segunda-feira, 17 de outubro de 2016

SPONHOLZ

GAZETA DO PELUDO DE MONTE ALVERNE- Poder Judiciário gastou quase 80 bi em 2015

Gastou, gastou, isso para termos uma das justiças mais rápidas do planeta. Não???

Bate papo das seis

Quase seis horas da tarde, e dona Zefa Fofoca estava na janela observando o movimento e destilando veneno na companhia de Jureminha Bunda-de-Tábua que vinha da venda e parou para um papo amigo. Falavam das coxas de fora da menina Matilde e da barriguinha esquisita da filha da Norma-Bucheira. O falatório desenfreado é lazer nas cidades pequenas. O conversê estava animado quando um ciclista gorduchinho passou pela calçada e sem querer passou com o rodado da bicicleta sobre a língua de dona Zefa, que no momento estava em repouso sobre a calçada. Foi para o hospital levada pelo SAMU. Jureminha ajudou a carregar a língua amassada. O ciclista fugiu.

IRADO

O escritor, a cadeira dura, o computador, a tela branca e a inspiração que falha. Ele precisa escrever um conto para pagar suas contas (maldito trocadilho) e não há uma só ideia batendo à porta. Caminha, fuma, bebe e fuma, força o pensamento e nada de interessante se apresenta à mente. Sai da casa (que fica no interior, lugar sossegado) e olha para o grande verde em volta cheio de cantares, admira a limpidez d’água do riacho pedregoso que corre ali pertinho onde sempre que pode pesca jundiás. O nada criar acirra a ansiedade, os cigarros entram e saem dos lábios com maior rapidez. Há pequenos mosquitos incomodativos que ele espanta com fumaça solta em espiral. Sentado num tronco observa a chegada da noite e fica pensando como será o seu amanhã. A lua no céu olha para ele e ri com brilho. Na mente enumera assuntos para ver se algum deles responde ao chamado. Nada, nada, nada... Entra na casa novamente, vai até quarto e abre a última gaveta da cômoda. De lá retira um estojo de madeira e o coloca sobre a cama. Retira a arma do estojo, carrega cinco projéteis e então alisa o revólver. Fica absorto por alguns minutos com os olhos no Taurus. Então vai a busca de sua potente laterna, apanha umas iscas no latão e sai para pescar. Na trilha, olha para trás e grita: foda-se a inspiração!

Glória Vã

Nino, 12 anos, era um menino mirado, com os ossos gritando para fora da pele. Sua tez amarelada denunciava um corpo doente. Naquela tarde de muito sol, Nino, que morava no interior do interior saiu com outros meninos para pescar no riacho das pedras. Meteu a minhoca no anzol e apontou o caniço pra corredeira. Nem bem a minhoca havia se molhado um jundiá puxou com gosto e Nino, firme como prego em polenta, foi para dentro do rio agarrado no seu caniço. Afundou, voltou e bateu-se em pedras. Os companheiros ficaram apavorados sem saber o que fazer. Todos sabiam nadar; o certo é que nenhum deles tinha força suficiente para salvar um corpo que estava em apuros. A boa sorte foi que o mirrado alguns metros abaixo conseguiu subir numa pedra sem largar a vara e também o jundiá. Ergueu os braços mostrando o troféu. Teve mais sorte que juízo. Foi festejado pelos colegas e voltou para casa com um peixe de quilo para presentear sua mãe. O jundiá foi tomar banho na frigideira; o menino tomou umas palmadas e ficou de castigo. E ficou sem comer o peixe.

“Ando de arrasto, mas meus pensamentos passeiam no azul sobre as nuvens.” (Mim)

Preguiça

“A preguiça não deixa de ser uma vontade. A vontade de não se fazer nada.” (Pócrates)

Maquiagem

“A maquiagem existe para ajudar a natureza.” (Climério)

Para início de conversa

“A melhor maneira de se começar uma conversa ainda é abrindo a boca.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

O CICLISTA PEDALA

O ciclista pedala
Para o trabalho
Pela saúde
Por amor à liberdade
Para ver mais de perto o colorido das flores
O ciclista pedala por inúmeros motivos outros
Ele só não pedala para morrer
Isso fica por conta
De um imbecil que dirige embriagado.

INSPIRAÇÃO

Em frente à folha branca
Quando o forçar não resolve
Abro todas as portas da mente
E convido a inspiração para me dar um abraço.

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, quem é imortal?”
“O nada, pois todos sabem que nada é para sempre.”

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, como o senhor se sente sendo a luz de muita gente?”
“Uma lanterna já com pilhas fracas.”

“Um diabo andando pelas ruas de Brasília jamais será reconhecido, pois todos os diabos são iguais. Aí...” (Mim)

CALOR

O calor do verão me mata
Sinto uma inquietação
E vontade de fugir
Apenas fico à vontade
Quando me transformo num pato e vou brincar na lagoa.

ILUMINADA

Iluminada é a mente
Que tem o horizonte infinito como alvo
Ao contrário do parvo
Que de cabeça baixa conta as pedras no caminho.

PASSARINHOS

Depositei farelos de pão
Num cantinho da minha rua
Chamando boas alminhas voadoras para uma refeição
Vieram pombas 
Pardais 
Sabiás 
E bem-te-vis
Bicar com satisfação
Mas ninguém ficou mais feliz do que eu
Vendo eles livres e tão perto de mim.

SANTO

“Santo é o sujeito que fez tantas ou mais malandragens que você, só que ninguém ficou sabendo.” (Mim)

"Quando as pessoas temem o governo, isso é tirania. Quando o governo teme as pessoas, isso é liberdade.” Thomas Jefferson

Reflexões sobre a Imaginação Totalitária Por João Cesar de Melo

Instituto Liberal
Eu estava sentado no alto da escadaria do Lincoln Memorial, em Washington, quando terminei de ler A Imaginação Totalitária, de Francisco Razzo. A poucos metros de mim estava gravada no piso a famosa expressão “I have a dream” e a frase que a segue, dita ali mesmo por Martin Luther King. Ao final do espelho d’água à minha frente estava o memorial em homenagem ao fim Segunda Guerra Mundial. Hitler também tinha um sonho.
Nunca houve na história um ditador sem um grande e belo sonho, que não tivesse maravilhosos planos para a humanidade.
Lenin realizou os sonhos de Marx e Stalin realizou os sonhos de Lenin. Algumas pessoas tiveram que morrer para realizar esses sonhos. Aproximadamente vinte milhões. O preço para eliminar conspiradores, promover a igualdade social e levar saúde, moradia e educação gratuita e de qualidade para todos os sobreviventes.   
Poucos dias atrás, no Rio de Janeiro, militantes comunistas ocuparam o colégio Pedro II para celebrar os 50 anos da Revolução Cultural Chinesa, aquela que atendia os sonhos de Mao Tsé-tung de construir uma sociedade livre da ganância e da influência ocidental, justa e fraterna como apenas o comunismo poderia moldar. Em consequência da realização desse sonho, todos os livros não alinhados à revolução foram queimados, milhares de professores foram mandados para campos de trabalho forçado e dezenas de milhões de cidadãos inocentes morreram de fome.
Em nossa gloriosa América Latina, tão rica em… em… florestas, folclore e revoluções, temos a concretização de um grande sonho: Cuba, a ditadura que fascina milhares de jovens que amam o comunismo pelo simples fato de nunca terem vivido sequer uma semana sob suas condições.
Nicolás Maduro está tentando manter a revolução bolivariana promovida por Hugo Chávez mas, infelizmente, o povo ainda não está preparado para a vida igualitária, sem o desejo por futilidades como medicamentos, produtos de higiene mental e comida.  
Os líderes de partidos como o PSOL e PCdoB têm sonhos semelhantes aos de Lenin, Stalin, Mao tsé-tung, Fidel Castro e Hugo Chávez, mas também uma certeza: Com eles seria um pouco diferente. Não teria perseguição, nem violência, nem fome porque teria mais amor!
Quantas mulheres morrem por ano, vítimas de “crimes do amor”?
Lendo o rico e elegante livro de Francisco Razzo, visualizei muitos sonhos socialistas; e para todos eles, Razzo me ofereceu um diagnóstico tão real quanto constrangedor: A imaginação totalitária que alimentamos ao desejar um mundo melhor. Um mundo melhor sendo o mundo de nossos sonhos, de nossa imaginação, construído sobre a realidade e sobre os sonhos dos outros.
O substantivo coragem também deve ser utilizado ao falar desse livro. Digo: Ao falar do autor. Sua introdução e o magnífico fechamento em primeira pessoa qualifica a obra como honesta e corajosa; e por isso, a leitura flui sem se medo de nos sentirmos sozinhos ao identificar nossa ignorância e fraqueza.

O MELHOR DA LÍNGUA PORTUGUESA 3-

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Que tal este professor?
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Aqui temos um sincero. De segunda à sexta não mente, somente aos domingos.
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“Quem bate, esquece. Quem apanha, fica com manchas.” (Mim)

“Rio, porque chorar sempre é mais caro.” (Mim)

RELIGIÃO NÃO!

“O pecado e a figura do capeta atormentaram a minha infância. Por isso digo: religião , como foi bom ficar livre de você!” (Mim)

O USO DO DIABO

“O diabo serve para dar o susto. O sujeito ergue as mãos e os religiosos ficam livres para meter a mão no bolso.” (Mim)

Hora de usar a cabeça Autor: Fernando Gabeira

Ao som do tiroteio no morro Pavão-Pavãozinho, reflito sobre o momento político cujo ponto alto na semana foi a votação da PEC que estabelece um teto para os gastos do estado. Sempre houve tiroteio por aqui. Na primeira viagem que fiz ao Haiti ouvi tiros à noite. Pensei: estão fazendo tudo para me sentir em casa. E dormi em paz. Mas o tiroteio dessa semana parece marcar o fim de uma época e o começo de tempos bem mais difíceis. A ruína do projeto do PMDB no Rio acabou levando consigo algo que o sustentava, eleitoralmente: a política de segurança.
Tempos difíceis pela frente. A decisão de criar um teto para os gastos é correta. No entanto, há argumentos da oposição que merecem um exame. Acompanhei os debates e concordo com a tese de que a demanda com saúde e educação deve aumentar nos próximos anos. Como encará-las com recursos decrescentes?
Alguns setores da esquerda propõem questionar a dívida pública. Acredito que isso apenas vai nos levar a uma crise maior. Todos os caminhos da esquerda radical nos farão cruzar a fronteira com a Venezuela e nos fundir com o fracasso bolivariano.
PEC 241
O acerto de determinar um teto pode ser problemático adiante, se o governo se contentar com isso. Não me refiro apenas à reforma da previdência como um rumo de continuidade. Não teremos recursos para atender às demandas. O que fazer? O governo afirma que o dinheiro virá com o crescimento econômico, mais investimento, empregos e, consequentemente, mais arrecadação. Isso leva algum tempo. No meu entender, em vez de simplesmente sentir-se vitorioso com a votação do teto, o governo deveria preparar um choque de gestão. É a única maneira de fazer com que a escassez não torne mais difícil a vida das pessoas vulneráveis.
Choque de gestão
Por onde começar? Nem todo o aparato do governo é irremediavelmente incompetente. Existem algumas ilhas de excelência que deveriam ser estudadas, não para que sejam universalizadas artificialmente, mas como fonte de inspiração. Eu faria algumas perguntas simples. Por que a rede Sarah de hospitais funciona? O que é possível aprender com ela e aplicar em outros setores da saúde? Por que funciona a distribuição de água durante a longa seca no Nordeste, organizada pelo Exército Brasileiro? O que é possível aprender da experiência?
O choque da gestão é tão ou mais importante do que acabar com a roubalheira. O cenário que o governo nos apresenta deve ser avaliado com calma para que não surjam falsas expectativas. O governo quer fazer crescer a economia para voltar a gastar. E possivelmente a roubar, porque uma grande parte dele esteve associada ao PT no assalto aos cofres públicos. Portanto a questão é essa: como voltar a crescer de forma sustentável, em termos econômicos, e, ao mesmo tempo, evitar a roubalheira?
A corrupção está sendo combatida pela Lava-Jato e outras operações. As medidas para combatê-las, com o aval de mais de dois milhões de eleitores, estão na mesa dos parlamentares para serem transformadas em lei. Mas o problema da eficácia passa ao largo das considerações políticas. O próprio Congresso é um exemplo de desperdício. Inúmeras vezes defendi a tese de que a redução de mais da metade dos gastos não influenciaria o resultado do trabalho. Sei que pode parecer mesquinho o que vou dizer. Mas o próprio processo de articulação política para reduzir os gastos foi dispendioso. O presidente ofereceu almoço e jantar para quase 300 parlamentares. Ninguém pensou em pagar a própria comida porque, afinal, estavam todos salvando a pátria. É esse raciocínio que dificulta a reforma. O trabalho de todos é importante, poucos se dispõem a buscar uma racionalidade que os tire da zona de conforto.
Os brasileiros, sobretudo os mais pobres, serão de alguma forma tocados pelas medidas de austeridade. Não creio que apenas o crescimento econômico resolverá, magicamente, os problemas acumulados. Será preciso domar o monstro irracional que se tornou o estado brasileiro. Há quem ache que defender os mais vulneráveis se resume a pedir mais dinheiro. De um modo geral, são as pessoas cujos salários e benefícios dependem de mais verba. O desafio agora é gastar bem, fazer com que cada centavo tenha o maior efeito benéfico na vida das pessoas.
A esquerda que caiu não está preparada para essa nova fase. Ela não só acha que os salvadores da pátria merecem comida grátis. Ela acha que os defensores dos pobres podem encher a cueca de dólares. Muito se fala do buraco em que a esquerda se meteu. Acabaram os partidos? Não importa. As ideias de que as pessoas mais vulneráveis têm de ser consideradas não desaparecem. Acabam ressurgindo no próprio bloco dominante.
Não foi apenas a corrupção que nos levou ao fundo do poço. Foram também o populismo de esquerda e a formidável incompetência brasileira. Suas características mais patéticas se expressam na engrenagem do estado. Não sei até que ponto o próprio mundo das empresas foi contaminado e isso virou um traço nacional.
A racionalidade não se obtém em jantares e almoços no palácio. Tem de ser um pão nosso de cada dia.
Fonte: O Globo, 16/10/2016.

Sebastião Ventura: “A política brasileira só vai mudar com uma sociedade civil vibrante”

Instituto Millenium
Vá além da obrigação de votar
Esperamos muito da política e acabamos fazendo muito pouco pela democracia. Durante décadas, vivemos a utopia de que o direito de voto seria a solução para governos incompetentes e alheios às reais necessidades das pessoas. Passamos a votar e, paradoxalmente, acabamos por eleger uma plêiade de corruptos, desonestos e despreparados. Ou seja, o voto, embora essencial à democracia, não lhe é uma condição suficiente.
Engajamento
O fato é que, se realmente quisermos uma eficaz sociedade democrática, teremos que mudar nossa postura cívica. Não podemos mais simplesmente delegar nosso futuro a representantes ocos, venais e irresponsáveis. Infelizmente, nossos partidos – muitos dos quais ganham fortunas do fundo partidário – viraram rasas empresas eleitorais, focadas no lucro das urnas. Sem escrúpulos, usam e abusam de um marketing político mentiroso, iludindo a boa-fé do povo em favor de candidatos mal-intencionados. Em outras palavras, a chamada democracia representativa é, no Brasil, um teatro de personagens sem brilho.
Ora, temos que abandonar a ingenuidade de pensar que um dia o sistema irá se autorregenerar. Não vai. E não vai porque a classe política, em sua larga maioria, não dispõe da coragem, independência e da consciência crítica necessária para romper com as velhas estruturas que aí estão. Por conseguinte, a tendência é a manutenção dessa politicalha que apequena moralmente o Brasil e pune os cidadãos de bem com uma vida pública de péssima qualidade. Nesse contexto defectivo, os anos passam, oportunidades são perdidas e, novamente, o país afunda em uma grave crise econômica, fazendo o futuro repetir o passado.
Sim, é possível alterar a ordem dos acontecimentos. Para tanto, mais do que querer, teremos que fazer. O que muda a realidade é a ação concreta fruto do bom pensamento, pautada por razões superiores. Portanto, temos que ir além do voto e passar a participar – ativa, compromissada e diariamente – das questões de interesse público. A política brasileira só vai mudar com a energia de uma sociedade civil vibrante que não tenha medo de assumir seu destino democrático. A democracia, antes de políticos, precisa de bons cidadãos, pois é a força dos homens e mulheres de bem o grande catalisador das transformações práticas que o Brasil tanto precisa.
Corrupção
Vivemos um momento político crítico. A decepção, com tudo que estamos vendo, é grande e profunda. O caráter sistêmico da corrupção governamental faz pensar que a política é um grande balcão de negócios escusos em favor de barões imorais. Salvo exceções cada vez mais raras, o fel da ilicitude parece contaminar o sistema nervoso central, irradiando-se por todo o tecido político nacional. Com tantos canalhas e canalhices, não tem sido fácil acreditar na decência e na dignidade das instituições. Apesar de tudo, precisamos ir adiante; não podemos desistir, pois estamos no curso de um decisivo processo histórico que decidirá a natureza da democracia brasileira.
Os corruptos e corruptores são uma poderosa minoria organizada. Para o regaste da moralidade da democracia, precisaremos aglutinar as forças da maioria dispersa em prol de um projeto comum de nação a ser capitaneado por líderes inspiradores que ainda não se descobriram políticos. O Brasil está cheio de pessoas brilhantes e capazes de ajudar nosso país a construir uma sociedade virtuosa. Vens ou ficarás na poltrona?
Fonte: O Estado de Minas, 30/09/2016.