domingo, 25 de agosto de 2019

O HOMEM FOGO

Não havia ninguém lá além dele. O branco da neve cobria tudo, da ponta dos pés ao horizonte longínquo. Carlos Kiefer, o homem fogo estava cansado depois de décadas de palco, labaredas e público. Ovacionado quase sempre e às vezes vaiado quando o fogo era pouco. Tinha setenta anos e estava só, a velha companheira havia partido há dois anos. Carlos gostava de extremos, fogo e gelo. O fim estava próximo, a saúde debilitada e o bolso vazio.  Ergueu pela última vez os olhos para o céu cinzento e jogou-se num buraco na neve, levando dois litros de vodca, dez limões e um quilo de açúcar.
O ANTRO

Tardinha de sexta-feira. Sala no subsolo. Ambiente enfumaçado, conversas em voz baixa, sujeitos mal-encarados e outros nem tanto, todos bafejando álcool em grande estilo. Políticos, assaltantes, traficantes, proxenetas, jogadores e algumas prostitutas. Só cidadãos de primeira linha. Ali se reunia a catrefa para planejar novos golpes e maldades embalados por todos os tipos de drogas. Assim do nada tlac tlac tlac tlac...tlac tlac tlac...tlac tlac..tlac. Um pequeno cubo mágico rolou pela escada. Então, TRANSFORMERS JUSTICEIRO!!
Não sobrou nem mesmo o barman.
A VACA BARROSA

O alemão Franz Bertoldo vivia no Vale das Flores, lugar lindo que só, verdadeiro paraíso na terra.   Acordava todas as manhãs, fazia fogo e então corria para ordenhar a vaca Barrosa. Recolhia e bebia a mesa o leite espumante e fresco todas os dias, inclusive aos domingos. Naquela manhã distinta de dezembro não saiu o esperado leite das tetas da vaca, mas sim um outro líquido claro de boa aparência e também espumante. Que será? –Pensou. Bertoldo bebeu um gole, gostou, se deitou debaixo da Barrosa e bebeu direto na fonte. Saiu dali tonto e feliz, com um sorriso radiante.  No outro dia juntou economias e foi comprar uma nova vaca leiteira. A boa Barrosa ficou na produção de cerveja para alegria geral da família.
amigo imaginário

ESPERANDO

Tanta gente boa morre
E filho d’égua do Maduro
Não apodrece e nem desencarna.