantido. Às vezes o setor em que o sujeito trabalha fica obsoleto, e o valor produzido pela dedicação de uma vida cai abruptamente. Havia gente muito dedicada entre os técnicos de vitrola de meados dos anos 1990; e mesmo assim…
Meritocracia é um conceito que se aplica ao interior de organizações. Promover membros com base no mérito (em geral medido por algum indicador) pode ser melhor do que fazê-lo por tempo de serviço, pela opinião subjetiva de um superior etc. Meritocracia é um modelo de gestão.  Até mesmo o governo, por exemplo, poderia se beneficiar dela, reduzindo suas ineficiências.  Não é um modelo sem falhas: a necessidade de mostrar resultados cria uma pressão interna muito grande e pode minar a cooperação, a manipulação dos indicadores pode viciar o sistema de avaliação.
Encontrar o sistema mais adequado a cada contexto é uma questão de administração, de funcionamento interno de organizações, que nada tem a ver com o mercado.  Mercado é o processo (sim, memorizem isso: o mercado é um processo) no qual algumas organizações existem e operam. Às vezes organizações nada meritocráticas prosperam no mercado, e organizações meritocráticas podem existir fora dele.
Satisfaça as necessidades dos outros, e as suas serão satisfeitas. Não importa se é por mérito, por sorte ou por talento. O cara mais esforçado e bem-intencionado do mundo, se não criar valor, ficará de mãos vazias.
Achou injusto? Então aqui vai um segredo: é você quem perpetua esse sistema. Se sua geladeira quebra, você vai querer um técnico esforçado e que dê tudo de si, ou vai querer um que faça um ótimo serviço, com pouco esforço e a um baixo custo? Quer um restaurante ruim mas com funcionários esforçados ou quer comer bem? O mundo reflete o seu código de valores e, veja só, ele não é meritocrático.
A vida não é e nem deve ser uma corrida que parte de condições iguais e na qual, no fim do jogo, vencem os melhores. Na medida em que esse sonho meritocrático é sequer possível (estamos muito longe de corrigir desigualdades genéticas, por exemplo), ele exigiria um investimento enorme só para produzi-lo; sacrificaríamos valor para criar condições artificiais que se adequem a esse ideal abstrato. Todos ficariam mais pobres para realizar esse sonho moral.
Mas quem disse que a igualdade é moralmente superior à desigualdade? Se um meteorito cai na minha casa e não na sua, isso é injusto? É imoral?
O sistema de mercado não premia a virtude; ele premia, e portanto incentiva, o valor. É feio dizê-lo? Pode ser, mas ele tem um lado bom: é o sistema que permite que a vida de todos melhore ao mesmo tempo. Que todo mundo que quer subir tenha que ajudar os outros a subir também. Ele não iguala o patamar de todo mundo, mas garante que a direção de mudança seja para cima.
O ideal da meritocracia tem o seu apelo, mas ele depende de meias-verdades: a ideia do mérito que é só meu e de mais ninguém, a de que meu suor justifica o que eu ganhei. Sem suor ou inteligência, o ganho é sujo, indevido. Mas o outro lado dessa moeda é feio: implica dizer que quem não chegou lá não teve mérito; que a pobreza é culpa do pobre.
A lógica do mercado é outra: você criou valor, será recompensado. Sua riqueza não diz nada sobre o seu mérito; ela não justifica e nem precisa ser justificada. O resultado desse foco no valor é que mais valor é criado. Você recebe aquilo que entrega e todos ganham.
[Nota do IMB: por que Faustão, Gugu, jogadores de futebol e artistas globais ganham mais de R$ 1 milhão por mês ao passo que um professor realmente bom ganha apenas uns R$ 5 mil?  Um bom professor pode realmente gerar valor, mas ele gera valor para uma quantidade ínfima de pessoas ao ano.  Quantos alunos diferentes ele tem?  Provavelmente, não mais do que 200 (um número bem exagerado).  Portanto, ele cria valor para 200 pessoas por ano.  É uma produtividade extremamente baixa.  Já os indivíduos supracitados têm alcance nacional (alguns, mundial), milhões de pessoas consomem voluntariamente seus serviços, e eles geram retornos — goste você ou não deles — para seus empregadores semanalmente, que estão satisfeitos em lhes pagar salários milionários.  Se não gerassem valor, seria simplesmente impossível terem esses salários.]

Joel Pinheiro da Fonseca é mestre em filosofia e escreve no site spotniks.com." Siga-o no Twitter: @JoelPinheiro85 

Miniconto- Infarto do Miocárdio

INFARTO DO MIOCÁRDIO

Borda do Cafundó, três mil almas. No dia 15 de outubro de 2010 nasceu o primeiro filho de Jurema e Deodato. Ele escolheu o nome do menino, nome este que não saiu da sua cabeça deste que ouviu alguém falar no hospital da capital, quando o pai estivera internado: ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-Como? Perguntou perplexo o
tabelião Amadeu.
-‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-‘Infarto do Miocárdio’ não pode seu Deodato!
-Não pode, não pode por que seu Amadeu?
-Porque não é nome de gente, é um mal que acomete o coração!
-Não me interessa se é ou não é, é diferente, soa bem e eu quero!
-Mas seu Deodato, onde já se viu? Pobre do menino!
-Vai ver está com ciúme! Faça filho e meta nele o nome que quiser! O meu filho será ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’ e o apelido dele será ‘Infartinho do Deodato’!


O tabelião andou de lá para demovê-lo da ideia e nada de conseguir. A tarde já findava e o Deodato não arredava o pé. E quando viu que o tabelião não iria mesmo registrar o Miocárdio não teve outra saída senão sacar da peixeira e do 38 que são dois tipos de muita argumentação. O menino foi registrado e seu Amadeu ganhou mais um afilhado.

“Quem ama o Brasil não mama nele.” (Mim)

Dilma, conquistas sociais é o carvalho! Distribuir dinheiro, isso é governar? Quem paga senão que produz! Governo é um cocô que faz caridade com o suor alheio. Basta! Redução de tributos, pra ontem!

QUADRINHA TRIBUTÁRIA

Todos os dias brotam novos tributos
Das cacholas dos chupins
Tributos que esfolam
Tanto a você quanto a mim.

UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS

-Mãe, por que o pai está tão borocoxô?
-Coisa de nada! Ele está com ciúme da consultoria do Zé Dirceu.

Como diria Padre Quevedo palestrando sobre nulidades: "Dilma non ecziste!"

DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND MOSTRA A ESCABROSA ORQUESTRAÇÃO DE MALFEITOS DO MAIS MÉDICOS

Políbio Braga
A reportagem que você verá no link é do Jornal da Band desta terça-feira à noite. É um material mais do que consistente, inclusive com gravações de representantes do governo Dilma e da Organização Panamericana da Saúde.

São diálogos terrivelmente comprometedores, demonstrando a orquestração de manobras arriscadas para justificar o programa Mais Médicos.

Os protagonistas flagrados em gravações, todos do governo e da OPAS, revelam combinações escabrosas para enganar autoridades brasileiras e principalmente os congressistas e a população.


CLIQUE AQUI para ver e ouvir tudo. Vale a pena. E passe adiante. Ninguém publicou coisa alguma na mídia diária desta quarta-feira no Brasil, apesar do caráter explosivo da reportagem.

PERONDI VOLTA A EXIGIR A RENÚNCIA DE DILMA ROUSSEF

Políbio Braga
Em pronunciamento no plenário da Câmara, o vice-líder do PMDB, deputado Darcísio Perondi (RS), voltou a pedir que a presidente Dilma Rousseff, diante do quadro de falta de credibilidade, de impopularidade e de incompetência, renuncie à Presidência da República.


“Tenho certeza que nosso vice-Presidente, Michel Temer, que nunca é ouvido ou consultado pela senhora, tem todas as condições de tirar o país da crise e do caos político admitido pelo próprio governo”, defendeu.


Segundo Perondi, o País vive uma crise econômica, fiscal e moral sem precedentes. A popularidade da Presidente está cada vez mais baixa e só sua renúncia traria de volta a confiança, a paz e a esperança de todos os brasileiros. Michel Temer, assumindo a presidência, faria um governo de coalizão. Chamaria todos os partidos para conversar, pacificando as relações entre Executivo e Legislativo. “Só Michel Temer pode restabelecer a confiança dos brasileiros, especialmente daqueles que produzem”, disse.


Na avaliação do parlamentar gaúcho, o brasileiro não confia mais na Presidente da República. Para a população, o governo petista está atolado num mar de lama, no maior escândalo de corrupção da história e que tende a crescer ainda mais nos próximos meses. Dilma não tem capacidade de corrigir os erros da economia, de estancar a roubalheira na Petrobrás e outras estatais e nem manter sua base de sustentação política no Congresso Nacional. Além disso, a população já consegue visualizar que a campanha eleitoral de reeleição de Dilma foi pautada na mentira. Dilma perdeu a credibilidade.
Perondi citou análise interna feita pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que admite a existência de um “caos político” e que “não será fácil virar o jogo”. O documento lista erros na estratégia do governo após a reeleição de Dilma Rousseff, principalmente na comunicação. O documento diz que “não adianta falar que a inflação está sob controle quando o eleitor vê o preço da gasolina subir 20% de novembro para cá ou sua conta de luz saltar em 33%”.

Essa tendência fica clara na última pesquisa Datafolha. Do começo de fevereiro até agora, o percentual de brasileiros que considera o governo "ruim ou péssimo" subiu 18 pontos. Quem considera o governo "ótimo ou bom" caiu de 23% no mês passado para 13%. É a primeira pesquisa divulgada após as manifestações populares de domingo, 15 de março.

"Meu automóvel morreu por falta de pagamento. Estou esperando a financeira vir buscar o corpo." (Climério)

“O catolicismo quase me matou com esse negócio de pecado. Teve uma época que até para lavar eu tinha receio de pegar no pinto com medo de ir para o inferno.” (Climério)

“A minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos caíram todos.” (Climério)

FRUTO DA INFLAÇÃO- "Para fazer economia vale de tudo. Estamos escovando os dentes com cinzas." (Climério)

CRISE HÍDRICA-"Para poupar água a minha mulher está usando as calcinhas até do avesso." (Climério)

Alexandre Garcia- Lavanderia

Bernard Madoff, de 76 anos, trabalha na lavanderia do presídio. Em dois anos, foi condenado por enganar investidores americanos. Era consultor de investimento, corretor na bolsa e financista. Sua empresa foi a mais importante de Wall Street. Foi condenado por fraudes de 65 bilhões de dólares a 150 anos de prisão. Mas poderá sair da cadeia se conseguir chegar aos 106 anos de idade. Já está preso há sete anos e ninguém fala em semi-aberto ou prisão domiciliar. Os auxiliares dele também foram condenados. Isso é país sério, que não compactua com foras-da-lei.

 Aqui, os principais do mensalão desfrutam da “prisão domiciliar”. Ficou apenas o Marcos Valério, que foi um mero operador, executor de ordens. Se eu não puder sair de casa, será o maior dos prêmios. Já não precisarei enfrentar as ruas perigosas do Brasil, o trânsito enervante e viverei para mim, minha famílias, livros e música. Será o paraíso na Terra. Pois os mensaleiros foram premiados com isso. Assim sendo, nada foi corrigido: saiu o mensalão, entrou o petrolão.

E fico a pensar se, de novo, acabarão todos na paz do lar, doce lar. É bom que a gente não esqueça que corrupto também é assassino. O dinheiro que falta aos hospitais tem matado muita gente. O dinheiro que não chega à Educação, para formar professores e reformar escolas, está matando o futuro do país. Mas também é causa de morte a nossa indiferença à corrupção, ao roubo, à mentira, à impunidade. Nossa capacidade de reagir parece limitada aos estádios de futebol.

Nos entregamos, como cordeiros alienados, à sanha dos lobos espertalhões. Agora temos um escândalo do tamanho da maior empresa brasileira. Empresa que foi privatizada por partidos políticos. Como partidos não podem ir para a cadeia, pessoas é que devem ser punidas exemplarmente, depois do devido processo judicial. Aqui no Brasil há a mania de não ser claro na responsabilidade pessoal.

Tanto que as manifestações que saem às ruas pedem para punir o crime e não os criminosos; punir a corrupção e não os corruptos. Gente que usou todas as formas para lavar dinheiro, no Brasil, na Suíça e no Caribe. Se nisso estão habituados, por que lavar a roupa suja em casa? Merecem sim, a lavanderia do presídio.

Caio Blinder- Somos todos tunisianos

Eu fui checar os arquivos do Instituto Blinder & Blainder e shame: nunca apelei para o bordão de solidariedade do título acima para a única história de sucesso da Primavera Árabe. E a Tunísia merece, ela precisa. O terror islâmico está convicto da necessidade de matar este exemplo.
O alvo do ataque de quarta-feira foi o Museu Nacional do Bardo,  um dos mais populares locais turísticos da Tunísia, cheio de estrangeiros (17 dos 19 mortos eram turistas estrangeiros). Cerca de 12% do PIB tunisiano dependem de turismo, que teve uma queda dramática desde a revolução de 2011, mas tem se recuperado, apesar da economia europeia estar capenga. Isto é terror islâmico. Vai à carga contra pilares físicos da civilização e da democracia. Os parlamentares debatiam uma lei antiterror enquanto ocorria o ataque lá perto, no museu.
Em dezembro, a Tunísia elegeu democraticamente o seu primeiro presidente, Beji Caid Essebsi, chefiando uma frente anti-islâmica, formada por liberais seculares, esquerdistas e remanescentes da ditadura de Ben Ali. No entanto, a segunda força do Parlamento é o Ennahda, o partido islâmico que dominou o país logo após a revolução e cuja moderação contrasta com os desvairios jihadistas em tantas partes do Oriente Médio ou a militância estreita dos primos da Irmandade Muçulmana no Egito, depostos pelos militares
A moderação do Ennahda, porém, nunca conteve milhares de jovens tunisianos que aderiram ao terror do Estado Islâmico e um líder militante, Ahmed Roussi, morreu na semana passada na Líbia, onde combatia ao lado de uma milícia que jurou lealdade ao Estado Islâmico.
Claro que o bordão “somos todos tunisianos” vale para aqueles que se engajam no processo democrático no país, para as vítimas do terror de qualquer nacionalidade e não para os que saem matando no museu ou por aí. Toda força para a frágil, mas funcional, democracia sendo forjada na Tunísia.

O ANTAGONISTA- O Exército Islâmico tem de ser derrotado

O Exército Islâmico prometia ensanguentar Roma. Ontem a promessa foi cumprida. No atentado terrorista no museu do Bardo, conhecido por seus mosaicos romanos, foram mortos quatro turistas italianos, além de dois colombianos, dois espanhóis, cinco japoneses, um australiano, um francês e um polonês.
O alvo inicial dos terroristas era o parlamento da Tunísia, próximo ao museu do Bardo. O Exército Islâmico pretendia exterminar com suas metralhadoras qualquer tentativa de se criar um islamismo moderado e democrático, como o tunisiano.
A ONU tem de enviar imediatamente suas tropas para a Líbia. É preciso derrotar o Exército Islâmico e impedir que ele contamine toda a região. Está tudo pronto para o ataque. Só falta o acordo entre os dois governos e os dois parlamentos da Líbia - aquele que está Tobruk, eleito no ano passado, e aquele que está em Trípoli, que tem o poder militar.
Prepare-se. É guerra.

“O Cid Gomes dançou. Menos um chupim falastrão. O duro é que a fonte de incompetentes não cessa.” (Eriatlov)

“Até já usei maquiagem, mas não adiantou. Fiquei mais feio ainda lambuzado de pó-de-arroz.” (Assombração)

“Quem não encara a vida, mofa.” (Filosofeno)