
Quem não lembra do filme “A Escolha de Sofia”, com roteiro e direção de Alan Pakula, estrelado por Meryl Streep?
Sofia era uma mãe judia que chegava de trem em um campo de concentração nazista. Ao desembarcar do vagão, seguiu para a fila de triagem com seus dois filhos, uma menina e um menino.
O soldado alemão, responsável pela triagem, apresentou à Sofia o dilema que dá nome ao filme, ela teria que escolher qual dos filhos seria enviado à câmara de gás e qual sobreviveria. Se não o fizesse, ambos seriam mortos, ameaçava o soldado.
Quem não se perguntou o que faria naquela situação? Eu sei o que faria, tentaria corromper o soldado, pagando-lhe o que ele quisesse, para salvar meus filhos.
Esse é o mais extremo e dramático caso que exemplifica que o responsável por qualquer crime de corrupção, envolvendo a busca de liberdade ou a proteção da vida ou de uma propriedade, é de inteira responsabilidade do violador de direitos.
Na maioria das vezes, corromper é o único recurso que resta para se enfrentar gente violenta. Em muitos casos, quando se recorre à alternativa da retaliação, a represália acaba sendo muito pior, podendo custar até mesmo a vida de quem teve seus direitos violados.
Somente um violador de direitos, para aplacar sua culpa, pode querer dividi-la com seu corruptor, para também passar por vítima. A única vítima nesses casos é o corruptor, submetido ao crime de extorsão ou chantagem por quem abusa do poder.
Não é por outro motivo que relativistas morais, perversores da lógica, falsificadores da realidade, como Dias Toffoli e outros detentores do poder das armas, querem nos fazer crer que há isonomia entre corruptos e corruptores. Nesses casos, não há.
Como dizia Ayn Rand, quando o governo tem poucos criminosos para combater, ele cria. Tantas leis que violam os nossos direitos são impostas que se torna impossível para os indivíduos de bem, viver sem quebrá-las. Aí reside a indústria da corrupção.
Cabe ainda um esclarecimento final, corruptos e corruptores se igualam, apenas naquelas situações em que o corruptor tenta corromper alguém, normalmente uma autoridade, para ele próprio violar ou seguir violando os direitos de alguém.
No Brasil de hoje, nós, pessoas de bem, somos todos Sofias.