Sexta-feira. Ted jantava um bife com salada enquanto ouvia os murmúrios vindos das outras mesas. Naquela noite fria o ambiente morno do restaurante era aconchegante. Muitos casais e dois solitários além dele compunham a paisagem do lugar. Os garçons atentos não paravam de circular atendendo com alegre cortesia. De repente gritos e armas, um assalto! Quatro bandidos entraram pela cozinha e no salão repleto de clientes, usando de extrema violência passaram a tomar os pertences de todos. Qualquer hesitação era punida com coronhadas. Mulheres eram adjetivadas de putas e homens de viados. Mexam-se! – gritavam. Um homem magro descontrolado pelo nervosismo não conseguiu ser rápido na entrega da carteira e teve sua cabeça dilacerada da qual jorrava sangue em abundância. Algumas adolescentes foram estapeadas. Foi então que quando um deles chegava à mesa de Ted ele não hesitou, sacou seu revólver e abateu o crápula foi com um tiro na cabeça. Pegos de surpresa os demais não tiveram tempo para nada, foram fulminados com a rapidez da luz; tiros na nuca, sem perdão. Aplausos foram ouvidos. Ted então saiu do seu lugar calmamente, e sobre o corpo de cada marginal deixou um cartão que dizia: “Prazer, vocês acabaram de conhecer Ted Thompson.” Pagou sua conta, saiu e desapareceu após dobrar a esquina.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
TED THOMPSON- NO RESTAURANTE
Sexta-feira. Ted jantava um bife com salada enquanto ouvia os murmúrios vindos das outras mesas. Naquela noite fria o ambiente morno do restaurante era aconchegante. Muitos casais e dois solitários além dele compunham a paisagem do lugar. Os garçons atentos não paravam de circular atendendo com alegre cortesia. De repente gritos e armas, um assalto! Quatro bandidos entraram pela cozinha e no salão repleto de clientes, usando de extrema violência passaram a tomar os pertences de todos. Qualquer hesitação era punida com coronhadas. Mulheres eram adjetivadas de putas e homens de viados. Mexam-se! – gritavam. Um homem magro descontrolado pelo nervosismo não conseguiu ser rápido na entrega da carteira e teve sua cabeça dilacerada da qual jorrava sangue em abundância. Algumas adolescentes foram estapeadas. Foi então que quando um deles chegava à mesa de Ted ele não hesitou, sacou seu revólver e abateu o crápula foi com um tiro na cabeça. Pegos de surpresa os demais não tiveram tempo para nada, foram fulminados com a rapidez da luz; tiros na nuca, sem perdão. Aplausos foram ouvidos. Ted então saiu do seu lugar calmamente, e sobre o corpo de cada marginal deixou um cartão que dizia: “Prazer, vocês acabaram de conhecer Ted Thompson.” Pagou sua conta, saiu e desapareceu após dobrar a esquina.
TED THOMPSON- BRIGA DE CASAL
Verão, céu azul, sol da tarde quase indo embora. Ted caminhava pela praia de Palmas tomando água de coco, admirando gaivotas, quando observou um casal que chamava a atenção dos presentes pelos gritos e sopapos que trocavam. Alguns estultos pediam mais violência. Ele foi para perto e pediu gentilmente que parassem, no que não foi atendido. Falou para eles que briga de casal deveria ser resolvida entre quatro paredes e não em público, coisa vergonhosa. Foi o que bastou para ser insultado. Como sempre acontece em suas encrencas, tolerância zero. O pau comeu para o casal. Com as mãos espalmadas bateu na face dos briguentos com vontade, deixou suas orelhas vermelhas, deu mais algumas rasteiras, tirou suas roupas, surrou as nádegas e os mandou para casa. Quando alguém disse que iria chamar a polícia por causa da surra: “Diga antes que quem está aqui é Ted Thompson; eles me conhecem e sabem de que lado estou”.
REUNIÃO DE LENDAS
Casa de aroeira dentro da mata, fogo de chão, coral
de insetos, corujas guardiãs, reunião das ditas lendas brasileiras. Comandando
estava o Saci-Pererê, ladeado pela Mula-Sem-Cabeça. Presentes o Bicho-Papão;
Curupira; Boitatá; Lobisomem e a bela sereia Iara. Conversa vai, conversa vem,
comes e bebes. De repente ouviram alguém batendo:
-Toc! Toc! Quero entrar!
-Quem é?-perguntou o Saci-Pererê.
-É o Sapo Barbudo Honesto. Desejo participar da
reunião. Vim de longe, eu também sou uma lenda, tenho direito.
Saci fez sinal com os olhos para os companheiros
que assentiram. O Sapo Barbudo Honesto entrou na casa para fazer parte com
todos os méritos das lendas brasileiras.
GUILHERME, O ESPECIAL
O trem, dez da noite. O condutor foi o primeiro a
morrer. Guilherme estava na plataforma
quando o trem passou e não parou na estação doze. Observou dentro do trem que
as pessoas estavam desesperadas, olhando para fora e pedindo socorro com os
olhos. Algo muito estranho estava acontecendo. Então Guilherme usando seu poder
transportou-se para dentro do trem e pode ver todo o terror que sofriam. Duas
dezenas de horríveis seres verde musgo de duas cabeças, pele oleosa, braços
longos e com dentes de 15 centímetros, rasgavam as pessoas, comiam seus
corações e o restante descartavam. Era como um filme de terror sangrento. Então Guilherme vendo a terrível carnificina
agiu, e num piscar de olhos transformou-se num enorme urso pardo,
multiplicou-se por dez que imediatamente avançaram sobre os monstrengos. Sem
perder tempo e com sua força descomunal foram abrindo entranhas e cortando
cabeças. O carniceiro líder vomitava ódio, espumava, foi o mais duro no embate,
mas pereceu diante de um x feito nas suas cabeças por garras fortes e afiadas.
O trem foi parado, a polícia apareceu, trabalho realizado. Então Guilherme
voltou para seu estado normal e sumiu no meio das pessoas ainda em choque.
Sobre os monstros assassinos nada foi dito; nenhuma autoridade soube dizer quem
eram eles e de onde surgiram. Sobre o herói salvador falaram menos ainda.
VELHO INÁCIO E O DIABO
Noite escura e temporal daqueles, luzes piscando e o
vento zunindo. O velho Inácio está sozinho em casa. Batem. Ele atende, na porta
está um sujeito vermelho, com chifres e rabo.
-Inácio Brandão?
-Sim.
-Sou o diabo, vim para levá-lo.
-Você disse quiabo? Que nome estranho!
-Não é quiabo, é diabo!
-Pois é o que estou dizendo, quiabo! Mas que tipo
de quiabo?
-Você não vê que sou vermelho, tenho chifres e rabo
pontudo?
-É fantasia? Muito bem feita.
-Velho tonto, eu venho do inferno, o reino do fogo
eterno.
-Entendo que o senhor vem do inverno, e inverno é
fogo mesmo. São Joaquim?
-Duro de entender, não é?
-O quê?
-Que sou satã.
-Maçã? São Joaquim terra da maça? É isso? Mas o que
é que o senhor quer aqui em São Paulo? Está vendendo maçã?
-Deixa para lá. Vai para o céu seu velho filho da
puta!
E o diabo se mandou enquanto grossa chuva caía.
O HOMEM FOGO
Não havia ninguém lá além dele. O branco da neve cobria tudo, da ponta dos pés ao horizonte longínquo. Carlos Kiefer, o homem fogo estava cansado depois de décadas de palco, labaredas e público. Ovacionado quase sempre e às vezes vaiado quando o fogo era pouco. Tinha setenta anos e estava só, a velha companheira havia partido há dois anos. Carlos gostava de extremos, fogo e gelo. O fim estava próximo, a saúde debilitada e o bolso vazio. Ergueu pela última vez os olhos para o céu cinzento e jogou-se num buraco na neve, levando dois litros de vodca, dez limões e um quilo de açúcar.
O ANTRO
Tardinha de sexta-feira. Sala no subsolo. Ambiente enfumaçado, conversas em voz baixa, sujeitos mal-encarados e outros nem tanto, todos bafejando álcool em grande estilo. Políticos, assaltantes, traficantes, proxenetas, jogadores e algumas prostitutas. Só cidadãos de primeira linha. Ali se reunia a catrefa para planejar novos golpes e maldades embalados por todos os tipos de drogas. Assim do nada tlac tlac tlac tlac...tlac tlac tlac...tlac tlac..tlac. Um pequeno cubo mágico rolou pela escada. Então, TRANSFORMERS JUSTICEIRO!! Não sobrou nem mesmo o barman.
PAPO ENTRE PORCOS
Um suíno que rumava para o frigorífico caiu do
caminhão e entrou na mata. Entrou na mata e desapareceu entre a vegetação sem
olhar para trás. Logo encontrou um porco do mato.
-E aí cara? Tudo bem?
-Tudo maneiro.
-Pois fugi da morte agorinha. Tô que é só pulsação.
-Não moras por aqui?
-Não. Fui criado perto das cidades.
-Prazer, sou um porco do mato.
-Eu sou suíno, mas quase todos me chamam de porco.
-Eu também tenho apelidos.
-Diga um.
-Tateto.
-Tateto?
-Engraçado né?
-Sim, tateto é engraçado. E tua família?
-Estão por aí comendo raízes. E a tua?
-Já foram para o papo dos humanos.
-Que coisa triste!
-Estou só no mundo...
-Irei falar com meu pai para você entrar pra
família.
-Vai fazer mesmo isso?
-Irei fazer sim, de coração. Vamos lá?
-Vamos!
-Então agora você é um porco do mato. Certo?
-Certo!
ARTHUR SCHOPENHAUER- INDEFESA DO HOMEM
De todos os seres, o homem é o mais necessitado: só tem vontades e desejos, um conjunto de centenas de necessidades. Abandonando a si próprio, vive na terra sem segurança nenhuma a não ser sua miséria. A luta pela vida, cada dia renovada, a necessidade que o constrange, e as imperiosas exigências materiais, preenchem a sua existência. Ao mesmo tempo, outro instinto o atormenta; o de perpetuar a sua raça. Ameaçado por todos os lados pelos perigos que o rodeiam, usa de sua prudência sempre vigilante para poder escapar. Com passo inquieto, lançando em volta olhares angustiosos, segue o seu caminho em luta constante com os casos e com seus inúmeros inimigos. O homem não se sente seguro entre os da sua raça e nem nos mais longínquos desertos. Qualibus in tenebris vitae, quantisque periclis degitur hocc’aevi, quodcunque est! Lucr. 11, 15.
O PROFESSOR DOUTOR NO INFERNO
Chegou ao inferno o renomado Professor Doutor
Hércules do Amaral. Homem inteligente e culto, apreciador de artes diversas e
também político de péssimos costumes. Preenchidos os papeis foi Satanás
Ferreira mostrar-lhe seus aposentos. Ampla sala com estofados em couro,
ar-condicionado, banheiro amplo, cozinha em mármore, frigobar e outras regalias
como TV de quarenta e duas polegadas. Surpreso perguntou para o vermelhão:
-Está certo? Assim é o inferno?
Satanás Ferreira deixou escapar um risinho...
-Assim é meu caro. Mas não se iluda com a primeira
impressão, com todas estas belezas. Conto-te agora que televisão ficará ligada
vinte e quatro horas por dia eternamente e o programa único será o Big Brother
Brasil.
RATÃO
Miguel é meu nome, tenho pelo e dentes grandes. Antes homem, vivo agora como um ratão reencarnado, me deliciando num lixo grande e gostoso. Encontro de tudo por aqui, proteínas e carboidratos, frutas in-natura, fartura de guloseimas, nossa como sou feliz! Não posso me queixar da nova vida que levo, ainda mais que na vida passada eu fui um comunista. Que avanço senhores, que avanço!
A VACA BARROSA
O alemão Franz Bertoldo vivia no Vale das Flores, lugar lindo que só, verdadeiro paraíso na terra. Acordava todas as manhãs, fazia fogo e então corria para ordenhar a vaca Barrosa. Recolhia e bebia a mesa o leite espumante e fresco todas os dias, inclusive aos domingos. Naquela manhã distinta de dezembro não saiu o esperado leite das tetas da vaca, mas sim um outro líquido claro de boa aparência e também espumante. Que será? –pensou. Bertoldo bebeu um gole, gostou , se deitou debaixo da Barrosa e bebeu direto na fonte. Saiu dali tonto e feliz, com um sorriso radiante. No outro dia juntou economias e foi comprar uma nova vaca leiteira. A boa Barrosa ficou na produção de cerveja para alegria geral da família.
PAPO NO BECO
Dois mendigos embriagados aconchegados num beco, um deles rabiscando num velho
caderno emporcalhado.
-Está escrevendo o que aí?
-Estou elaborando o projeto do novo homem.
-Nono homem?
-Novo homem.
-Como será ele?
-Sem defeitos, mas será surdo/mudo para não ouvir e
nem falar asneiras. E virá com um chip que poderá ser trocado.
-E as mulheres?
-Igual ao homem só que com duas vaginas. Uma para o
marido e outra para os vizinhos, isso para evitar encrencas e todos em paz
satisfeitos.
-O que mais já tem aí no projeto?
-Todo líquido que o novo homem expelir poderá ser
bebido naturalmente, tipo cachaça.
-Isso é muito bom!
-Quando estiver tudo pronto ficará sensacional,
coisa especial de primeira.
-Acredito que sim. Mas qual seu nome colega?
-Deus.
-Prazer, meu nome é Rafael.
Então apresentados saíram lentamente para caçar um
rango, pois Deus mancava.
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“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)