sexta-feira, 21 de abril de 2017

O VELHO EREMITA

O velho eremita tentou mudar os homens de sua comunidade por anos seguidos. Foi infeliz no seu projeto. Desiludido subiu numa grande árvore e disse que somente desceria de lá quando os homens da sua vila fossem menos astutos e canalhas. Pois a grande árvore morreu e virou petróleo; o velho eremita também. Caso contrário ele ainda estaria lá, esperando pela mudança.

PÉS SUJOS

Fazia tempo que Noar não esfregava os pés.  Preparou uma enorme bacia, sabão, água quentinha e uma boa esponja vegetal. Então Noar foi esfregando, esfregando e a sujeira saindo, saindo. Mais água quentinha, mais sabão, e esfrega, esfrega, e a sujeira saindo, saindo. Sem exagero, com o barro que saiu dos pés desse vivente, a Olaria do Zé Arnaldo fez dois mil tijolos, e o homem ficou tão leve que parecia um astronauta pulando na lua.

QUEM SOU EU?

Uma pequena luz surgiu e ele começou a ter consciência de si.  Perguntas fazia sem ter noção de como aprendeu a fazê-las... Quem sou eu? Que lugar é este? O que estou fazendo aqui? O que é mãe? Onde está a minha mãe? Tenho pai? Quem é o meu pai? Tenho um nome? Qual será o meu nome? Apertado dentro da casa queria sair correndo, mas como correr se não tinha pernas, se estava dominado por cordas? Sentiu um pulsar de um coração, bem próximo, alguém o tirando do sufoco da casa, deixando-o menos apertado e sufocado. Viajou pelo ar e quedou-se dentro de um enorme lugar escuro, de cheiro um pouco azedo e viu que lá existiam outros como ele, mas silenciosos, não faziam qualquer movimento ou barulho. Na escuridão fazia mais perguntas , queria saber...Que cheiro é esse? Por que ninguém fala comigo? Deus existe? Por que este lugar é tão abafado? Quem é Madona? Estou desesperado, quero sair daqui! Impostos, o que são impostos? Jesus, cadê Jesus? Serei ateu?  Por que tenho quatro furos no peito? As perguntas não cessavam e acabaram irritando um zíper de calça jeans que também estava no mesmo cesto de roupa suja. O zíper foi duro: ‘Cale-se imbecil! Você é apenas um botão de quatro furos que agora raciocina, vivendo sua vidinha miserável numa camisa de flanela xadrez! Basta!’

SUSYLAND

Hermes sofria bullying na escola por causa dos seus braços compridos, sendo que os cotovelos davam nos joelhos. Então no Dia dos Namorados, tremendamente aborrecido com todos os seus colegas de escola, vizinhos e outros, subiu no telhado de casa tendo nas mãos um pano escuro.  Então esticou os braços até onde pode e cobriu a lua completamente. Foi o Dia dos Namorados mais sem graça em toda história de Susyland.


O PINTINHO DOUGLAS

O pintinho Douglas saiu do ovo e foi direto ao PROCON. Segundo ele os pais haviam prometido para ele uma existência como cisne, não como um reles pinto. Douglas não desejava viver como um comum, pois queria ser admirado como cisne. Cisne!!! Porém na instituição não teve como provar tal promessa, faltaram testemunhas, e foi então obrigado a viver como pinto. Pinto murcho, por sinal.

QUIETO E VIVO

Tirson chegou de madrugada, tomou banho, foi para o quarto e acendeu a luz. Na sua cama, ao lado de sua mulher dormia o Zecão Pavoroso com o revólver na mão. Zecão acordou e pediu o que ele queria. Tirson disse que veio ver se ele precisava de algo, talvez um suco ou uma cerveja. Pediu até se ele não queria trocar de travesseiro.  O Pavoroso disse que só queria dormir, nada mais. Tirson pegou então um colchonete, apagou a luz e foi dormir no canil.

METAMORFOSE

De férias escolares, Gustavo há dois não dias não saía do quarto nem para comer. A mãe preocupada chamou que chamou e nada. O pai arrombou a porta e sobre a cama lá estava ele todo iluminado e colorido. Gustavo havia se transformado num smartphone.

FORA MADURO!

MANUEL

Manuel sempre adorou fabricar brinquedos de madeira, era sua vida e alegria. Homem magro e pequeno, quando morreu aos oitenta anos foi enterrado dentro de um bilboquê.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO-quarta-feira, fevereiro 25, 2004 MEMÓRIAS DE UM EX-ESCRITOR (V)

A fé católica, enfiada a machado na cabeça, eu a perdi lendo a Bíblia. Ou melhor, antes dela me caíram nas mãos dois livrinhos, Por que no soy cristiano, de Bertrand Russel, e Hacia una moral sin dogmas, de José Ingenieros, pensador positivista argentino. Havia um tráfico muito intenso de idéias na fronteira, devido à proximidade com o Uruguai e a Argentina. Os livros proibidos na escola inevitavelmente caíam em nossas mãos, geralmente trazidos por militantes comunistas. Cabe lembrar que a primeira célula comunista no Brasil não surgiu em São Paulo, em 1922, como pretendem os paulistanos, mas em Santana do Livramento, em 1918, por influência dos marujos anarquistas italianos que atracavam no porto de Rio Grande. Mal os bolcheviques assaltaram na Rússia o Palácio de Inverno, a fronteira gaúcha já estava dando continuidade à "revolução". Entre aspas, por favor. Pois as revoluções, como dizia Ernesto Sábato, começam com maiúsculas, depois são grafadas com minúsculas e acabam entre aspas. 

Para Russel, os três impulsos humanos que a religião representa são o medo, a vaidade e o ódio. "O propósito da religião, poderia dizer-se, é dar uma certa respeitabilidade a estas paixões, desde que sigam por certos canais. Como estas três paixões constituem em geral a miséria humana, a religião é uma força do mal, já que permite aos homens entregar-se a estas paixões sem restrições, enquanto que, não fosse pela sanção da Igreja, poderiam tratar de dominá-las em certo grau". 

Para quem andava em conflito com a ética católica, o pensador inglês era um apoio caído dos céus. Russel pecava pelo otimismo, acreditava que a humanidade já possuía os conhecimentos necessários para assegurar a felicidade universal. Sua vontade de crer no homem punha entre parênteses o fator estupidez. De qualquer forma, era reconfortante ouvir que o principal obstáculo para a utilização daqueles conhecimentos na obtenção da felicidade era o ensino da religião. "A religião impede que nossos filhos tenham uma educação racional; a religião impede suprimir as principais causas da guerra; a religião nos impede ensinar a ética da cooperação científica em lugar das antigas doutrinas do pecado e do castigo. Possivelmente a humanidade se encontra no umbral de uma idade de ouro; mas, se assim for, primeiro será necessário matar o dragão que guarda a porta, e este dragão é a religião". Muitos outros trechos sublinhei em Russel. Embora não participe de seu otimismo em relação ao bicho-homem, acredito que dentro em breve as nações mais desenvolvidas, ou pelo menos as camadas mais cultas destas nações, terão reduzido as religiões a meros verbetes de enciclopédias. 

Se hoje os professores se queixam de que os alunos lêem pouco ou coisa nenhuma, os oblatos e as irmãs do Colégio Nossa Senhora do Horto, com as quais mantínhamos algum diálogo, viviam um drama inverso: nós líamos demais. (Por nós, entenda-se um grupo de cinco ou seis ginasianos, desconfiados com a cultura oficial e ávidos de idéias novas). O livro de Ingenieros, encomendamos de Montevidéu, através da irmã Helena, do Horto. Quando fui apanhá-lo, a coitada se consumia em dilemas, não sabia se nos entregava ou nos subtraía o livro, se o jogava no fogo ou se o guardava. "Este livro é diabólico, me queima nas mãos, não posso entregá-lo a vocês". Não há outra saída, ponderei, agora mesmo é que queremos o livro. Se não nos entregasse, criava um atrito inútil, sem falar que Montevidéu não era assim tão longe. O livro finalmente foi entregue, não sem mais algumas trecheadas angustiadas da irmã Helena. Soube, alguns anos depois, que ela renunciara ao hábito. Em parte terá sido em função de Ingenieros, o que me envaidece. Ainda adolescente, dei uma mãozinha para salvar alguém do ranço vaticano e do dogmatismo. 

Talvez um dia Dom Pedrito, município cuja sede teria então uns vinte mil habitantes, produza um pesquisador que se debruce sobre currículos e cadernos escolares da época. Verá que os ginasianos do Patrocínio tinham um nível de cultura humanística que hoje raramente se encontra em um curso de Letras. Terminei o ginásio falando um bom francês, sem o qual jamais teria tido acesso a Paris e à Europa. O inglês que manipulei como jornalista, o aprendi nos quatro anos de ginásio. O latim, também quatro anos, acabou quando eu começava a usá-lo com certa fluência. Nos anos 80, quando lecionei Letras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), me dava por feliz quando encontrava, nos últimos anos de curso, alunas que dominassem o português. 

NÃO É MEU!

VAMOS TROCAR?

"Tenho a mente tão aberta que às vezes entra poeira.” (Pócrates)

MASTURBAÇÃO

“A masturbação andou junto com a religião em minha pré-adolescência. Um ato, uma promessa. Um quebra de promessa, um novo ato, uma nova promessa. Resumindo: uma bronha, um padre nosso.” (Pócrates)

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, qual o grande legado socialismo à humanidade?”
“Defuntos.”

“A minha mulher só me suporta porque é feita de açúcar." (Limão)

“Meu azar foi sempre ser o homem errado para mulheres certas.” (Limão)


“No principio era o verbo, depois os substantivos, adjetivos, pronomes e toda uma ordem de normas gramaticais. Depois de tudo colocado pelo professor veio um zero, enorme e colorido zero. “ (Chico Melancia)
“Eu procurando emprego e os caras só me oferecem trabalho. É ruim!” (Chico Melancia)
“Estudar? Para você ter uma ideia, estudar estudei muito. Fiquei seis anos na quarta-série.” (Chico Melancia)
“Sapiência? Sapiência acredito ser a ciência dos sapos.” (Chico Melancia)
“Refletir? Eu reflito bem n’água.” (Chico Melancia)
“Há o lobisomem. E existe também a Néia, minha prima, conhecida com lambe homem.” (Chico Melancia)
“Sempre fui péssimo em matemática. Para aprender a tal raiz quadrada quem ficava quadrado era eu.” (Chico Melancia)
“Detesto o socialismo. Certa vez tive uma namorada que socializou a perereca.” (Chico Melancia)

FOLHA DO JOELHO INCHADO DE HORIZONTINA- Luiz Fernando Veríssimo, oportunista, desembarca do Titanic Lulopetista

O escritor gaúcho Luiz Fernando Veríssimo apresenta-se agora como um esquerdista desiludido, depois de passar a vida toda deliciando-se com o Titanic Lulopetista. Oportunista de uma figa!

Dilma quis estado de defesa para conter povo na rua, diz comandante do Exército

O estado de defesa é previsto no artigo 136 da Constituição e suspende algumas garantias individuais do cidadão. A medida pode ser decretada "para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional".

O general Villas Boas, comandante do Exército, confirmou hoje as informações que foram recorrentes durante a fase final do impeachment de Dilma, segundo a qual foi sondado por políticos de esquerda sobre a decretação de estado de defesa.

O Exército repeliu a ofensiva.

A idéia era conter o impeachment.

O estado de defesa nas mãos do PT conduziria à ditadura.

A sondagem, segundo o general, foi feita junto aos assessores parlamentares mantidos pelas Forças Armadas no Congresso.

Dilma e o PT queriam usar o Exército contra os manifestantes da venida Paulista, tal como faz Maduro na Venezuela.


Políbio Braga

Juiz de Brasília corre para condenar Lula antes de Moro

Ação penal que avalia a acusação de que Lula tentou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, que corre na 10ª Vara Federal em Brasília, do juiz Vallisney de Souza, é a mais avançada entre as frentes de investigação contra o ex-presidente, já em fase de sentença.

O juiz de Brasília poderá prender Lula antes de Moro.

O Ministério Público Federal no DF pediu à Justiça que a força-tarefa da Lava Jato lhe encaminhe todos os documentos referentes à delação do ex-diretor da Petrobras, a fim de comparar a proposta da delação com o que ele efetivamente revelou.

Ontem, o MPF de Brasília também pediu cópia do interrogatório de LeoPinheiro, que acusa Lula por obstrução da Justiça, ocultação de patrimônio, prevaricação, advocacia administrativa e formação de quadrilha.

Do blog Políbio Braga
Pós- morte existe o outro lado. O lado de dentro do caixão. (Pócrates)
“O socialismo só é bom para inertes e dirigentes.” (Eriatlov)
“Na minha família não há clérigos. Todos trabalham.” (Eriatlov)


“Ter alma é a ferramenta necessária para pagar o dízimo. Quem não possui alma está isento.” (Eriatlov)

SEM MISÉRIA

“Que a miséria não exista em nenhum canto do planeta, mas que sejamos para sempre todos desiguais.” (Eriatlov)

ROMEU E O GATO

Endividado, Romeu entrou num bueiro pra fugir das dívidas. Dentro do buraco as dívidas se transformaram em ratazanas e passaram a persegui-lo. Guinchavam e mostravam seus dentes enormes e afiados querendo morder seus calcanhares numa corrida aflitiva. Romeu pesado e já sem fôlego nem mesmo conseguia gritar por socorro, embora não acreditando que alguém estaria dentro de um buraco daqueles para socorrê-lo. Quando as ratazanas estavam prestes a alcançá-lo eis que surge Garfield louco de fome e num piscar de olhos destroça os roedores e o leva para fora daquele lugar imundo. Romeu era um cidadão obeso. Durante o pesadelo ele caiu da cama sobre o gato que dormia sossegado no chão, não tendo o bichano chance alguma diante do tamanho do homem, mesmo ele tendo sete vidas. Esmagou numa só tacada todas as vidas do bichano que morreu se perguntando: “o que esse elefante está fazendo sobre mim?”

UM HOMEM, UMA CADEIRA

Um homem, uma cadeira. Vinte anos se passaram. Um homem, uma cadeira, um cargo. Um homem, uma cadeira, muitos conchavos, muitas mordomias e desvios. Uma cadeira, uma bunda colada, um sindicalista. Pois foi necessária uma junta médica para destronar o sacripanta. E houve choro e ranger de dentes, também presentes algemas e um delegado. Restou uma cadeira vazia aguardada por nádegas ansiosas.

SEU TUPI

Seu Tupi era um cão muito fino que diariamente levava seu homem chamado Lúcio para passear. Muito belo o homem, de roupinha colorida, coleira de prata e tudo mais. Porém senhor Tupi nunca levava o kit cocô e o seu homem de estimação era pródigo em defecar nos gramados e calçadas. Faz alguns meses seu Tupi andava só por uma dessas calçadas de sua rua quando resvalou num cocô, bateu a cabeça e morreu. Que lástima! Lúcio triste e com sentimento de culpa entrou em depressão. Deixou de comer e até de mostrar a língua. No momento o pobre Lúcio mora num Homil para homens loucos.