quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SINDICALISTA


“Você já observou que a maioria dos sindicalistas sofre da doença de colação perpétua ao cargo ou da tal metástase sindical parental?”

“O socialismo é busca da igualdade na miséria. Menos dos dirigentes.”


DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- sexta-feira, fevereiro 27, 2009 O TUMOR SUMIU

Tenho leitores que adoram ler sobre minhas andanças, leituras, amigas e vinhos. É como se eu vivesse um pouco por eles. A estes, trato com muito carinho e sempre procuro incitá-los a viajar. Mas há também os azedos. Aqueles que, à menor manifestação minha de felicidade, tornam-se ácidos. São ora fanáticos religiosos, ora simples invejosos. Tipo aquele personagem do Pessoa: 

Toda a alegria me gela, me faz ódio.
(...)
Sinto em mim que a minha alma não tolera
Que seja alguém do que ela mais feliz;
O riso insulta-me, por existir;
Que eu sinto que não quero que alguém ria
Enquanto eu não puder.


Curiosamente, estes são meus mais fiéis leitores. Eles adoram curtir aqueles “dois minutos de ódio” diários, dos quais falava Orwell, em 1984. Não perdem uma só de minhas crônicas, nem a mínima ocasião de insultar-me. Como pode aquele ateu ter vida tão boa? Como pode aquele reacionário ter degustado tantos vinhos, freqüentado tantos restaurantes mundo afora? Esquecem que boa vida não depende de crenças e viajar implica freqüentar restaurantes. Não ligo. Não vou passar mal só para que eles se sintam bem. Tenho e tive momentos difíceis em minha vida, momentos que este tipo de leitor adoraria ler. Não vou dar-lhe este prazer.

Minhas atribulações não interessam a ninguém. Nestes dias em que escritores exploram a doença dos próprios filhos para ganhar prêmios e páginas na imprensa (a síndrome de Down ainda vai virar gênero literário), em que pacientes terminais expõem suas dores em jornais e vendem suas mortes na televisão, eu até poderia usar mão destes recursos para comover o leitor. Não é de meu feitio. Prefiro cantar a vida. Passado o temporal, posso até falar no assunto. Como falarei agora.

Começou no Natal passado. De início parecia uma simples dor de garganta, que me acometia sempre ao amanhecer. Ora, não vou procurar médico por uma dorzinha de garganta, pensei. De meu passado camponês, herdo um vício que pode ser letal: só busco médico quando a dor incomoda muito. Ou quando sinto que estou morrendo. Assim sendo, fui deixando. Mas a dor, apesar de perfeitamente tolerável, persistia. Meio que por milagre, tomei uma decisão. Afinal, não custava nada procurar um otorrino. 

Fui lá. A moça não soube diagnosticar a coisa. Pensou em pênfigo, palavrinha que eu jamais tinha ouvido. Encaminhou-me a uma estomatóloga. Ela deu o mesmo diagnóstico. Fiz então o que não aconselho a ninguém fazer: fui procurar a palavrinha no Google. Passei por várias variantes da doença e acabei caindo numa, o fogo selvagem. Procurei imagens e quase tive um chilique na frente da telinha. Vi corpos consumidos pelas chagas, pessoas mais em carne viva do que em pele. Não pode, pensei. Isto é uma simples dor de garganta. Melhor fosse câncer.

Fiz biópsia. Não deu outra. Carcinoma de palato. Mas no laudo vinham duas palavrinhas mágicas em latim: in situ. Ou seja, localizado. Sem nódulos nem metástases. Mesmo assim minhas médicas não estavam acreditando muito no que viam. Fui enviado a outro profissional do qual também jamais havia ouvido falar: cirurgião de cabeça e pescoço. Ele pediu um segundo exame de laboratório. Conferiu: carcinoma de palato. De novo, in situ.

Pouco me abalei. Aquelas duas palavrinhas mágicas me confortavam. Nunca foi tão bom ouvir uma língua morta. Primeira providência: conclamei a Primeira-Namorada para um almoço comme il faut, para comemorar meu presentinho de Natal. Regado com um excelente carménère da Cordilheira. Carménère, a meu ver, combina com carcinoma. Se não rima, pelo menos alitera.

Só depois fui tratar de tratar-me. Para o cirurgião de cabeça e pescoço, eu teria de parar de beber por um ano. Um ano, Dr? Um ano é muito. Não dá pra negociar? Bom, cerveja pode. Já melhorou. Mas meu fraco é vinho. Bom, vinho também pode. O que não pode é uísque. Maravilha, pensei. Por uísque, entendi destilados. Ficar sem destilados por um ano não é afinal uma tragédia. Fui então encaminhado a um oncologista.

O oncologista foi radical: durante o tratamento, nada de álcool. Como criança pedindo doce, levantei timidamente o dedinho: nem uma cervejinha, Dr? Nem cervejinha. Mas o período de abstinência às boas coisas da vida já era menor: durante o tratamento. Que começaria dali a duas semanas. Bem entendido, isto foi suposição minha. Considerava que, enquanto não começasse a radioterapia, eu não estava em tratamento. Preferi não entrar em detalhes. Certas perguntas, melhor não fazer. 

Enquanto médicos e físicos estudavam a estratégia das radiações, convoquei a Primeira, mais amigos e amigas, para festejar com carménères, malbecs, neros d’ávola, regalealis. Com esporádicos acenos ao Ballantines. Os melhores amigos, nunca sabemos quando vamos reencontrar.

Nos primeiros dez dias, foi um passeio no bosque. A partir daí, começaram os pepinos. Dificuldades iniciais para mastigar até total impossibilidade de mastigar. Sensação constante de ter mordido pimenta das bravas. Por vezes, parecia que um incêndio fora deflagrado em minha boca. Almoço, já nem lembro o que seja. Tenho vivido de sopas, sorvetes, iogurtes, ovos mexidos, suplementos, coisas assim. É também uma boa ocasião para visitar um francês e pedir uma île flottante. A sobremesa cai bem, passa pela garganta sem rasgá-la. Ironias da vida. Eu, que estava deplorando a ausência de bebida, agora não suportava nem mesmo a comida.

Fora isso, vida normal. Contei a coisa apenas a meus amigos e amigas mais íntimos. Houve pessoas de vários quadrantes querendo visitar-me. Proibí terminantemente qualquer visita. Só o que faltava visitar-me para me ver tomando sopinhas com Kronenbier. Amigas, de jeito nenhum! Vinho sem mulher passa. Mulher sem vinho não tem graça. Quero todos e todas aqui – afirmei então – para celebrar a cura e a bona-chira.

Estou contando tudo isto não para comover platéias, muito menos para agradar aqueles leitores iracundos tipo o personagem de Pessoa. “Com que alegria minha, cairia um raio entre eles!” – dizia a propósito das pessoas que se sentem felizes. Bom, o raio não caiu e a tempestade passou. No início da semana, o médico que coordena a equipe que me trata olhou-me fixamente, não no fundo dos olhos, mas no fundo da garganta. E disse: “A lesão sumiu”. Sem acreditar muito no que ouvia, perguntei: como é mesmo, Dr? Ele repetiu: “o tumor. O tumor sumiu”.

Enfim, o tratamento ainda continuará por alguns dias, mas agora as radiações se tornaram bem mais suportáveis. Poderia cacarejar como Paulo: “Ó câncer, onde está tua vitória?” Não cacarejo, não! Sei que meu caso é banal e foi constatado a tempo. Há ainda muita água sob a quilha e nunca se sabe o que vem pela frente.

Em suma, escrevo para compartilhar com leitores minha alegria. Há palavras lindas de se ouvir na vida, tipo eu te adoro, te quero bem, me aperta com força, me beija, fica só um pouquinho mais. 

Mas ouvir algo como “o tumor sumiu” faz mais bem à alma que muita declaração de amor. Em breve volto aos trabalhos de bar. Tim-tim, leitor!

EM MUMBAI

Em Mumbai, um homem vai pular de um edifício. Corre um bom policial Hindu para acalmá-lo. 

"Não pule, pense em seu pai" grita para o homem, que responde: "Não tenho um pai, eu vou pular". 

O policial passa por uma lista de parentes, mãe, irmãos, irmãs, etc. Cada vez o suicida diz "não tenho uma”, e vai indo para saltar.

 Desesperado o policial grita:

"Não pule! Pense do Senhor Krishna"

 O homem responde: "Quem é esse?"

 Então grita o policial:

 "Pule já muçulmano! Você está bloqueando o tráfego!"

“O que o PT fez com o Brasil o seu Nicanor 20 filhos fez com a mulher.”


“O Temer não é lá grande coisa, mas trocamos por Dilma que na verdade não é coisa nenhuma.”


“A vida tanto faz carinhos como bate duramente.”


FALSO

O abraço do falso
Não vem montado numa carranca
É todo riso e amabilidade
Inspira o amigo de fé para que distenda os músculos
Para que possam os punhais do crápula
Penetrar  a carne sem muito esforço.

Se falta coragem para mostrar a foto limpa de marginal, porque colocam foto borrada nas páginas policiais? Coloca o texto e deu. Gente besta meu!

Meu alimento não é a ignorância
Gosto de sentar-me próximo aos iluminados
Somente assim é que fico saciado.

E NÃO É?


A provar lei de abuso de autoridade
Sem grande discussão
É coisa típica de político ladrão.

NA SAVANA
Marcio estava caçando leões na savana africana. Separou-se do grupo, foi em frente sem temer o pior. Depois de caminhar por meia hora deu de cara com um leão de juba enorme, não mais que vinte metros distante dele. Preparou a arma e disparou ‘clack’ falhou. O leão quieto olhando para ele. Disparou de novo ‘clack’, nada. O peludo não se conteve, ficou de barriga para cima rindo debochadamente do caçador. Quando Marcio estava se preparando para correr o leão disse: Alto lá! Não vá embora antes de fazermos uma foto com sua cabeça dentro da minha boca! Marcio voltou ao Brasil antes dos companheiros. Segundo se soube veio a nado.

POIS


“ Melhor ser um ovo que o fiofó da galinha. “

O FILHO PRÓDIGO

Artur era um menininho levado de oito anos que vivia com seus pais num bairro de classe média alta em São Paulo que um dia sumiu de casa; polícia, buscas, detetives, nada de encontrá-lo. Apesar da dor a vida seguiu seu rumo sempre com ele no coração. Dez anos se passaram quando Artur bateu à porta. Bateu com uma marreta, derrubando-a, enquanto seus comparsas realizaram uma limpa geral nas joias e do dinheiro que havia no cofre. Educado, ele ainda deixou um bilhete: “Artur esteve aqui.”

VERO

“Quem não sabe nem fritar um ovo deveria abster-se de namorar. “

MÁFIA NOSTRA


“ Os bandidos hoje fazem leis. A ralé moral nacional comanda o Congresso. O ladrão Renan ainda articula. Tem que ser no pau, essa turma do Planalto Central não passa de poderosa Máfia. “

CHICO MELANCIA



“ Cobradores em ação. Estou mais difícil de encontrar que parafuso de máquina de costura centenária. “ (Chico Melancia)


COBRAS



“ Uma colega maledicente foi picada por uma jararaca. A jararaca sortuda passa bem. “

DIFICULTA


“ O sujeito não tira os óculos escuros e quer que eu o reconheça? “

SEM ILUSÃO


“ Não se iluda com a Mega-Sena. Mais fácil que ganhá-la é a Scarlett Johansson dar em cima de você. “

MELHORANDO

“ Estou melhorando. Hoje já dei bom dia para mim mesmo três vezes. “