O milharal se perdia no horizonte. Milho, deus milho adorado, o amarelo milho da verdade infernal, divino para tontos de todos os calibres. Os jovens adoradores saíram fazendo sacrifícios infames para o deus Milho, que queria sangue para crescer. Sacrifícios foram feitos, a colheita foi boa e os seguidores saíram impunes. Mas o deus Milho não teve tanta sorte como os demais. Foi pego por uma máquina e virou fubá. Pereceu como polenta na mesa de um italiano de muito apetite, rodeado por queijos e salames diversos.
quarta-feira, 21 de março de 2018
DEUS MILHO
O milharal se perdia no horizonte. Milho, deus milho adorado, o amarelo milho da verdade infernal, divino para tontos de todos os calibres. Os jovens adoradores saíram fazendo sacrifícios infames para o deus Milho, que queria sangue para crescer. Sacrifícios foram feitos, a colheita foi boa e os seguidores saíram impunes. Mas o deus Milho não teve tanta sorte como os demais. Foi pego por uma máquina e virou fubá. Pereceu como polenta na mesa de um italiano de muito apetite, rodeado por queijos e salames diversos.
BRENO
Solitário, Breno não gosta mesmo de companhia. Vive de aluguéis. Com a cara rotineiramente amarrada parece estar sofrendo cólica renal. Amigos, colegas, familiares, namoradas, nada. Ele só e só ele. Na verdade Breno sempre que pode se move apenas na escuridão , isso para não ter nem sombra.
CAÇANDO PATOS
Ano 2550 DC. Romualdo e Peter saíram no domingo para caçar patos. Os bichinhos faceiros se deliciavam na grande lagoa quando os caçadores chegaram. Os bichos alçaram voo e eles meterem bala. Aí foi que aconteceu um fato novo que mudou a história de todas as caçadas de patos. Chegaram por detrás deles dois patos de terno e gravata que se apresentaram como advogados. Os eles largavam as armas ou seriam denunciados e presos. E ainda ameaçaram: E saibam vocês, o juiz do condado também é um pato. Acho que dá perpétua! Foi assim que acabaram os domingos de caçadas de patos.
UM SANTO REMÉDIO
Madrugada e o cão Tupi não sossegava, não parava de latir. Vizinhos reclamavam em bando. Após esbravejamentos e xingamentos inúteis seu dono levou para ele o último exemplar da Playdog. Foi um santo remédio.
IMOBILIZADO
Pedro estava em frente ao computador quando sua mãe o chamou para ajudá-la a guardar mantimentos. Ele fez menção de levantar-se, mais não conseguiu nenhum movimento. Estava petrificado em frente ao computador, totalmente sem movimentos e apavorado. Suava frio. Os olhos fixos na tela, a mão direita sobre o mouse; apenas podia ouvir os berros da progenitora que não cessavam. Tentou piscar para espantar um mosquito que estava na sua pálpebra, procurou cuspir, nada. Sentiu uma leva coceira no ouvido, fez um esforço sobre-humano para coçá-lo, mas não obteve resultado. Sua mãe já cansada de chamá-lo subiu para puxar suas orelhas. Ao ver que ele não respondia e que permanecia estático feito um poste, ficou em pânico. Deu-lhe uns tabefes e nada, nenhuma reação. Chamou pelos vizinhos, mas ninguém apareceu. Então como última cartada ela sacou a tomada, desligando o micro. Arfando muito pelo susto, amarelado, ele lentamente voltou ao normal, para alívio de sua mãe, que depois do sermão voltou aos seus afazeres. Porém ele, passado o susto, fez aquilo que dele se esperava; religou o micro e voltou aos jogos.
ABLUTOFOBIA
Rinaldo não tinha medo de uma arma apontada para si. Mas caso lhe apresentassem um chuveiro, sabonete e toalha de banho ele caía em prantos. Lavava-se com paninhos molhados, isso quando a catinga já estava afetando os vizinhos. Sofria o pobre de ablutofobia, doença que o isolava das pessoas. Porém mesmo com toda carniça uma boa alma descobriu serventia para Rinaldo. Foi contratado por Adamastor como segurança na sua boate. Deu certo, nem arma usava. Quando acontecia uma confusão bastava Rinaldo erguer os braços que todos caiam ao chão ou fugiam porta afora. Um gambá perto dele era café pequeno. Mas perdeu o emprego quando se tratou e passou a andar limpo.
PARAÍSO
O menino Célio estava morrendo de uma doença rara, tinha ele apenas sete anos e não havia mais esperança de melhora. Num sonho apareceu um anjo e disse que ficasse tranquilo que após morrer iria morar no paraíso verde-amarelo onde tudo era maravilhoso. No dia 15 de novembro de 1915 Célio se foi. Chegando ao tal paraíso verde-amarelo a primeira coisa que disse foi- “ Anjo mentiroso .Paraíso? Isso aqui fede!”
O ASCENSORISTA
Naquele fim de tarde de sexta-feira o elevador dois do Edifício Gimenez estava lotado, inclusive com um padre e dois pastores evangélicos. Silêncio entre os presentes e ninguém notou o novo ascensorista que hora se apresentava. O elevador subia e descia e não parava em nenhum andar. Interpelaram o trabalhador que disse estar com um pequeno problema que logo seria resolvido. Por alguns minutos ninguém reclamou, mas depois... Após muitas indas e vindas reclamações, o elevador parou num andar não visualizado no painel, a porta se abriu e todos caíram diretamente no fogo do inferno. O ascensorista era o próprio Satanás Ferreira que resolvera começar o final de semana com uma brincadeirinha, digamos, bem quente.
UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS
-Filho, pega a coisa.
-Coisa?
-Sim, vamos lavar o carro.
-Pegar o lava-jato?
- Puta que pariu, não fala essa palavra maldita!
UNA FAMIGLIA DI AFFARI
-Pai, o Palocci vai nos entregar!
-Pois é. Será que Síria nos recebe como perseguidos políticos?
UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS- MADE IN 2003
-Pai, e agora sem o nosso partido no governo?
-Bem filho, agora o que nos resta é começar a trabalhar.
CARÁTER
O lodo pode estar em todo lugar
No salão de mármore e ouro
No áspero chão de fábrica
Ter ou não ter os bolsos cheios
Não altera o caráter do ser.
CHAPECÓ- MINHA INFÂNCIA
Bica
d’água
Água
da nascente enchendo o tanque
Tampa
de lata de tinta para brincar de chofer
Flores
copo de leite
Cerquinha
de madeira
Cama
de molas
Galinhas
bicando aqui e ali
Ovos
apanhados no ninho
Pé de
lima espinhento
Um
araciticunzeiro sofrido
Pêssegos
com bicho
Varinha
de cerca viva para meninos marotos
Forno
de barro
Pão
quente
Fogão
de lenha
Pinhão
na chapa
Privada
no fundo do quintal
Empresa
do Lara
Depósito
de cal
Madeira
empilhada
Brincadeiras
de esconde-esconde
Chuveiro
de latão
Medo
do escuro
Páscoa
de parcos chocolates
Festa
de Santo Antônio padroeiro
Natal
de bola e revólver de espoleta
Vizinhos
reunidos
Banhados
a mão
Rãs e
saracuras
Campinhos
de terra
Ida ao
Índio Condá com o pai
Torcedor
do Rio-Grandense e Independente
Matinê
aos domingos no Cine Ideal
Django
Pecos
O
Gordo e o Magro
Cavalaria
americana
Picolés
do Bar Estrela
Gasosa
e sorvete seco no Armazém Palmeiras
Armazém
do Oscar Matte na Getúlio
Os
sinos da catedral bem ouvidos
Missa
com padre Romualdo
Os
caríssimos irmãos do Frei João
A irmã
Gilda do Colégio Bom Pastor
A fila
e o Hino no pátio
O Sete
de setembro
O dia
do boletim
O
campo feito de tijolos para futebol de salão
O
recreio de pão com nata e açúcar
Professoras
Marisa
Lourdes
Avani
Marina
Inezita
São
tantas as lembranças da minha infância feliz
Que só
faz bem recordá-las.
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