sábado, 29 de fevereiro de 2020

O EX-FUTURO MINISTRO

Jânio Quadros era prefeito de São Paulo, em 1988, e recebeu o jovem secretário municipal João Mellão, 31, com uma novidade:
- O senhor é o mais novo ex-futuro ministro da Administração!
Explicou que recebera um telefonema do presidente José Sarney pedindo sua liberação para o ministério. “Recusei de pronto!”, avisou.
- Mas, prefeito, eu seria o mais jovem ministro da História…
- É… – concordou Jânio – e com certeza a carreira política mais curta também… Relaxe, rapaz. E volte ao trabalho!
Diário do Poder

Não tenho tido tempo para ser outro. Só me resta ser eu mesmo.


Tirei a mesa do café e arrumei as camas.Mesmo assim a minha mulher só me deu nota 5.


Não sou filho de Deus. Estou mais para enteado.


“Depois que eu nasci minha mãe não se arriscou a ter mais filhos.” (Climério)


“Após a terceira dose de Bourbon caem todas as barreiras e limites. O animal fica nu.”


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

HOTEL DE OSSOS

É raro conhecer um humano, ainda mais vivo que tenha prazer em dormir serenamente no Hotel de Ossos. Pois Melsíades era este homem, sempre fazendo apostas com os amigos e conhecidos que pernoitaria sobre as geladas tampas de mármores das moradas eternas. Entrava no hotel antes da meia-noite e saí às seis horas da manhã. Ficava lá mais sozinho que um outrora rico quebrado. E assim por diversas vezes fez apostas com diferentes pessoas, sempre vencendo e ganhando alguns trocados. Nem mesmo noites de louca tempestade o faziam desistir; duelava sem trégua contra raios e trovões. No Bar do Cide eram feitas provocações já com o objetivo traçado e dali saíam às apostas que terminavam sempre nos bolsos de Melsíades. No Hotel  havia tumbas que traziam o desgaste provocado pelo corpo do inabalável corajoso, ousado cavaleiro dormente e não raras vezes também saltitante sobre repousos de mármore ou de tijolos sem alisamentos. Então numa noite que todos ainda recordam nas conversas miúdas na praça de Belvedere, nos botecos e nos chás de comadres, Melsíades entrou no cemitério valendo mais uma aposta e na manhã seguinte não saiu. Nunca mais foi encontrado. Na mesma noite sumiu a mulher do Cide. Até mesmo o Cide aposta que ela fugiu com o dito. Pelo jeito não é dó de ossos e apostas que ele gostava.

CHUCKY E BOB



Chucky, o brinquedo assassino depois de cometer mais alguns crimes estava sendo procurado pela polícia. Para safar-se, fez-se de morto e foi misturar-se entre bagulhos que estavam no lixo. O Bob passou e levou o boneco para casa. É evidente que Chucky encheu-se de alegria; ficaria adormecido por algum tempo e depois que tudo se acalmasse voltaria aos ataques sangrentos. O que ele não sabia é que Bob era na verdade um destruidor. Em oito anos de vida já havia matado três bicicletas, vinte e dois carrinhos de lata e oitenta bonecos da Marvel, salvo outros trucidados que eram de seus amigos. Chucky teve vida curta nas mãos de Bob, muito curta. Antes da primeira hora no quarto de Bob já havia perdido os pés e teve arrancados os olhos, pois o garotinho desejava saber se eram de vidro ou não. Após cortar braços e também a cabeça levou tudo ao quintal, jogou gasolina sobre e colocou fogo. Tencionava derreter tudo e confeccionar uma espada de plástico. Na verdade, Chucky nas mãos de Bob não passava de um principiante.

RATÃO




RATÃO

Miguel é meu nome, tenho pelo e dentes grandes. Antes homem, vivo agora como um ratão reencarnado, me deliciando num lixo grande e gostoso. Encontro de tudo por aqui, proteínas e carboidratos, frutas in-natura, fartura de guloseimas, nossa como sou feliz! Não posso me queixar da nova vida que levo, ainda mais que na vida passada eu fui  comunista. Que avanço senhores, que avanço!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Minha vida foi navegar em emoções.Meu barco foi avariado,mas não afundou.


“Minha mãe sempre me disse para não brincar com fogo.” (Lúcifer)


“Alguns pais não se contentam apenas com a própria mediocridade, cortam asas e proíbem também os filhos de voar.”


EMBRIAGADO



Madrugada. Agarrado ao corrimão Demétrio tentava subir as escadas. Balbuciava palavras ininteligíveis, a baba escorria pelos cantos da boca, os olhos vermelhos não conseguiam focar a luz. O mundo girava ao seu redor e não havia freio. Os degraus pareciam ganhar vida e trocavam de lugar a todo momento. Dois ratos enormes desceram, usavam smoking e riram dele. Na parede havia um pequeno quadro mostrando um lago com cisnes. Demétrio viu nele tubarões e orcas . No estado em que estava mais fácil escalar o Everest que subir alguns degraus. Náuseas imperavam, o vômito expurgou-se com força, um odor ácido tomou conta do ambiente. Então primeiramente sentou-se, após se deitou sobre a imundície e lá ficou até o amanhecer, quando foi acordado carinhosamente pelo força de um lava-jata controlado pela esposa. 

Se a esquerda toda vai para o paraíso, abraço o capeta e sei que lá serei mais feliz. O gentalha!


QUE FAÇA DE TUDO

Desde que ele era jovem Madalena, mãe de José, dizia: “Quando for para casar, arrume uma mulher prendada, que saiba fazer de tudo, de tudo!.” A vida foi passando e José procurando a tal mulher para ser sua companheira, sempre se lembrando dos conselhos da mãe. A verdade que falar é fácil, encontrar tal mulher muito difícil. Foram várias e nada. Pois José já tinha completado quarenta anos na solteirice quando na boate da Iracema Vesga conheceu Maricota Perna-Grossa, a dita cuja que sabia fazer de tudo e mais um pouco, mas não exatamente o tudo que pensava sua sogra. E quem pensava que não daria, enganou-se, pois deu casamento na igreja, de véu e grinalda, Iracema Vesga de madrinha, Madalena bicuda e o putedo de folga comemorando o casamento da colega.

CORONEL OLIVEIRO

CORONEL OLIVEIRO

Oito horas da manhã. O suicida subiu na torre da igreja e de lá ameaçava se jogar. O povo foi chegando, se aglomerando e comentando. Uns diziam “se jogue!” outros gritavam “Não faça isso!” O tempo foi passando e que diante da grande dificuldade ninguém conseguia subir na torre para tirar o homem. Havia risco para os policiais. Onze e meia da manhã e o homem por um fio, agarrado nos braços de Santo Antônio. O Coronel Oliveiro ia passando e foi saber a causa da balbúrdia. Inteirado dos fatos, sacou do revólver e derrubou o potencial suicida, que a chumbo foi para o outro lado. Coronel Oliveiro olhou o corpo estirado na calçada e disse- “Aí está um homem que conseguiu o que queria. Queria morrer, pois está morto!” E foi para o almoço, pois a barriga já estava roncando.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

HISTÓRIAS DO PODER

Souza Dantas, o breve

O jornalista Raimundo de Souza Dantas era um discreto funcionário do Ministério da Fazenda, no Rio, e tinha algo que o diferenciava dos colegas: era amigo do presidente Jânio Quadros. Sonhava com a diplomacia. Jânio o nomeou embaixador em Gana (África), mas, três meses depois, renunciaria ao mandato, devolvendo Souza Dantas a sua salinha na antiga repartição. Do contínuo ao chefe, os cruéis colegas não paravam de ironizar:
- Bom dia, embaixador!
- Já bateu o ponto, embaixador?
DIÁRIO DO PODER

Pose

O sujeito come pão com manteiga, mas arrota salmão. Fica trepado no pedestal  dos iludidos até o fim.

CLIMÉRIO

Amigo

Amigo é coisa pra se guardar no peito. Meu amigo João Lontra fugiu com minha mulher. Não tenho como agradecê-lo.(Climério, o podre)

"Abundantes são os professores, raros são os mestres."


Não carregue ódio no coração. Nossa vida é curta, e para o banquete dos vermes estamos todos convidados.


domingo, 23 de fevereiro de 2020

O MELHOR

O melhor que alguns homens podem fazer pelo país e receber o atestado de óbito.

Do Baú do Janer Cristaldo- Frases cretinas


O mundo está cheio de frases cretinas. Inteligentemente formuladas, mas cretinas. Vou comentar algumas delas. A primeira, já a comentei em 2000. Volto ao assunto: Que és tu para contestar autoridades que já pensaram o mundo?

Este é argumento mais safado usado pelos crentes – em Deus ou em qualquer outra superstição – para dissuadir um jovem que tem dúvidas. Como ilustres sumidades é o que não falta para proferir bobagens ao longo da história, eles sempre encontram nomes de prestígio para citar.

A Igreja foi buscar-me ainda no campo. Uma catequista uruguaia apanhava-me em um jipe na Linha Divisória entre Livramento e Dom Pedrito para jogar-me nas aulas de catecismo.

Na cidade, fui estudar em colégio católico, dirigido por padres oblatos. A eles agradeço minha iniciação em latim, francês e inglês. E só. Para desgraça de meus catequistas, muito cedo comecei a ler a Bíblia. Como não há fé em Deus que resista a uma leitura atenta da Bíblia, minhas dúvidas começaram a inquietar os oblatos. Um sacerdote de Bagé, franzino e inquisitorial, veio às pressas para tentar trazer o herege em potencial de volta ao rebanho.

Discutimos um dia todo, com várias jarras de água e um almoço de permeio. A cada preceito de fé que eu contestava, o padre Fermino Dalcin me jogava no rosto a acusação: "Arrogância. Orgulho intelectual. Quem és tu para contestar, aqui em Dom Pedrito, o que autoridades decidiram em Roma?"

Era um argumento pesado para um piá de uns quinze anos. Eu só tinha como defesa descrer do que não conseguia entender. Mas resisti e consegui, ainda adolescente, libertar-me do deus judaico-cristão. Sou um ser dotado de pensamento lógico.

Por mais que padre Fermino citasse São Tomás ou Santo Agostinho, não me afastava um milímetro de minha posição. Do alto de minha razão, eu enfrentava o Torquemada de Bagé. Há pensadores que ganharam renome na história e até hoje fazem escola proferindo sandices. Por mais espaço que ocupem nas enciclopédias, a mim nada dizem. Essas pergunta – quem é você? – é uma das mais perversas que conheço. Se o interlocutor não tem muita segurança, o vigarista ganha a parada.

Uma outra frase, não menos safada, é esta: ninguém é ateu no leito da morte. Comentei-a há alguns meses. Pior é quando é proferida por um médico. Como médico lida com morte, seu ofício parece dar-lhe mais autoridade.

Eu não conheço ateu no leito de morte – disse um cardiologista gaúcho, o dr. Lucchese, em um debate televisivo em Porto Alegre. O médico é um autor de livros de auto-ajuda que viraram best-sellers, com mais de meio milhão de exemplares vendidos. O que, para mim, já depõe contra o dr. Lucchese. Best-sellers são livros elaborados conforme os baixos instintos do grande público. Mas deixo de lado a fortuna literária do doutor e me atenho à sua afirmação.

Pretende o doutor que, na hora da morte, até ateus passem a crer em Deus. É o que deduzo de sua afirmação. Vou traduzir o crer em Deus por crer em uma vida após a morte. Pois para quem morre, o que interessa não é Deus, e sim a transcendência que sua existência implica.

Dr. Lucchese, antes de ser médico, revelou-se um católico fanático. (Pelo que sei, agora anda namorando os evangélicos televisivos). Daqueles que não admitem que alguém possa viver bem – e morrer bem – sem acreditar em deus. Mais ainda, sem esperar nada no Além. Se alguém vive bem e morre sem pedir água, toda a fé do Dr. Lucchese é vã. Ele precisa justificar sua muleta e então diz uma bobagem dessas.

Esta afirmação tem algo de ofensivo. No fundo, o médico está afirmando que todo ateu é um covarde, que na hora do vamos ver apela a Deus. Não é bem assim. Isso é coisa de religioso que não acredita – nem admite – que alguém possa viver bem sem esperanças de vida além da morte.

Não, Dr. Lucchese, nós ateus não temos razão alguma para almejar vida eterna. Uma só vida já está de bom tamanho. Nos leitos de suas cirurgias, o dr. terá encontrado simulacros de ateu, que sequer sabem o que seja descrer. Ateu que se preza não pede quartel.

Já vivi situações próxima da morte e nem pensei no tal de Deus. Pensei, isto sim, nos amigos e amigas que tive e tenho, e nos bons momentos que passamos juntos. Quando minha mulher morreu, nem eu nem ela pensamos em tais bobagens. Aliás, exigi a retirada de um Cristo obsceno que dominava a capela mortuária.

Outra variante também safada da frase do médico é esta: ninguém é ateu quando o avião está caindo. Já vivi também tal situação – não que o avião estivesse caindo, mas eu pensava que estava – e tampouco em momento algum pensei no tal de criador de todas as coisas. Apenas apertei a mão de minha mulher e fiquei à espera do pior. Ou talvez do melhor, nunca se sabe o que vem pela frente.

Na esteira das frases cretinas sobre aviões, uma outra se sobressai. É quando, em caso de acidente, um sobrevivente diz: graças ao bom Deus, me salvei. Sorte a sua, companheiro. Mas que tinha seu bom Deus contra os que morreram?

Adelante! Esta ouvi de um companheiro de bar: não deves estar à frente de tua época. Era marqueteiro et pour cause. Não é bom que um marqueteiro esteja à frente de sua época. Se estiver, não será entendido pelos seus conterrâneos e perderá clientes. De minha parte, sempre procurei ler os autores que pensaram à frente de seus coetâneos. A meu modo, sempre estive à frente dos meus. Quando estava em moda ser comunista, eu há muito criticava os comunistas. Fui católico, é verdade. Mas isto foi um acidente de percurso, do qual eu não estava imune, e do qual libertei-me tão logo comecei a ler a Bíblia.

É frase que concorre forte ao Nobel das frases idiotas. Claro que este companheiro de boteco não esquentou muito banco em minha mesa. Esta assertiva é a mais cabal negação de todo avanço na história, na ciência e no conhecimento. Não fossem os homens que pensaram adiante de sua época, viveríamos ainda na Idade Média.

Para concluir, esta outra, safadérrima: o hábito de perguntar por quê arruinou o mundo. É de autoria do padre Padre Pio de Pietrelcina, sacerdote católico italiano, elevado a santo pela Igreja Católica e objeto de particular veneração do Aiatolavo de Carvalho, outro ao qual deve incomodar muito o hábito de perguntar por quê.

Era malandro desde pequeno, quando se tornou amigo do seu anjo da guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho. E eu que não sabia que até os anjinhos da guarda conheciam os Evangelhos. Vai ver que tinham aulas de catecismo nas alturas. Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu anjo da guarda, estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário.

Aos 23 anos teve seu primeiro estigma, tinha o dom da bilocação e era muito milagreiro. Já que falei em aviões, relato um de seus milagres. O personagem é um piloto americano de bombardeiro durante a Segunda Guerra e devoto do padre Pio, que o salvou nos ares.

"O avião estava voando para o aeroporto onde ia pousar depois de descarregar suas bombas. Mas o avião foi danificado por um avião de caça japonês. "O avião" - disse o filho - explodiu antes que a tripulação tivesse a chance de saltar com o pára-quedas. Eu só tive sucesso saindo do avião. Eu não sei como eu fiz. Eu tentei abrir o pára-quedas, mas eu não tive sucesso fazendo isto.

Então eu teria me esmagado no chão se eu não tivesse recebido a ajuda de um frade que me apareceu no ar. Ele tinha uma barba branca, ele me levou em seus braços e me colocou suavemente no aeroporto. Você imagina, que tipo de surpresa eu tive, isto retirou minha fala.

Ninguém acreditava em mim, mas por causa de minha presença todo mundo teve que acreditar. Eu reconheci o frade que salvou minha vida quando, depois de alguns dias me deram licença e eu fui para casa. Eu vi o monge nas fotografias de minha mãe. Ela me falou que tinha pedido para Padre Pio que cuidasse de mim".

Quanto à tripulação, que se lixe. Não eram devotos do santo padre. Explodiram com o avião. Este é o paradoxo de todos os milagres aéreos. Por que? Ora, padre Pio detesta esta perguntinha.

Era homem que sabia do que falava. Nesta pergunta reside a origem de todas as heresias e a libertação do homem de dogmas absurdos. Todo religioso a detesta. 

Se o leitor conhece outras perguntinhas deste teor, favor enviar para minha coleção. 

* 19/12/2012

“Não posso dizer se a morte é uma coisa boa ou ruim. Eu até hoje nunca morri.”


“A inspiração é um sopro que vai e que vem.”


EULÁLIA

"Aqui em Cuba não conseguimos encontrar um comunista inteligente. Os inteligentes já não são mais comunistas." (Cubaninho)


"Abandonar o meu marido? Não consigo, já tentei. Não posso viver longe do cartão de crédito dele." (Eulália)


sábado, 22 de fevereiro de 2020

“Minha mãe dizia: filho, quando tu conheceres bem os homens, verás as víboras com outros olhos.”


“A fama não é um paraíso. O inferno está atrás da porta.”


HOMENAGEM DE GREGO

PÂNICO DE CANHÃO

O ex-governador pernambucano Gustavo Krause nunca foi muito chegado a cerimônias oficiais, especialmente com “fundo musical” de tiros. Certa vez ele se assustou ao ser saudado com uma salva de tiros de canhão, à sua chegada em uma cerimônia. Ao final, ele tentou sair de fininho, para evitar nova homenagem, mas um oficial percebeu :
- O senhor governador está se retirando!
O único canhão preparado, dos tempos da Primeira Guerra, cheio de pólvora seca, por infeliz coincidência, estava bem próximo do atônito Krause, que se viu obrigado a parar. O fortíssimo tiro do canhão despoletou o velho pânico de Krause, que foi embora aos berros:
- Homenagem de grego! Homenagem de grego!
DP

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

VAI QUE É TUA!

Esquimó

Um esquimó empresta a mulher para um visitante com o maior prazer. Desde que ele também não se importe de comer carne crua e larvas retiradas do interior das focas.

VERSO NA LÁPIDE

DESCANSA NESTE RECINTO
O JOSÉ ANTONIO BATISTUTA
POIS ENGOLIU DOIS VIAGRAS
E MORREU NO COLO DAS PUTAS.

GAZETA DO RENGO DE APUCARANA


No interior de São Paulo ladrão invade casa, furta chapinha, mas dorme e é preso.


Taí o legítimo cidadão que dorme no emprego.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Tecer louvores para quem não merece é bem coisa de puxa-sacos.


É um desejo de todos ter bons vizinhos.Os meus vizinhos também pensam assim.


EU ATEU

EU ATEU

Até completar 30 anos eu era um religioso em busca de verdades absolutas. Compreendi então que jamais seria possível; o universo é infinito e de múltiplos enigmas. Melhor seguir pensando em evoluir, tentar melhorar o ser humano que era. Não importa se religioso ou não, importa pensar sempre bem e o melhor para todos. Como ateu não tento fazer prosélitos, cada um sabe do seu íntimo e daquilo que lhe faz feliz; tampouco sou mensageiro da verdade. Não me acho melhor ou pior que ninguém, sou apenas mais um vivendo no planeta terra, com suas falhas e parcas virtudes.Tenho muito para melhorar, disso tenho certeza. Sendo imperfeito como todos, com o passar do tempo consegui apagar alguns, e continuo tentando.Para os que me odeiam não desejo o mal, apenas distância e que sejam felizes e prósperos em tudo.  Não acredito em Deus, mas acredito na justiça, no amor, na caridade e no perdão.
Há ateus maravilhosos, como existem cristãos budistas, Krisnas e espíritas etc.
Em todos os meios existem também os maus, não se pode é generalizar.
Muitos na jornada se acham superiores e julgam os ateus como pessoas do mal. Poderia enumerar ateus que fizeram muito pelo próximo, mas deixemos para lá.
Não acreditar em Deus não é afirmar que ele não existe, é apenas uma convicção que carrego.

E assim sigo nessa estrada aprendendo todos os dias, buscando cada vez mais luz para iluminar o meu caminho e dos demais.

SHALOM!!




JACK, O CHATO

Gordon

Envolvido na campanha ao governo de Santa Catarina, em 1965, Aderbal Ramos da Silva (1911 – 1985), presidente do antigo PSD, não sabia como se livrar de Jack, um boêmio, chato, que não largava seu pé. Um dia entregou-lhe uma quantia:
- Jack, por favor, entregue estes Cr$ 100 mil ao Gordon. Em mãos.
Ele só voltaria um mês depois:
- Dr. Aderbal, procurei o Gordon por todos os lados. Fui ao Rio, São Paulo e Porto Alegre e não o encontrei. Gastei o dinheiro procurando o homem...
Aderbal disse que não tinha problema. Afinal, livrou-se dele por um mês!
- A propósito, Dr. Aderbal – perguntou Jack, intrigado – quem é o Gordon?

CH

PARA PENSAR


"Se elegemos viver entre bárbaros devemos suportar os bárbaros ruídos de suas bárbaras superstições, mas o imbecil que se senta e espera até a meia-noite para tocar um sino ou disparar um fuzil porque a terra chegou a um ponto determinado de sua órbita, deve ser considerado um inimigo da raça..."
AMBROSE BIERCE

VERSO NA LÁPIDE


O PARAÍSO QUASE VAZIO
O INFERNO SIM LOTADO
METADE SÃO POLÍTICOS
OUTRO TANTO  DE ADVOGADOS.

VERSO NA LÁPIDE

ESTE QUE AQUI DESCANSA
REZAVA TODOS OS DIAS
UMA VELA PARA DEUS
OUTRA PARA O DIABO ACENDIA.

BERTRAND RUSSELL

PECADO
"Suponhamos que as bombas atômicas reduziram a população do mundo a um casal de irmãos. Deveriam eles deixar desaparecer a raça humana? Eu não sei a resposta, mas não penso que ela possa ser afirmativa apenas porque o incesto é um pecado."


Bertrand Russell

" Não deixe jamais uma besta falar por você."


ELES TÊM?


"Político quando vai pra TV não precisa de maquiagem. Precisa é de vergonha na cara. Que é uma coisa rara."

E NÃO É?


"Os impostos e taxas são criados por gente que normalmente não os paga."

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O CASTIGO DE JK

O CASTIGO DE JK

Antes mesmo de ser presidente da República, Juscelino Kubitschek era acusado pelos inimigos de viajar demais. Como governador de Minas, adorava pegar o avião do governo e percorrer o Estado.
Certa vez, em 1952, a aeronave fez um pouso de emergência, dando um grande susto nos mineiros. Falha na manutenção. E logo identificaram o técnico responsável pelo parafuso a menos que quase matou JK. Quando todos imaginaram que ele puniria o técnico com uma demissão tão sumária quanto humilhante, JK fez diferente.
Publicou no Diário Oficial do Estado um decreto tornando-o integrante permanente de sua comitiva, em todas as viagens.
Se o governador morresse num acidente aéreo, o homem iria junto.
DP

"Minha mulher diz que sempre sonhou em ter um marido lindo. Disse para ela que pode procurar outro..."


“Loucura; uma fatalidade. Estupidez; uma escolha.”


LIMÃO


“A melhor coisa que pode acontecer num domingo é você receber a visita de um parente chato, gabola e que não tem pressa para ir embora.” (Limão)

"Não tenho tido tempo para ser outro. Só me resta ser eu mesmo."


PÉS SUJOS

Fazia tempo que Noar não esfregava os pés. Preparou uma enorme bacia, sabão, água quentinha e uma boa esponja vegetal. Então Noar foi esfregando, esfregando e a sujeira saindo, saindo. Mais água quentinha, mais sabão, e esfrega, esfrega, e a sujeira saindo, saindo. Sem exagero, com o barro que saiu dos pés desse vivente, a Olaria do Zé Arnaldo fez dois mil tijolos, e o homem ficou tão leve que parecia um astronauta pulando na lua.

CORREIO DO TENEBROSO DE NOVA ARAÇÁ- O ar do país está mais limpo depois que Jean Byllis foi embora. VADE RETRO!


FOLHA DO GUAIPECA DE GUARULHOS- Lula livre e vive. Para encher o saco da nação!


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

CONTRABALANÇANDO


A cachorrinha da dona Cleusa saía todo dia de sua casa e ia elegantemente fazer seu cocô matinal na grama limpa e verde do vizinho. Reclamar ele reclamou, mas seus apelos foram em vão. Era um homem gentil, detestava discussões e intrigas. Digamos que era um cavalheiro. Com o tempo achou que o negócio tinha passado dos limites. Resolveu ele também comprar um animalzinho de estimação para contrabalançar. Não foi fácil, mas conseguiu. E assim toda manhã ele saía de casa com seu elefante de estimação para fazer cocô no belo gramado do vizinho.

Renato Sant'Ana - Criminalidade e sistema penal falido

Renato Sant'Ana - Criminalidade e sistema penal falido


               Duas notícias de 12/02/20 sintetizavam a falência de nosso sistema penal: seguiam desaparecidos há sete meses seis bandidos que, embora presos em flagrante com toneladas de droga, foram liberados; e o traficante mais perigoso do RS estava solto, havendo cumprido apenas pequena parte dos 74 anos de cadeia a que é condenado.
          Lembrando. Em 10/07/19, seis criminosos que guardavam um depósito com 4651 kg de Maconha foram presos em Porto Alegre pela Brigada Militar. Aí, na audiência de custódia, eles alegaram ter levado uns tapas da polícia. Bastou para que a juíza plantonista, Lourdes Helena Pacheco da Silva, considerasse ilegal a prisão, mandando soltar os rapazes...
          Horas mais tarde, instada pelo Ministério Público, outra juíza, Vanessa Gastal de Magalhães, mandou prendê-los de novo, porque não havia dúvida quanto à prática do crime e porque eventual excesso da polícia não os transformaria em inocentes - óbvio!
          Com a cortesia de praxe, repeliram o desvario da plantonista o comandante do 11° BPM, tenente-coronel André Ilha Feliú, que afiançou a lisura da operação policial, e o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, delegado Vladimir Urach. Para ambos, a extravagância da decisão obriga a polícia a trabalhar dobrado.
          Ah, mas a plantonista mandou os travessos darem as caras uma vez por mês no fórum, não saírem da comarca sem autorização legal, voltarem para a casa à noite e comprovarem endereço residencial. Mas eles não deram bola à doutora. E a notícia é que, há sete meses, eles estão foragidos.
          No segundo caso, a Brigada Militar deteve o traficante Juraci Oliveira da Silva (o Jura) portando uma pistola 9 milímetros. Aí se soube que ele estava solto, em que pese ter longa pena a cumprir por homicídio e tráfico de entorpecentes.
          Lembrando. Jura é apontado como o patrão do tráfico no Campo da Tuca, zona leste de Porto Alegre, e provável maior distribuidor de drogas na capital gaúcha. Em 1999, ele foi condenado a quase 30 anos de prisão. Em 2009, saiu da cadeia para o semiaberto (albergue prisional Pio Buck). E aproveitou para fugir. Só foi apanhado um ano depois, no Paraguai.
          De volta ao Brasil em 2010, foi para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC). E aproveitou para fazer parceria com José Carlos dos Santos (o Seco), que já estava lá. Seco se notabilizou por comandar espetaculares ataques a carros-forte e pela frieza com que matava para roubar. Juntos, eles passaram a planejar ações criminosas a serem executadas por seus comparsas nas ruas.
          Em 2015, Jura foi julgado por dois homicídios triplamente qualificados que ele ordenou de dentro da cadeia. E, mesmo reconhecendo a existência dos crimes e a autoria do réu, o júri o absolveu. Durante esse julgamento, ele admitiu que seguia comandando a venda de drogas de dentro da FASC. E não consta que haja deixado de ser o patrão do Campo da Tuca.
          Em 29/01/20, Jura foi de novo para o semiaberto por ter "conduta carcerária satisfatória" (sic!), mesmo acumulando condenação a 74 anos de cadeia. E foi novamente preso pela Brigada Militar em 12/02/20.
          É a realidade: um sistema penal incapaz de coibir a sanha daqueles que, sem escrúpulos nem compaixão, escolhem o caminho do crime. E como negar que esse quadro ficou imensamente mais grave nas últimas três décadas?
          Com a chancela da Constituição de 1988, vigora no país uma paródia da dispensável teoria de Luigi Ferrajoli, o dito "garantismo penal", que mantém um discurso de legitimação do crime e ignora dois pressupostos inelutáveis: (a) todo ato criminoso é uma escolha; (b) é função do Estado reprimir a criminalidade, vindo a proteção da sociedade muito antes do interesse do transgressor.
          Eis, em última análise, o reflexo da miopia hermenêutica que predomina nos cursos de Direito e faz a cabeça de novos juízes, promotores, advogados, etc. Sendo que poucos conseguem revisar as crenças adquiridas na faculdade e desenvolver um pensamento autônomo.

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

ESTUDANTE DE MEDICINA PRESA COM 20 KG DE COCAÍNA

Mulheres bandidas presas com 20 quilos de cocaína na BR 386. Uma delas estuda Medicina no Paraguai


Policiais rodoviários federais prenderam duas criminosas hoje à tarde, em Sarandi, no Norte gaúcho. 

Com elas os agentes encontraram mais de 20 quilos de cocaína, escondidos no tanque de combustível de um veículo Gol, com placas do Paraná.

O carro era conduzido pela filha do proprietário do automóvel, uma paranaense de 21 anos que estuda Medicina no Paraguai. 

A passageira catarinense de 19 anos é estudante do ensino médio. Os policiais suspeitaram da atitude da dupla durante a abordagem e realizaram uma fiscalização minuciosa. Ao verificarem o veículo, os agentes encontraram indícios de adulteração na tampa do tanque de combustível. Ao abrirem o reservatório, localizaram os tabletes de cocaína. As duas traficantes foram presas em flagrante e recolhidas ao presídio.


BLOG DO POLÍBIO BRAGA

SÍLVIO

SÍLVIO


O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.

DONA MEIGA

DONA MEIGA


Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.

"Boca fechada não fala asneira e não engorda por comer moscas."


“ É fato que os canalhas possuem uma grande torcida. “


“”Todo homem que diz não ter preço é o mesmo que está em liquidação.”


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

PUTA QUE PARIU

Ontem à tarde estava eu numa estrada poeirenta no interior de Arapiraca, sujo e irritado com o calor, encostado num poste aguardando pelo ônibus quando pousou na estrada um objeto voador e dele saiu um ser estranho, que perguntou se eu queria ir para algum lugar específico, que eles me dariam carona. Respondi que desejava ir para a casa do diabo lá na puta que pariu. Então ele me respondeu que ir à Venezuela estava fora do itinerário. Foi embora e sumiu entre as nuvens.

HAIKAI

Na longa noite dos ansiosos
O amanhã nunca chega
E o sofrer se renova cada momento.

HAIKAI

O homem é um animal
Um animal que tem consciência de si
Nada especial no universo.

HAIKAI

Digo em plena voz a todos
Não sou o dizem de mim por aí
Na verdade
Sou bem piorzinho.

Do Baú do Janer- quarta-feira, agosto 23, 2006 BAIXO ASTRAL PARA ASTRÓLOGOS

A União Astronômica Internacional (IAU) decide amanhã se os planetas do sistema solar são oito ou doze. Conforme a definição de planeta a ser adotada, ou Plutão perde o status de planeta, ou o sistema solar ganha mais três: Cedres, Caronte e Xena. Em verdade, o sistema solar está correndo o risco de virar uma bagunça como a União Européia. Conforme a generosidade das definições, poderá ter trinta ou mais planetas.

Para o mundo científico, onde redefinir conceitos faz parte da rotina, nada de novo. A cada nova definição que surge, geralmente morre uma antiga. Curioso será ver como reagirão esses gigolôs das angústias humanas, os astrólogos.

Se os signos eram regidos por nove planetas, como é que ficamos agora? Se Plutão for cassado, quem regerá Escorpião? Se Cedres, Caronte e Xena entrarem no baile planetário, regerão a quem? A clientela dos novos planetas será roubada de quais entre os antigos? Se os três novos planetas forem reconhecidos, serão revisados todos os mapas astrais até hoje desenhados? Ou seja: então os mapas até hoje feitos não valiam nada? Isso sem falar nas co-regências.

Claro que os astrólogos encontrarão alguma saída ante as novas definições. Vigarice sempre rendeu bom dinheiro e não pode ser assim abandonada, sem mais nem menos. Ao perturbar um próspero mercado de trabalho, os senhores cientistas estão se revelando verdadeiros estraga-prazeres. Abaixo a ciência! Longa vida ao mercado!
MORTOS E VIVOS

Os mortos vão para lugar nenhum
Que fica onde ninguém sabe
Já os vivos tratam de fazer política
Ou participam das tais igrejas de negócios
Afinal são vivos
E o que menos desejam fazer é trabalhar com afinco.
“O Brasil está dividido entre os que recebem e os que pagam. E o navio dos que recebem está tão cheio que corre o risco e afundar. Os que pagam já estão na água.”

FUMANTE


Breno tinha ojeriza de cigarro. Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo se estivesse na rua. Na sua empresa não contratava fumantes, não os queria por perto. Caso visse um fumante na mesma calçada, atravessava. Mas o destino às vezes é cruel; pois o mimo de Breno, Sandra, filha única amada adorada da qual fazia toda e qualquer coisa para agradar, apaixonou-se por um fumante inveterado. Então agora vemos Breno, o detestador de fumantes no meio da fumaça da sala deixando limpo o cinzeiro do futuro genro e pitando seu cigarrinho também, afinal nada melhor que um cigarrinho para acalmar os nervos.

BABY LAMPADA


Coisa própria da juventude; o afobamento, o medo do futuro, não ter o apoio da família; tudo isso faz do ser inexperiente uma vítima. Pois foi o que aconteceu com Baby Lâmpada, que preferiu espatifar-se no chão ao saber que estava grávida. Tudo por medo, pelo verdadeiro pavor de dar a luz pela primeira vez.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

BANDEJA DE PRATA
Ele sentiu o cheiro forte do salame e do queijo. Aguçou o olfato, abriu mais os olhos e saiu à procura. Deu mais alguns  passos no assoalho encerado e muito liso e vislumbrou então o que parecia ser uma bandeja de prata com delícias. Esfomeado que estava não perdeu tempo, olhou para os lados, não viu ninguém e atracou-se. Não sofreu com a pancada, apenas deu uma tremidinha e morreu. Logo depois o esnobe gato da casa passou pelo corpinho e fez cara de nojo.


DISTRAÍDO

Belo domingo de sol, os amigos Paulo e Anselmo foram passear de balão. Paulo sempre ligado e Anselmo mui distraído. Quando o instrutor mandou aliviar o peso Anselmo prontamente se jogou do balão. Paulo sofreu um infarto e o instrutor um AVC. Anselmo caiu sobre um monte de feno, saiu ileso, e no dia seguinte foi ao enterro dos dois de paletó e gravata, só de cueca, usando carpins vermelhas e sapato de bico fino.
SUÍNO E PORCO

“Às pessoas precisam aprender a diferença entre porco e suíno. Suíno nada mais é que um porco que toma banho diariamente. “ (Climério)
O PEDIDO

O sujeito entrou no bar, sentou-se num canto e chegando o garçom fez o pedido: dois pasteis de graxa de motor elétrico, um litro de ácido de bateria e uma salada mista de arruelas, temperada com pólvora e gasolina azul. Diante do olhar atônito do atendente disse: ” sou o Homem de Ferro, portanto não esquente, hoje resolvi radicalizar na dieta. ”

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

CALDEIRÃO DE MÁGOAS

O rio segue seu curso entre calmarias e corredeiras
Intrépidos o navegam enfrentando toda sorte de obstáculos
Dores psíquicas e físicas fazem parte da jornada
Às vezes eles caem
Mas retornam para navegar
Enquanto isso na margem do rio da vida
Os abocanhadores de facilidades
Atiram pedras
E cozinham no caldeirão da inveja
Todas as mágoas possíveis
Aos vencedores.

SEM SOMBRA

Ele tinha certa dificuldade em fazer amigos. Para dizer a verdade não tinha nenhuma facilidade em se aproximar de alguém. Para uns era um grande chato, para outros apenas um jovem profundamente melancólico. Algo que Joel não sabia era sorrir, sempre taciturno, vivia para si. Naquela cidade não havia por certo pessoa mais solitária e triste, sua única amiga era uma televisão de 20 polegadas que dele não podia fugir. Do trabalho no banco para casa e nada mais. Não tinha empregada em casa nem bichos para cuidar. Pensou num cachorro, mas logo desistiu, não queria ter o trabalho de limpar sua sujeira. Teve sua tragédia pessoal quando sua noiva o trocou por outra. Não reagiu, não lutou nem um pouquinho para sair da tristeza, apenas entrou no baú dos solitários. E foi assim que um dia sua própria sombra resolveu deixá-lo, abandonando um corpo quase já sem vida. E quando o sol mostrava seu brilho e calor Joel caminhava pelas ruas sem ter sequer a própria sombra por companhia.

APRESENTAÇÃO

O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música. O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Do Baú do Janer Cristaldo- segunda-feira, março 01, 2004 MEMÓRIAS DE UM EX-ESCRITOR (VI)

O choque anafilático ocorreu na primeira reunião que participei no Departamento de Língua e Literatura Vernáculas. Duas alunas, quartanistas de Letras, pediam ao Departamento um professor para explicar-lhes o que era sujeito e predicado, que até então elas desconheciam o que fosse. Perplexo, eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, nem como elas haviam sido admitidas na universidade. Pior ainda, estavam se formando e já praticamente habilitadas a exercer o magistério. 

Nestas ocasiões, sempre costumo evocar o professor Hugo Brenner de Macedo, dos dias de ginásio em Dom Pedrito. Certa vez cortou dois pontos numa prova de geografia, só porque um aluno escreveu feichão. Fizesse isto em Florianópolis, talvez nem dez por cento de meus alunos da universidade chegassem ao final de um semestre. Ainda em geografia, lembro do professor Hugo: "isso aí de rios, lagos, montanhas e cidades, vocês olham nos livros, está tudo lá. Nós vamos falar do que realmente importa, a geografia econômica, o empenho das nações pelo seu abastecimento, as trocas e lutas geradas pela necessidade de comer". Acabou cassado pelos militares. 

Apesar do dogma e do catecismo, impostos a martelo, o Patrocínio forneceu a seus alunos uma educação de elite. Sempre me sinto um pouco dividido ao falar dos padres que foram nossos mestres. Por um lado, eram europeus arrogantes, déspotas esclarecidos. Sentiam-se como seres de uma civilização superior trazendo luzes aos silvícolas. (Luzes de uma galáxia extinta, medieval, não as luzes da Europa moderna). Por outro, com eles aprendi línguas, tive janelas abertas para o mundo. Os livros que nos proibiam sempre constituíram indicações bibliográficas excelentes, garantia de boas leituras. Em Santa Catarina, tentei usar este recurso, por vezes desaconselhava vivamente um livro, com certa indignação, para ver se os alunos o liam. Lá na ilha, nem assim deu certo. 

Ao defender tese em Paris, não pude deixar de evocar Maria Veiga Miranda, que me introduziu com carinho quase materno nas guturais do francês. Não terá sido por acaso que este clima pedritense produziu um dos mais ágeis poliglotas brasileiros, o Carlos Freire. Na penúltima vez que falei com o Freire, ele já dominava cerca de quarenta línguas, que iam do ioruba ao swahili, passando pelo russo e árabe, chinês e ucraniano. Nestes últimos anos, o professor gaúcho se dedicou a um empreendimento insólito em língua portuguesa e mesmo nas demais línguas, a tradução de sessenta poemas de sessenta idiomas diferentes. A antologia está pronta e espera editor. 

Falava da Bíblia. Em umas férias no Upamaruty, me encerrei por uns três dias no quarto de nosso rancho, Bertrand Russel de um lado, a Bíblia de outro. Teria uns quinze anos. Meus pais achando que eu havia "treslido", como ocorreu com Don Alonso Quijana. Comia no próprio quarto. Só saía forçado por necessidades fisiológicas ou para cavalgar na madrugada, sob um céu crivado de estrelas, que ao homem urbano não é dado ver. Naquelas plagas, tal comportamento não era exatamente sinônimo de higidez mental. Cavalo é instrumento de trabalho, meio de transporte, não pretexto para desvarios metafísicos. 

Ao final dos três dias, estava livre de Deus e de todo pacotaço ético que os padres carregam sob o sovaco. A Bíblia era um livro muito maior do que pretendiam os catecismos do Vaticano, sempre preocupados em controlar a vida sexual dos católicos, perversão papista que até hoje, às portas do novo milênio, continua sendo a pedra de toque de João Paulo II. Foi doloroso no início, naqueles dias havia morrido em mim qualquer esperança de paraíso, vida eterna, transcendência. A vida perdeu todo e qualquer sentido e andou me rondando a idéia de suicídio. O que também era absurdo. Se a vida não tinha sentido, a morte muito menos. Algo assim como uma nevralgia prolongada. Como toda dor de dente, acabou passando. 

A libertação do cristianismo deveu-se em boa parte à sexualidade submetida a uma camisa de força. Os catequistas nos haviam instalado na cabeça uma maquininha de tortura, a noção de pecado, fundamentalmente ligada ao prazer sexual. Mal cometíamos um "pecado contra a carne", a maricota começava a girar: ofensa ao Cristo, transgressão da lei divina, medo da morte e dos tormentos do inferno, arrependimento e contrição, votos de não mais pecar. Dia seguinte, pecado de novo. Já que havia pecado uma vez, aproveitava para pecar outras, que a absolvição valia para todas. Autoflagelação imediata: a cada masturbação ou relação sexual, um sentimento de medo e desespero me levavam correndo ao confessionário. Particularmente após uma noite de tempestade. Pode parecer megalomania, mas os raios, evidentemente, só podiam ser dirigidos a mim, pecador. 

Os padres queriam detalhes, o interrogatório era basicamente obsceno. Hoje, entendo melhor a psicologia dos confessores. Adulto, me descobri um dia falando baixinho com uma parceira, em um momento de muita excitação, sem ter razão alguma para falar baixinho. Por algum mecanismo qualquer da mente do bicho-homem, naquela hora em que a pele do peito começa a avermelhar, a tendência é sussurrar. Hoje, entendo aqueles sussurros em meio à luz macia das igrejas. Eles eram os precursores do sexo por telefone, os castos oblatos. 

A tensão insuportável daquela sucessão de gozo e medo, transgressão e arrependimento, humilhação ante o confessor e alegria da absolvição, é tortura que não desejo a ninguém, como tampouco dela absolvo meus algozes. Nestes dias em que tanto se fala de direitos humanos, algum dispositivo qualquer deveria punir como crime contra a humanidade este vício inquisitorial de sacerdote, o de instalar o sentimento de culpa no cérebro de uma pessoa, para que esta se torture a partir de qualquer transgressão a uma ética doentia, inimiga do prazer. Ocorreram dois suicídios inexplicáveis de ginasianos do Patrocínio naquela época, e hoje me pergunto se atrás deles não estariam estes instrumentos de tortura mental. 

DISSEONÁRIO PEDRA

VIDA EM CUBA

“Antigamente em Cuba se você não estivesse doente ou estudando todo o resto era uma merda. Agora nem assim você escapa da merda.” (Cubaninho)