O profeta saiu do interior e chegou ao poder
supremo. Seu primeiro grito foi: “Agora vamos mudar o mundo!” E começou a mudar
mesmo já nos primeiros dias, não bem o mundo que todos esperavam, mas o mundo
de alguns. Comprou mansão, iate e carros de luxo. Arrumou algumas amantes e
empregos bem remunerados no estado para compadres e parentes. O povo, esse
ficou chupando o dedo e às vezes um pirulito. E mais não conto que a história é
velha e todos a conhecem.
quinta-feira, 21 de junho de 2018
MENTE MENTECAPTO
Todos o chamavam de mentecapto, pois ele andava
pelas ruas repetindo “mente mentecapto, mente mentecapto.” Um dia ele surgiu
em frente do Palácio dos Três Poderes
usando megafone gritando: “Mente mentecapto, os políticos são ladrões.” Ninguém deu bola, lunático. Doutra feita
apareceu em São Bernardo do Campo berrando: “ Mente mentecapto, temos muitos
sindicatos, há sindicalista graúdo ladrão dos bons.” Isso faz um bom tempo; ele
nunca mais foi visto.
CORRUPÇÃO MAIÚSCULA, DEMOCRACIA MINÚSCULA por Percival Puggina. Artigo publicado em 20.06.2018
Leio no jornal: Dilma e Aécio lideram pesquisa para senador em Minas Gerais.
Deu pra mim. Fui!
Deu pra mim. Fui!
Voltei! “A ditadura é muito melhor, só que é pior”, talvez exclamasse um amigo que gosta de construir frases surreais. De fato, se você quer pôr ordem numa confusão de cabaré como essa aí acima, mais fácil e eficiente do que conversar com o eleitorado mineiro é apelar para o sujeito com cara de caminhão off road, parado lá na porta. Sim, democracia é coisa complicada. E fica muito mais enroscada quando não há mínimos consensos éticos, quando o sistema político é pouco ou nada racional, quando os agentes do processo ou são omissos ou desonestos, e quando os eleitores, tanto quanto os agentes, se regem por critérios imperdoáveis.
O presidencialismo agrava as dificuldades. Ao entregar todas as fichas e assegurar quatro anos de mandato ao presidente, ainda que sua gestão seja uma catástrofe, a nação se expõe a uma situação que nem empresas familiares toleram! Cria instabilidades que derrubam o PIB, as bolsas e desvalorizam a moeda. Como submeter uma sociedade complexa, com mais de 200 milhões de habitantes, a governos – quaisquer governos – que não podem ser destituídos, ainda que ineptos e desastrosos? Onde mesmo o impeachment de um governo criminoso envolve prolongada crise?
Por outro lado, a irrestrita criação de partidos políticos como sublime expressão do pluralismo, tolice bancada em 2006 pelos doutores da lei do STF, franqueia a porta do poder para aproveitadores que inventam legendas cartoriais e as transformam em rentáveis empreendimentos. Ora, a formação de maiorias parlamentares é questão central do jogo político e da governabilidade. Os processos eleitorais brasileiros, no entanto, vêm proporcionando minorias cada vez menores, cuja existência custa caro ao país e cuja agregação para formar bases de apoio se inclui entre as mais repulsivas e vacilantes tarefas de quem governa.
Cada vez mais, o ambiente político nacional se afasta das grandes pautas que deveriam interessar ao desenvolvimento econômico e social para se perder em retórica e propaganda. Os próprios eleitores não se ajudam: vão às urnas dissociando o governante que escolhem do parlamentar em quem votam, como se o segundo não fosse indispensável ao sucesso do primeiro.
Como regra, o eleitor vota num governante para que cuide do país, segundo suas convicções, e escolhe um parlamentar para defender seus interesses pessoais, corporativos ou setoriais. Inevitavelmente, essas duas tarefas se contrapõem, pois o parlamentar só pode cumprir a sua gerando ônus ao setor público e agindo contra a conveniência nacional. Isso é moralmente inaceitável! Parlamentares deveriam ser representantes de opinião e não de interesses.
Eleitores incapazes de perceber os desvios a que são conduzidos pelo critério eleitoral do interesse próprio afundam num paradoxo: julgam normal eleger alguém, pago pela nação, para cuidar de si, para legislar e negociar em seu benefício, mas se escandalizam quando os eleitos, orientados pelo mesmo norte moral, passam a cuidar de si mesmos, dos seus negócios e de suas próprias fatias no bolo do poder e dos impostos que todos pagamos.
Eleitores incapazes de perceber os desvios a que são conduzidos pelo critério eleitoral do interesse próprio afundam num paradoxo: julgam normal eleger alguém, pago pela nação, para cuidar de si, para legislar e negociar em seu benefício, mas se escandalizam quando os eleitos, orientados pelo mesmo norte moral, passam a cuidar de si mesmos, dos seus negócios e de suas próprias fatias no bolo do poder e dos impostos que todos pagamos.
Uma democracia tem a racionalidade de suas instituições e a força dos consensos éticos da sociedade.
MILLÔR- Dicionário Irrefletido
• Abacate: Com açúcar, é considerado a fruta mais doce do Brasil.
• Academia: Organização fundada, dizem, por Platão e seus amiguinhos filósofos, quando encontraram um jardim (de Academus, claro) onde podiam ensinar, sobretudo à garotada, altas ideias, e gostosas marginalidades. (Vide Sócrates. Ou não vide.)
• Ano: Trezentos e sessenta e cinco dias. E seis horas de lambuja.
• Antropometria: Se Protágoras estava certo quando dizia (num desvairado antropomorfismo) que o homem é a medida de todas as coisas, então o pênis dele era o sistema métrico.
• Crase: "A crase não foi feita pra humilhar ninguém." (Ferreira Gullar) A crase não existe no Brasil. É uma invenção de gramáticos. Nunca ouvimos ninguém falando com crase.
• Descrente: Indivíduo que crê piamente na descrença.
• Especialista: O que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Com a descoberta da nanociência, infinitamente menos sobre infinitamente mais.
• Fé: Está bem que você acredite em Deus. Mas vai armado.
• Grafite: "Eu odeio grafites!" (Grafite em Roma)
• História: Uma coisa que não aconteceu contada por alguém que não estava lá.
A CALCINHA
O relógio dava a impressão de não andar. Claudio
ansiava por chegar em sua casa e arrancar de vez a calcinha da esposa. Tesão
reprimida? Um marido tarado? Não era o caso. Claudio passou o dia com o
fio da dita rendada atolada no rego numa situação incômoda. Teve ardência entre
nádegas. Aí é que você observa a
importância de gavetas de roupas íntimas separadas e de não se vestir no
escuro.
ILVANIA ILVANETE
A hipócrita Ilvania Ilvanete passou a vomitar
vermes monstruosos todos os dias. Remédios caseiros não resolveram. Assustada foi
então ao especialista para uma solução. Exames feitos o médico deu o resultado:
“Tudo certo Ilvania Ilvanete, você vomita vermes porque os vermes estão em ti.
Fazem parte do teu ser, da essência do teu corpo e caráter.” Então, tudo
normal.
NORBERTO
Norberto entrou na igreja e lá encontrou uma
multidão de ovelhas de joelhos e olhos fechados fazendo louvor. No púlpito um
lobo adornado praticava o sermão. Sentiu-se sufocado. Fez meia volta e entrou na biblioteca pública
do município. Dentro dela tendo a companhia de alguns poucos se notou leve e
mui alegre. Abraçou-se então a Miguel de Cervantes e feliz navegou.
DONA MEIGA
Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga
nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância
normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era
Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas
de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é
verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança
muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar
entrando pra bala.
MARIA
Maria
não queria João, queria Paulo. O pai de Maria não queria Paulo, queria
João. Maria mulher objeto desejava ter amor,
voz, vida, luz, liberdade. A mão pesada dos costumes desceu sobre Maria que
soluçava pelas noites geladas na solidão da cama, desenhando no chão de areia
pássaros livres, tentando resignar-se com seu destino e aceitar o determinado
pelo pai. Porém algo dentro dela era mais forte, pois corria por suas veias o
sangue da insubmissão e do desejo de todos os mortais de ser feliz. Os dias de
Maria eram de tristeza, sabendo que o futuro lhe reservava a mesma vida
inglória de diversas outras Marias de sua aldeia. Então quando teve certeza que
nada mudaria o contrato acertado da troca de uma mulher por cabras e algum
dinheiro, foi ao rio. Lá calmamente se deixou levar pelas águas, entrando num
transe de paz, conquistando a liberdade tão almejada.
MESTRE YOKI
“Mestre, qual é o maior problema no
mundo?”
“A ignorância que afeta até mesmo uma
multidão de diplomados.”
ATENTA
“É preciso estar atenta. Meu último namorado não me pedia
beijos, pedia o meu contracheque.” (Josefina Prestes)
JARDIM DE LEMBRANÇAS
Cemitério
Jardim
de lembranças
E
muito de ossos esquecidos
Pois
o tempo
Esse
ingrato desalmado
Não
perdoa.
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