domingo, 9 de abril de 2017

“A turma do santo boteco de todos os dias leva para dentro de suas casas o maravilhoso bafo consagrado.” (Limão)
“A história do mundo está repleta de cavalgaduras que foram populares. O Brasil contemporâneo está a contribuir com mais algumas.” (Limão)
“Quem é imbecil não corre o risco de ficar só neste planeta.” (Limão)
“Meu irmão rezou todos os dias por trinta anos. Agora parou. Diz ele que Deus é surdo.” (Limão)
“Sou um azedo com autocrítica.” (Limão)
A humanidade só saiu da barbárie mental primitiva quando se evadiu do caos das suas velhas lendas e não temeu mais o poder dos taumaturgos, dos oráculos e dos feiticeiros. Os ocultistas de todos os séculos não descobriram nenhuma verdade ignorada, ao passo que os métodos científicos fizeram surgir do nada um mundo de maravilhas. Abandonemos às imaginações mórbidas essa legião de larvas, de espíritos, de fantasmas e de filhos da noite — e que, no futuro, uma luz suficiente os dissipe para sempre.
— Gustave Le Bon
A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afetos; disso se originam ciências que podem ser chamadas “ciências conforme a nossa vontade”. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.
— Francis Bacon
Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas.
— Napoleão Bonaparte
Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é Deus.
— Mário Quintana
Você diz que acredita na necessidade da religião. Seja sincero! Você acredita mesmo é na necessidade da polícia.
— H. L. Mencken
Os Deuses são a encarnação do que nunca poderemos ser. O cansaço de todas as hipóteses…
— Fernando Pessoa

RODRIGO CONSTANTINO- “A era Obama em política externa acabou”, diz John Bolton

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John Bolton, que foi embaixador americano na ONU, disse nesta sexta que os ataques de mísseis autorizados pelo presidente Donald Trump marcaram o fim da era Obama na política externa dos Estados Unidos:
Ele explicou melhor o que quis dizer na Fox and Friends. Para Bolton, é ridículo esperar alguma reação que não a de repúdio por parte da Rússia, cujo governo é o maior aliado de Assad. Também é questionar se o presidente americano tinha ou não o direito constitucional para agir. A Síria era membro da Chemical Weapons Convention, e sempre que algum país descumpre o tratado designado para a prevenção do aumento de armas de destruição em massa, a segurança nacional dos americanos é diretamente afetada.
“O presidente tem plena autoridade constitucional sob a cláusula do comandante-em-chefe para agir”, afirmou Bolton. O que ele fez. “Ele fez um ataque bem limitado e preciso por um motivo bem limitado e preciso. Eu acho que foi a coisa certa a fazer, e eu acho que ontem à noite a era Obama na política externa americana terminou”, concluiu.
Bolton também disse a Sean Hannity que a Rússia deve estar muito constrangida com o que fez Assad, não por questões humanitárias, mas porque eles sabem que agora têm um problema. O principal interesse da Rússia em proteger Assad é garantir suas bases navais em Tartus e Latakia, e por isso Putin deve apoiar Assad pelo tempo que for necessário. Só aceitaria substituí-lo por alguém que permitisse a permanência russa nesses locais.
A Rússia, claro, foi a voz mais estridente a condenar os ataques, que chamou de “violação da lei internacional”. Mas a atitude de Trump encontrou suporte em vários países ocidentais. Se o próprio Obama tinha ameaçado agir em caso de armas químicas, que os democratas alegaram não mais existir no país após o então presidente “persuadir” o governo a abandoná-las, então só havia uma coisa a ser feita para a América não perder sua credibilidade: atacar.
Eis o que mudou então de Obama para Trump: agora o Ocidente tem um líder disposto a agir, a colocar suas ações onde estão suas palavras, a defender os valores básicos que sustentam nossa civilização, a enfrentar os inimigos da liberdade. Faltava a Obama clareza moral e coragem, atributos que não faltam em Trump. A era Obama chegou ao fim, ou seja, a era da retórica romântica e das ameaças vazias, que colaboraram para o avanço dos piores regimes mundo afora.
Sobre a reação de muitos, não seria diferente. Sempre haverá aqueles dispostos a condenar qualquer ação militar americana, especialmente sob um governante republicano. Mas a imensa maioria deles é movida por um antiamericanismo infantil, e não quer fazer análise de verdade. Thiago Kistenmacher resumiu bem a postura enviesada dessa turma:
Quando é o Trump: “Presidente milionário ataca covardemente a Síria a fim de manter o imperialismo estadunidense e favorecer a indústria do petróleo.” Se fosse o Obama: “Primeiro presidente negro dos EUA se solidariza com o sofrimento do povo sírio e, a fim de promover a paz mundial, ataca o país em retaliação às atrocidades cometidas pelo ditador Bashar al-Assad.”
Esses “analistas”, inclusive vários que são convidados para entrevistas em nossos canais de televisão, devem ter concluído seus estudos na Faculdade Facebook, e ostentam esse incrível diploma:
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Felizmente ainda há quem queira fazer análise séria, refletir, ler muito material de verdadeiros especialistas, para finalmente chegar a uma conclusão embasada. Nem todos são obrigados a concordar que a resposta de Trump foi a melhor, claro. Mas daí a ficar “horrorizado” com o “irresponsável” e “cruel” presidente americano, sem dizer uma só palavra sobre Assad, as armas químicas que não deveriam mais existir na Síria e Putin, vai uma longa distância, que separa as pessoas decentes dos antiamericanos bobocas.
Rodrigo Constantino


ELA CONHECEU O PARAÍSO

Uma mosca foi engarrafada junto da cerveja. Após dois meses e gelada no ponto a cerveja foi aberta num bar no Leblon. Ai sair da garrafa ainda um pouco perdida a mosca declarou em voz alta: “Eu morri por um tempo e conheci o paraíso. Naveguei por suas águas, ele existe, está dentro dessa garrafa.” E mais não disse por que foi esmagada por um ateu sóbrio.

QUEM ROUBOU?

Leonardo Andrade guardou seu milhão de dólares num cofre seguro. Quando após um mês abriu o cofre para verificar não havia mais dinheiro. Roubo? Quem roubou e como? Ninguém mais entrou na casa, somente ele sabia a combinação. Vieram os peritos e não conseguiram uma explicação. Chamaram então o professor Luxemburgo que tinha explicação para tudo. Então examinando o interior com sua lupa ele descobriu num cantinho escuro do cofre o bichinho comedor de dinheiro de barriguinha estufada arrotando verdinhas. 

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO segunda-feira, maio 16, 2005 SANITIZANDO A BÍBLIA

Nestes dias em que o "politicamente correto" virou cartilha no Brasil, surge nos Estados Unidos o insólito film sanitizing. O presidente norte-americano George W. Bush assinou, em abril passado, uma Lei de Entretenimento Familiar e Direitos Autorais, destinada a "sanitizar" a comercialização em DVDs de produções de Hollywood. Seriam produzidas novas versões que excluem cenas de violência excessiva, homossexualismo e até relações extraconjugais. É o que nos dizem os jornais. As novas medidas nada têm a ver com proteger a infância. Segundo Robert Rosen, especialista em cinema da Universidade da Califórnia, "há todo tipo de motivações religiosas, políticas e ideológicas por trás disso". A maioria das companhias sanitizadoras, que têm nomes como Filmes Família, Filmes Limpos e Jogo Limpo, começou a operar no Estado de Utah, atendendo sobretudo à grande população mórmon.

Ou seja, um cineasta faz um filme e você vê outro. No filme The Hurricane, de 1999, de Norman Jewison, todas as agressões verbais racistas feitas por policiais contra o protagonista foram retiradas. De The Sponge Bob Square Pants Movie, desenho animado de Stephen Hillenburg, foram retiradas as cenas homossexuais. "Nós não odiamos homossexuais", afirma Sandra Teraci, porta-voz de uma empresa sanitizadora. Apenas não acreditamos que esse estilo de vida deva ser glorificado. Isso é crescente em cada vez mais gêneros de filmes". A empresa Filmes Limpos, por exemplo, já tem mais de 800 produções sanitizadas em seu catálogo para aluguel ou venda, desde que começou o negócio, em 1999. Quanto ao autor, que se lixe.

Imagine o leitor se algum cineasta quisesse filmar hoje episódios da Bíblia. Para poupar trabalho aos sanitizadores, os produtores já poderiam começar sanitizando o roteiro. (A bem da verdade, muitos episódios bíblicos já foram filmados, sempre devidamente sanitizados, muito antes da censura dos mórmons de Utah). Não teriam pouco trabalho. Pra começar, seria oportuno eliminar o momento culminante do Gênesis. "Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz".

Hoje, bastam algumas centenas de mortos para a ONU falar em genocídio. Mas seria necessário enquadrar Jeová em uma nova definição de crime. Pancídio, talvez. Se a palavra não existe, eu a cunho agora. Pois "pereceu toda a carne que se movia sobre a terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem". Em sua ira, Jeová não poupa nem mesmo os demais seres vivos. (É de supor-se que tenham sobrevivido peixes e demais animais aquáticos). O que já o enquadra, concomitantemente, em outra tipificação de crimes, os ecológicos. Nem Hitler, nem Mao, nem Stalin, nem Pol Pot pretenderam tanto. Estes senhores pelo menos não tinham nada contra os animais. E tampouco poderes para executar o trabalho colossal de Jeová. Como era grande a maldade do homem na terra, por ela pagaram todas as espécies. Sem julgamento, nem direito de defesa. Violência excessiva. Sanitizing já!

Em suma, o Gênesis é rico em episódios que excitariam a sanha dos sanitizadores. Lá pelas tantas, o santo homem escolhido por Jeová para sobreviver às águas planta uma vinha. Como era de esperar-se, bebe do vinho. Embriagado, apresenta-se nu a Cão, seu filho. Alcoolismo e pedofilia, no mínimo. Tesoura de novo no Gênesis.

No episódio de Sodoma e Gomorra, Jeová retoma seus ímpetos genocidas e faz tábula rasa das duas cidades. Seus habitantes haviam pecado contra o Senhor e portanto deveriam ser exterminados. Só é salvo o único homem justo de Sodoma, Ló (e os seus), por sinal sobrinho de Abrão, que tinha canais privilegiados com o Senhor. Ou seja, nepotismo não é coisa de hoje nem exclusividade do Congresso Nacional.

O Senhor envia dois anjos para parlamentar com Ló, o que despertou os desejos dos sodomitas. Os homens de Sodoma cercaram sua casa, "tanto os moços como os velhos, todo o povo de todos os lados e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos". Para salvar seus hóspedes, o único homem justo de Sodoma oferece à turba suas duas filhas, "que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado". O que não deixa dúvidas sobre o significado bíblico de conhecer. Aliás, a tradução da Bíblia feita por André Chouraqui é mais precisa: '"Faze-os sair até nós, vamos penetrá-los?. Responde Ló: "Tenho duas filhas que homem algum jamais penetrou". Sanitização urgente!

Não bastasse esta oferta indecorosa aos sodomitas - que, diga-se de passagem, não demonstraram interesse algum pelas moças - o santo homem Ló, como Noé, também era chegado ao fruto das vinhas. Eis então que o eleito do senhor toma novo porre e dorme com suas duas filhas, desprezadas pelos sodomitas. A primogênita dá à luz Moabe, o pai dos moabitas. A mais nova gera outro filho, Ben-Ami, o pai dos amonitas. Alegam as filhas que pretendiam conservar a descendência do pai. Fica a pergunta no ar: se o propósito era legítimo, para que embriagar o pai? Sei lá. Por via das dúvidas, melhor sanitizar. Incesto, ainda que com a mais nobre das intenções, não fica bem num filme-família.

Já que estamos falando de família, pulemos para Samuel. Mesmo admitindo-se que Noé, único sobrevivente do pancídio, precisava preservar a espécie, tampouco fica bem no livro que embasa a Santa Madre Igreja Católica aquele mulherio todo do sábio rei Davi: Mical, Abigail, Ainoã, Maacá, Hagite, Abital e Eglá, isso sem falar em seu adultério com Bate-Seba. Tampouco é muito honrosa para a biografia de um ascendente de Cristo mandar o heteu Urias, marido de Bate-Seba, para a frente de combates, para melhor usufruir dos encantos de sua mulher. "Ponde Urias na frente onde for mais renhida a peleja, e retirai-vos dele, para que seja ferido e morra". Urias morreu. Poligamia, assassinato e adultério no livro da Igreja que prega o casamento indissolúvel? Sanitizemos Samuel.

Sem falar na ordem dada a seu filho Salomão, de matar Joabe e Simei, Davi carrega a morte de 70 mil israelitas. Davi faz um censo de seu povo, o que provoca a ira de Jeová. Como castigo, pode escolher entre três opções: "ou três anos de fome; ou seres por três meses consumido diante de teus adversários, enquanto a espada de teus inimigos te alcance; ou que por três dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o anjo do Senhor façam destruição por todos os termos de Israel". O sábio rei Davi não tem dúvidas, escolhe os três dias de peste. "Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens". Sanitização imediata, antes que alguém confunda a vontade do Senhor com holocausto. Holocausto é palavra que se usa apenas para os crimes de Hitler.

Incesto, poligamia, homossexualismo, assassinatos, vinganças, massacres em massa, genocídio. Devidamente sanitizado, talvez um filme sobre a Bíblia pudesse ser visto por mães e pais de família. Last but not least, não esquecer de cortar aquele inexplicável massacre de criancinhas, encomendado por um profeta careca. Estava Eliseu subindo a Betel, quando alguns meninos saíram da cidade e começaram a gritar: "sobe, careca; sobe, careca". O santo homem amaldiçoou-os em nome do Senhor. Duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos. O politicamente incorreto é mais antigo do que se pensa e suas sanções eram bem mais duras que as hodiernas.

Isso sem falar na escravidão, que permeia a Bíblia de ponta a ponta, desde o Levítico até o Novo Testamento, onde é aprovada por Paulo, grande assassino de cristãos e fundador do cristianismo. Mas isso é outro assunto. Sanitizing now!

SOU ARTISTA E AFIRMO: A ARTE NÃO É A COISA MAIS IMPORTANTE DO MUNDO por João César de Melo. Artigo publicado em 08.04.2017



Publicado originalmente em http://www.ilisp.org)

A arte preenche certos espaços em nossa psique, mas não é mais importante do que a ciência, a indústria, a agricultura e o mercado na sustentação de nossas vidas.

Uma forma muito eficiente de entender isso é visualizando quais emoções tomariam a pessoa mais culta da renascença, por exemplo, se ela surgisse dentro de uma grande exposição de arte do nosso tempo.

Com toda certeza, ela não iria se emocionar com as obras de arte ao redor, mas com as lâmpadas iluminando o ambiente, com os banheiros, com pessoas acima dos 30 anos de idade tendo todos os dentes na boca e com os aparelhinhos que elas usam para falar e enviar dados umas para as outras, os tais smartphones.

Sinto muito, mas artista nenhum, por mais talentoso e produtivo que seja, oferece ao mundo coisas mais relevantes do que nos oferecem as pessoas anônimas que trabalham em laboratórios, fábricas e escritórios.

Os instrumentos dos músicos, os pincéis dos pintores, as espátulas dos escultores, os tantos materiais que constroem os projetos de arquitetura, tudo isso é produzido por pessoas que não recebem aplausos, nem elogios, muito pelo contrário, quase sempre são acusadas de serem frias e gananciosas.

Mesmo que um artista consiga produzir todos as ferramentas e materiais que compõem sua obra, ele dependerá da ciência, da indústria, da agricultura e do mercado para viver, já que nenhuma obra de arte consegue produzir, por si mesma, comida, roupas, medicamentos e produtos de higiene pessoal.

Mas, afinal, por qual razão um artista plástico como eu assina um texto “desvalorizando” os artistas? Eis o ponto que precisa ser compreendido!

A supervalorização da arte tem um efeito inverso. Ao supervalorizar artistas, retira-se deles a condição de indivíduo comum, elevando-os ao status de pessoas especiais, espiritualmente superiores aos demais seres humanos. Alimenta-se assim a arrogância peculiar de muitos artistas, que exigem que a sociedade os aceitem e os financiem a despeito de seus trabalhos agradarem ou não as pessoas - são artistas, portanto, devem ser adorados.

Essa retórica é alimentada pela esquerda por uma razão muito simples: ao afirmar que os artistas são pessoas especiais, imprescindíveis para o desenvolvimento da humanidade, a intelligentsia os convence de que devem exigir que o estado financie suas vidas, seus trabalhos, seus prazeres e até seus vícios. E assim os artistas transformam-se em caixas de ressonância das ideias socialistas. Tornam-se militantes da crença no estado provedor. Quando eles se manifestam em nome dos “direitos” das pessoas, estão, na verdade, cobrando que eles próprios sejam agraciados com o direito de receber dinheiro dos pagadores de impostos por meio do governo.

Foi assim que a arte foi rebaixada à condição de ferramenta ideológica. A academia expurgou a beleza para investir todas as suas energias na retórica ideológica. A obra de arte passou a depender dos textos dos curadores. Os editais de exposições e patrocínios passaram a ser julgados por esses curadores. Os artistas ganham projeção e dinheiro a partir do que os curadores escrevem sobre eles. A beleza passou a ser algo vulgar, algo que emociona o povão, a massa ignorante que não entende de arte.

Um comentário comum em exposições é o “eu não entendo nada de arte, mas deve ser legal, né?”. Foi isso que a intelligentsia plantou na população. Mesmo não se emocionando com a tal “arte contemporânea”, o cidadão comum se sente obrigado a dizer que gosta para não ser taxado de ignorante.

A supervalorização da arte supervaloriza um pequeno grupo de artistas militantes de esquerda em detrimento da grande maioria dos demais artistas, depreciados pela “elite cultural” que os taxa pejorativamente de “artistas comerciais”, aqueles que comentem o crime de ganhar a vida vendendo seus trabalhos para pessoas comuns.

A supervalorização da arte deprecia o ambiente capitalista, aquele que não é feito de discursos bonitinhos, mas de resultados reais e práticos; diminui a importância das pessoas que realmente trabalham duro para manter o mundo funcionando; e despreza os indivíduos que dedicam suas vidas a oferecer coisas que tornam a nossa vida imensuravelmente melhor do que a dos nossos avós.

A supervalorização da arte é a exaltação do financiamento estatal à uma pequena casta pessoas - artistas ou não - que não têm coragem nem talento para ganhar a vida no mercado. Vide Ministério da Cultura e todas as secretarias do tipo.
Supervalorizar a arte transforma a própria arte numa abstração decifrável apenas pelos inteligentinhos da esquerda, que se apresentam como os únicos intermediários entre a ignorância e a sabedoria.

Como se fosse pouco, a supervalorização da arte atrai para o meio pessoas que sequer têm talento artístico, interessadas mais na fama ou no dinheiro que ela pode trazer.

Por exemplo: na semana passada estive em Valparaíso, Chile, cidade famosa pelos seus grafites. A grande maioria muito ruins, por sinal. Mas o que vale é a opinião da “elite cultural” que, quando lhe é conveniente, interpreta qualquer lixo como sendo uma obra de imensurável importância para a humanidade. Não por acaso, os guias da região que apresentam as obras as relacionam com a política, contra o capitalismo e a “direita”.

Em resumo: a supervalorização da arte é sua transformação em veículo de pregação ideológica. Nada menos do que isso.

Se não houvesse essa supervalorização, o artista seria visto como profissional e tratado como tal. Com certeza, haveria menos artistas no mundo, mas a qualidade da arte seria melhor e agradaria mais as pessoas comuns, que se reconheceriam mais na produção artística.

Compreender que a arte não é a coisa mais importante do mundo é a melhor forma de valorizá-la, pois a colocamos no mesmo nível dos serviços e produtos primordiais à nossa vida.

Veja que não estou diminuindo a importância da cultura, que é muito maior do que o conjunto de ofícios exercidos pelos artistas. Cultura é a língua, os costumes, a mentalidade e a religião de um povo. A música, a pintura, a arquitetura e o teatro compõem a cultura, mas não a definem. Na verdade, ocorre justamente o contrário.

Por fim, registro que minha observação qualifica a literatura como uma arte à parte e realmente imprescindível: por meio dela é que o desenvolvimento tecnológico ocorre.

OS NORMAIS por Guilherme Fiuza, O Globo. Artigo publicado em 08.04.2017



O Partido dos Trabalhadores (PT) soltou uma nota oficial esclarecendo que está tudo normal na Venezuela. Essas notícias horríveis que você recebe são a versão conspiratória da grande imprensa, que junto ao governo brasileiro golpista quer atacar a esquerda no continente (não é licença poética, procure a íntegra). Quase ao mesmo tempo, engrossando a ofensiva fascista da direita, Sérgio Moro condenou o companheiro André Vargas a mais quatro anos de prisão em regime fechado.

Você já se esqueceu de quem é André Vargas — mas não se preocupe, isso é normal. Ninguém é obrigado a decorar James Joyce, nem a literatura completa da Lava-Jato. André Vargas foi um meteoro petista, desses que viravam personalidades proeminentes da República da noite para o dia — na época em que os companheiros mandavam nisso aqui.

Um dia André Vargas não era ninguém, no outro era vice-presidente da Câmara dos Deputados, desafiando publicamente Joaquim Barbosa com o famoso punho cerrado de José Dirceu, o Simón Bolívar do Paraná. Joaquim Barbosa era um ministro do Supremo, que condenou a turma de Dirceu pelo mensalão. Mensalão era um escândalo sem precedentes até surgir a Lava-Jato. E a Lava-Jato começou revelando ao Brasil o segredo da ascensão meteórica de André Vargas no partido governante: dinheiro roubado.

Você pode não se lembrar do meliante, mas o dinheiro era seu.
Está tudo normal na Venezuela, e os companheiros quase iam conseguindo instaurar essa normalidade no Brasil — quando pegaram André Vargas e os doleiros da revolução. Foi ali que a direita começou a matar o sonho de um Brasil bolivariano e igualitário, com todos unidos na fila do papel higiênico.

É preciso muita coragem para apoiar o regime de Nicolás Maduro nas circunstâncias atuais, de cara lavada e à luz do dia. Parabéns ao PT. Do partido estrelado por André Vargas, Vaccari, Delúbio, Paulo Bernardo, Gleisi, Delcídio, João Santana, Pizzolato, Dirceu, Dilma, Lula e cia — enfim, a turma do sol quadrado (os que já viram e os que ainda verão) — pode-se dizer tudo, menos que não seja um partido coerente. O PSOL está morrendo de inveja.

O massacre progressista nas ruas da Venezuela foi aplaudido pelos pacifistas do PSOL até anteontem, quando a ditadura libertária do companheiro Maduro perpetrou seu doce AI-5 sem perder a ternura. A imagem das botinas da guarda bolivariana empoderando uma jornalista caída no chão, entre outras cenas do excesso de democracia aclamado por Lula, confundiu a militância do bem. Enquanto durar o silêncio dos chavistas de butique em Hollywood, na MPB e nas salas de aula (sic), ninguém tem nada com isso. A Venezuela deles é mais embaixo.

Estão todos devidamente abençoados pelo Papa Francisco, o sacerdote da narrativa. No impeachment de Dilma Rousseff, que ceifou a busca da normalidade venezuelana no Brasil, o Pontífice declarou-se "muito triste" e cancelou sua viagem ao país. Agora que a ditadura transformista de Maduro rasgou a fantasia, jogando a força bruta sobre o povo e as instituições, Francisco foi lacônico: convidou os venezuelanos a "perseverar". É um fofo.
Diante da nova canetada fascista de Moro contra um guerreiro do povo, o menestrel do Vaticano bem que poderia deflagrar a campanha "somos todos André Vargas". E são mesmo. Estão irmanados pela fé na retórica coitada sobre todas as coisas — inclusive sobre a realidade onde o pau está comendo. Francisco, André e todos os cúmplices intelectuais da barbárie venezuelana são sócios de uma lenda — sublime e grandiosa como um panfleto de João Santana. Vivem disso. São os cafetões da bondade.

Um deputado que se apresenta como representante dos gays cuspiu em plenário, durante o impeachment, num deputado que se apresenta como representante dos militares. Uma guerra de mentirinha, que interessa essencialmente aos balaios eleitorais de ambos. Bate mais, meu amor. Mas a lenda é soberana, e o julgamento do deputado cuspidor terminou com uma advertência (ai, ai, ai) — que lhe permitiu inclusive tripudiar geral, declarando que sua cusparada foi o ato mais digno do Congresso durante o golpe. Filho mimado cospe na cara dos pais.

O que dizer a todos esses simpáticos mercenários da lenda? Saiam do armário, companheiros!

E o que dizer ao Brasil, semidestruído pela lenda? Pare de mimar esses canastrões, companheiro! Se não quiser ser escalpelado de vez pela normalidade deles.

* Guilherme Fiuza é jornalista
“Temos em nosso bando um judeu. Ele não come carne de porco.” (Leão Bob)
“Meu pai já comeu muitos estrangeiros. Diz ele que os ingleses são apetitosos, porém um pouco duros. Já os franceses são macios, mas o odor da carne é forte.” (Leão Bob)
“Sou ateu. Não rezo antes das refeições.” (Leão Bob)


“Pensava eu estar ouvindo vozes. Na verdade era meu estomago roncando de fome.” (Leão Bob)
“Toda família tem um esquisito. Meu irmão mais novo, por exemplo, não come carne sem sal e pimenta. É um enjoado.” (Leão Bob)

SEU TUPI

Seu Tupi era um cão muito fino que diariamente levava seu homem chamado Lúcio para passear. Muito belo o homem, de roupinha colorida, coleira de prata e tudo mais. Porém senhor Tupi nunca levava o kit cocô e o seu homem de estimação era pródigo em defecar nos gramados e calçadas. Faz alguns meses seu Tupi andava só por uma dessas calçadas de sua rua quando resvalou num cocô, bateu a cabeça e morreu. Que lástima! Lúcio triste e com sentimento de culpa entrou em depressão. Deixou de comer e até de mostrar a língua. No momento o pobre Lúcio mora num Homil para homens loucos.

BEN E O CAVALO DE SÃO JORGE

Ben era um produtor rural que plantava tomates. Não contente em plantar tomates desmontou uma velha bicicleta, comprou fios e pilhas novas, construiu um nave espacial e foi à Lua para entrevistar o cavalo de São Jorge que segundo diziam falava doze idiomas e rezava o pai nosso em oitenta e duas línguas. Na lua não encontrou o cavalo e nem sinal de São Jorge, na verdade não viu e nem conversou com ninguém, uma solidão que só. Decepcionado voltou à terra, voltou a plantar tomates e se tornou um cético até o fim dos seus dias.

OS CÃES

Ouve um tempo na Grécia que os cães evoluíram, passaram a raciocinar, a ler, escrever e tomar consciência de si. O líder marcou um evento os seriam lançadas as bases na nova civilização baseada nos princípios caninos e não mais nos princípios humanos. A palavra de ordem era “Ossos sim, ração não!” O salão estava lotado, centenas e centenas de cães presentes ouvindo os grandes oradores dogsgrecos demonstrando como seria o novo mundo fruto das ideias guaipecanas. A danação do evento símbolo foi que dois gatos distraídos entraram no salão e aconteceu uma louca debandada de cães correndo atrás dos bichanos. Muitos morreram pisoteados, outros sufocados na ânsia de pegar os gatos. O líder olhou para um dos oradores e disse: “É, não estamos prontos à civilização.” Isso dito voltou a latir enquanto procurava um arbusto para urinar.

AH, O TESTAMENTO!

O defunto no caixão sendo velado. Estavam ao lado do esquife à viúva e outras seis ex-amantes chorosas. Foi corno de todas, inclusive da viúva, e bem corno; mas todas estavam ali derramando lágrimas e demonstrando sentimento, esperando constar no graúdo testamento do Elmerenciano, certas do bom coração do falecido e de que chifres não guardam memórias.

CHUCKY E BOB

Chucky, o brinquedo assassino depois de cometer mais alguns crimes estava sendo procurado pela polícia. Para safar-se, fez-se de morto e foi misturar-se entre bagulhos que estavam no lixo. O Bob passou e levou o boneco para casa. É evidente que Chucky encheu-se de alegria; ficaria adormecido por algum tempo e depois que tudo se acalmasse voltaria aos ataques sangrentos. O que ele não sabia é que Bob era na verdade um destruidor. Em oito anos de vida já havia matado três bicicletas, vinte e dois carrinhos de lata e oitenta bonecos da Marvel, salvo outros trucidados que eram de seus amigos. Chucky teve vida curta nas mãos de Bob, muito curta. Antes da primeira hora no quarto de Bob já havia perdido os pés e teve arrancados os olhos, pois o garotinho desejava saber se eram de vidro ou não. Após cortar braços e também a cabeça levou tudo ao quintal, jogou gasolina sobre e colocou fogo. Tencionava derreter tudo e confeccionar uma espada de plástico. Na verdade, Chucky nas mãos de Bob não passava de um principiante.