Há
sombras rondando a minha nova morada. Elas vêm todos os dias, sem hora
determinada. São sombras silenciosas e rápidas, num piscar de olhos elas somem.
Não tenho por elas nenhum sentimento, nem medo, nem amor. Saio do meu caixão,
subo e me sento sobre um grande mármore escuro. O céu está limpo, consigo ver o
sol, mas não o sinto. Vejo as sombras escondidas detrás de um jazigo. Grito
para elas:
-Basta!
Vocês já não me assustam mais! Agora sou apenas um fantasma como vocês!
Elas
chegam até mim, se apresentam sorridentes e me contam como é a antiga brincadeira
de assustar novos mortos. Digo, "estou dentro".