segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Um desastrre chamado Dilma!, por Ricardo Noblat



William Bonner empurrou a presidente Dilma Rousseff para o canto do ringue. E ficou batendo nela até cansar. Até resolver lhe dar algum refresco, quando ofereceu um minuto e meio além dos 15 previstos para que ela fizesse suas considerações finais.

Como Dilma, atarantada, não conseguiu respeitar o tempo que lhe coube, Bonner e Patrícia Poeta decretaram o fim da terceira entrevista do Jornal Nacional com candidatos a presidente. As duas primeiras foram com Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

De longe, a entrevista com Dilma foi um desastre. Para ela. Não chamou Bonner e Patrícia de “meus queridos”, como costuma fazer quando se irrita com jornalistas que a acossam com perguntas incômodas. Mas chegou perto.

Passou arrogância. Exibiu uma de suas características marcantes – a de não juntar coisa com coisa, deixando raciocínios pelo meio. Foi interrompida mais de uma vez porque não conseguia parar de falar, e fugia de respostas diretas a perguntas.

Perguntaram-lhe sobre corrupção. Dilma respondeu o de sempre: nenhum governo combateu mais a corrupção do que o dela. Bonner perguntou o que ela achava de o PT tratar como heróis os condenados pelo mensalão. Foi o pior momento de Dilma (terá sido mesmo o pior?).

Dilma escondeu-se na resposta de que como presidente da República não poderia comentar decisões da Justiça. Ora, a resposta nada teve a ver com a pergunta. E Bonner insistiu com a pergunta. E Dilma, nervosa, valeu-se outra vez da mesma resposta. Pegou mal. Muito mal.

Quando foi provocada a examinar o estado geral da economia, perdeu-se falando de “índices antecedentes”. Provocada a dizer algo sobre o estado geral da saúde, limitou-se a defender o programa “Mais Médicos”.

Seguramente, nem em público, muito menos em particular, Dilma se viu confrontada de modo tão direto, seco e sem cerimônia como foi por Bonner e Patrícia. Jamais. Quem ousaria? Surpreendida, por pouco não se descontrolou.

Alexandre Garcia- Aloprados

Na última sexta-feira, dia 8, o jornal O Globo revelou mais um escândalo; saíram de computadores do Palácio do Planalto alterações fantasiosas e ofensivas nos perfis da Wikipedia dos jornalistas Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg. Aloprados que têm acesso a computadores da Presidência da República teriam feito o vergonhoso trabalho. Por coincidência histórica, naquele mesmo dia fez 40 anos que o presidente Nixon renunciou por causa do escândalo de Watergate. Aloprados da Casa Branca haviam invadido o escritório do Partido Democrata no edifício Watergate, para plantar microfones e espionar o adversário na campanha eleitoral. Nixon alegava não saber de nada, ganhou a reeleição, mas quando investigações de dois repórteres do Washington Post revelaram que ele estava próximo de tudo, acabou tendo que renunciar. Agora temos, no Brasil, uma atualização de Watergate, na versão digital, fazendo na internet o que os soviéticos no poder faziam com os que haviam caído em desgraça, alterando fotografias. 

Mesmo depois da denúncia exposta na sexta-feira, ainda fizeram mais uma alteração no perfil de Miriam Leitão. Ousados e confiantes na impunidade, já que a primeira reação da Presidência da República fora de que seria impossível identificar os responsáveis. A pressão cresceu e a presidente, na rua em São Paulo, acabou sendo perguntada a respeito. Respondeu que a ação é “inadmissível” e que iria constituir uma comissão interministerial para investigar autoria. Ora, para descobrir de onde saiu a intromissão, basta chamar um ou dois especialistas da Polícia Federal e esperar meia hora. Esses aloprados vêm de longe, desde o governo Lula, que lhes deu o nome, quando vagavam com mala cheia de dinheiro ou com dinheiro na cueca. Agora a contadora do doleiro Youssef conta à Polícia Federal que malas cheias de dinheiro continuam a circular. Aloprados compraram uma refinaria no Texas gastando mais de 1 bilhão de dólares por algo que não valia 50 milhões. 

A propósito, a aloprada manutenção dos preços dos combustíveis derrubou em 25% o lucro da Petrobrás no primeiro semestre e aumentou a dívida da estatal para 241 bilhões de reais. Com preço baixo de gasolina a alopragem faz fechar usinas de álcool, sem mercado. E para enxugar o gelo, o cúmulo da ação aloprada: agora querem adulterar a gasolina com 27,5% de álcool. Nenhum país do mundo adiciona mais de 10% de álcool em motores a gasolina; só chega a 15% em motores flex. A alopragem deve estar por trás da medida provisória que desorganizou todo o setor elétrico; a Eletrobrás está definhando. Os aloprados devem estar felizes por demonstrar que têm mais competência que o governo neoliberal na tarefa de acabar com a Petrobrás e a Eletrobrás. O BNDES que se cuide, financiando obras na falida Cuba. E os aloprados do fundo de pensão dos Correios conseguiram comprar quase 200 milhões de títulos podres da Argentina. Aloprado fica mais nervoso quando embarca em ano eleitoral, e faz ainda mais besteira. Deve se por causa da mala. -

Tarso pressiona Band para não divulgar pesquisa com vitória acachapante de Ana Amélia. Rede repeliu retaliações e denunciou tudo com provas.

Do blog do Políbio Braga
O governador Tarso Genro mandou todo o seu pessoal de imprensa e propaganda pressionar a Band TV, as rádios da Band e o jornal Metro, ameaçando a rede paulista com retaliações caso fosse divulgada a pesquisa realizada pelo Instituto Methodus e disponibilizada hoje de manhã, 10h30min em ponto, pela revista VOTO no seu próprio site. 

. A pressão, iniciada na parte da manhã pelo Palácio Piratini, intensificou-se durante o dia. À tarde, o assessor de imprensa de Tarso, Guilherme Gomes, não se conteve e passou extensa mensagem com ameaças, por WhatsApp.

. A pesquisa, as ameaças e o fac símile do WhatsApp foram apresentados no Band Cidade, Band TV, as 19h, e tudo será publicado na edição nacional de amanhã do jornal Metro.

. No trecho mais intimidatório da mensagem do governo estadual, fica implícita a ameaça de corte de verbas e de informações. Em tom pessoal, dizendo falar em nome do governador Tarso Genro, escreveu Guilherme Gomes:

- Me espanta que a Band não avalie com mais critério a publicação da pesquisa da revista Voto e nem examine suas consequências. O governador Tarso Genro avisa que nova relação entre nós e a Band será reavaliada a partir da possível divulgação da pesquisa pela TV.

. A mensagem é muito mais extensa e escabrosa.

. Tarso Genro e o PT espantaram-se com os números da pesquisa do Instituto Methodus, que mostram a senadora Ana Amélia com 42% e o governador com apenas 30%.

. Existem informações de que os números podem ser ainda piores para o PT.

. Há apenas um mês, a Rede Record contratou o próprio Instituto Methodus, pagou R$ 52 mil por uma pesquisa e acabou engavetando tudo. Na época, correu a informação de que o Piratini tinha interferido para que a censura ocorresse. 

ENSINA TEU FILHO

Homem de bem
Ensina teu filho que o mal também existe
Que o mundo não é tão cor-de-rosa como parece
Que certas pessoas usam os outros seres como escadas
Para atingir seus intentos
Prepara teu filho não para atacar
Mas para defender-se
Pois defender-se é um direito do homem
Falo porque conheço e senti
Em ambientes de família e negócios
Lobos em pele de cordeiro
Lambuzados no mel da falsidade
Fazendo-se de vítimas
Para no momento certo
Apunhalar pelas costas
Ingênuos inocentes.

Romero Jucá acusa Dilma de ser “socialista” e declara voto em Aécio: demorou, hein?!

Quando o navio começa a afundar, os ratos logo se mandam. Lembrei disso ao ler que Romero Jucá, líder do governo no Senado nas gestões de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, mudou de lado e já prega abertamente voto em Aécio Neves contra a presidente e, por consequência, contra o presidente do seu PMDB e candidato a vice-presidente na chapa, Michel Temer. Não que Jucá se pareça com um rato, mas apenas pelo efeito debandada, que fique claro…
Ignorando um pouco quem disse e prestando mais atenção em o que foi dito, o discurso merece atenção. Cada vez mais gente reconhece publicamente aquilo que alguns poucos analistas independentes diziam desde o começo: o governo Dilma flerta com o modelo bolivariano de tal forma que assusta qualquer democrata legítimo – e até os ilegítimos fisiológicos!
“Fui líder do FHC, líder do Lula e líder no começo do governo da Dilma, mas sou economista. Vou dizer a vocês com muita sinceridade: do jeito que o governo tá tocando a economia não voto no PT, não voto na Dilma”, disse.  “A gente tinha duas opções de voto: era o Aécio e o Eduardo. Hoje perdemos uma. Não quero influenciar ninguém, mas eu vou falar meu voto. Eu vou votar no Aécio”, afirmou.
[...]
Para Jucá, é preciso diferenciar os governos Lula e Dilma. “Lula fazia, ou faz, um discurso social, às vezes quase socialista, na divisão de renda, nos predicados que buscam igualdade, mas a prática dele é capitalista.”
“No governo da Dilma, essa linha deu uma guinada. E por que essa linha deu uma guinada? Porque a Dilma tem um discurso socialista e a prática dela é socialista. Você tem um governo ideológico na forma de comandar a economia. E ideologia, centralização, estatização não combina com o capitalismo. Isso dá certo na Albânia, no Cazaquistão, em alguns lugares onde a visão é outra”, criticou.
Lula não era um capitalista, tampouco era tão diferente de Dilma assim. Tinha menos arrogância na área econômica, e teve o bom senso de colocar Palocci e Meirelles para tocarem as políticas econômicas. Mas não vamos esquecer que Guido Mantega foi apontado por Lula, e que o modelo nacional-desenvolvimentista teve começo em sua gestão também.
Cabe perguntar: por onde Jucá andou nos últimos 12 anos? Não viu as constantes tentativas de controle da imprensa por parte do PT? Não viu o que o partido fez com o Mercosul, transformando-o em um antro de bravatas antiamericanas e uma camisa de força ideológica? Não viu todo o carinho de Lula para com Chávez? Nada disso e muito mais?
Está certo que nunca é tarde demais para acordar, e antes tarde do que nunca. Saramago, o escritor português, rompeu com Fidel Castro quando três intelectuais foram presos pelo “crime” de opinião. Fantástico! Uma crítica de peso ao nefasto regime cubano. Só acho estranho ter ignorado décadas de escravidão e massacre da população inocente. Onde estava Saramago quando 15 mil cubanos morriam por discordar do socialismo?
Enfim, não vou reclamar se mais aliados do PT fizerem como Jucá. Ao contrário: vou aplaudir, mesmo que desconfiado dos motivos para um despertar tão tardio. Não importa. Agora é hora de impedir o golpe bolivariano custe o que custar. Não vou julgar as intenções no momento. Todo apoio é necessário e bem-vindo. Ou alguém acha o modelo venezuelano um bom destino para o Brasil?
Rodrigo Constantino

A síndrome do messianismo

Por Natália Vilarouca, para o Instituto Liberal
Existem algumas coisas que me envergonham no Brasil. Uma delas é o apelo messiânico que a política possui por aqui. Somos uma “nação” tradicionalmente religiosa e com complexo de inferioridade. O que nos leva a considerar que em algum momento um líder surgirá e acabará com todos os problemas das nossas vidas e colocará o Brasil num cenário de destaque mundial.
Somos um país carente que bate palmas para qualquer político chulo que nos encha de esperança e por isso somos tão suscetíveis a promessas.
Qualquer um que morre vira ídolo. Todo aquele que brade “vim de um lugar miserável, mas venci” imprime na mente brasileira a perspectiva de um salvador. Temos a síndrome do messianismo. E nada poderia ser pior para um povo cuja forma de governo é a democracia representativa.
É por isso que o brasileiro adora ouvir as palavras “meu povo”, “fé”, “esperança”, “solidariedade”, “Brasil melhor”, “saúde e educação para todos” e “sonho” (esta última me foi lembrada pelo professor Pedro Cabral). Não que todas essas coisas não sejam boas, mas vindas de um político deveriam causar, no mínimo, desconfiança.
Políticos não são administradores. São indivíduos que, levados por ideias e interesses pessoais, almejam controlar a máquina pública para poderem ajustar a realidade ao seu gosto. Os idealistas colocam-se como a tábua moral e salvação. Invariavelmente criam gosto pela coisa e começam o que eles chamam orgulhosamente de “carreira política”. Ora, vejam só! Estes árduos defensores da “Democracia e da República” falando em carreira política! É um discurso belo. Pena que os próprios conceitos de democracia e república impliquem necessariamente numa rotatividade de poder.
Os defensores desse paradoxo dizem que o que é bom não se deve mudar. É que esses esperançosos aguardam ansiosamente a revolução que não chega. Não se muda um país em 4 anos. Não se muda um país em 8 anos. Não se muda um país em 12 anos. Não se muda um país em 16 anos.
As mudanças tardam. Nunca chegam dando nome aos bois: O PT é um partido que fez promessas demais e já vai mostrando claramente o que chamamos de inadimplemento antecipado.
Vemos alguns retoques, claro. Uma mão de cal, mas a estrutura encontra-se rachada. Os inúmeros programas sociais revestem-se do que podemos chamar de imediatismo. Uma hora arruma-se a janela, outra hora a porta, mas olvida-se que a casa irá sacudir em algum momento porque a base não é sólida. Não há um dia que não haja uma brilhante ideia de programa social e destinação de verbas. São os reparos.
Infelizmente não serão os programas sociais imediatistas e populistas do PT que irão resolver os paradoxos sociais brasileiros porque temos um problema crônico: o liberalismo econômico nunca deu as caras por aqui. Não acumulamos capital e, no entanto, acreditamos piamente que podemos importar as legislações de outros países e que o resultado será o mesmo.
Sugiro que paremos de esperar o Messias e de invejar o pão alheio. Ele não virá para nos dar o pão, mas nós temos braços e é bom que na primeira chuva arregacemos as mangas para plantar o nosso próprio trigo.

“Mais importante que o pão é a liberdade para ir buscá-lo.” (Mim)

“Não decepcionei o meu país. Nunca votei no PT.” (Mim)

Venenozolano ‏@Venenozolano Cada 20min un asesinato Dos hombres fueron masacrados en Ciudad Guayana a plena luz del día.


Certezas? Poucas. Dúvidas? Incontáveis!

"O Senhor não pode ser o meu pastor.Ora, não sou ovelha."

"Por que os mortos não retornam? Ou porque nada existe, a morte é o fim, ou talvez porque o outro lado seja uma bosta."

"Ser infeliz é fácil: Basta viver de comparações." (Mim)

"Muita gente que fala de amor à humanidade bebe e dirige. Que diabo de amor é este que coloca em risco a vida dos outros?"

SUJEITO MORTO DE FOME VENDO UMA MORTADELA NO BALCÃO DA MERCEARIA: “Minha vida está por um frio.” (Mim)

Pois é


Jimmy-twitter- Marina é uma Dilma com três neurônios.

“Sou uma mulher colorida. Cabelos negros, olhos verdes e bunda branca.” (Ilvania Ilvanete)

“Não tenho amigas. Tenho escadas.” (Ilvania Ilvanete,a hipócrita)

Não me interessa uma vida sem lucidez. Não existe desgraça individual maior que perder a própria identidade. Se acontecer peço que me concedam o direito a ser jogado num abismo.

Não sou infantil, mas preciso saber quem escondeu a minha mamadeira.

"Acordei hoje com nenhuma inspiração e pouca respiração. Acho que sem demora o Nono vai." (Nono Ambrósio)

“Somente educação de qualidade e muita leitura extracurricular poderá salvar o mundo de se tornar um imenso jardim de imbecis.” (Filosofeno)

JORNAL DO COMUNA GAÚCHO- Tarso impede que Brigada desocupe Fazenda Galatéia.

O Comando da Brigada Militar avisou que seus homens em Pelotas não cumprirão a ordem judicial de reintegração de posse da Fazenda Galatéia sem que haja ordem expressa do governador Tarso Genro.

. Os proprietários disseram esta tarde ao editor que a fazenda é altamente produtiva, mas que o juiz do caso tem sido desrespeitado sistematicamente desde o dia 5 de agosto, mas na sexta-feira avisou que os brigadianos devem garantir a reintegração dentro do prazo de 24 horas.

. A Fazenda Galatéia pertence aos herdeiros de Sérgio Sant'Anna e é administrada pela viúva, Maria Aparecida Gonçalves Sant'Anna, que toca o negócio com as duas filhas. São 8 mil hectares de gado, soja e arroz.

. Os 100 homens do MST que invadiram a propriedade no dia 5 de agosto, ocuparam a sede da cabanha velha, cercaram, desalojaram e ocuparam a casa dos funcionários, e agora ameaçam atrair novos invasores para paralisar e invadir toda a fazenda.

. Os advogados de Maria Gonçalves Sant'Ana querem que o juiz responsabilize as autoridades policiais e do governo por desobediência a ordem judicial.

Do blog do Políbio Braga

Uma justiça séria aceitaria sem brigar um sujeito que nem mesmo juiz foi como Ministro do STF?

A mágica do mercado interno virou fumaça

Perdido o primeiro semestre, o governo terá de rezar com muito fervor para fechar o ano com o mísero crescimento econômico previsto há dois meses pelo Banco Central (BC), 1,6%. No setor privado as apostas há muito tempo estão abaixo desse número. No dia 8 a mediana das projeções do mercado, coletadas entre instituições financeiras e consultorias, já estava em 0,81%. Quatro semanas antes havia chegado a 1,05%. Só no fim do mês o IBGE divulgará os novos números do produto interno bruto (PIB) e mostrará, de acordo com os padrões oficiais, o tamanho do desastre nos primeiros seis meses. Por enquanto, a informação mais aproximada é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Publicados na sexta-feira, os dados mostraram queda mensal de 1,48% em junho e crescimento de apenas 0,08% no semestre. Esses números são da série depurada de efeitos sazonais.
A Copa das Copas tem sido usada como desculpa, ou meia explicação, para o emperramento da atividade em junho: menos dias de trabalho, adiamento de compras e coisas parecidas. Mas a Copa das Copas, também anunciada como a melhor de todos os tempos, durou umas quatro semanas. A economia, no entanto, foi mal durante seis meses - sem contar, é claro, o período entre o começo de 2011 e o fim de 2013. A presidente Dilma Rousseff e sua equipe cuidaram de manter em 2014 um desempenho econômico à altura dos três anos anteriores. Não tomaram, pelo menos até agora, uma única e solitária medida para renegar o padrão. Seu sucesso é confirmado pelos principais indicadores - contas públicas em frangalhos, inflação ainda ameaçadora, investimento baixo e balanço de pagamentos esburacado.
O baixo investimento é explicável tanto pela má condução dos programas oficiais quanto pela desconfiança dos dirigentes da indústria. Muitos podem até apoiar politicamente o governo e aplaudir o protecionismo e os favores setoriais, mas aplicar dinheiro em máquinas, equipamentos e instalações é outra história. A produção de bens de capital no primeiro semestre foi 8,3% menor que a de um ano antes, segundo o IBGE. Os empresários terão substituído máquinas e equipamentos nacionais por estrangeiros? Nem isso. O valor gasto com a importação desse tipo de produto, entre janeiro e julho, foi 6% menor que nos sete meses correspondentes de 2013, pela média diária.
Apesar disso, fabricantes estrangeiros de bens de capital até podem ter ocupado uma parcela maior do mercado interno. Mas, no balanço geral, tudo indica, por enquanto, um corte do investimento em bens de produção. A pior situação, de toda forma, é a dos produtores nacionais, pressionados pela combinação de procura em queda e custos em alta. Com dificuldades para competir no mercado externo, têm de enfrentar, ainda, a retração dos compradores nacionais.
Na maior parte dos últimos seis anos, desde o começo da recessão internacional, o governo brasileiro alardeou o vigor e a dimensão do mercado interno como fator de segurança contra a crise. A insistência nos estímulos ao consumo foi uma consequência dessa concepção - e da percepção errada, naturalmente, do problema e das soluções possíveis.
Se a presidente e sua equipe fossem mais atentas aos fatos, teriam percebido há muito tempo os erros de sua estratégia. Apesar dos incentivos fiscais a alguns setores, da expansão do crédito e da elevação da renda dos consumidores, a indústria brasileira teve um desempenho muito fraco durante os últimos anos. Alguns setores mais beneficiados pelos incentivos conseguiram boas vendas e lucros, durante algum tempo, porém nem esses aproveitaram as vantagens para ganhar poder de competição. Mas até a mágica do mercado interno parece estar acabando, como indicam os últimos números do comércio varejista. De janeiro a junho, as vendas foram 4,2% maiores que as do primeiro semestre do ano anterior, sem contar veículos, componentes e material de construção. Com a inclusão desses itens, a diferença fica em apenas 0,1%.
O mercado interno está sendo incapaz de acompanhar a produção de automóveis, disse na quarta-feira o vice-presidente da associação nacional das montadoras, Antônio Carlos Botelho Megale. A solução, segundo ele, é exportar mais. Outros segmentos mal acompanharam - ou nem acompanharam - a expansão da procura, nos últimos anos, como indica o aumento de importações. Todos estariam agora em melhor situação, e com melhores perspectivas, se houvessem cuidado mais do poder de competição e da ocupação de espaços dentro e fora do País.
Para exportar a indústria automobilística depende amplamente do mercado argentino, estagnado e protegido. A maior parte das indústrias, com algumas exceções notáveis, acostumou-se a exportar principalmente para os vizinhos. Agora nem esse mercado é garantido, por causa da invasão da turma da Ásia. Até no Mercosul esses competidores têm deslocado os brasileiros. Mas a concorrência vem também de economias desenvolvidas, facilitada pelos acordos comerciais dos latino-americanos com as potências da América do Norte e da Europa.
Esnobar o mundo rico foi uma das espertezas da diplomacia comercial brasileira a partir de 2003. Boa parte da indústria aceitou esse jogo e se acomodou como fornecedora de países da vizinhança. Alguns exportadores continuaram batalhando pelos mercados da Europa e dos Estados Unidos. Mas tiveram problemas crescentes de competitividade. O ambiente de ineficiência - tributação irracional, logística ruim, inflação elevada, intervencionismo desastrado, etc. - prejudicou também as empresas bem organizadas e equipadas. Nos últimos 12 anos o País foi orientado para jogar na segunda ou na terceira divisão. Falta explicar esse detalhe ao resto do mundo e pedir compreensão.
JORNALISTA

‘Saindo do armário’, de J.R. Guzzo

Nada mais cômodo para o racista politicamente correto, que quer praticar seu racismo na frente de todo mundo, mas não quer correr nenhum risco legal ou social com isso, do que uma tragédia como a que aconteceu durante o último mês nessa infeliz Faixa de Gaza. Foi uma grande oportunidade para o crime perfeito. Como o Exército de Israel despejou sobre Gaza foguetes que destroem tudo o que encontram pela frente, incluindo gente de carne e osso, contra um restinho de terra onde 1,7 milhão de pessoas se apertam num miserável espaço de 360 quilômetros quadrados, só poderia haver um resultado: sangue, lágrimas, crianças mortas e feridas, hospitais e escolas que viram entulho, ruínas e todas as desgraças da guerra. As cenas desse horror aparecem todos os dias. Quem pode aprovar as imagens de pais e mães em desespero, carregando nos braços seus filhos ensanguentados? Ninguém que tenha um grama de compaixão dentro da alma. Entra rapidamente em cena, a essa altura, o praticante do racismo seguro: enfia-se na armadura moral fornecida pelo sofrimento dos inocentes, e dentro dela, com toda a segurança e conforto, põe para fora suas secretas convicções raciais contra os judeus.
É claro que muitas pessoas bem-intencionadas podem manifestar sua indignação ética e política contra o bombardeio de Gaza e, ao mesmo tempo, não carregar dentro de si nenhum traço de antissemitismo; espera-se, até, que sejam a maioria dos que criticam Israel no momento. Mas também é 100% certo que o ódio contra os judeus, seja de altos teores, seja nas modalidades light, aproveitou o escudo oferecido pelos foguetes israelenses para mostrar a sua cara no Brasil e no mundo. Trata-se de sentimentos que estão aí há 2 000 anos; podem estar anestesiados, mesmo porque não são aceitos nas sociedades democráticas, mas não vão embora. No caso, sua existência fica comprovada pela prática aberta do preconceito – antes de examinarem qualquer fato, ou admitirem que a tragédia de Gaza tem mais de um lado, os antissemitas escondidos no armário vêm para fora afirmando que Israel está empenhado em exterminar fisicamente a população palestina em sua fronteira. Atribuem aos judeus, historicamente perseguidos, a conveniente posição de agressores cujo objetivo estratégico seria sobreviver à custa de um “genocídio”.
Isso é simplesmente falso, a começar pelo fato de que genocídio é outra coisa. É possível, sem dúvida, ter simpatia pela gente eternamente sofrida da paupérrima Faixa de Gaza – mas quem se sente assim não tem o direito de ignorar a verdade dos fatos e das realidades. O problema começa com a recusa de pensar por cinco minutos numa evidência pouco mencionada, mas indiscutível: a tragédia de Gaza só existe porque se disputa ali uma guerra, atividade que exige no mínimo duas partes. Como se sabe perfeitamente, não há guerras boas, ou justas, ou éticas, ou criteriosas, ou “proporcionais”, como gostaria a presidente Dilma Rousseff. De que jeito pensar em bons modos numa guerra, quando a sua meta principal é a prática do homicídio? Guerras exigem que os combatentes cometam assassinatos, por mais legais que sejam considerados; eles recebem ordens superiores para matar, e são obrigados a obedecê-las, sob pena de acabarem numa corte marcial. Aliás, quanto mais seres humanos matarem, melhor – vão receber medalhas, promoções e diploma de heróis da pátria. Que moralidade pode haver diante dessa insânia?
É excluído da discussão, também, o fato de que Israel está em guerra com os palestinos de Gaza porque responde aos ataques sistemáticos de foguetes lançados a esmo contra seu território. Não é sua culpa se, por defen­der-se com mais competência, mata 2 000 inimigos e ­suas baixas ficam limitadas a cinquenta ou sessenta pessoas. Qual a alternativa? Matar seus próprios cidadãos para equilibrar a conta, já que o comando palestino não consegue fazer isso? Recusar-se a responder à agressão também não é uma alternativa – nem evitar a morte de civis do outro lado, num território sessenta vezes menor que o de Sergipe e onde os chefes usam hospitais e escolas como arsenais, com o único propósito de transformá-los em alvos militares e gerar as imagens que chocam todo o mundo. Não se sabe, enfim, como os judeus poderiam esperar uma negociação, quando o outro lado exige a extinção do Estado de Israel para baixar as armas – aberração que muitos dos indignados com o desastre de Gaza insistem que os judeus deveriam aceitar para que se obtenha a paz.
Sabem que não pode dar certo nunca. É isso mesmo que esperam.

Paternidade responsável. Algum governo irá assumir a campanha? Ou continuaremos atacando os efeitos sem nos preocupar com a causa?

Marina Silva vem aí? Ou: A Rede da demagogia

Eis que agora todos aqueles jovens que tomaram as ruas em junho de 2013 não precisam mais anular seu voto. Ou todos aqueles românticos que acreditaram no despertar do gigante e condenam “tudo isso que está aí”, e clamam por uma “nova forma de se fazer política”, sem barganhas ou concessões (ou seja, sem democracia), agora possuem finalmente uma candidata. Marina Silva vem aí!
Mas qual Marina? Será aquela respaldada pelo bom senso e seriedade, ainda que pouca experiência prática, de Eduardo Giannetti da Fonseca? Será aquela que reconheceu recentemente a importância de se preservar o tripé macroeconômico, destruído pelo governo Dilma? Ou será a velha Marina, “sonhática”, idealista, fundamentalista, romântica, ecologicamente correta, aliada do MST? Teremos Giannetti ou Leonardo Boff dando as cartas?
Ninguém sabe dizer. E eis o ponto-chave: Marina é uma incógnita, uma enorme incerteza. Os investidores celebram timidamente e com cautela a pesquisa eleitoral do Datafolha – feita um dia após a morte de Campos – que já a coloca como segunda colocada. Compreensível: nada pode ser pior do que Dilma.
Eu mesmo cheguei a escrever uma carta aberta a Marina pedindo sua candidatura, pois a prioridade é retirar o PT do poder, impedir o golpe bolivariano em curso, cessar com o absurdo aparelhamento da máquina estatal. Daí a crer que Marina representa uma boa alternativa vai uma longa distância! Deixe-me ser mais objetivo: se fosse para votar no Capeta com Lúcifer como vice na chapa para tirar o PT do poder, eu votava!
Mas confesso ao leitor: tenho calafrios com a imagem de um segundo turno entre Dilma e Marina. É uma visão assustadora. Para explicar melhor meus motivos, segue um artigo publicado no GLOBO em março de 2013:
A Rede da demagogia
Há mais um partido na praça. Trata-se da Rede, de Marina Silva, candidata que recebeu 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais. Tem muita gente cansada da dicotomia entre PT e PSDB, em busca de alguma alternativa. Será que a Rede é a solução? 
Confesso ao leitor que ela não me convence. Para começo de conversa, o partido fez como o fisiológico PSD, de Kassab, e alegou não ser de esquerda nem de direita, pró-governo nem oposição. Contudo, quando vamos verificar quem são as pessoas por trás dele, só encontramos gente de esquerda, inclusive da ala mais radical, aquela que ainda sonha com o fracassado socialismo cubano. 
Um de seus gurus intelectuais é Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, uma mistura tosca entre cristianismo e marxismo. Marina veste literalmente o boné dos invasores de terra do MST. Vários membros do PSOL pretendem migrar para a Rede. E por aí vai. 
Alguns ali abraçam a cruzada ecológica, mas tampouco me enganam. São “melancias”: verdes por fora, mas vermelhos por dentro. Seu discurso transforma o meio ambiente em religião antiprogresso, e dá para notar claramente o viés anticapitalista. O planeta será salvo pelo resgate do “bom selvagem”, de uma vida comunitária idealizada, como no filme “Avatar”. Estou fora dessa seita romântica! 
Que tal um candidato que jamais tenha colocado esse boné infame?
Que tal um candidato que jamais tenha colocado esse boné infame?
Resta a importante questão ética. Uma vez mais, eu não fico tão convencido. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que Marina teve quase três décadas de filiação ao PT. E não é novidade alguma o uso de práticas imorais do partido em sua busca implacável pelo poder. Elas chegaram ao auge do absurdo com o mensalão, mas não foram iniciadas ali. Relações com o jogo do bicho, parceria com ditadores comunistas, até mesmo afinidade e aproximação com os guerrilheiros das FARC representam o histórico do PT desde muito tempo. A bandeira da ética sempre foi hipócrita, e está totalmente esgarçada pelas traças do poder. 
Esse rompimento tardio de Marina, que foi ministra de Lula, remete ao caso do escritor Saramago, que rompeu com Fidel Castro após uma nova perseguição a três intelectuais cubanos, ignorando os milhares de cadáveres acumulados na mais longa ditadura da América Latina. 
Marina Silva resolveu sair do PT apenas quando seu espaço político estava prejudicado. Mas ela fez parte do governo, ainda que não tenha praticado atos ilegais. Quando abandonou o PT, disse que foi preciso coragem para sair de sua “casa política”, à qual ainda nutria profundo respeito. Quem respeita tanto assim o PT perde o meu respeito. 
A Rede fez muito barulho com a bandeira ética, tal como o PT de ontem. Mas começou mal, ao recusar dinheiro de empresas de tabaco e cerveja, mas aceitar o de empreiteiras (eu inverteria). Aceitou ainda gente do PSOL envolvida no escândalo do bicheiro Cachoeira. Será que Marina concorda com José Dirceu, para quem a Lei da Ficha Limpa é absurda? Caiu na Rede é peixe? 
Em suma, por trás daquela fala mansa e da mensagem messiânica (o próprio Alfredo Sirkis afirmou que se trata mais de um “estado de espírito” do que de prática política), jaz o embrião de mais um partido populista e demagógico, uma espécie de PT revigorado e embalado em alface orgânico. Um projeto personalista da “salvadora da pátria”. 
O Brasil, infelizmente, continua com uma hegemonia de esquerda na vida política. Todos os partidos relevantes rezam o mesmo credo socialista envergonhado: intervencionista na economia, coletivista e paternalista no social. Nenhum fala abertamente em privatização, em redução do papel do governo na economia e em nossas vidas. Todos querem assumir o papel de “pai do povo” e controlar 40% do PIB nacional. 
O grande nome “novo” é Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes e líder de um partido que ainda se diz socialista. Do lado dos tucanos, temos Aécio Neves, que parece o melhor da turma. Mas algo ali não cheira bem. Falta disposição para assumir uma postura efetiva de oposição. 
Os milhões de brasileiros cansados da completa falta de ética na política, do viés estatizante de todos esses partidos, continuam órfãos políticos, sem representação partidária. Sei que há partidos demais (legendas, na verdade), mas precisamos de uma alternativa verdadeira, sem medo de assumir sua posição de direita liberal, a favor do livre mercado, da família e da propriedade. 
Um partido que não venda ilusões e milagres por meio da pesada mão do Estado, mas sim reformas que devolvam o poder a cada um de nós. Um partido que diga “Basta!” a todos esses privilégios e subsídios estatais. Precisamos de algo realmente NOVO!
PS: Diogo Mainardi disse ontem no Manhattan Conection que Marina Silva ganha de lavada. Acho – e espero – que errará, como errou feio, infelizmente, quando disse que Dilma não ganharia em 2010. Marina tem um teto, mesmo com toda a comoção do cadáver. Conquista o voto de muita gente desiludida, com razão, com nossa política, como se fosse realmente uma alternativa viável a Sarney e companhia. Mas a turma mais pragmática sabe que o buraco é bem mais embaixo. Resta saber quantos “sonháticos” existem no Brasil, e quantos pragmáticos…
Rodrigo Constantino

MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA- O CIRCO QUE MARCOU

Lembro dos grandes circos que passaram por Chapecó na minha meninice, como Orlando Orfey, Pan-Americano e Real Palácios. Porém uma marcou mais por causa de uma tragédia...

No início da década de 1970 um circo pequeno, bem pobrezinho, desses de lona velha e furada, de poucos artistas, sem animais, se instalou em frente a nossa casa, ali na Rua Marechal Bormann, atualmente Posto do Negretto. Alguns palhaços, atiradores de facas e acrobatas animavam a platéia todas as noites, antes da grande atração que era o espetáculo de luta livre. O lutador, alto e forte, com alguma semelhança com Tarcisio Meira, desafiava quem da platéia quisesse enfrentá-lo em vigoroso combate. Como minha mãe lavava as roupas da dona do circo eu tinha acesso livre, e gostava de ver os desafios.
Certa noite, após o espetáculo, o galã lutador foi ao meretrício e lá se meteu em confusão. 
Pois esteve surrando alguns.  Preso, estava sendo encaminhado a pé ao presídio que ficava no bairro Santa Maria, quando foi covardemente assassinado a tiros na Avenida Getúlio Vargas, próximo onde é hoje o Magazine Piana, por um homem que havia apanhado dele anteriormente no meretrício. A vítima estava algemada, sem poder se defender. Morreu na hora, não houve tempo para nada.
Recordo da proprietária do circo chorando pela perda do jovem amigo e colaborador. No momento do enterro nos alto-falantes tocava Silêncio, o que aumentava ainda mais
a emoção do momento. Foi difícil não chorar. Eu chorei.


TEMPO

O tempo útil é o senhor da vida
Para quem tem projetos o tempo voa
Porém para os mortos vivos
O tempo é lerdo
E a porta de um novo dia demora a se abrir
Assim é
Pois nada fazer
E nada pensar
Tornam a chegada de um novo dia vagarosa
Mas não vagaroso o deitar no esquife.

Antes ser um porquinho

Porquinho eu não sou
Não nasci de uma porca
Também não vim ao mundo num chiqueirão
Mas digo em alto e bom som no púlpito da praça ou na missa de domingo:
Antes ser um porquinho gordo
Daqueles que alegram a criançada
Que um político rasteiro e ladrão
Óleo de peroba na cara
Desgraça maior de uma nação.

POEMINHA- DA IMPORTÂNCIA

Não importa se você estiver no topo
Não importa se você estiver no limbo
Se ornada de ouro
Se incomodada por carrapichos
De uma coisa pode ter certeza:
Para alguém você é muito importante.

PSN: Partido Sem Noção. Ou: Pesquisa indecorosa

Foto que circulou ontem pelas redes sociais
Foto que circulou ontem pelas redes sociais
O velório de Eduardo Campos neste domingo foi um fenômeno estranho, um desafio para o jornalismo. Tivemos a inovação de “narrador de funeral”, como se fosse um jogo de futebol. Tivemos o ex-presidente Lula e a presidente Dilma sendo vaiados, o que é sinal da rejeição legítima a ambos, mas sintoma de falta de respeito aos familiares das vítimas enterradas. E tivemos, pasmem!, um show de horrores quando várias pessoas resolveram tirar “selfies” com o caixão ao fundo. Escrevi em minha página do Facebook:
Essa coisa de “selfie” em velório é o fim da humanidade. Depois reclamam e me “acusam” de conservador quando aplaudo Theodore Dalrymple e sua defesa até de uma vestimenta mais rigorosa para demonstrar respeito em tais ocasiões, para mostrar que ir a um enterro não é como ir ali do lado comer uma pizza ou tomar um sorvete. O mundo anda muito estranho…
Podem me chamar de reacionário, conservador, velho ou mesmo obsoleto, mas sou do tempo em que o sujeito colocava um terno e mantinha uma postura de discrição e sobriedade em um local desses, em homenagem ao morto. A roupa é demonstração de que houve uma preocupação maior, uma preparação diferente de simplesmente descer para comprar pão na esquina. Mas vivemos na era do Mujica, visto como grande líder pois empossa seus ministros com sandálias e unhas nojentas à mostra.
Se, por um lado, o público deu um espetáculo de mau gosto ao transformar um enterro em uma oportunidade para aparecer, em uma espécie de “micareta”, o Datafolha não fez algo muito diferente. Produziu uma pesquisa eleitoral exatamente no dia seguinte da morte de Campos! Seu avião explodiu no dia 13 de agosto, e nos dias 14 e 15 o Datafolha já ouvia 2.843 pessoas em 176 municípios. O cadáver estava quente ainda!

Fonte: Datafolha
Hoje só se fala na pesquisa, os envolvidos ajustam suas estratégias, e Marina já está em segundo na corrida, em empate técnico com Aécio Neves. Mas pergunto: qual o valor de uma pesquisa feita no dia seguinte da morte de Campos, sabendo-se que o brasileiro é um dos povos mais emotivos, imediatistas e influenciáveis do mundo?
Pode até ser que a tendência se confirme, mas é muito cedo para dizer, e se trata de uma pesquisa indecorosa. É como pegar uma viúva na saída do enterro de seu marido falecido e perguntar: ele era um bom esposo? A chance de a resposta lhe ser favorável é bem maior do que aguardar um mês para fazer a mesma pergunta, com ela já mais calma e menos afetada, usando um pouco mais a razão. Os defeitos do homem virão à tona com mais facilidade.

Obama iniciou a farra fazendo “selfie” no funeral de Mandela
Enfim, o Brasil tem mesmo avacalhado tudo, até enterro e pesquisa eleitoral. Muito foi dito logo após a trágica notícia do acidente, na linha de que não era hora de falar de política, em respeito aos mortos. Era só discurso? Pois o pessoal do PSB, partido de Campos, disse que sofreu investidas do PT, diretamente de Lula, para que desse apoio a Dilma e, com isso, rachasse ao meio o partido.
Do PT a gente espera tudo mesmo, e isso é fichinha perto do que faz o partido para se perpetuar no poder. Mas é triste quando vemos que o país como um todo caminha na direção de perda de importantes valores civilizatórios. O que talvez explique o fato de que o PT esteja no poder há 12 anos e com chances reais de permanecer por mais quatro…
Rodrigo Constantino

Marina não é Eduardo Campos. É tão despreparada quanto Dilma.

Quadrinha do Oto

O mordomo Oto amava o amo
Amava a ama também
E na separação dos amos
Ficou o Oto sem um vintém.

“A opinião de um canalha muda conforme lhe pagam.” (Filosofeno)

“Não posso falar mal de sogras. Já tive três e nenhuma delas envenenou minha sopa.” (Mim)

“Quem não é capaz de rir de si mesmo por certo se acha o cúmulo da seriedade.” (Filosofeno)

“Divino? Divino é a Débora Secco em pelo.” (Climério)