segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ENTERRO

ENTERRO

Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete 
Oito
Nove  
Dez
Onze
Doze
Treze passos
Doze anos de asneiras
A cova está feita
Já podem jogar o senhor Brasil dentro.

Investidores entram com ação nos EUA contra a Petrobras

VEJA
Investidores protocolaram, nesta segunda-feira, uma ação civil pública contra a Petrobras nos Estados Unidos. Há mais de dez investidores envolvidos na ação, cujos nomes são mantidos em sigilo, representados pelos escritórios de advocacia Wolf Popper, com sede nos Estados Unidos, e Almeida Law, no Brasil. 
Os escritórios representam apenas investidores institucionais (como fundos, por exemplo) que compraram ações da companhia na Bolsa de Nova York (as chamadas ADR) entre maio de 2010 e 21 de novembro de 2014. Contudo, sugerem que qualquer investidor pessoa física ou jurídica que tenha comprado ADRs em Nova York também se junte ao processo. O prazo para a adesão é o dia 6 de fevereiro do ano que vem.
Na ação, investidores alegam que a Petrobras violou artigos da “Securities Exchange Act”, legislação que regula as empresas de capital aberto dos Estados Unidos.
Segundo o processo, a Petrobras enganou os investidores ao emitir "material falso" e não informar seus acionistas sobre o esquema de corrupção que se espalhou sobre a empresa desde 2006. Um dos inúmeros fatos que embasam a ação ocorreu há cerca de duas semanas, quando a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que foi informada pela empresa holandesa SBM que funcionários da estatal haviam recebido propina da companhia. O comunicado foi feito há cerca de 5 meses pela holandesa, sem que a Petrobras tivesse informado seus acionistas sobre o fato. A omissão fere um dos artigos da "Securities and Exchange Act".
Os investidores acusam ainda a estatal de ter penalizado seus acionistas ao superfaturar o valor de propriedades e equipamentos, usando os valores excedentes para desvio a partidos políticos. O Wolf Popper cita ainda que, após as denúncias sobre a investigação do esquema de corrupção, desvendado na Operação Lava Jato, os preços das ADRs da companhia caíram de 19,38 dólares em 5 de setembro de 2014 para 10,50 dólares em 24 de novembro, ou seja, 46%.
Segundo o advogado André Almeida, do escritório brasileiro que participa da ação, há clientes brasileiros e americanos envolvidos. "Os investidores que possuem ADRs têm o benefício de usar a lei americana, onde a empresa pode sofrer danos punitivos, como o pagamento de indenização aos acionistas, algo que não acontece no Brasil", afirma.
A escolha do intervalo entre 2010 e 2014 para a compra de ações da empresa se deve, segundo Almeida, ao fato de a oscilação dos papéis da Petrobras ter se descolado, a partir de 2010, do restante das petroleiras. Enquanto as principais concorrentes se valorizaram, a estatal perdeu valor de mercado no período. "Isso mostra que, ou os preços das ações da Petrobras estavam inflados, ou as ações poderiam ser muito mais valiosas hoje", afirma. Nesta segunda-feira, a ação da Petrobras atingiu seu menor valor desde 18 de novembro de 2005, cotada a 11,50 reais. 
Segundo o processo, "a queda no valor das ADRs da Petrobras é resultado direto de a fraude ser revelada ao mercado e aos investidores". O documento informa ainda que "o timing e a magnitude da queda do preço das ADRs da Petrobras anulam qualquer inferência de que as perdas sofridas pelo autor da ação foram causadas por mudanças nas condições de mercado".
Trata-se do terceiro episódio envolvendo a Justiça americana que a Petrobras protagoniza. Em novembro, a Securities and Exchange Comission (SEC), que regula o mercado de capitais nos EUA, abriu uma investigação para apurar irregularidades na empresa. Em seguida, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos deu início a uma investigação criminal para apurar fraudes em seus contratos.

PIPOCA

PIPOCA

Panela no fogo
Banha se derretendo
Milho pipoca tomando banho
Esquenta
Pula daqui
Pula dali
Desabrocham as branquinhas
Para conhecer um novo mundo
Pipoca seca
Pipoca boa
Com sal
Ou no melado
A branca pipoca
É delícia que some em poucos bocados.


Não há nada mais importante para fazer?

Um ferrenho comunista cubano chegou em casa e encontrou sua esposa na cama com um estranho. Furioso, o homem gritou: "Você não é boa para nada mesmo, olha no que você está gastando seu tempo, ao passo que na loja da esquina que eles estão vendendo ovos, e eles têm apenas três caixas!”

MADRUGADA

MADRUGADA

Gosto da madrugada
A madrugada nos subúrbios
Quase silenciosa
Não fosse pelos cães
Gatos
Galos
E alguns bêbados voltando para casa
A madrugada é a noite dormindo
E paradoxalmente é a companheira dos insones.


“Embarquei minha saudade nas asas de um passarinho. Lá vai ela visitar você.” (Mim)

DOPADO

NO BOTECO
“Estou abismado com a sabedoria da nossa presidente.”
“Que medicamento você anda tomando?”

Por fora

Duas amigas preparando festa infantil.
“Você pelo jeito não entende nada de sexo.”
“Por que você fala isso?”
“Isso aí que você está enchendo não é um balão.”

“Pedro, você já tirou férias em Cancun? Você mora numa mansão? Pois é, precisamos falar com o Edir.” (Deus)

“Não é que o pessoal levou a sério esse negócio de crescei e multiplicai?” (Deus)

“Até hoje ainda não descobri quem é esse tal de ‘Moisés’.” (Deus)

“Assim como meu corpo minha alma também se perdeu no meretrício.” (Climério)

“Eu e meu marido fizemos uma sociedade. Ele entrou com o dinheiro e eu com a perereca.” (Eulália)

“Sem sexo não dá para ficar aqui no paraíso. Não se esqueça mãe, eu morri jovem!” (Jésus)

“Mãe, por favor, não me fale em pregos!” (Jésus)

“Pedro, tente conseguir para nós o tal ‘vinho do padre’.” (Deus)

"No ensino fundamental não fui um bom aluno. Mas como comedor de merenda eu fui magistral." (Fofucho)

“Minha mulher anda muito feliz. Acho que arrumou outro.” (Climério)

“Na mulher do vizinho não observamos as varizes.” (Mim)

“Aqui em casa nem todo dia temos carne. Já pão com banana nunca falta.” (Climério)

"A crise me pegou. De tanto comer ovo já estou me sentindo um lagarto." (Climério)

“Tenho pena de algumas mulheres pelos maridos que têm. Começando pela minha.” (Climério)

“Todos os humanos carregam escondidos no cérebro uma sacolinha de maldades.” (Pócrates)

“Todos sabem que é proibido e perigoso dirigir falando ao celular. Porém os imbecis não querem perder tempo, e às vezes perdem ou tiram vidas.” (Eriatlov)

"Para fazer economia vale de tudo. Estamos escovando os dentes com cinzas." (Climério)

“Ser corno da mulher ainda vá lá. Mas levar chifre da amante é coisa pra suicídio.” (Climério)

"Para poupar água e sabão minha mulher está usando as calcinhas até do avesso." (Climério)

"Meu automóvel morreu por falta de pagamento. Estou esperando a financeira vir buscar o corpo." (Climério)

"Fui na onda do Lula e comprei uma geladeira nova. Agora não tenho o que colocar dentro. A inflação está comendo o meu salário." (Climério)

TURISMO BOLIVARIANO- "Ven a conocer a Venezuela. No te olvides de llevar papel."

“Se eu acreditasse em destino não me levantaria da cama pela manhã.” (Pócrates)

"Já fui fulano, sicrano e beltrano. Hoje sou um rato." (Climério)

"Meu perfume preferido é o Porco Rabane." (Climério)

“Os medíocres para encontrar um caminho na vida precisam de luz alheia.” (Mim)

Ministro Gilmar Mendes vai rejeitar contas eleitorais de Dilma. Fica aberto o caminho para o impeachment.

O ministro Gilmar Mendes já tem elementos para rejeitar as contas de campanha eleitoral da presidente Dilma Roussef.

. Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral argumentam que 13% das saídas dos recursos da campanha da presidente Dilma foram irregulares, assim como 5% das entradas, e se manifestaram pela rejeição das contas..

. O relatório será enviado ao ministro, que cuida do caso; voto de Gilmar será levado a plenário;.

. A rejeição das contas não impede a diplomação de Dilma, mas dá mais gás à oposição na estratégia para um eventual impeachment.

PB

Folha confirma Istoé e diz que papéis apreendidos pela PF confirmam reunião de procurador Janot com empreiteiras para salvar a cara do governo Dilma.

Papéis apreendidos pela Polícia Federal em 14 de novembro passado no apartamento do dono da empreiteira UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, confirmam pelo menos uma reunião mantida com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o suposto objetivo de amenizar a denúncia contra os corruptores e manter o governo Dilma Rousseff de fora da acusações. A apreensão dos papéis, seis páginas, foi noticiada no jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (8). Nesse papéis, a reunião com Janot foi qualificada de “boa”.

. A informação da Folha foi repercutida por Claudio Humberto. Leia mais:

Datado de 28 de outubro de 2014, o papel diz que a reunião com Janot teve a participação de quatro advogados, incluindo “MTB”, iniciais pelas quais era conhecido o criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu no dia 20 de novembro. Ele era uma espécie de coordenador informal das defesas dos envolvidos na Lava Jato.

. Neste final de semana, a revista Istoé denunciou Rodrigo Janot em reportagem de capa. CLIQUE AQUI para ler a matéria completa. O chefe do MPF tirou nota no domingo e negou tudo. 

PB

Máquinas agrícolas vão trancar as ruas e estradas do País no dia 11

No Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais produtores rurais prometem colocar as máquinas nas estradas e trancar tudo em manifesto contra o emplacamento de máquinas agrícolas. Só no RS existem mais de 50 pontos de manifesto. Detalhe: este é um movimento espontâneo de produtores rurais.
      
. A Associação A Voz do Campo está dando total apoio a este movimento, divulgando e mobilizando produtores rurais em todo o RS, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais.

PB

E O JABUTI DEU UM TRANCO NO ÓLEO- Petrobras tem a menor cotação na Bolsa desde 2005

Papéis da estatal fecharam a R$ 11,50 após queda de mais de 6%, e ela foi ultrapassada pelo Bradesco em valor de mercado.

OS PATUDOS QUEREM TUNGAR O NOSSO BOLSO- Governadores do Nordeste defendem retomada da CPMF

Canastrões administrativos, energúmenos e vorazes devoradores de impostos, amaldiçoados sejam: que na bunda de cada um deles apareça um bicho geográfico que seja eterno!

DIÁRIO DE UM MISERÁVEL- Triplex de Lula feito pela OAS fica pronto no Guarujá

O POSTE SEM LUZ DE SÃO PAULO- Dos 123 compromissos de Haddad, só 16 foram cumpridos

IMB-Como a dívida do governo afeta as gerações futuras

Nota do IMB

Um dos efeitos mais diretos e imediatos da recente alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias poderá ser observado na inflação de preços.

Dado que os déficits no orçamento do governo (sejam eles primário ou nominal) são financiados pela emissão de títulos do Tesouro, e dado que esses títulos do Tesouro são majoritariamente comprados pelos bancos por meio da criação de dinheiro, temos que os déficits do governo são uma medida inerentemente inflacionária.

Será difícil reduzir a atual inflação de preços se o governo não equilibrar seu orçamento.

No entanto, os déficits possuem outro efeito pernicioso, de cunho ético, e que é pouco discutido. Uma vez que um déficit orçamentário gera um aumento da dívida pública, e dado que essa dívida pública terá de ser arcada pelas gerações futuras (via juros e amortizações), fica a pergunta: qual a moralidade de legar para as gerações futuras o fardo dessa dívida?

Um endividamento gera benefícios presentes, mas ônus futuros. O governo, ao se endividar hoje e legar a fatura para as gerações futuras, está simplesmente beneficiando a si próprio e a seus grupos favoritos (funcionários públicos e grandes empresários ligados ao regime) à custa do bem-estar de toda uma geração futura (você próprio quando estiver mais velho, seus filhos e seus netos).

Qual é a moralidade desse arranjo?

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Paul Krugman e outros defensores do aumento dos gastos governamentais alegaram recentemente que comparar a dívida do governo à dívida de um indivíduo ou de uma empresa é errado.

Ao contrário dos moralistas, que não querem aumentar as dívidas a serem pagas pelas gerações futuras, Krugman e seus aliados alegam que a dívida governamental per se não representa nenhum fardo para as gerações futuras como um todo. Afinal, nossos descendentes irão "dever para eles próprios" — ao menos se desconsiderarmos a dívida externa, é claro.

Sendo assim, quaisquer impostos que forem aumentados ou criados para pagar o serviço desta dívida (juros e amortizações) irão simplesmente fluir para os bolsos daqueles cidadãos que estiverem de posse dos títulos da dívida. Com isso, Krugman argumenta que a "dívida nacional" não é apenas um passivo, mas também um ativo. Quanto maior a dívida, portanto, mais rico o país.

Um argumento que já seria o bastante para encerrar esta discussão é o fato de que, quanto maior a dívida, maiores os gastos do governo apenas com os juros desta dívida. E maiores ainda serão os gastos para amortizar os títulos vincendos. Isto faria com que uma enorme fatia dos impostos arrecadados fosse utilizada apenas para pagar encargos da dívida. Tal situação equivaleria a uma maciça transferência de renda de pagadores de impostos para portadores de títulos. Alguns iriam ganhar, outros iriam perder.

Como sempre disse Murray Rothbard, a frase "nós devemos a nós mesmos" possui profundas implicações: tudo depende de se você faz parte do "nós" ou do "nós mesmos".

Mas há outros problemas também. Um deles é que tal ponto de vista krugmaniano ignora o fato de que déficits do governo retiram recursos do setor produtivo, desviando-os para ineficientes gastos estatais. Quando o governo incorre em déficits e emite títulos para financiar estes déficits, tais títulos, embora sejam comprados majoritariamente por bancos, também são comprados por empresas ou por indivíduos que, caso contrário, poderiam estar aplicando seu capital em investimentos produtivos.

Empresas e indivíduos, que poderiam direcionar seu dinheiro para atividades mais produtivas, preferem direcioná-lo para a compra de títulos do governo, desta maneira privando a economia de um capital que poderia ser investido em atividades que aumentariam a oferta de bens e serviços em toda a economia.

Ou seja, quando o governo vende títulos, ele faz com que aquele dinheiro que de outra maneira estaria indo para investimentos privados seja canalizado para o financiamento da máquina burocrática.

Desta forma, déficits governamentais retiram recursos de investimentos privados e os desviam para gastos escolhidos de acordo com politicagem.

Déficits, portanto, fazem com que as gerações futuras tenham à sua disposição uma menor oferta de tratores, escavadeiras, máquinas, ferramentas e outros equipamentos, reduzindo assim sua capacidade de produzir mais bens. Consequentemente, estas futuras gerações estarão potencialmente mais pobres.

Além deste efeito negativo sobre o investimento físico em bens de capital, o economista James Buchanan demonstrou que há outra maneira de mostrar como os atuais déficits orçamentários de um governo podem empobrecer as gerações futuras. Uma vez que entendemos que "a nação" é composta por diferentes indivíduos que surgem em vários pontos distintos do espaço e do tempo, que vivem durante períodos de tempo variáveis e não homogêneos, e então morrem, dizer que "nós devemos para nós mesmos" é uma completa falácia.

Repetindo, Buchanan aponta para um efeito que vai muito além do fato de que os déficits governamentais de hoje tendem a reduzir o investimento privado. Mesmo se supuséssemos que todo o déficit governamental atual fosse pago por meio de uma redução no consumo privado — de modo que estaríamos deixando para as futuras gerações o mesmo estoque de bens de capital —, ainda assim nossos descendentes (como um todo) estariam em pior situação (relativamente mais pobres, ou menos ricos do que poderiam) em decorrência desta política de déficits.

Para entender como isto funciona, imagine que o governo atual — isto é, no ano de 2015 — anuncie que irá gastar $100 bilhões dando uma festa de arromba. Tudo o mais constante, as pessoas vivas em 2015 irão adorar este surto maciço de consumo. No entanto, se o governo impusesse tributos sobre as pessoas em 2015 para pagar por esta festa, elas certamente iriam se revoltar. E nenhum governo quer isso. Muito mais confortável é apenas emitir títulos da dívida, que serão voluntariamente comprados por algumas pessoas no presente, e jogar o fardo do pagamento dos juros e do principal para as gerações futuras.

Mais especificamente, suponha que o governo, em vez de elevar impostos, emita títulos que irão vencer daqui a cem anos, e os quais serão vendidos agora àquelas pessoas que oferecerem os melhores preços de compra.

Supondo que os investidores confiem no governo e que a taxa de juros nominal de longo prazo seja acordada em 4,7%, o governo irá então emitir uma nota oficial com a seguinte declaração: "No ano de 2115, o governo irá fazer uma contagem de quantos pagadores de impostos existem no país. Ato contínuo, o governo irá tributar cada um destes x cidadãos com um imposto per capita de $10 trilhões/x. Esta receita tributária de $10 trilhões assim coletada será entregue a todas as pessoas que porventura estejam de posse deste pedaço de papel naquele momento."

O valor de $10 trilhões nada mais é do que $100 bilhões com juros de 4,7% ao ano durante cem anos.

Neste exemplo, a dívida será quitada — juros e principal — de uma só vez em 2115. Ou seja, o governo em 2015 irá levantar, via emissão de dívida, $100 bilhões — o valor presente descontado do pagamento de $10 trilhões que só irá ocorrer daqui a cem anos — e com isso pagar por sua festança.

Neste cenário, um leigo estaria correto em dizer que a atual geração fez a sua farra e jogou toda a conta para os infelizes cidadãos de 2115. Os pagadores de impostos em 2115 terão de entregar $10 trilhões para alguns de seus concidadãos. No entanto, esta observação ainda não encerra por completo a análise.

O motivo é que aquelas pessoas que em 2115 estiverem em posse dos títulos da dívida, e que portanto estarão recebendo os $10 trilhões, não irão receber este dinheiro de graça. Ao contrário, tais pessoas compraram estes títulos alguns anos atrás e pagaram por eles o valor presente descontado de $10 trilhões. Portanto, quando fazemos a contabilidade corretamente, entendemos que, além de os pagadores de impostos em 2115 serem claramente prejudicados (afinal, terão de pagar $10 trilhões em impostos), esta sua perda não se traduz em um ganho idêntico para os portadores dos títulos. É por isso que esta geração como um todo estará mais pobre em decorrência da festança que as pessoas de 2015 deram.

Esta conclusão crítica merece ser enfatizada.

Considere um indivíduo que está de posse de um dos títulos da dívida (cujo valor de face é de $1.000) em 2115. Talvez esta pessoa tenha comprado este título de outra pessoa no ano anterior (em 2114) por $955. Ao receber os $1.000, ela estará auferindo juros de 4,7%. Os $1.000 que ele receber em 2115 não irão constituir um ganho líquido para esta pessoa, pois a maior fatia destes $1.000 — isto é, os $955 — será apenas a devolução do principal que ele pagou no ano anterior.

O real benefício para esta pessoa em toda esta operação seria ela receber uma taxa de juros mais alta do que a que ele receberia caso emprestasse seus $955 para o setor privado. Portanto, esta pessoa poderia considerar que toda esta operação de tributar-e-distribuir em 2115 lhe valeu, por exemplo, apenas $5.

É a este benefício líquido de $5 (aproximadamente) para o portador do título que os $1.000 em impostos coletados deve ser contrastado. Em outras palavras, o pagador de impostos individual (responsável por um décimo-bilionésimo da fatura de $10 trilhões) ficará com $1.000 a menos, ao passo que o portador do título para quem o dinheiro é transferido irá ganhar apenas $5.

Agora, se nos concentrarmos em um outro portador de título — por exemplo, alguém que tenha comprado o título no ano de 2085 —, então seu ganho seria maior do que $5, pois ele auferiu taxas de juros acima das de mercado por um período mais longo. Ainda assim, a única maneira de uma perda de $1.000 para um pagador de impostos ser identicamente contrabalançada por um ganho de $1.000 para um portador de título seria se este portador houvesse adquirido o título gratuitamente. Isto poderia acontecer com crianças que herdam títulos de seus pais. Mas é só.

Qualquer outra pessoa que utilize dinheiro próprio para adquirir uma fatia daquele enorme título de $10 trilhões não irá obter ganhos idênticos às perdas dos pagadores de impostos. Seu ganho será muito menor. Logo, o grupo "pessoas vivas em 2115" estará coletivamente mais pobre em decorrência deste esquema.

Por outro lado, consideremos a geração original, aquele que deu a festança. Sim, houve investidores em 2015 que tiveram de reduzir seus gastos em um total de $100 bilhões em decorrência de terem comprado os títulos emitidos pelo governo. Porém, à medida que o tempo foi passando, eles poderiam ter vendido seus títulos (um ativo financeiro) para investidores mais jovens, e utilizar os fundos assim conseguidos para financiar suas aposentadorias. Assim, os investidores de 2015, se considerarmos sua renda vitalícia, de fato não perderam nada com este negócio, o qual foi totalmente voluntário para eles.

Para resumir: em 2015, várias pessoas vivas ganharam e ninguém perdeu, ao passo que, em 2115, as pessoas vivas sofreram perdas que sobrepujaram os ganhos totais. E isto é verdade mesmo se considerando que, em 2115, "as pessoas deviam $10 trilhões para elas mesmas".

Déficits orçamentários nada mais são do que um enorme esquema de roubo que ocorre ao longo do tempo por meio do mercado financeiro e de títulos do governo. Déficits orçamentários permitem que os cidadãos de hoje financiem benesses governamentais jogando a conta para gerações futuras, as quais não têm nenhum poder de influência nas decisões políticas atuais.





Robert P. Murphy

é Ph.D em economia pela New York University, economista do Institute for Energy Research, um scholar adjunto do Mises Institute, membro docente da Mises University e autor do livro The Politically Incorrect Guide to Capitalism, além dos guias de estudo para as obras Ação Humana e Man, Economy, and State with Power and Market. É também dono do blog Free Advice.

Andrea Faggion- Ordem Espontânea x Planejamento Central



Minha amada tia de 85 anos e primário completo adora sair com alguma variante do “argumento do desígnio”. O de ontem foi: “Deus existe, porque plantas têm nutrientes”. O raciocínio é bem conhecido: se existe uma ordem detectável em um sistema qualquer, ela tem que ter sido introduzida por uma inteligência.

Esse raciocínio, porém, nunca foi natural para mim. Criança, descobrindo Darwin, aceitei com alegria que plantas não têm nutrientes para que possamos sobreviver; mas nós sobrevivemos, porque as plantas têm nutrientes. É possível enxergar conexões sem teleologia. Nós, os que amamos a ordem espontânea, as consideramos as mais valiosas.

Nós também somos apenas uma pequena minoria. O sucesso da teoria darwinista de ordem espontânea veio apenas a duras penas, depois de muitas evidências, e só prevaleceu, porque, no fundo, deixa espaço para o modo de pensar do planejamento central.

A ordem espontânea pode ser aceita apenas epistemologicamente: Deus existe (portanto, ontologicamente, há planejamento central), mas eu não posso conhecer seus desígnios. Esse tipo de mente não é nocivo à ordem espontânea. Apesar de não abraçar o paradigma do ponto de vista ontológico, essa mente se conforma com a ordem espontânea, porque pensa estar se conformando aos desígnios incognoscíveis de um Ser superior.

A perturbação da ordem espontânea vem sempre dos intelectuais que querem substituir Deus: não há um intelecto superior controlando nosso destino conforme seu fim, mas eu assumo esse controle. Por sinal, é ótimo que não haja um Ser superior a mim com um fim superior aos meus. Assim, esse fim superior não será um obstáculo para o meu. Esse tipo de intelecto também rejeita a ordem espontânea do ponto de vista ontológico, mas, ao contrário do caso anterior, ele considera que o campo do ser é caótico se ele não introduzir nele a sua ordem. Assim, a ordem que ele conhece é a ordem que ele mesmo cria. Há ainda criacionismo, mas ele é agora o criador.

Já para nós, amantes da ordem espontânea, cada sistema já está sempre em ordem, a saber, na única ordem que cada sistema é capaz de ter, de modo que a interferência destinada a fazer com que o sistema se adeque a fins externos a ele só gera destruição.

O paradigma da ordem espontânea trata sistemas como organismos incognoscíveis em sua totalidade e, portanto, incontroláveis. Enquanto isso, o paradigma do design central trata sistemas como máquinas (relógios, lembram?), que podem ser construídas ou adaptadas para fins determinados.

A incognoscibilidade de todas as variáveis envolvidas em um sistema, para o defensor do paradigma da ordem espontânea, é o que torna sempre potencialmente destrutivas as intervenções de um planejador central. O interventor é visto como aquele que necessariamente vê apenas uma parte do sistema e, se tomá-la pelo todo, o destrói ao agir sobre a parte. Pense naquele que deseja eliminar uma espécie de um ecossistema, porque sem ela, ele imagina, o sistema seria mais propício a um fim (o SEU fim). Então, ele simplesmente retira essa espécie do ecossistema, ignorando que ela equilibra o todo, servindo de alimento para uma outra espécie e de predador para uma terceira espécie.

Com essas considerações, veja bem, não quero concluir que jamais devamos interferir em nenhum sistema. Somos seres cujas mentes funcionamteleologicamente. Nós idealizamos fins e buscamos os meios para realizá-los. Por isso, o paradigma do designo central é sempre predominante.

Nestas notas, quero dizer apenas que, em todas as esferas, deveríamos aprender uma lição de modéstia e finitude, agindo sempre com a cautela de quem não conhece o todo, não tem o poder de operar do lugar de Deus e não pode prever todas as consequências de suas interferências.

A miséria econômica em certas sociedades, assim como certos desastres ambientais, parece ser o fruto dos planos de quem desconhecia o quão pouco sabia. Porém, felizmente, tanto a natureza quanto a economia já mostraram ser capazes de cura quando a intervenção externa cessa. O melhor remédio para um organismo doente é sempre aquele que apenas elimina o que lhe é estranho.

Faria Lima prepara demissões: “Está ruim pra todo mundo”

Grandes bancos de investimento, muitos deles com sede na Avenida Faria Lima em São Paulo, o centro financeiro do País, estão preparando demissões devido à falta de perspectiva de melhora nos negócios de IPOs e corretagem para 2015.
Os cortes vão desde a Goldman Sachs até o líder de mercado entre os bancos de investimento, o Itaú BBA.
No BTG Pactual, há um clima de apreensão, particularmente entre os associates mais júniores. Com a deterioração dos mercados de dívida e ações, o foco do mercado se voltou para o gigantesco portfólio de private equity do banco, onde muitas empresas precisam de novos financiamentos ou de uma nova injeção de capital.
“Está ruim pra todo mundo. A diferença é que uns vão ter um ano ruim, outros vão ter um ano horroroso,” disse o chefe de um desses bancos de investimento.
Além de suas áreas de fusões e aquisições, os grandes bancos mantêm estrutruras para fazer operações relacionadas ao mercado acionário (equity): times de analistas que produzem relatórios sobre empresas, corretoras e banqueiros que fazem a estruturação de IPOs.
Com a incerteza eleitoral do segundo semestre deste ano e a perspectiva de que o ajuste fiscal brasileiro manterá a economia em standby ao longo de 2015, os bancos agora estão tomando a decisão de desmobilizar essas áreas.
BTG, Itaú, Credit Suisse e Merrill Lynch, que têm as maiores estruturas de equity, estão sofrendo, mas ainda podem contar com um fluxo de negócios relevante devido à escala de suas operações. Ainda assim, nem nestes bancos os cortes estão descartados.
Já um segundo pelotão de bancos — que inclui Morgan Stanley, Goldman Sachs, JP Morgan e Santander — não tem a mesma escala e por isso perdem dinheiro mais rápido.
“Tivemos um ano bom, mas o ano que vem não tem a menor chance de ser tão bom,” disse o chefe da área de banco de investimentos de outro banco.
Por Geraldo Samor

SEM DAR TRÉGUA PARA OS CHUPINS- Oposição prepara relatório paralelo na CPI da Petrobras

Partidos pretendem contra-atacar documento pró-governo Dilma que será apresentado esta semana pelo deputado petista Marco Maia.

GRAN MENDIGO

“O governo cubano é o maior mendigo do mundo. Vive do dinheiro expropriado de outros povos por governos amigos.” (Cubaninho)

“Em Cuba falta até papel e caneta para anotar o que está em falta. Comunismo, bah!” (Cubaninho)

Gostaria de saber qual é a moral dos eleitores de tipos como Renan Calheiros.Tem?

A política, no Brasil, virou um exemplo para a população. Para a população carcerária, quero dizer. (Percival Puggina)

DIÁRIO JUMENTINO- Datafolha: 68% responsabilizam Dilma por petrolão

Alguém explica? Ela não pode sair às ruas sem ser vaiada, 68% acham que ela tem responsabilidade sobre o Petrolão, e mesmo assim levou?

CADÊ O DÉFICIT QUE ESTAVA AQUI? por Percival Puggina. Artigo publicado em 07.12.2014

Retirar do mundo dos fatos o estouro do orçamento da União foi uma proeza como poucas. "Cadê o déficit que estava aqui?", perguntava, zelosa, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). "O gato comeu", respondeu o Congresso, em sessão comandada por Renan Calheiros. A estatura moral desse senhor foi decisiva para seu retorno ao cargo no ano passado. E a longa jornada dos dias 3 e 4 de dezembro justificou plenamente a escolha do situacionismo. Renan cumpre contratos, seja para vender boiadas em Alagoas, seja para conduzi-las em Brasília. E tudo foi feito às claras, com as galerias vazias. Pudor exagerado. Até para entrar em cinema pornô basta ter mais de 18 anos.
 Assisti pela tevê boa parte da sessão. Havia algo incomum nos discursos governistas. Raramente, os defensores do PLN 36 exaltaram os méritos do projeto. Foi como se reconhecessem que não os tinha. Sua aprovação era uma necessidade prática e urgente. Tratava-se de impedir que a oposição, fazendo uso daquela coisa perversamente neoliberal que é a LRF, acusasse a presidente de crime de responsabilidade. Esse era o resumo da pauta.
 O deputado líder do governo, periodicamente, subia à tribuna e repetia o mesmo discurso ufanista. Fazia lembrar a personagem de Lewis Carrol no país das maravilhas. Falava como se fosse líder de um outro partido, de um outro governo, num outro país. Mas sobre os méritos do projeto, quase nada. Entende-se. Exigir do governo o cumprimento das leis é desatino próprio de fascistas e golpistas. O senador Lindbergh Farias dizia a mesma coisa. Quem hoje nos governa, quando na oposição, promove furiosas campanhas tipo fora este, fora aquele, fora todo mundo. Mas ai de quem, por maiores que sejam os escândalos, as promova contra eles.
O Planalto preparara tudo direitinho. "Extra, extra! Governo pode liberar R$ 10 bilhões!". Na sexta-feira, 28 de novembro, o anúncio atravessara os corredores do Congresso em edição extraordinária do Diário Oficial da União. Estava bem claro no texto do decreto sobre o qual se debruçavam os figurões e as figurinhas das duas Casas: a liberação, que incluía as sacrossantas emendas parlamentares e os constitucionais repasses aos Estados e municípios, dependeria da aprovação do PLN 36. Coerência em estado puro. Num governo onde é difícil encontrar área que não tenha virado Zona de Livre Comércio, não se haverá de estranhar que apoio parlamentar e quorum sejam negociados com dinheiro dos impostos que pagamos. A política, no Brasil, virou um exemplo para a população. Para a população carcerária, quero dizer.
Zero Hora, 07/12/2014

Blog do Leonel Kaz- “É COMO SE HOUVESSE 27 PAÍSES DENTRO DO BRASIL”



A frase acima foi transcrita do artigo de VEJA sobre a Casa Martins, de Uberlândia, o maior atacadista do país: “A Martins mantém em diferentes estados equipes de advogados que acompanham todas as normas vigentes e estão atentos a todas as mudanças na legislação.  Somente em 2013 ocorreram 8.100 alterações, uma média de trinta por dia útil. “É como se houvesse 27 países dentro do Brasil”, diz Faria ( um dos diretores)."EM homenagem ao notável artista que é Ronerto Magalhães, mostro estes pobres náufragos da burocracia esperando que a cabeça-ilha do burocrata venha a expelir um novo código de suas entranhas...
A frase acima foi transcrita do artigo de VEJA sobre a Casa Martins, de Uberlândia, o maior atacadista do país: “A Martins mantém em diferentes estados equipes de advogados que acompanham todas as normas vigentes e estão atentos a todas as mudanças na legislação. Somente em 2013 ocorreram 8.100 alterações, uma média de trinta por dia útil. ‘É como se houvesse 27 países dentro do Brasil’, diz Faria (um dos diretores).” Numa leitura pessoal da obra de  Roberto Magalhães, os brasileiros (estes náufragos!) esperam a cabeça-ilha do burocrata expelir um novo código de suas entranhas…

1. Tenho uma empresa mínima, mas perco tanto tempo com burocracia quanto, proporcionalmente, uma Petrobras. Agora, a qualquer momento, tenho de ir ao cartório, para a assinatura presencial de documentos. Agora, há que todos os meses enviar ao Procon um documento de que não houve reclamações contra minha empresa no livro de reclamações de minha empresa. São 12 documentos por ano que compete a todas as empresas do país: o mesmo papel vale para a Petrobras com 80 mil funcionários ou para a minha, com um. Não seria mais fácil o oposto: enviar a reclamação quando ela existisse?
2. Quando entramos num banco, salta aos olhos (e ao bolso!) a lista infinita de taxas cobradas, em dois imensos cartazes: um para pessoas físicas e o outro para jurídicas – num modelo espantoso de “bi-tributação” de tudo quanto já temos de pagar. Trata-se da mesma enxurrada impositiva (de impostos), que temos na vida cotidiana, que sempre crescem em número e valor.
3. O shopping Nova América, do Rio estabeleceu um “Código de Conduta para Clientes” que diz: “É proibido vadiar pelo shopping sem motivo específico de estar presente”. Então, quer dizer que o direito de ir e vir, de contemplar e ser contemplado, de utilizar o acaso da vida para o encontro não vale mais nada? Sem entrar no novo “Código”, que é tosco, apavora imaginar que há um legislador atrás de cada porta, em cada esquina, todos os dias propondo novas leis, decretos, portarias.
4. Aliás, legisladores públicos e privados (estes estabelecendo “Códigos”), que se miram no exemplo que vem de cima: não foram nossos legisladores eleitos que colocaram na Constituição um extemporâneo artigo dizendo que o “ O Colégio Pedro II será para sempre federal”… Pode, Arnaldo?
5. Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, de 1936, já mencionava este traço constante de nossa vida social: certas qualidades de imaginação e “inteligência”, em prejuízo das manifestações do espírito prático ou positivo.
6. Diz o historiador: “É que para bem corresponder ao papel que, mesmo sem o saber, lhe conferimos, inteligência há de ser ornamento e prenda, não instrumento de conhecimento e de ação. Numa sociedade como a nossa, em que certas virtudes senhoriais ainda merecem largo crédito, as qualidades do espírito substituem, não raro, os títulos honoríficos, e alguns dos seus distintivos materiais, como o anel de grau e a carta de bacharel, podem equivaler a autênticos brasões de nobreza.”
7. Os anéis de grau, no campo do Direito, vem conferindo poderes a legisladores de shoppings, de bancos, os municipais, os estaduais, os federais…  Há uma pletora de gente sempre disposta a determinar o que o outro deve fazer, o que o outro deve pagar. Não há um mínimo de misericórdia em pensar no que podemos fazer, em conjunto, para diminuir a imensa carga de papeladas que nos atormentam no dia-a-dia.
8. Um amigo diminuiu sua empresa de 80 para 20 funcionários porque perdia 80% de seu tempo tratando de papéis e normas (as tais 8100 em só um ano, descritas aí acima). Reduziu a empresa para 20 funcionários e passou a ter o mesmo resultado. Perde o país, amarrado na modorra (ou na masmorra) da perda de tempo com o custo-Brasil de papeladas, dez vezes maior que nos Estados Unidos.
9. É o ranço cultural da tradição cartorial portuguesa, cágada e morosa, que não conseguimos abandonar, apesar de nos aparentarmos – superficialmente! – tão interessados na rapidez dos sistemas eletrônicos.
10. Parece que jamais estamos preparando o país para a vida presente, mas sempre para “o dia que virá”.

Ainda de Roberto Magalhães, O Grito: é o que dá vontade de fazer todos os dias diante da papelada nas "terras do sem-fim".
Ainda de Roberto Magalhães, O Grito: é o que dá vontade de fazer todos os dias diante da papelada nas “terras do sem-fim”.

Muito além da Petrobrás - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 06/12

Funciona assim: "Desde o governo Sarney, governo Collor, governo Itamar, governo Fernando Henrique, governo Lula, governo Dilma, todos os diretores da Petrobrás e diretores de outras empresas, se não tivessem apoio político, não chegavam a diretor. Isso é fato. Pode ser comprovado". E o resultado é esse: "O que acontecia na Petrobrás acontece no Brasil inteiro: nas rodovias, ferrovias, nos portos, aeroportos, nas hidrelétricas. Isso acontece no Brasil inteiro. É só pesquisar".

A bem da verdade, o autor desses dois enunciados não estabeleceu uma relação de causa e efeito entre eles. Mas se o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em depoimento à CPI mista do Congresso sobre o esquema de corrupção na estatal, deixou de ligar os pontos do quadro que traçou, não pode haver dúvida sobre o tamanho, o alcance e a longevidade do círculo vicioso da corrupção compartilhada por servidores públicos, autoridades, parlamentares e interesses privados.

Embora não se deva presumir que os executivos apadrinhados foram invariavelmente postos em seus cargos para enriquecer os seus padrinhos, a si mesmos e os empresários que têm negócios com os setores onde atuam - e financiam as campanhas dos políticos envolvidos -, o padrão decerto é esse. O exemplo perfeito é do próprio Paulo Roberto, nomeado em 2004 pelo então presidente Lula, a pedido do aliado PP, para a diretoria de Abastecimento da Petrobrás.

Ao longo dos oito anos seguintes, dividia entre o partido e o PT, nesse caso em proporção maior, as comissões pagas pelas empresas em busca de contratos (superfaturados) com a petroleira. Outra parcela ele mesmo embolsava e entregava ao doleiro Alberto Youssef para ser branqueada no exterior. Em junho último, três meses depois do início da Operação Lava Jato, a Suíça informou que os seus depósitos no país somavam US$ 23 milhões. Em setembro, comprometeu-se a devolver um total de US$ 26 milhões.

Diferentemente de sua ida anterior à CPI mista, quando ficou calado, na segunda-feira passada surpreendeu os parlamentares que o haviam convocado para uma acareação com outro ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró, ao fazer um "esclarecimento inicial", em que falou da corrupção disseminada e das nomeações políticas. Admitiu ter arrolado "algumas dezenas" de políticos em seus 80 depoimentos no regime de delação premiada. Um deputado disse ter ouvido dele, depois da sessão, que os mãos sujas são pelo menos 35, filiados ao PP, PMDB e PT.

Costa confirmou que em 2009, já "enojado" do que fazia e via acontecer à sua volta na Petrobrás, mandou um e-mail à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a fim de alertá-la do processo aberto no Tribunal de Contas da União (TCU) para a apuração de irregularidades em obras da empresa. A reiteração põe definitivamente abaixo a versão da presidente de que não tinha conhecimento de malfeitorias na estatal - cujo órgão máximo, o Conselho de Administração, ela chegou a dirigir.

Do mesmo modo, não há de ter sido pela boca do depoente que a maioria dos membros do Congresso Nacional ouviu pela primeira vez que a corrupção está presente "nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas", loteados entre os partidos. Alguns devem conhecer por experiência própria, digamos assim, exemplos do que Costa tinha em vista. Ironicamente, é o que pensa também o juiz federal Sergio Moro, a quem caberá julgá-lo. Uma planilha com dados sobre 750 obras públicas apreendida com Youssef sugere, segundo o juiz, "que o esquema criminoso de fraude à licitação, sobrepreço e propina vai muito além da Petrobrás".

Embora não seja tido como uma cleptocracia, o Brasil "estagnou" no índice de corrupção elaborado pela Transparência Internacional (TI). Do ano passado para este, o País subiu da 72.ª posição para a 69.ª no total de 175. Numa escala de 0 a 100 pontos, o Brasil praticamente ficou onde estava, ganhando apenas um ponto - de 42 para 43. "O dinheiro público continua a ser saqueado", observa o diretor para as Américas da TI, Alejandro Salas.

"Está tudo bichado nos palcos do poder", afirmou editorial do Estado, terça-feira. É pior na Rússia, China e Índia, três dos nossos sócios no Brics. Mas isso não é consolo.

J.R. Guzzo: ‘Sem alegria’



Publicado na edição impressa de VEJA
J.R GUZZO
A história vive nos ensinando como é difícil satisfazer certos ganhadores. Quanto mais ganham, mais reclamam; por questões de temperamento pessoal, ou pelo momento político, ou pelo tumulto que criam para si mesmos e para os outros, seus triunfos tendem a gerar discórdia, neurastenia, frustração e, no fim das contas, um pote até aqui de mágoa. Um caso clássico de infelicidade na glória é o do rei Felipe II da Espanha, geralmente visto como o monarca mais bem­-sucedido de todos os tempos. Felipe II governou um império que cobria os 24 fusos horários da Terra. A bandeira espanhola estava presente nos quatro continentes conhecidos em seu tempo; em toda a América, da Califórnia à Patagônia, incluindo o Brasil, ele reinava sozinho. Era o proprietário da maior parte de todo o ouro e prata existentes no mundo. Nem a Inquisição Católica da Espanha, a mais selvagem da época, tinha coragem de se meter com ele. Mas nada disso, pelo que se sabe, foi suficiente para deixá-lo satisfeito. “Queira Deus que eu possa ser tratado melhor no céu do que nesta vida”, queixou-se Sua Majestade pouco antes de morrer, em 1598, após 42 anos seguidos no trono.
Homem difícil de agradar, esse Felipe II – o que mais ele poderia querer? Sem dúvida, mas o cidadão comum ficaria surpreso se soubesse como são frequentes os casos de baixo-astral explícito que acompanham muitas das grandes vitórias na política. Justo agora, por exemplo, temos no Brasil uma situação desse tipo. Ninguém aqui está dizendo que Dilma Rousseff, recém-vitoriosa nas eleições, é uma Felipe II, porque ela com certeza não é uma Felipe II – a começar pelo fato de que não pode ficar, como o companheiro espanhol, mais de quarenta anos no governo, o que lhe daria o equivalente a dez mandatos seguidos na Presidência da República. Mas tudo indica que seu último triunfo está sendo um desapontamento. A presidente foi reeleita. Seu patrono, o ex-presidente Lula, conseguiu um novo milagre. Seu partido ganhou pela quarta vez seguida a eleição presidencial. Ainda assim, Dilma nunca pareceu tão infeliz quanto agora. Fez duas excelentes escolhas para o seu novo ministério, Joaquim Levy para a Fazenda e Kátia Abreu para a Agricultura – mas o PT ficou irado. Meteu-se numa miserável trapaça para falsificar no Congresso os números do orçamento, e por conta disso colocou fora da lei o governo que chefia. Suas tropas atiram em si próprias com a mesma violência com que atiravam até outro dia contra os adversários da campanha eleitoral. Fantasmas do passado se associam com fantasmas do futuro.
É verdade que com um petrolão inteiro pela proa não dá para ninguém ficar animado – Dilma e Lula, a esta altura, não podem mais construir uma linha de defesa que os absolva, e os fatos já demonstraram que os governos de uma e do outro entrarão para a memória pública como os mais corruptos de toda a história do Brasil. Mas parece haver algo mais inquietante nessa síndrome de depressão pós­eleitoral. Antes ainda do resultado final, gente graúda no governo e em seu sistema de apoio garantia que a presidente só poderá salvar o seu segundo mandato de um naufrágio se “se livrar” de pessoas e de posturas que se tornaram flores no seu jardim. Dilma, por esses teoremas, precisa “livrar­se” deste ou daquele ministro, dos arquiduques desta ou daquela estatal, e por aí se vai. Perfeitamente: poderia livrar-se, aliás, dos seus 39 ministros, e ninguém iria perceber nada. O problema, falando francamente, é que para que as coisas melhorassem de verdade Dilma teria de livrar-se principalmente de si mesma – e isso, como se diz, não vai rolar.
O que complica a situação para Dilma Rousseff, e principalmente para o país a ser governado por ela nos próximos quatro anos, é precisamente Dilma Rousseff. Essa conversa toda sobre seu estilo, sua inclinação à “gerência”, sua paixão por frases que não acabam e por pensamentos que não começam etc. fica indo de lá para cá, de cá para lá, e esconde o fato essencial – o de que a presidente do Brasil, diga-se com toda a educação possível, não tem capacidade para exercer esse cargo. Há pessoas que aprendem o suficiente para ter muitas ideias, mas não o necessário para fazê-las dar certo; é o caso da presidente. Pessoas assim acabam criando uma hostilidade sem limites a tudo o que não é medíocre, e com isso se condenam a não aprender nada que as ajude. Só mudam quando são forçadas. São obcecadas por truques montados para esconder suas derrotas e negar os erros. É uma fórmula segura para viver na insatisfação.

Caio Blinder- Ui, ui, Xi e Putin, o ano do homem forte





Em Moscou, o presidente chinês Xi Jinping passa as tropas em revista
Para os amantes de um assunto tão árido como relações internacionais, a pensata de Philip Stephens no Financial Times é excitante. No coração da pensata está o homem forte. Este foi o ano dele: do russo Putin, do chinês Xi Jinping, do egípcio Sisi e do turco Erdogan. Aqui estão citados os autoritários, mas na galeria podemos incluir alguns sem inclinação para subverter a ordem liberal constitucional como o japonês Abe e o indiano Modi.
É uma turma mais conectada com conceitos de nacionalismo e de ego enraizados em épocas passadas. São conceitos abandonados por uma Europa pós-moderna (pós-Segunda Guerra), que aprendeu tantas lições com os riscos e as trevas causadas por revanchismo, revisionismo histórico e restauração de velhas glórias.
Há um tom de lamento no europeu Philip Stephens (bem europeu para um britânico). Ele observa que esta Europa pós-moderna se debate para enfrentar um mundo que não é exatamente com o qual ela sonhava. Neste mundo real do homem forte, a competição suplanta a cooperação e o nacionalismo está acima do internacionalismo.
A Europa deixou a história para trás (embora as velhas forças da xenofobia e do nacionalismo extremado estejam novamente em alta dentro da própria União Europeia). No entanto, permanece um firme compromisso europeu com valores universais, como democracia e respeito aos direitos individuais, valores que são desprezados e renegados por gente como Putin e Xi Jinping.
Stephen observa que os americanos estão mais à vontade para se ajustar a estes novos/velhos tempos. O compromisso americano com a ordem multilateral sempre foi ambivalente, mesclando autointeresse e altruísmo.
Barack Obama é visto por conservadores estridentes e sem sutileza como um agente ingênuo e pacifista de interesses internacionalistas ou multilaterais, mas ele está bem à vontade com o realismo cerebral e a aversão a uma política externa idealista ou humanista. Ele foi obrigado nos últimos tempos a ir em socorro da velha Europa com seus ideais pós-modernos.
Como diz Stephens, os EUA de Obama consideram a beligerância revanchista de Putin um mero aborrecimento. No great game de poder, a verdadeira competição estratégica é com a China, O sonho de Obama era cair fora da Europa e do Oriente Médio. A realidade impediu.
Stephens arremata que estes líderes do padrão homem forte anunciam que o modelo multilateral da segunda metade do século 20 foi um interlúdio histórico e não uma mudança permanente na natureza do relacionamento entre os estados. Na advertência de Stephens, o Ocidente está prestes a reaprender o que é viver em um mundo bem mais áspero.
No meu arremate, o Ocidente não pode ser fraco com o avanço do homem forte autoritário em nome dos valores universais que apregoa.

Caio Blinder- Democratas são uma espécie quase extinta no sul dos EUA

A humilhação eleitoral dos democratas nas eleições americanas de 4 de novembro se arrastou até o último sábado com o fracasso, no segundo turno da votação, da senadora Mary Landrieu para ser reeleita. A partir de janeiro, os republicanos terão uma maioria folgada no Congresso (já tinham na Câmara e em novembro conquistaram o Senado, onde terão 54 das 100 cadeiras). A impopularidade do presidente Barack Obama contribuiu bastante para a humilhação democrata.
A derrota de Mary Landrieu, herdeira de um clã político no estado sulista da Lousiana é histórica. Com a perda de sua cadeira, os democratas são uma espécie quase em extinção na região conhecida como Deep South. São os sete estados originais da Confederação que racharam com a União na Guerra Civil (1861-65), quando ocorreu o fim da escravidão.
Nos sete estados do Deep South, os democratas estão privados de governos estaduais e controlam apenas uma cadeira de senador, Ben Nelson, na Flórida, que tem um perfil demográfico muito peculiar (com latinos e aposentados que vieram de partes mais liberais do país).
E sem o estado da Virgínia, cuja demografia mudou nos últimos anos, o cenário é simplesmente desolador para os democratas nos outros estados que compunham a Confederação e onde o esquema de segregação vigorou de forma escancarada e legal até os anos 60. A partir de janeiro, apenas 39 das 145 cadeiras sulistas no Congresso serão democratas.
Foi justamente a aprovação da lei dos direitos civis em 1964, impulsionada por um presidente sulista e democrata, Lyndon Johnson, que alterou o quadro partidário, desembocando na hegemonia conservadora no Deep South do país, onde ainda estão alguns dos estados mais pobres e preconceituosos, como Alabama e Mississippi (ambos possuem uma alta percentagem da minoria negra).
Até os anos 60, o Partido Democrata era uma coalizão formada por sulistas segregacionistas e por liberais de outras partes dos EUA (não podemos esquecer que o venerável libertador dos escravos foi o republicano Abraham Lincoln.
George Wallace, forever
George Wallace, forever
Nos anos 60, Johnson estava plenamente consciente do preço que seu partido pagaria com o fim da segregação: a perda do sul para os democratas. Na época do racismo legal, o Deep South era um feudo democrata. O partido controlava qusse 100% dos legislativos estaduais, governos estaduais e cadeiras no Congresso.
Existem imagens icônicas de governadores democratas que resistiriam até o fim contra o fim do racismo legal. Na frase de George Wallace na sua posse como governador do Alabama em 1963: “Segregation now, segregation tomorrow and segregation forever.”
Ademais, houve uma virada mais acentuada dos democratas para as posições liberais (o que se rotula de progressismo fora dos EUA), em particular nas chamadas guerras culturais (questões como religião, aborto, direitos de minorias, casamento gay e controle de armas), enquanto a virada conservadora dos republicanos foi ainda mais emblemática.
A guerra pelo sul americano ainda não está completamente perdida para os democratas. Um teste vital será a eleição presidencial de 2016, quando deverão comparecer às urnas de forma mais expressiva um eleitor mais diversificado e urbano, mesmo no sul, entre os quais  jovens e brancos com maior qualificação profissional e educacional, que integram a base de sustentação democrata. Outro ponto: nove dos 10 estados com maior crescimento da população latina (mais afinada com os democratas) estão no sul.
No entanto, será preciso mais do que uma guinada demográfica para resgatar um modelo de democrata sulista mais centrista (como a derrotada Mary Landrieu). O partido vai precisar investir menos tempo nas guerras culturais que polarizam e mais nas preocupações materiais de uma classe média e de setores brancos mais pobres que estão aflitos , apesar dos sinais positivos na economia.
E há a esperança de que a partida de Barack Obama da Casa Branca leve céticos eleitores brancos no sul dos EUA a darem uma outra chance aos democratas. Esta é a aposta de Hillary Clinton.